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    Dica para leitura: aspas simples são para pensamentos internos, que é esse símbolo: ’
    Aspas duplas para conversa mental: “
    Travessão para falas em voz alta: —

    Thalion pensou por um momento. — É um mistério tão antigo quanto as próprias pedras que nos cercam — ele começou, a voz baixa e pensativa.

    — A verdade é que a Torre dos Magos sempre esteve aqui. Tournand só existe por causa dela; o nome é uma homenagem. Se não fosse pela Torre, o nome teria algo a ver com o mar. Mas quem a ergueu? Os deuses? Um mago ancestral cujo poder sequer podemos conceber? Ninguém sabe.

    Ele semicerrou os olhos e esperou que ele absorvesse a informação.

    — Mas isso te faz pensar, não é? Dedicar a vida a criar… isto… e depois simplesmente desaparecer, sem levar o crédito?

    — Sim — concordou Flügel, a mente trabalhando nas implicações daquele anonimato.

    — Existem teorias — continuou Thalion.

    — Alguns dizem que a Torre é mais antiga que o próprio reino, um resquício de uma era esquecida. Outros acreditam que o criador deliberadamente ocultou sua identidade. Ele não queria uma linhagem de sangue governando este lugar, como a família real. Queria que o mestre da Torre fosse sempre o mais talentoso e o mais sábio, não apenas um herdeiro.

    — Essa é a teoria na qual eu gosto de acreditar — disse Thalion com um sorriso. — Parece até algo de outro mundo, não? Um bom homem que prezava verdadeiramente pela magia e, por isso, deixou que sua obra-prima fosse conquistada por mérito, não por status… É admirável.

    Flügel ponderou sobre a ideia de ser “coisa de outro mundo”. E se realmente fosse? E se fosse alguém reencarnado ou teletransportado para esse mundo que construiu tal torre? Era uma grande possibilidade, Flügel já vira inúmeras obras de fantasia que tinham uma Torre dos Magos.

    ‘Mas o reino de Tournand tem centenas de anos, e ela está aqui desde o começo. Se alguém fosse reencarnado, pelo menos da Terra, seria alguém de séculos passados… talvez até da Idade Média. Não teria conhecimento suficiente… Mas e se ele não fosse da Terra ou o tempo aqui fosse diferente do da Terra?’

    — Vamos! — Thalion chamou, tirando Flügel de seus pensamentos.

    Seguindo o velho até a rampa “presa” à parede, ele percebeu que ela não estava realmente presa, mas apenas encostada, para não ocupar espaço. Assim que subiram nela, Thalion pediu:

    — Topo, sala do Mestre da Torre.
    E a rampa obedeceu, subindo suavemente em círculos pela parede, desviando das alcovas que a torre possuía.

    — Magia de gravidade. Aelara Veyris era para ter sido a Mestra da Torre em seu tempo, mas ela recusou. Então o Mestre da Torre pediu sua ajuda, tendo visto os cristais mágicos de gravidade que ela fez, ele pediu alguns para instalar na torre e melhorá-la — Ele deu uma pausa, cansado de falar, e então retomou:

    — E bom, como ela era uma pessoa maravilhosa, a própria Aelara Veyris ajudou com a reforma na Torre, e assim ela deu a ideia de instalar essa pedra flutuante para substituir escadas ou o mecanismo que antes movimentava essa rampa.

    — E por que ela recusou a posição de Mestra da Torre? — Flügel estava confuso. Ela poderia ter usado o poder que o Mestre da Torre possui para espalhar ainda mais o seu conhecimento, magias e descobertas. Ela recusou uma posição que seria perfeita para ela e seu aparente objetivo.

    — Ela já estava muito ocupada e preferiu focar na academia a ter de assumir a responsabilidade como Mestra da Torre. Gerenciar a instituição, escrever tomos e criar pergaminhos já era um trabalho colossal. E ela também tinha a família. Aelara Veyris não deixou descendentes diretos. Infelizmente, ela não podia ter filhos, embora fosse casada.

    — Por que ela não podia ter filhos? — Dessa vez, quem perguntou foi Nytheris.

