A cidade de Áurea ainda brilhava sob a suave luz dourada de seus edifícios, com as ruas iluminadas pelo sol artificial da manhã.

    Após não encontrar nenhuma pista sobre o paradeiro de Emi e Nina na antiga casa, Kael Dragan retornava à cidade em uma velocidade superior a qualquer outra já alcançada pela humanidade. Estava determinado a usar todos os meios necessários para descobrir mais sobre aquela organização misteriosa — e localizar a irmã e a mãe de Louie.

    Trazia consigo o prisioneiro de corpo metálico. O som de seus passos, agora desacelerados, reverberava pelas ruas tranquilas, misturando-se ao ocasional zumbido das lâmpadas energizadas que mantinham Áurea desperta. Ele se movia com confiança, enquanto o inimigo flutuava à sua frente, preso em uma esfera de energia psíquica. A cidade permanecia em paz, embora ainda inquieta após o tremor ocorrido instantes antes. Havia, no entanto, uma tensão invisível no ar — e Kael a sentia nos ossos.

    Mas ele não estava ali apenas para proteger Louie. Sabia que algo maior estava em jogo. A luta contra aquela organização desconhecida estava apenas começando, e cada passo agora poderia ser o último antes de um confronto iminente.

    Foi então que o viu.

    À distância, uma figura familiar corria pelas ruas: Louie. O jovem avançava com expressão determinada, como se estivesse em uma missão. Porém, havia algo de errado. Louie parecia perseguir alguém… ou algo. Seu olhar fixo cortava os becos como lâminas, mas tudo o que havia à frente era sombra.

    E se não fosse uma perseguição por parte de Louie?

    E se, na verdade, estivessem tentando atraí-lo para alguma coisa? Ou… alguém?

    Foi nesse instante que tudo se encaixou na mente de Kael, como as peças de um quebra-cabeça sombrio:

    Os capangas encapuzados que não tinham tentando o derrotar — apenas ganhando tempo.

    A captura de Emi e Nina pela organização desconhecida não fora um ato isolado, mas o começo de uma armadilha muito maior. E o alvo dessa grande armadilha… Era Louie.

    Kael hesitou por um breve momento. Mas então, um pressentimento pesado se abateu sobre ele — Louie estava à beira de algo perigoso. Algo que não podia enfrentar sozinho.


    Instantes antes…

    Louie estava completamente absorvido pela perseguição. A figura misteriosa — a jovem de cabelos negros e olhos roxos — havia desaparecido nas ruas cintilantes de Áurea. A cidade parecia viva, mas a atmosfera carregava uma inquietação quase imperceptível, como um eco distante de algo prestes a despertar.

    Ele avançava sem hesitar, guiado por um instinto que não compreendia. O som de seus passos ecoava entre os becos estreitos e passagens revestidas por luzes flutuantes. Algo dentro dele dizia que precisava encontrá-la. Aquela garota não era apenas um enigma — ela podia estar ligada à sua origem. Ao seu passado. Ao seu destino.

    Mas ao dobrar, entrando no beco escuro, onde os rastros da menina teria desaparecido de sua visão, Louie foi pego de surpresa.

    Duas pessoas surgiram à sua frente, envoltos em mantos escuros, como sombras projetadas por algo além da razão.

    Era a menina de que ele perseguira, porém, antes que pudesse reagir, uma força invisível invadiu sua mente. Seus olhos se arregalaram. O corpo, paralisado. A mente, ficou turva. Era como se algo tivesse arrancado o controle de si mesmo.

    Num primeiro momento, Louie achou que fosse cansaço. Mas não era. Aquilo era intencional. Uma presença estranha diluía sua percepção da realidade, distorcendo seus pensamentos como espelhos quebrados.

    Então, uma voz fria e venenosa ecoou em sua mente.

    — Não se preocupe, Louie. Você estará em boas mãos.

    Ao abaixar o capuz ficou visível sua aparência. Um homem jovem, de aparência quase etérea. Seus cabelos longos tinham um tom lilás misturado com uma fina camada branca. Os olhos, de um roxo rosado, brilhavam com um fascínio enigmático. Seu sorriso era calculado — frio e ciente de algo que Louie não sabia.

