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    “Magnânimo” diante das circunstâncias mundanas, assim que verificaram que a sua família estava bem, o casal não fez nada, nem tomou qualquer medida imediata…

    Tranquila e ponderada, esta era uma ação condizente e até esperada da piedosa Diana. No entanto, alguém com o histórico de Alexander não agir depois de ter sido ofendido por todos os lados era quase tão assustador quanto se ele estivesse prometendo revide.

    Em polvorosa, cheia de burburinhos, murmúrios, olhos espreitadores por informações e muito mais, as janelas se fechavam, mercadores cochichavam, e até a sensação do ar e o cheiro da brisa pareciam mais pesados…

    A Cidade das Luzes parecia um barril de pólvora e/ou óleo, pronta para estourar a cada passo que ele dava em direção à mansão do lorde, para se pôr a par de tudo o que realmente ocorrera.

    Solenes e temerosos ante a impassividade dele, as pessoas pareciam até prender a respiração enquanto ele passava, aparentemente não querendo nem serem notadas.

    — Relatem apenas sobre nossa própria situação primeiro — instruiu Alexander, ao levantar a mão para interromper um fluxo de informações que talvez não quisesse ouvir. — Não falem nada que possivelmente me impeça de alegar desconhecimento. Vamos resolver tudo por partes, começando por esta cidade para, em seguida, prosseguir escalonando.

    Ao entenderem o ponto dele, e bem cientes de meios como {Olhos da Verdade}, os relatórios foram sendo passados um a um, de forma variável e filtrada, enquanto ele parecia deliberar ao processar todas as informações que ia recebendo.

    — Essas reclamações por conta da bagunça que estou promovendo no mercado já eram esperadas. Quero ver quem vai ser o primeiro a tentar algo e me dar motivo para fazê-lo de exemplo para os outros… — comentou de forma enigmática, sem que os outros soubessem se aquilo era sério, ou só uma brincadeira. — Há algo mais do meu interesse?… Sem ser esses idiotas hipócritas reclamando ao vento, claro. Uma vez que não parece ter nada fora do controle de vocês por aqui.

    — Há uma certa carta que pode ser considerada intermediária — apontou Terry, ao considerar as opções e puxar a carta de uma das gavetas em sua mesa. — Ela vem de alguém… interessante: Paolla Hylian.

    — Interessante — disse Alexander, que reafirmou isso com ênfase ao terminar de ler a carta e a passar para seus assessores também lerem. — Bem interessante.

    — Realmente interessante — concordou Terry ao terminar de ler, com um olhar complicado. — E o que deseja fazer quanto a isso?

    — O que mais posso fazer além de aceitar uma proposta dessas, que casa tão bem com todos os meus planos? — indagou Alexander, ao se voltar para Stefan, que havia acabado de ler a carta. — Entre em contato e diga que eu estou aceitando… Pensando bem, diga a ela que também vou precisar da ajuda dela para algumas coisinhas que vão “beneficiar” todos os envolvidos.

    — Eu quero que me tornem o mais líquido possível. Mas da pior forma possível para o Império — completou, passando a retirar item atrás de item e tesouro após tesouro (dos presentes que Drayygon havia lhe dado), abrindo um sorriso que, sob a sombra certa, pareceria tão maligno quanto o de um demônio.

    Assustados com a quantidade de recursos que o chefe deles provou manter consigo em seus itens de armazenamento, ainda mais com sua ousadia de colocá-los contra a estabilidade do Império, os presentes não puderam deixar de se perguntar se aquilo era sério e realmente estava acontecendo. No entanto, se por um lado era verdade que ele havia sido ofendido por todos os lados e estava mais isolado do que nunca, por outro, também era verdade que ele já não devia favores nem precisava manter consideração por ninguém.

    Assim que seus funcionários entenderam e foram cumprir suas ordens, em segredo, recursos e pessoal foram movidos e os dias continuaram a passar sob uma tensão quase palpável. Contudo, no exato momento em que o público começou a acreditar que, talvez, Alexander houvesse adotado uma postura mais moderada, todos os mercados imperiais foram subitamente inundados por uma torrente de ofertas comerciais, esmagando os seus preços sob um volume aparentemente implacável.

    Ao mesmo tempo, mais da metade da facção Dragonseal colocou os seus afazeres em segundo plano e passou a abrir, ou forçar, rotas comerciais, interligando o seu território até as fronteiras mais distantes do Império.

    Por mais rico que fosse, e por mais recursos que tivesse, Alexander não teria como fazer frente a todos os nobres dos territórios por onde estava forçadamente avançando, se infiltrando e se expandindo se tais elites chegassem aportando suas economias e comércios em uma frente unida contra o caos que ele estava causando. Porém, agir assim, usando seus recursos para manter a estabilidade, não era algo que a maioria dessas elites faria.

    Como foi estabelecido que nada fizeram, acreditando que aquilo era algo “momentâneo”, uma vez que não carregava os moldes de uma ação contra o regime, os nobres perderam o timing e não viram o movimento em que o poderio dos capitães de Alexander passou a avançar e servir como linha de frente “anti-sabotagem”.

    Imparável por seus iguais, e sem precisar enfrentar nobres condes e marqueses, Alexander parecia correr solto, sem que ninguém do topo sequer pensasse muito em fazer algo. Pois, pela primeira vez em um bom tempo, ele parecia estar agindo só como um garoto imaturo que foi provocado; ou seja, fazendo birra.

