Capítulo 299 – Reflexão e Consolidação
O céu ainda estava pintado pelas luzes e sombras do anoitecer quando Alexander pousou em sua casa, trazendo consigo o cheiro da poeira, das nuvens e das folhas carregadas pelo ar. O momento era poente e contrastante: a forja já adormecida, a iluminação ainda não acesa, e Diana no coreto, revisando suas anotações ao lado de uma pilha de livros.
— Chegou antes do esperado — apontou ela com um leve sorriso.
— O clima estava limpo… As últimas questões foram mais fáceis do que o previsto, quase como se o Império agora só quisesse me fazer perder tempo — respondeu Alexander, sentando-se ao lado dela com movimentos surpreendentemente leves, mas cansados. Eles já estavam no meio do 10º mês (ou seja, 4 meses haviam se passado desde o início daquele vai e vem das rotas comerciais). — Às vezes me pergunto se tive sorte… ou se as peças sempre estiveram lá, esperando alguém que não tivesse medo de cair nessa armadilha que é tentar redesenhar o tabuleiro.
Diana colocou suas anotações de lado e o encarou com um olhar tranquilo, porém analítico. — Você não é alguém que atribui tantas coisas à sorte.
— Porque sou covarde neste ponto… Eu não gosto de lidar com o incerto sem uma real necessidade — compartilhou ele, se abrindo com a única pessoa a quem se permitia mostrar vulnerabilidade. — As rotas estavam lá: estradas e entrepostos largados. Ninguém viu tal valor porque ninguém queria se dar ao trabalho.
— Eu apenas reconectei, padronizei e coloquei ordem onde só havia abandono; reformando o que pude e estabelecendo rotas que funcionam com o tempo delas, não contra elas… — explicou, enquanto incontáveis exemplos de sociedades na Terra passavam pela sua cabeça. — Dei algo que ninguém mais oferecia: uma real estabilidade comercial para grandes e pequenos.
Alexander então inclinou-se para trás e olhou para o céu que escurecia lentamente acima deles. — “Comércio não é só sobre moedas; é sobre seu ritmo”… Eu disse isso tantas vezes que algumas pessoas até começaram a repetir como se fosse delas.
Ao ouvi-lo, ela apenas sorriu, leve como o farfalhar do som da chuva ou de seda ao vento. — Isso realmente soa muito como você.
— Os Lordes notaram… Alguns estranharam meu brasão nos carregamentos. Mas nenhum me enfrentou — apontou ele sorrindo. — Afinal, eles continuam com suas terras, seus impostos. Eu só organizei o que era um caos e vendi mais rápido, com mais qualidade e com preços mais baixos… No fim, eu os enriqueci também.
— Então, por que iriam lutar se não perderiam tanto com a sua ascensão quanto ao competir com você, certo? — completou Diana, já antecipando a lógica dele.
— Exato — concordou Alexander ao sorrir para ela. — Alguns fingiram que não viram; outros estão esperando o momento certo para investir, bem discretamente, mas ninguém quis comprar uma guerra total contra mim.
Diana então se aconchegou nele, interessada. — E as guildas e os outros nobres, os que controlam o comércio de base? Não me diga que aceitaram pacificamente.
Ao ouvi-la, Alexander suspirou e esfregou a nuca, onde o calor ainda se concentrava, como se lembrar daquilo o deixasse exasperado pelos problemas que lhe causaram e pelo tempo que o fizeram perder. — Digamos que eles fizeram o que puderam: tentaram formar cartel, sabotagem de preços e bloqueios. Mas eu absorvi o prejuízo enquanto fazia frente ao mercado deles com meus próprios estoques.
— Quando isso falhou, começaram a vir nas sombras: tentativas de espionagem, interceptações e até envenenamento em um carregamento — elucidou ele, com um olhar cada vez mais sugestivo e sombrio. — Foi uma ataque direto, mas eles não estavam preparados. Os armazéns que importam estão protegidos por veteranos ou capitães da minha confiança, ou em itens dimensionais… Alguns carregamentos, os mais delicados e sensíveis, literalmente viajam comigo.
— Um dos grupos aprendeu isso do pior jeito — não negou ou se omitiu frente ao interesse dela. — Tentaram invadir um dos entrepostos… uma vez. Nunca mais.
O silêncio que se seguiu não poderia ser descrito exatamente como confortável, e ela o assentiu com um olhar pensativo e uma expressão endurecida. — Então não foi só uma disputa econômica escaramuçada… E então, acabou?
— Ainda não. No entanto, a parte mais difícil já passou… — sorriu ele de lado, sem sentir remorso. — Porém, o meu dinheiro foi usado como válvula de escape para sustentar toda essa engrenagem, ou quase tudo já teria desmoronado.
