Capítulo 301 – Presentes e escolhas
Afeiçoado ao menino, ao menos um pouco, Alexander bagunçou o cabelo dele com um sorriso, ergueu-o no braço e pediu que os demais se afastassem. Seus presentes não eram apenas chamativos; eram também grandes e espaçosos.
Assim que os demais abriram espaço suficiente, ele colocou a mão livre em seu item de armazenamento e dele retirou uma carruagem grande e imponente. Não era a mais luxuosa que os ali presentes já haviam visto, mas era, sem dúvida, única; desde a aparência até a estrutura.
— O seu primeiro presente vem do nosso desejo de que aproveite a vida enquanto ainda é jovem e livre de responsabilidades — anunciou o dragonoid. — Eu lhe garanto: depois da carruagem de Diana, não há nenhuma melhor do que esta fora da capital imperial. Nem seu pai, nem mesmo eu, temos uma que se equipare a ela.
— Você vê este brasão nela? — indicou Alexander, apontando para o emblema da DragonSeal e puxando Diana para perto deles com o braço livre. — Ele significa que você também é meu povo… nosso povo. Esta carruagem será o seu refúgio seguro contra qualquer ameaça externa… Seu pai pode ter limites, regido por deveres e obrigações, mas eu não. Enquanto eu estiver aqui, se alguém lhe fizer mal, eu os caçarei dos céus mais altos aos mares mais profundos, até os confins desta terra… Esta é a minha promessa para você.
Tomando o afilhado deles dos braços do seu noivo, foi a vez da Demi-canídea puxar uma grande cesta, do tamanho do menino, retirando-a de seu item de armazenamento com a mão livre. — Eu sei que não é tão chamativa quanto a do seu padrinho, mas, além de meu presente estar recheado de tudo que você gosta, também traz algumas frutas de mana, geleia real de {Abelha Cristal de Sangue Real} e vários tipos daquilo que as pessoas consideram ervas espirituais… É para que você fique forte e bem nutrido, ou mesmo para que possa experimentar herbalismo ou alquimia, se desejar.
Ao recuperar Solas dos “braços pegajosos” de Diana, Alexander girou a mão e fez um cubo aparecer do nada, surpreendendo a todos, incluindo o afilhado. — Em meu segundo presente, eu lhe concedo a dúvida e a busca pelo conhecimento, pois isto é uma caixa, e está vazia, mas, ao mesmo tempo, contém um grande tesouro. O que será que há dentro dela?… Medite um pouco segurando-a quando tiver tempo e tente descobrir. No entanto, adianto-lhe: não conseguirá nada de outra forma, muito menos se a quebrar em busca de ganhos rápidos.
Surpreso ao receber um cubo de metal oco, comum à primeira vista, mas sem aberturas aparentes, o aniversariante sorriu, parecendo recordar-se de algo. A sua reação foi a mais fácil e instintiva: aceitou a caixa, pulou dos braços do padrinho e correu até o seu pai, para que ele o ajudasse a decifrar os segredos daquele presente.
Mesmo sendo apenas uma criança, ele sabia que seu pai era o mais poderoso ali; logo, em sua lógica infantil, ele deduziu que o pai também deveria ser um dos mais inteligentes, ao menos mais do que seu padrinho.
Recebendo-o de braços abertos com um sorriso cúmplice e conspiratório, Robert aceitou a caixa para examinar seus truques e segredos. No entanto, seu sorriso logo se dissipou, substituído por uma estranheza que teve que fazer força para controlar.
A caixa com toda a certeza estava vazia (ele podia sentir isso), porém ele já havia visto Alexander analisá-la e brincar com ela antes, como se a estudasse. E, embora soubesse que estava vazia, todos os seus sentidos tinham a mesma certeza de que havia algo ali; como se a própria caixa fosse ao mesmo tempo o tesouro e a chave para o prêmio.
Fazendo força para se conter e até mesmo para dominar sua própria dúvida, a força da natureza dos Raiovas devolveu a caixa ao próprio filho, tentando manter as aparências: — A caixa está vazia, mas guarde-a bem. O prêmio está em aprender a acessá-la sem quebrar, não no que está dentro… Agora vá, parece que seus presentes ainda não acabaram.
Aceitando-a, ainda sem compreender plenamente o que queriam dizer sobre a caixa, Solas voltou até sua madrinha que, de modo performático, colocou a mão no item de armazenamento do noivo; como se fosse pegar algo dele para dar de presente. No entanto, o que ela tirou de lá era claramente uma oferta sua: um conjunto de mudas coloridas e singulares, ordenadas e transbordando vitalidade.
O gesto não apenas mostrava o seu presente, mas também demonstrava que seu companheiro possuía um dos raros e singulares tipos de itens capazes de abrigar vida sem a comprometer.
— Se eles lhe dão dúvidas e enigmas, eu lhe dou certezas — disse ela, sorrindo e incentivando-o a segurar o recipiente com as mudas. — Plante-as em um lugar só seu e cuide bem delas, como lhe ensinei. Eu prometo que, no tempo certo, cada uma delas se tornará um tesouro, cada qual maior que o anterior.
— Humpf… Tentando ganhar de mim de novo? — bufou Alexander com um tom “desdenhoso”, claramente brincalhão. — Faça o que quiser, chore se precisar, mas veja como eu venço hoje na disputa de quem dá o melhor presente.