    O ataque dele aos mercados era, sim, uma dor de cabeça, mas todos no alto nível sabiam que aquilo não era sustentável; a bravata e o dinheiro dele, uma hora ou outra, teriam que acabar. Eles não davam meio ano para as coisas começarem a se estabilizar, e no máximo 1 ano para tudo estar como se ele não tivesse feito nada.

    Aquela era uma visão equilibrada e bem ponderada sobre o panorama geral. O problema era que, além de Alexander não ser nem um pouco sensato (e menos ainda se importar em manter fundos parados), na outra ponta da rota principal encontrava-se uma das potências da Companhia de Comércio Lua Negra: Paolla Hylian; a mentora e idealizadora por trás da Rota Lua Marítima, já com sua parte em andamento…

    Uma rota estratégica com Alexander, Pauline e Cristina como pilares fundamentais; a qual se estenderia do Mar Imperial até o Estado Livre da Lua Negra, consumindo toda sua liquidez durante a consolidação.

    Quando a elite do Império finalmente entendeu que o ataque dele não era birra, e sim distração, pois ele realmente precisava tornar o seu patrimônio o mais líquido possível para aportar, manter e consolidar as suas rotas, “a cobra já havia entrado na casa dos dragões e plantado seus ovos”. E, uma vez que a força não era o melhor meio contra ele (ainda mais naquele momento, devido ao recente pulso de aura de Drayygon), eles apenas puderam morder a bala ao vê-lo se instalar por todo o Império e ainda estruturar a base de um restaurante, um orfanato e um templo em cada uma das 5 grandes cidades, excetuando a própria capital…

    O contraponto natural a esse avanço foi que vários sinais vermelhos e tensões ressoaram por toda a sua estrutura, com ainda mais olhos e espiões por todos os lados, pois eles não iriam subestimá-lo novamente.

    Embora os seus planos tivessem dado relativamente certo, não foi apenas por algo como mérito próprio dele. Houve vários pontos que fizeram o todo funcionar, e isso porque ele levou quase 1 mês apenas para os preparativos.

    • O primeiro e mais crucial ponto foi que, sob um acordo prévio com Paolla, a Companhia da Lua Negra momentaneamente parou de comprar o que ele estava vendendo, com base na prerrogativa de que já estavam negociando ainda mais nos bastidores; e o Império não contava com muitos mecanismos anti-manipulação de mercado fora a compra privada, pois geralmente eram os nobres que faziam isso contra a população e não queriam tais entraves.
    • O segundo ponto foi que ele não teve pressa para se consolidar, demorando até meses, se necessário, pois, uma vez que entrava legalmente nas cidades por meio de aquisições documentadas, deixava alguém muito bem pago para gerenciar os temporários e cuidar da logística e auditoria do que estava sendo feito.
    • O último dos principais pontos (fora os menores que, obviamente, também surgiram) foi que, quando um Conde da facção imperial tentou se engraçar e crescer para cima dele, ele não disse nada num primeiro momento e, mesmo podendo ser considerado da facção neutra, aliou-se estrategicamente a um Conde da facção nobre, causando prejuízos tangíveis e perda de influência ao primeiro Conde… Ele estava deixando claro seu entendimento: o Império é um grande mosaico de interesses conflitantes, e não hesitaria em apoiar qualquer facção que se opusesse aos seus adversários naquele momento.

    Com a liquidez esgotada, já que a metade restante de seus tesouros estava presa em bens, Alexander se viu em uma situação em que, como há muito tempo não acontecia, seu fluxo de caixa mal bastava para sustentar as operações.

    Após a Lua Negra adquirir a maior parte de seus recursos raros com preferência de compra, e as demais companhias aliadas dividirem o restante conforme sua participação no tumulto comercial que haviam causado, coube a ele enfrentar a nobreza, que agora movia restrições e sabotagens dissimuladas contra suas rotas.

    Um alento que saiu melhor do que o esperado foi que, devido aos embates dele com os mercados, gerou-se uma deflação com a queda dos preços, especialmente nos alimentos. E isso realçou o poder de compra das pessoas, consequentemente, aumentando o apoio popular dele e de seus estabelecimentos.

    Desgastado, Alexander acabou tendo que passar meses voando de um lado para outro, resolvendo todas as restrições e/ou sabotagens que o Império lançava em seu caminho… Ele precisava agir pessoalmente e com precisão, uma vez que não tinha mais tantos recursos financeiros e tampouco podia recorrer sempre à força, pois assim correria o risco de atrair oponentes mais poderosos ou mesmo perder a legitimidade e a boa vontade de seus clientes e parceiros comerciais, caso agisse como um tirano bruto enquanto todos ainda mantinham as aparências de civilidade.

    Obs 1: Contribuição arrecadada para lançamento de capítulo extra: (00,00 R$ / 20,00 R$).

    Obs 2: Chave PIX para quem quiser, e puder, apoiar a novel: 0353fd55-f0ac-45b5-a366-040ecefa7f7b. Caso não consiga copiar a chave pix, é só clicar nela que vai ser gerada uma aba/guia que tem como URL/Link a própria chave pix com algumas barras nas pontas: https://0353fd55-f0ac-45b5-a366-040ecefa7f7b/, e é só retirar a parte excedente.

    Ps: Para finalizar, volto a reiterar que as publicações seguirão normais e recorrentes no ritmo mencionado mesmo que, porventura, haja a publicação de capítulos adicionais.

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