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    Enfim, todos se reuniram às margens do Rio Vida.

    Enquanto caminhava com os outros, os olhos de Cassian foram atraídos, inevitavelmente, pela silhueta de Rhyssara. O traje de banho vermelho mal cobria o suficiente, revelando curvas perigosas e a pele branca sendo iluminada pelo sol pálido. Só depois, ele percebeu o cesto com pães e as duas jarras, uma de chá e outra de suco, esperando por eles na toalha estendida.

    — Comam logo e pulem no rio — antecipou Rhyssara assim que eles se aproximaram. — A visão de Helick dizia para encontrarmos algo no fundo. Espero que sejam bons nadadores.

    Cassian soltou um suspiro, jogando o corpo no pano estendido sobre o gramado.

    — Não sei por que você insiste em falar no plural. — Resmungou. — Se só o Helys tem visões, por que eu tenho que me enfiar nisso também?

    Morgan se adiantou com um sorriso provocador.

    — Ora… Depois de tudo que você já fez, não vai me dizer que tem coragem pra encarar um líder de guilda anã, mas não tem peito pra dar um mergulho? — provocou Morgan, com um sorriso enviesado.

    Tály deixou escapar uma risada baixa, desviando o olhar.

    — O que foi que você disse? — Cassian se virou na hora, claramente no limite. Morgan podia ter ensinado a proteger a mente, mas não perdia uma chance de cutucar.

    — Não o levem a mal. — Tály interveio, entre risos. — Ele tem medo de lugares fundos porque ainda acredita nas histórias do grande Kraken.

    — Olha como fala com seu príncipe! — rebateu Cassian, ríspido, enquanto um rubor começava a subir pelo pescoço até as orelhas.

    Suzano, até então calado, ergueu o olhar com frieza.

    — Um homem que honra seu título não precisa lembrar os outros disso o tempo todo, príncipe. — Sua voz cortou como lâmina fina. — Quem merece respeito prova isso com ações, não com gritos mimados.

    As palavras caíram como pedras, e Cassian sentiu o golpe. Ele sabia que era verdade.

    — E você realmente acredita nessa história de Kraken? — provocou Kadia, deitando-se de lado sobre o pano do piquenique. O gesto foi casual, mas com aquele traje branco, as fendas revelando a pele morena que reluzia à luz suave da manhã, mexendo perigosamente com a concentração de Cassian. — Todos sabem que ele é uma besta monstruosa que só poderia existir nas Ilhas Míticas além mar.

    Sem saber onde olhar, Cassian resolveu abrir a boca apenas para ter algo em que se apoiar.

    — Nada disso… Eu não sou mais criança!

    — Ah, então essa foi só mais uma das suas mentiras daquela época? — soltou Tály, quase sem perceber.

    O silêncio foi imediato. Todos olharam para Cassian, esperando.

    Ele apertou os punhos.

    — Quer saber? Que se dane. Vem, Helys! Vamos pegar o que quer que seja que esteja no fundo desse rio e acabar logo com isso.

    Helick, no meio de uma mordida no pão, mal teve tempo de reagir antes de sentir a gola ser puxada.

    Ele foi arrastado pelo irmão até a beirada, sentindo a água gelada tocar os tornozelos. O príncipe mais novo parou por um instante, encarando o Rio Vida pela primeira vez desde aquela visão.

    E era exatamente como ele tinha visto. As curvas preguiçosas da correnteza, as pedras escuras sob a lâmina de água, a luz refletindo em feixes irregulares. Tudo.

    Pela primeira vez, estava onde as visões o haviam mandado. A primeira ainda era um destino distante: o centro de Ossuia. Mas esta… esta era real. Presente. Tangível.

    E junto dela, vinha o peso daquela urgência nas palavras sussurradas em sua mente. Não havia mais tanto tempo. Algo se aproximava. Mas o quê? O que ela queria dizer com aquilo? Que peça de que mapa estaria escondida sob águas tão calmas?

    Por um instante, Helick se pegou pensando se não estava simplesmente… enlouquecendo. Tudo isso podia ser fruto de uma mente cansada e que acha que pode ver coisas…

    Mas antes que tal pensamento fosse concluído, ele foi interrompido por um tapa seco na nuca.

    — Acorda! Vamos logo — resmungou Cassian, a testa franzida, nervoso e desconfortável.

    O nervosismo do irmão, por algum motivo, fez Helick sorrir.

    — Tá bem, vamos lá. E relaxa, se o Kraken vier te buscar, eu te salvo.

    — Ah qualé… ninguém me respeita mais nesse lugar?!

    Sem mais delongas, os dois mergulharam juntos. A água fria envolveu seus corpos como um manto pesado, mas não desagradável. O Rio Vida era, de fato, profundo. Uns cinco metros até o fundo, mas o que mais chamava atenção era sua beleza quase hipnotizante.

    O leito do rio reluzia em tons esverdeados e azulados, as pedras cobertas por musgos brilhantes que pareciam acender sob a luz que filtrava da superfície. As cores se moviam suavemente, dançando junto com a correnteza, como se o próprio rio estivesse vivo. Peixes pequenos e médios nadavam em cardumes agrupados rumo rio-acima contra a correnteza.

    Lindo.

    Belo.

    Hipnotizante.

    Por um instante, ambos se esqueceram de tudo, absorvidos pela beleza cristalina daquelas águas. Mas não era só beleza que havia ali.

    Aos poucos, uma presença invisível começou a se insinuar em suas mentes. Uma sensação confortável, como um convite doce.

    “Relaxe. Deixe o corpo afundar. Durma.”

    As vozes não eram claras, mas vinham como uma brisa morna dentro da cabeça, arrastando pensamentos, enfraquecendo vontades. Tentador. Quase irresistível.

    Mas as muralhas mentais estavam ali. Firmes.

    O treinamento com Morgan tinha sido cansativo, mas agora mostrava seu valor.

    As vozes foram incineradas pela muralha escaldante de Cassian e transformadas em pó de gelo pelas presas gélidas que blindavam Helick.

    Eles conseguiam manter as mentes limpas, a atenção focada, a respiração controlada.

    Prender o fôlego por tanto tempo não era um problema para quem havia passado anos nos campos de treinamento com Sam Haras. As longas sessões de mergulho forçado no lago atrás da fortaleza, as corridas dentro d’água, os desafios de natação contra correnteza… Tudo aquilo agora se justificava.

    Cassian deu um olhar rápido para Helick, e o irmão correspondeu com um aceno sutil. A comunicação muda entre eles sempre funcionava.

    Com movimentos lentos e coordenados, começaram a nadar em direção ao fundo, atentos ao que quer que estivessem prestes a encontrar.

    Algo os aguardava ali embaixo. Ambos sabiam disso.

    E o rio… parecia saber também.

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