Ao ouvir isso, Diana observou seu rosto com atenção e se encostou em seu ombro, deixando a respiração acompanhar o ritmo dele. — Você não é dono das cidades…
— Não, eu não sou. Afinal de contas, eu nunca quis ser — concluiu ele, com a voz baixa e suave ao pé do ouvido dela. — Mas agora minha facção faz parte do ritmo delas e não vai mais precisar tanto de mim, exceto em casos realmente grandes.
Feliz com a resposta dele, ela fechou seus olhos, se entregando e repousando com tranquilidade. — Então descanse… antes que os ventos possam mudar de novo.
Incomensuravelmente grato e feliz pela sorte de ter uma mulher como aquela na sua vida, Alexander a tomou nos braços e decidiu adiar qualquer grande plano que tivessem em mente, por ela, com uma jura: — Você tem razão. Assim que autorizar e formalizar o sistema de pedidos e comissões dentro da facção, eu vou tirar algum tempo só para nós… Com o tamanho atual da nossa estrutura e facção, as pessoas já vão pensar bem antes de mexer com a nossa família.
Nos dias que se seguiram, algumas coisas dignas de nota aconteceram, mas o casal ficou à margem de quase tudo. O mais marcante e próximo deles foi o início do sistema de pedidos e comissões dentro da facção, com a DragonSeal passando a receber e concluir pedidos como uma Guilda, porém com um sistema diferente: a dificuldade das missões era classificada e ia escalonando em letras que iam de “C” a “SSS” (“SSS” representando as requisições de nível líder da facção).
As outras coisas interessantes foram o Torneio Imperial e uma carta-convite para o aniversário de Solas, o filho de Robert e afilhado deles.
O último era extremamente compreensível, mas bem problemático, pois, se eles fossem a uma festa daquele porte (algo que estavam evitando muito), mais e mais convites poderiam começar a chegar. Quanto ao Torneio Imperial, o vencedor foi Jason, como o esperado, porém, no momento crucial, Mark surpreendeu de forma notável.
Suportando e superando várias habilidades e feitiços Tier III, o jovem elefante dos IronShield mostrou ter evoluído para um mamute ao brandir as suas presas para chegar até a final do torneio e fazer com que ambos os finalistas fossem da mesma academia, a Academia dos Combates Gêmeos.
No entanto, na final, ao notar que estava sendo superado pela “benção” na espada do adversário, e não pela técnica do mesmo, algo nele se moveu e uma energia mais densa e poderosa do que a sua normalmente era fluiu pelo seu corpo, permitindo-lhe fazer frente a Jason.
Sem dúvida, é divertido pensar, sonhar e vivenciar a pura perspectiva de que o esforço vence o talento ou as bênçãos inatas de uma pessoa, porém, Mark ainda acabou perdendo devido ao confronto cruzado e recorrente das energias e poderes desiguais presentes nas armas de ambos.
A vida não era justa, nunca foi, e essa era mais uma prova disso. Mais uma vez, ele perdeu para a mesma pessoa sem, necessariamente, ser menos habilidoso no seu respectivo estilo… A vida, muitas vezes, era realmente frustrante.
Uma última coisa que o casal fez em consenso, enquanto se preparavam para o aniversário de seu afilhado, foi organizar e promover uma “pequena conferência de conhecimento” para a geração mais jovem, no fim do ano, com o objetivo de anunciar e abrilhantar ainda mais a abertura das novas cidades, no arquipélago.
O foco da conferência seria o desenvolvimento, controle e evolução das técnicas em geral, sejam elas mágicas ou marciais. Um movimento audacioso e arriscado, já que cada família tendia a guardar as informações sobre seus avanços para si, com uma divulgação bem limitada.
Pela primeira vez, ao menos nessa escala, a população em geral não seria deixada de lado. Algo que sempre dificultou o avanço dela para níveis mais refinados, que iam além de tornar seus poderes mais físicos e/ou elementais.
Como isca, antes de montarem em seus canídeos de 3ª evolução para irem ao aniversário, o casal passou a divulgar que o estande deles seria o último e privado; destinado àqueles que se voluntariassem para compartilhar seu conhecimento e experiência. O tema deles seria conhecimentos avançados e não convencionais: como absorver o poder do ambiente por meio do corpo e por aí vai.
Obs 1: Contribuição arrecadada para lançamento de capítulo extra: (00,00 R$ / 20,00 R$).
Obs 2: Chave PIX para quem quiser, e puder, apoiar a novel: 0353fd55-f0ac-45b5-a366-040ecefa7f7b. Caso não consiga copiar a chave pix, é só clicar nela que vai ser gerada uma aba/guia que tem como URL/Link a própria chave pix com algumas barras nas pontas: https://0353fd55-f0ac-45b5-a366-040ecefa7f7b/, e é só retirar a parte excedente.
Ps: Para finalizar, volto a reiterar que as publicações seguirão normais e recorrentes no ritmo mencionado mesmo que, porventura, haja a publicação de capítulos adicionais.

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