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Capítulo 145 — Tecidos que revelam
Após terminarem de esquentarem seus estômagos com chá quente, Nastya e Any saíram da hospedaria.
Longe dos dias das próximas batalhas na arena, aquele beco dentro da cidade interna daquela muralha, poucas pessoas circulavam.
Os vendedores de armas e elixires haviam retirado suas barracas, os combatentes ido embora e mais e mais pessoas voltavam para a cidade da Muralha Externa.
Aquele local outrora movimentado parecia agora apenas um beco deserto.
— Você ao menos tem ideia de onde fica o centro comercial desse lugar? — A soldado perguntou.
— Não faço ideia. Mas aposto que é só seguir o fluxo de pessoas. — Respondeu Nastya com um sorriso.
E assim elas seguiram andando pelas ruas, sempre se movendo pra onde a multidão ia. Vários olhos desconfiados eram direcionados a Any e sua armadura.
Alguns reconhecia-a pela sua luta contra Suzano e cochichos rondavam por onde elas passavam.
Finalmente elas viram uma rua larga com várias barracas e tendas exibindo produtos a venda.
O cheiro de comidas quentes que acabavam de sair do forno entravam em suas narinas e seus estômagos respondiam. Elas haviam saído apenas com um chá no estômago.
Os olhos negros de Any se fixou em uma vitrine de vidro que exibia um alimento dourado retangular que cheirava muito bem.
— Vamos aproveitar a culinária local então. — Nastya falou entregando duas moedas de prata para o comerciante. — Dois desses bolinhos dourados por favor.
O comerciante, um jovem de cabelos longos amarrados e seguros por palitos que usava luvas negras nas mãos pegou as moedas em uma reverência.
— Bom dia belas senhoritas! Dois enrolados fritos de presunto e mussarela saindo!
— Presunto e o que? — Any disse ao pegar o salgado da mão do comerciante.
— Mussarela, uma espécie de queijo processado. — Respondeu o rapaz.
Nastya agradeceu e se preparou para dar a primeira mordida.
Ambas morderam ao mesmo tempo e uma explosão de sabores saltou em suas bocas que fizeram seus neurônios saltarem de prazer degustativo.
— O que é isso??? — Any falou surpresa com o sabor surpreendente. — Eu já comi presunto e queijo antes, mas não tinha esse sabor!! E essa crocância? Isso é divino!
Nastya que também estava tremendo de satisfação ao comer soltou um risinho.
— Não sabia que você era tão apreciadora de comida assim, Any.
— Quem não é? — Respondeu a soldado, agora com um sorriso tranquilo, quase despreocupado.
— Vamos ver uma roupas.
Depois disso elas acharam uma tenda que vendia roupas de qualidade, nada como a seda lyberiana, mas melhor do que passar mais um dia de armadura realmente.
Any ficou surpresa com algumas peças a venda, algumas era bem mais curtas e mostravam bem mais que os vestidos que eram comuns em Lyberion, eram mais justos e se adequavam ao corpo.
A soldado pegou uma das peças e a ergueu com estranhamento. Era uma blusa de tecido leve e colado ao corpo, feita de linho tingido de preto, sem mangas que deixavam os ombros à mostra e que parecia ser pequena de mais para vestir até a cintura, provavelmente parte de sua barriga ficaria a mostra se usasse aquela peça.
Um homem de cabelos curtos, mas perfeitamente alinhado e que usava roupas extravagantes se aproximou.
— Uma ótima escolha senhorita. — Ele falou movimentando as mãos na direção em outras peças que pareciam combinar com a blusa. — Passe por aquela cortina e se troque. Veja como a peça fica em seu corpo, aqui na Tenda da Beleza, ninguém há de comprar uma peça que não se adeque ao seu corpo!
Any pegou as roupas e quase arrastada pelo comerciante para o provador. Nastya pareceu se divertir enquanto também escolheu algumas peças.
Any vestiu a blusa que caiu como ela havia imaginado. Colada, sensual e confortável. Por cima dela uma jaqueta preta parcialmente aberta, mas de mangas longas para protege-la do frio.
Abaixo, uma calça justa feita de um material maleável, semelhante ao couro, mas muito mais leve e confortável. A peça se ajustava às curvas das pernas como se tivesse sido moldada para ela, e a cintura era presa por uma faixa dupla cruzada com fivelas laterais, um detalhe prático e charmoso.
