Capítulo 4: Vibrações no escuro
Louie ainda estava tentando entender o que acontecia com ele. Desde o dia em que aquele poder misterioso surgiu em suas mãos, as coisas começaram a se tornar mais estranhas. Ele sentia que o poder estava ali, aguardando para ser dominado, mas não sabia como. Não sabia se era uma maldição ou um dom. A única coisa que sabia era que, sem controle, aquilo poderia ser mais uma ameaça do que uma bênção.
Depois do incidente, sua vida havia mudado completamente. Ele não apenas perdeu as memórias de sua vida anterior, mas agora parecia carregar algo dentro de si que ninguém mais conseguia explicar. Seu corpo parecia estar em uma sintonia estranha com o ambiente, e o mais recente evento com as energias azuis que surgiram de suas mãos só aumentaram sua confusão.
Nina estava começando a ficar mais preocupada. Ela tentava de tudo para fazê-lo se sentir melhor, mas as mudanças em Louie eram óbvias. Ele estava mais distante, mais introspectivo, e parecia carregar um peso invisível que ele não sabia como dividir.
Emi, sua mãe, sabia que algo estava acontecendo com seu filho, mas ela também não tinha as respostas. Os médicos, os terapeutas… nenhum deles poderia explicar os fenômenos que Louie estava experimentando. E, por mais que ela tentasse, sabia que ele estava afastado. E se aquilo fosse parte de um poder que ele não soubesse controlar? E se algo ruim estivesse se formando dentro dele, sem que ninguém pudesse evitar?
Era uma noite comum quando Louie, imerso em seus pensamentos, decidiu sair para caminhar. Ele precisava clarear a mente, algo que ele começava a fazer com frequência desde o incidente. A cidade parecia mais vazia do que o normal naquela noite, as ruas iluminadas apenas pelas lâmpadas de rua e pela luz fria da lua. No entanto, algo o fez parar. Uma sensação estranha, uma vibração no ar que não era normal.
Ele olhou ao redor, tentando identificar a origem da inquietação. De repente, a sua atenção foi atraída para uma figura que surgiu da escuridão, uma silhueta envolta por uma aura de energia densa e misteriosa. Era um homem, mais velho, com cabelos grisalhos e uma postura séria e um físico perceptível. Ele parecia como se tivesse saído de um pesadelo, mas sua presença tinha algo imponente, como se fosse parte daquele lugar.
Louie não sabia por que, mas algo o fez se aproximar. O homem parecia estar esperando por ele, seus olhos escuros e penetrantes observando Louie com uma calma perturbadora.
— Você finalmente apareceu. — a voz do homem era grave e profunda, carregando um tom que Louie não conseguia identificar. Como se já soubesse o que ele estava passando.
Louie parou a alguns passos de distância, desconfiado.
— Quem é você? — Louie perguntou, tentando disfarçar o nervosismo.
— Meu nome não importa por agora. O que importa é que você tem algo que precisa ser entendido e controlado. — o homem disse, com uma leve ironia na voz.
Louie deu um passo atrás.
— O que você quer dizer com isso? Você… sabe o que aconteceu comigo? O que sou? — Ele estava começando a sentir a pressão de suas palavras, uma sensação de estar sendo observado de perto.
O homem não respondeu de imediato. Ele apenas observou Louie por um momento, avaliando-o. Depois, deu um leve sorriso.
— Você não está sozinho, Louie. O poder que você despertou… é uma bênção e uma maldição ao mesmo tempo. E é por isso que estou aqui. Para lhe ensinar a controlá-lo.
Louie sentiu o coração bater mais rápido. Controlar? Como poderia controlar algo que nem mesmo compreendia?
— Como… como você sabe meu nome?! E o que está acontecendo comigo?! — Louie sentiu a frustração aumentar. Ele não sabia mais em quem confiar.
O homem deu um passo à frente, o que fez Louie recuar um pouco.
— Eu sou alguém que também passou por isso, há muito tempo. E como você, passei a ser conhecido por ter “poderes”. Mas poder, Louie, sem controle, é como uma chama que consome tudo ao seu redor. Se você não aprender a usá-lo, esse poder vai arruinar você e todos ao seu redor.
Louie olhou para as suas mãos, as mesmas que haviam liberado aquela energia estranha. Ele sentia um calafrio correr pela espinha. O que o homem dizia parecia fazer sentido, mas ele não sabia como confiar nele. Não sabia como confiar em si mesmo.
— O que você quer de mim? — Louie perguntou, a voz mais baixa.
— Eu quero que você aprenda. Eu quero que você entenda o que aconteceu com você. Se você não aprender a controlar isso, não será só você que sofrerá. Todos ao seu redor também pagarão o preço.
O homem fez uma pausa, como se deixasse as palavras se instalarem na mente de Louie, e depois continuou.
— Eu posso ajudá-lo, Louie. Mas você terá que confiar em mim e treinar para entender seus poderes. Caso contrário, esse poder… será a sua ruína. Eu conheço o caminho. E sei o que você precisa fazer.
Louie ficou em silêncio por um momento, os pensamentos se agitando em sua mente. Ele olhou para o homem, depois para suas mãos. Sabia que precisava de respostas, que precisava entender o que acontecia com ele. Mas também sabia que confiar em um estranho não era fácil, principalmente depois do que havia acontecido em sua vida.
Mas havia algo na voz do homem, algo que transmitia sinceridade e experiência. Ele não sabia se deveria confiar naquele homem agora, mas não tinha muitas opções. Ele precisava aprender a controlar isso.
— E se eu concordar? O que exatamente você vai me ensinar? — Louie perguntou, a voz tensa.
O homem sorriu com algo que parecia ser aprovação.
— O primeiro passo, Louie, é entender que o poder nunca vem sozinho. Ele se conecta com quem você é, com as suas emoções mais profundas. Eu vou ajudá-lo a desvendar isso, mas você terá que ser paciente. A jornada não será fácil. E você terá que ser forte.
O homem deu um passo atrás e se virou para se afastar, mas antes de desaparecer na escuridão, ele se virou uma última vez.
— Nos encontraremos novamente. Mas lembre-se: você está começando a aprender a viver com isso. E, se quiser sobreviver ao que está por vir, precisa estar preparado.
E com isso, o homem sumiu na escuridão, deixando Louie parado ali, imerso em um mar de perguntas.
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