    — Infelizmente, Aelara tinha uma condição que a impedia de ter filhos. É uma perda imensa, se parar para pensar. Imagine só uma criança da maior maga de Tournand… Certamente, herdaria um poder extraordinário.

    — Chegamos — Thalion disse, enquanto estavam de frente para uma porta de madeira aparentemente comum. A parte que não era visível da entrada da torre era um escritório, uma sala presa à parede e construída de uma maneira que as leis da física não permitiriam. O telhado era abobadado, agora sendo capaz de ser visto. O que era estranho, pois a visão humana deveria ser capaz de vê-lo mesmo do térreo.

    Thalion deu um passo à frente e abriu a porta, sem etiquetas, e a sala se revelou para todos na plataforma flutuante.

    O escritório era dominado por uma escrivaninha, e uma estante simples com diversos livros também possuía uma janela nas costas da escrivaninha, uma janela simples e nada adornada.

    A sala parecia um escritório comum. Entre a escrivaninha e a janela atrás, um homem estava sentado, com uma pilha de papéis em um dos lados da mesa e, do outro, um pequeno montante de folhas já assinadas.

    — Você não aprende mesmo a bater na porta, não é? — O homem disse, soltando a pena e lançando um olhar afiado para Thalion.

    — Preciso? — Thalion disse com um bufo de risada, enquanto entrava na sala. Flügel e Nytheris seguiram Thalion, com medo que a rampa voltasse para baixo antes de entrarem.

    O homem à frente de Thalion vestia uma roupa sofisticada, decorada com detalhes em dourado e rubis reluzentes que denunciavam tanto status quanto poder.

    Seu manto negro era forrado com pelagens brancas, e os ombros eram adornados por espinhos dourados como se fossem os chifres de um imperador ancestral.

    Correntes e pingentes pesados cruzavam seu peito, cada um provavelmente encantado com alguma magia poderosa. E para completar, dois brincos de ouro penduravam em suas orelhas.

    Mas não era a riqueza de suas vestes que mais chamava atenção — e sim o próprio homem. Tinha a pele pálida como mármore e cabelos prateados que caíam de maneira meticulosamente desalinhada sobre a testa.

    Seus olhos eram de um vermelho profundo intenso, e afiados. Não piscavam com frequência, e quando o faziam, parecia mais uma decisão do que um reflexo.

    Seus lábios, finos e curvados num esboço de desdém ou ironia, davam a impressão de que ele sempre sabia mais do que dizia.

    Nytheris estreitou os olhos, analisando-o em silêncio.

    — Esse é o Mestre da Torre? — ele murmurou, mais para si mesmo.

    Thalion assentiu com um gesto breve.

    — Lorde Siegmeyer — Thalio disse com um tom de brincadeira.

    — Eu não sou um lorde, sou apenas um mago — Siegmeyer disse com um leve curvar de lábios.

    — Esse é o Flügel e seu familiar? Impressionante, quantos anos ele tem?

    — Sim, são eles. E Flügel tem dez anos agora, certo? — Thalion se virou para Flügel, esperando uma confirmação.

    Confirmando com um balançar de cabeça, Flügel deu outra olhada para o Mestre da Torre. Ele o olhava com um olhar analítico.

    A palidez de sua pele lembrava muito a cor de pele de Nytheris, mas a dele era mais estranha, ela não era verdadeiramente pálida, mas sim a palidez de uma pessoa doente.

    Com um olhar surpreso, Siegmeyer se levantou da cadeira e caminhou até Flügel. Ele era alto e esguio.

    — Então ainda é uma criança — Olhando no fundo de seus olhos, ele levou suas mãos enluvadas até o rosto de Flügel. Ele apertou as bochechas dele, abriu seus dois olhos e elaborou: — Nenhum olho mágico? Pelo que Thalion me falou sobre você, eu imaginei que você teria um olho mágico.

    — Olho mágico? — Flügel perguntou, confuso sobre isso. Ele nunca tinha ouvido falar sobre alguém ter ou ganhar olhos mágicos.

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