    Ele o encara com um sorriso enviesado, carregado de sarcasmo e uma confiança desconcertante. Seus olhos ardiam com uma calma superior, como se já soubesse o final daquela conversa antes mesmo dela começar.

    — Prazer… Louie — disse, com a voz arrastada e tom quase cínico. — Me chamo Sethros.

    Enquanto falava, seus olhos se fixaram nos de Louie, que começavam a perder o foco, como se um nevoeiro estivesse se formando dentro de sua mente.

    — Você pode até não saber quem eu sou… — continuou, com um meio sorriso — …mas eu sei exatamente quem você é.

    Ele estendeu a mão, e Louie sentiu a pressão aumentar dentro da sua mente. Era como se pensamentos alheios tentassem se fundir aos seus, moldando a sua vontade, apagando a sua identidade. Ele tentou resistir. Mas a força era esmagadora em uma mente tão pouco formada como a de Louie.

    Alguém que, de uma hora para outra, perdeu completamente a própria identidade, esquecendo até mesmo quem era.

    Forçado a recomeçar do zero, sem memória, sem passado — e ainda assim, lançado no meio de disputas intensas, em um mundo que lhe era totalmente desconhecido… assim como para a maioria da humanidade.

    Sendo um alvo fácil para a “dominância mental” de Sethros…

    Dominância Mental (Psíquico)

    Uma habilidade psíquica que permite ao usuário tomar o controle quase total da mente de outro ser humano — mas apenas se a mente da vítima for frágil ou instável.

    A vítima passa a obedecer ordens, seguir comandos e até adotar pensamentos do controlador como se fossem próprios, podendo permanecer nesse estado por dias, semanas ou até meses, dependendo do nível de influência exercido.

    Porém, o poder não é absoluto: qualquer pessoa com uma força de vontade significativa, clareza emocional ou propósito firme pode resistir, romper ou até reverter o controle. Mesmo aqueles inicialmente afetados podem recuperar a consciência caso passem por um estímulo emocional intenso, lembrem de algo marcante ou recebam ajuda externa…

    Louie sentia sua mente se espremer, como se estivesse sendo comprimido até não restar mais espaço para seus próprios pensamentos. A sensação de perda de controle era esmagadora. Ele tentou gritar, tentou resistir, mas suas palavras não saíam, e seus músculos estavam completamente imóveis.

    Então, de repente, Sethros fez um movimento rápido com a mão, e uma espada brilhando em dourado surgiu em sua mão, envolta por uma aura mística. O poder tinha uma qualidade física, mas amas, ao mesmo tempo em grande parte invisível e intangível. Quando ele liberou essa energia, a sensação em Louie foi como uma onda de choque, fria e quente em simultâneo, que percorreu o seu corpo.

    Louie sentiu o calor da sua pele sendo consumido pela energia que o envolvia, o seu corpo pesando como se estivesse sendo esmagado por algo invisível. A sua visão estava ficando ainda mais turva, e ele perdeu a consciência, caindo no chão sem forças para lutar.

    Com Louie, Sethros e a menina de olhos roxos desaparecendo em um instante.

    Energia Indefinida (Habilidade Não Descrita de Sethros):

    • Unica forma demonstrada até o momento:
    • Uma energia dourada em formato de espada capaz de Teletransportar seres humanos ou objetos.


    Enquanto isso, Kael chegava ao beco onde Louie havia desaparecido de sua visão. Ele parou por um momento, sentindo o ar pesado. Ele havia sentido a presença de um ser absurdamente poderoso, mas não havia ninguém ali. Ele chegara tarde demais para impedir o sequestro.

    Ao olhar ao redor, ele viu a energia residual, provavelmente deixada por aquele que capturou Louie, havia ali uma distorção no espaço, por mais mínimo que seja, dava uma breve pista sobre o poder do culpado sobre sequestro.

    Mesmo com informações extremamente limitadas apenas observando a área onde aconteceu, um poder capaz de mexer com o próprio espaço era algo raro e estremamente destrutivo.

    Kael apertou os punhos, sentindo a raiva crescente dentro de si. Não permitiria que Louie fosse capturado sem resistência.

    Em um instante, ele parte em direção do prédio principal de comando em Áurea.

    Carregando consigo um prisioneiro da organização até o momento desconhecida, e a culpa por ter chegado tarde demais para salvar o seu pupilo…

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