Índice de Capítulo

    Dois a três capítulos novos toda semana!

    Siga nosso Discord para ver as artes oficiais dos personagens e o mapa do continente!

    Nas entranhas da Cidade de Ferro, onde o ar cheirava a óleo e metal queimado, o som distante de martelos ecoava como as batidas de um coração mecânico.

    Acima, dezenas de pessoas caminhavam pelas ruas sem imaginar que, sob seus pés, uma reunião dos Vagalumes de Ferro — o grupo mais procurado de Ossuia — estava prestes a começar.

    Na sala de reuniões da Toca de Ferro, o esconderijo subterrâneo de Blando, Ross estava sentado à mesa junto de Haron e Celina. O ambiente era surpreendentemente limpo, livre da fumaça e fuligem que impregnava as instalações secretas da cidade, onde o trabalho nunca cessava.

    Ross mantinha-se em silêncio, fora de sua cabeça seu elmo vermelho agora descansando em cima da mesa. Os cabelos negros e lisos caíam até o meio das costas, e a pele bronzeada refletia o brilho frio das lâmpadas brancas que iluminavam o recinto. Apenas os olhos negros e distantes denunciavam o turbilhão que lhe tomava por dentro.

    Celina o observava. Ele encarava o nada, perdido entre as lembranças das mais recentes descobertas. O que Blando havia mostrado atrás daquela porta era a prova de algo que muitos julgariam impossível.

    — É maravilhoso e perturbador ao mesmo tempo, não é? — disse ela, quebrando o silêncio. — Aquilo… realmente pode virar este continente de cabeça para baixo.

    — Não só este continente — completou Haron, a voz grave ecoando na sala. — O mundo inteiro.

    Ross ergueu o olhar, falando mais para si do que para os outros:

    — Se as joias que se fundiram aos ARGUEMs dos príncipes realmente levarem ao que ele acredita… até os elfos comerão na mão do Traficante de Verdades.

    Uma risada suave ressoou atrás dele.

    — Na nossa mão, você quis dizer, não é, Ross? — disse Blando, entrando na sala. — Você é um dos meus vagalumes agora, então pode se incluir nos meus planos sem mais problemas.

    Ross apenas acenou em confirmação para Blando. A presença intimidadora que ele já passava parecia ter aumentado ainda mais depois de que o soldado viu o que Blando tinha na manga.

    — Reuni vocês três aqui porque vocês foram desafiados por pessoas que fazem parte do grupo dos príncipes lyberianos.

    Haron cruzou os braços enquanto sorria animado.

    — Fiquei sabendo que meu desafiante foi capaz de deitar um wyvern no soco. Quero ver do que esses soldados de Lyberion podem fazer.

    Enquanto Haron continuava a sorrir como um sádico ansioso, Ross ergueu uma sobrancelha por um momento.

    — Desculpe, mas eu não fui desafiado. — Ross afirmou.

    Blando jogou uma mão decepada em cima da mesa. O som de metal ricocheteando na superfície deu destaque a armadura vermelha que estava envolta a pele.

    — Parece que Rhyssara achou que seria interessante te dar uma revanche contra Cassian e mandou ele te desafiar.

    Ross continuou olhando para a mão, o rosto impassível.

    — A, claro, deve estar se perguntando de quem é essa mão. Foi de um soldado de seu esquadrão que ficou incumbido de te entregar a notificação de desafio. — Blando explicou sem o mínimo de remorso. — Infelizmente ele decidiu te entregar enquanto você já estava aqui. Por motivos óbvios meus vagalumes tiveram que neutraliza-lo.

    Ross cerrou os olhos por um momento. Ele sabia quem era o encarregado de entregar as notificações para membros do pelotão na qual estava alocado na Cidade de Ferro. Era um novato que havia acabado de ascender para a Cidade de Ferro. Ele também entendia os motivos de Blando, se ele foi desafiado enquanto estava na Toca de Ferro, o livro mágico que ranqueava todas as pessoas de todas as muralhas daria sua localização exata até que o desafio fosse comunicado diretamente a ele.

    — Claro que entendo. Ele era um novato promissor. Só fico triste pelo talento desperdiçado. — Ross esclareceu com frieza.

    — Não se preocupe. Depois do que viu hoje tenho certeza que sabe que o talento dele não será desperdiçado.

    Haron esticou a mão e pegou o papel ainda sendo apertado na mão ensanguentada.

    — Por que diabos a imperatriz queria que ele lutasse contra você Ross? Pela nossa fonte, ela quer causar um impacto com esses desafios e reacender uma chama nos cidadãos de ferro. Mas você é uma desgraça que foi derrotado por dois garotos sem ARGUEM.

    — Eu não fui derrotado. — Ross disse rispidamente. — Meus irmãos foram. Eu apenas queria sequestra-los sem matá-los, e isso é muito mais difícil que simplesmente matar, sem contar a presença do Olho da Tormenta que chegou antes do previsto.

    Celina deu de ombros quando falou:

    — Isso tanto faz, o que importa é que a Cidade de Ferro te enxerga como um merda que nem merecia estar entre essas muralhas novamente.

    — Isso não importa. Eu lutei e ascendi na Arena dos Corajosos e na de Ferro para restabelecer minha presença aqui. Não devo nada a ninguém e nem me importo com o que essas pessoas pensam.

    — E é aí que você está errando, Ross. — Blando disse enquanto se sentava na cadeira de madeira acolchoada na extremidade da mesa retangular. — O que os outros pensam de você é tudo o que importa nesse mundo. Conexões podem te tornar o homem mais temido ou mais amado de acordo como os outros te enxergam. E no ramo de espionagem na qual você está se metendo agora, isso é tudo o que importa.

    — Por falar nisso como vou me apresentar ao meu pelotão com os dois soldados que estavam comigo terem “desaparecido” e o que foi atrás de mim para me entregar a notificação de desafio morto?

    — Não se preocupe com isso. Você também está desaparecido enquanto estiver aqui. Movo uns pauzinhos, e uma bela história, de como você lutou bravamente e foi o único sobrevivente de uma emboscada dos “malditos vagalumes de ferro”, chega aos seus superiores, que irão engolir sem nem pensar duas vezes. O que temos que pensar aqui é: o que Rhyssara quer mostrar fazendo Cassian lutar contra você? Como isso impacta na moral da Cidade de Ferro que nem mesmo te considera alguém a altura de estar aqui?

    O silêncio de reflexão de todos tomou a sala, ninguém tinha um palpite.

    — Aquela mulher… — Blando ria consigo mesmo. — Isso vai ser interessante.

    Apoie-me

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (2 votos)

    Nota