— Essa roupa… parece feita para lutar. — Any comentou, testando o tecido entre os dedos.
— Ou para chamar atenção — Nastya respondeu, com um sorrisinho sugestivo.
Any bufou e virou o rosto, mas um sorriso satisfeito apareceu em seu rosto quando ela se olhou no espelho.
A roupa era simples, mas prática, bonita e diferente de tudo que já vestira. Sem placas de ferro, sem tecido pesado. Nem dava para deduzir que ela era uma soldado. Ao mesmo tempo que ela ficava bonita, não a deixava provocativa como as roupas que já foi forçada a usar no Bar de Ciscer. Ela não parecia aquela Any vendida e usada, ou a Any soldado fria e objetiva. Ela parecia simplesmente… Any.
Nastya também não perdeu tempo e escolheu um conjunto que lhe caísse bem.
Uma blusa confortável de tom creme ajustava-se suavemente ao corpo, com mangas curtas que revelavam músculos discretos, visíveis apenas para quem reparasse com atenção, sem comprometer sua feminilidade.
Ela acompanhou Any na escolha de uma calça justa, azul-clara em alguns pontos e esbranquiçada em outros. O tecido era rígido, resistente, ideal para longas caminhadas pelas ruas de Ossuia.
As duas continuaram experimentando outras peças, rindo e se divertindo enquanto trocavam sugestões e se ajudavam com entusiasmo nas escolhas.
— Estão magníficas, senhoritas! — disse o vendedor com um sorriso enquanto batia palmas curtas. — Desejam que eu mande esses trapos, digo, suas roupas antigas, para a hospedaria onde estão?
Elas assentiram, rindo da brincadeira, e pagaram tanto pelas vestes quanto pela entrega. Em Ossuia, nada era barato, uma pequena fortuna, equivalente a um mês inteiro de trabalho de Nastya, ficou no estabelecimento só pela sua parte. Any parecia ter entregado um saco de ouro duas vezes mais pesado.
— E então? Como se sente agora? — Nastya perguntou enquanto caminhavam sem rumo definido pelas ruas de Ossuia.
— Não sei… — respondeu Any, observando um ferreiro humano martelar uma lâmina feita de Diamante Negro. — Não lembro a última vez que tive uma folga. Que me permiti ter uma.
— Muitas coisas na cabeça. Eu entendo. — Nastya comentou enquanto observava algumas lâminas expostas em um painel lateral de uma tenda. — Às vezes, o trabalho, mesmo que só te esgote, ajuda a não pensar em outras coisas. Coisas que doem.
— E você acabou de descrever exatamente o que eu penso. — Any disse, parando o passo para encarar Nastya. — O que me leva a crer que você também tem coisas das quais não quer se lembrar. Assim como eu.
A jardineira desviou o olhar e entrou por uma rua onde uma antiga estátua se erguia sobre uma fonte. Representava um homem a cavalo, mas estava destruída do pescoço para cima, a identidade da figura, perdida.
— Eu percebi algo durante essa viagem, Nastya… — Any retomou enquanto a seguia.
— O quê?
— Você sabe coisas que uma simples jardineira não deveria saber. E percebi que Rhyssara também notou. Ela desconfiou de você todo esse tempo, mas ainda assim manteve você por perto. Nunca violou sua mente. Isso me parece… importante.
— Eu só tenho mais curiosidade do que a maioria das jardineiras. E, por isso, aprendi o que não se espera que eu saiba. Não vejo motivo para tanta desconfiança.
— Também pensei isso. Mas… — Any estreitou os olhos. — Eu sinto seu sangue vibrar. Como se algo aí dentro temesse ser descoberto. Por quê?
Nastya sorriu de forma torta, visivelmente desconfortável.
— Eu também não tive uma infância tranquila. As circunstâncias que levaram minha mãe e eu a Lyberion ainda vivem em minha memória. Sei o que é ser impotente diante de algo… ou alguém. E sei que, pelas leis, nunca poderei ter um ARGUEM. Foi por isso que me voltei à botânica. Vi que a própria Mãe Terra pode nos armar com folhas, raízes, ervas. Estudei a Floresta das Árvores Andantes porque queria entender melhor o mundo ao meu redor.
— Interessante… — Any murmurou por fim.
O assunto se encerrou ali e elas continuaram andando aproveitando o merecido dia que se deram de folga.
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