Capítulo 611 - Magia de Eletricidade
Após lidar com a Administradora Júnior do Salão de Garância, Fernando resolveu se retirar para a área de treinamento isolada dele, para se concentrar sem mais intervenções.
O jovem Tenente sabia que pessoas como Amélia só respeitavam força e poder. Por mais que ele tivesse a assustado dessa vez, era apenas uma questão de tempo para que ela, Herin e muitos outros, tentassem prejudicar o Batalhão Zero de outras formas.
Eu preciso fazer isso!
O rapaz pálido sabia que sua única alternativa para blindar seu pessoal, era conseguir concluir a Missão de Trucidação, para que pudessem se tornar uma Brigada. Mesmo um General ou um Administrador teria dificuldades em obstruir uma Brigada Nomeada.
O problema é que Fernando sabia que com sua força atual, seria impossível atingir esse objetivo. Inicialmente, ele pretendia focar-se em seu treinamento em Habilidades com Raul, mas o sujeito simplesmente havia desaparecido.
Mesmo após entrar em contato com Túlio e Nina, ambos pareciam não saber onde seu Capitão estava, apenas dizendo que ‘aquele idiota sumia às vezes e reaparecia dias depois e que entrariam em contato assim que ele desse as caras’.
Vindo do senhor Raul, isso não me surpreende. O jovem Tenente pensou, suspirando.
Apesar de estar um pouco irritado, sentiu que não poderia ficar parado após saber de sua Disposição Perfeita em Eletricidade, então decidiu que precisava fazer uma tentativa nessa nova área desconhecida.
Sentado no chão, a expressão de Fernando era tensa, enquanto segurava o livro Conceitos Básicos sobre a Magia de Eletricidade. Relendo o trecho introdutório, franziu as sobrancelhas.
Conforme o livro, para dominar o uso da Magia de Eletricidade, era necessário considerar o próprio mana como uma fonte de energia, mas, diferente da Magia de Fogo, o mana não poderia ser usado apenas como combustível bruto e sim uma forma de energia a ser convertida. Essa conversão deveria ser realizada ainda dentro dos Canais de Mana, formando uma espécie de circuito elétrico vivo.
Assim como num fio conduzindo eletricidade, os Canais internos de um Mago permitem que o mana flua com direção, velocidade e intensidade controladas. Para criar eletricidade, o Mago deveria polarizar o seu fluxo, acumulando cargas em regiões específicas do corpo, como a mão ou as pontas dos dedos e, em seguida, liberá-la com uma diferença de potencial elétrico, exatamente como acontece numa faísca ou relâmpago natural.
De certa forma, o processo era extremamente semelhante ao uso da Magia de Fogo, porém, claramente havia muito mais riscos envolvidos.
Normalmente, a Magia pura, sem elementos externos, não deveria prejudicar o próprio Mago, mas a Magia Elétrica era um pouco diferente. Por mais que a eletricidade em si não afetasse o indivíduo, ao usar os Canais de Mana como um circuito para armazená-la, a própria energia, correndo pelo corpo, poderia causar danos indiretos.
Era como comprimir o ar em um ambiente fechado, mesmo que o próprio ar fosse incapaz de afetar o recipiente, se fosse aquecido rapidamente, poderia se expandir de forma abrupta, rompendo o recipiente devido à pressão interna gerada pela conversão. Ou seja, o recipiente, no caso, os Canais, poderiam ser destruídos ou danificados ao tentar conter a energia presente neles.
Nas notas introdutórias, dizia-se que um em cada três Magos morria nas primeiras vezes que tentavam dominar Magia de Eletricidade, sendo um dos elementos mais fatais dentro de todo o Sistema de Magia.
Isso parece perigoso. Fernando pensou, franzindo o cenho. Uma taxa de mortalidade de cerca de trinta e três por cento era algo extremamente relevante, mesmo que não pudesse ser comparado aos perigos de apenas adentrar no Sistema de Habilidade, não era um risco que poderia ser ignorado.
Ao mesmo tempo que estava preocupado com riscos envolvendo o aprendizado e o uso da Magia de Eletricidade, ficou surpreso com o quão detalhadas e bem formuladas eram as explicações contidas no livro.
Apesar de ele próprio, como um outrora estudante de Engenharia, entendesse os conceitos básicos da eletricidade, havia diferenças significativas entre eletricidade comum e eletricidade proveniente da magia. O livro fazia uma delimitação clara a respeito dos dois, explicando as diferenças, bem como os conceitos envolvendo a Magia de Eletricidade.
Aquele cara realmente escreveu isso? O rapaz perguntou-se, incrédulo. Para ele, Lincon não passava de um assassino extremamente psicótico, mas o sujeito realmente havia produzido um livro de tão alto nível para iniciantes, ao ponto que mesmo pessoas completamente leigas em Magia no geral conseguiriam entender uma coisa ou duas. Apenas avaliando o estilo de escrita e forma de ensino presentes no material, qualquer um que o lesse pensaria que se tratava de um estudioso extremamente dedicado a passar o seu conhecimento adiante. Parece que não posso julgar alguém pela aparência e personalidade, principalmente no caso desse cara… Enfim, acho que é hora de fazer uma tentativa.
Embora receoso, o jovem Tenente moveu o pulso, guardando o livro e levantou-se, mantendo um rosto calmo.
Ele havia estabelecido um prazo de apenas três meses para transformar o Batalhão Zero em uma Brigada Nomeada e para isso ele precisava de força suficiente ou próxima da de um Capitão. Logo, por mais arriscado que fosse aprender Magia de Eletricidade, ele não poderia hesitar e precisava usar todos os meios necessários para ficar mais forte.
Além disso, também havia outra questão que não envolvia apenas força e isso era sua curiosidade. Sempre que estudava um novo tipo de Habilidade, Magia ou Runa, isso fazia algo coçar em sua mente, uma sensação de querer dominar o desconhecido, ou melhor, uma ânsia pelo próprio conhecimento. Era algo que ardia fortemente em seu ser e Fernando sabia que seria incapaz de negar sua própria obsessão pelo saber.
Fechando os olhos, inicialmente focou em seus Canais e usando parte de seu mana, criou uma espécie de obstrução rígida em relação ao restante do corpo, selando-os. Uma das condições para usar Magia de Eletricidade é que era necessário estabelecer uma espécie de ‘circuito fechado’, onde a eletricidade seria gerada e armazenada inicialmente. Feito isso, ele poderia controlar essas obstruções, abrindo-as ou fechando-as, para liberar a eletricidade armazenada, gerando descargas elétricas.
Após fechar completamente as entradas dos Canais em seu corpo, focou-se em seu próprio mana. Algum tempo depois, sentindo-o fluir por seu corpo, passou a imaginar que aquilo era a fonte da energia, que aquilo era a própria eletricidade.
Ao pensar até aí, o rapaz pálido sentiu uma sensação de formigamento. Inicialmente era leve e fraca, mas em pouco tempo invadiu todo seu corpo.
O que é isso? Apesar de focar sua mente em seus Canais, não conseguia notar qualquer mudança, mas a sensação ainda estava lá, como se algo adormecido estivesse prestes a acordar. Mas mesmo sentindo que algo estava estranho, continuou focando sua mente no processo de transformar seu mana em eletricidade.
Bzzzzt!
De repente, Fernando começou a ouvir um estranho chiado e antes que pudesse pensar a respeito, um enorme turbilhão de energia explodiu em seu corpo.
O que é isso?! pensou, alarmado, ao sentir seus Canais de Mana doerem fortemente. Mas não era uma simples dor, era como se seu corpo estivesse completamente preenchido, chegando ao limite, como se fosse um balão prestes a estourar.
Logo uma imagem veio à sua mente, quando fez testes com alguns membros da Guilda Massacre.
Lembrando-se de como os homens simplesmente explodiram quando tentou forçar as Veias de Mana nele, percebeu que a sensação era extremamente similar!
Merda! Eu tenho que fazer alguma coisa! Rapidamente Fernando tentou desistir da conversão do mana, mas percebeu que era tarde demais. A sensação de ‘enchimento’ começou a tomar conta de seu ser. Além disso, o som de chiado estava ficando cada vez mais agudo.
Num momento de desespero, Fernando focou na obstrução que havia criado nos Canais, nos pontos que os ligavam às Veias de Mana. Era um movimento perigoso, já que uma vez que o isolamento fosse rompido, poderia haver uma variação de potencial, o que poderia fazer essa ‘energia’ se tornar ainda mais violenta. Apesar disso, sentiu que não tinha escolha, era fazer ou morrer!
Rangendo os dentes, o rapaz pálido liberou todas as obstruções, ‘quebrando’ o circuito fechado e assim que fez isso, sentiu uma sensação bizarra tomar conta de seu ser.
Bzzzzt!
“Ah!” Sem conseguir se conter, o jovem Tenente gritou de dor e todo seu corpo começou a tremer involuntariamente, quando uma inundação de energia, em alta velocidade, disparou por todo seu corpo.
Sua mente começou a vacilar e ele caiu no chão, enquanto sofria uma espécie de convulsão.
Droga, o que está acontecendo?! O que eu faço? pensou, completamente alarmado.
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