Sinalizando para Robert se conter, e principalmente para conter sua segunda mulher, a mãe de Solas, o dragonoid fez uma massa de poder (uma [Essência Evolutiva]) surgir em sua mão e rapidamente a empurrou no peito do garoto, sem medo ou hesitação, sob o olhar atento de todos os presentes. — Alegre-se, criança, pois EU acabo de garantir o seu futuro. Se nada de externo e grave acontecer, você se tornará o mais belo e harmonioso entre seus parentes em muito, muito tempo.
Surpreso com o calibre daquela promessa, o público entrou em um estado de alerta, questionando o que era aquilo. Mas Diana manteve a performance e retrucou com desdém: — Só isso? Risível… Não fale sobre presentes ou o futuro dele na minha frente, pois posso fazer uma parte do futuro dele chegar agora.
Ignorando o público, os olhos afetuosos e alegres de Diana arderam em puro poder: uma esfera 3x maior que a de seu noivo apareceu em sua mão direita, e outra, 5x maior, na esquerda. Ambas começaram a se condensar para um tamanho aceitável antes de ela também as empurrar no peito da criança.
— Que nossos presentes e nossas boas intenções germinem em você — desejou Diana, ao empurrar a esfera menor com o poder de seu feitiço |Germinar|.
— E que todo o seu poder floresça o quanto antes, para que você possa realizar todos os seus sonhos — completou ela, ao empurrar a esfera maior com o poder de seu feitiço |Florescer|, visivelmente emocionada; o que, com o poder do seu talento {Sentimental}, fez toda a diferença.
Completamente “encharcado” pela chuva de presentes e boas intenções de seus padrinhos, o corpo de Solas não apenas pareceu crescer instantaneamente alguns centímetros em altura e massa, como, para o choque do público, foi envolvido por uma aura dourada: seus olhos tornaram-se mais brilhantes, e sua pele, mais corada, lisa e visivelmente mais macia; era possível notar a textura sem sequer tocá-la.
O efeito sinérgico entre o aprimoramento de (Harmonia Corporal), proveniente da [Essência Evolutiva], e os feitiços de Diana fundiram-se perfeitamente. Juntos, seus poderes não só aceleraram o metabolismo dele de forma suave e profunda, mas também catalisaram a expressão de sua energia interior, fazendo-a desabrochar naquele corpo jovem.
Surpresos e aliviados, Robert e Brie se aproximaram do filho e quase o viraram de ponta-cabeça, examinando atentamente seu corpo, porém não havia sinais de efeitos adversos ou reações negativas. Pelo contrário, a energia e a vitalidade da criança pareciam muito mais fortes e em um sutil, mas progressivo, aumento.
Incrédulos, os presentes começaram a cochichar entre si, com sentimentos diversos brilhando em seus olhos; desde admiração até uma ponta de temor. A capacidade de fortalecer e presentear uma criança daquela forma não podia ser ignorada.
Dando um passo destemido à frente da multidão que apenas observava, o Duque Marvin revelou-se como um dos convidados que havia ido à festa prestigiar o filho do amigo. Ele instou o neto a se apresentar, limpando a garganta de forma significativa para insinuar seu pedido de modo indireto.
Sorrindo com o comportamento do homem, Alexander deu um leve empurrão em Steve, provocando-o, mas balançou a cabeça em direção ao avô. — Lamento, mas recursos assim não são tão fáceis de obter, mesmo o senhor sendo também um dos pilares do Império e protetor da área onde moro…
— Além de Solas ser meu afilhado, o Duque Robert também tem prioridade por ter “me comprado na baixa”, ao apostar em mim e investir no meu futuro — apontou ele, calmamente. — Sendo bem sincero, até tenho outro recurso similar, mas duvido que o senhor esteja disposto a pagar o meu preço “na alta”. Acredite, o meu preço não é algo que mesmo aqueles que podem pagar desejam fazê-lo.
— Anuncie seu preço, e verá se eu não o pago agora, desde que seja minimamente justo — proclamou o Duque Marvin, sem sequer piscar.
— Aí é que está, senhor: eu não me importo muito com dinheiro ou poder, nunca me importei. É isso que as pessoas não conseguem entender ao tentar me analisar, e por isso ninguém aceita de bom grado pagar o meu preço — sorriu o dragonoid, parecendo meio cansado de dar a mesma resposta. — Steve pode ser considerado meu meio-aluno e, mesmo tendo perdido o aniversário dele devido a problemas que me causaram, não sou contra ele. Por isso, posso fazer um preço que o senhor, com toda certeza, pode pagar; apenas não sei se vai estar disposto…
— Meu preço é simples — completou ele, ficando incrivelmente sério. — Prometa, na presença de todos aqui, que o seu neto Steve poderá casar com quem quiser, pelos motivos que desejar. Este é o meu preço… Se o senhor estiver disposto a fazer isso, eu lhe prometo que ele se tornará o prodígio com o maior potencial mágico e físico da sua família nesta geração. Algo que pode vir a superar até o senhor em seu nível de “força da natureza encarnada”.
O duque franziu a testa instantaneamente, confrontado com o dilema ardiloso que Alexander lhe impusera: de um lado, o maior desejo de um nobre com valores familiares, um herdeiro de poder incomparável; do outro, o maior risco ao controle tradicional de sua linhagem, a liberdade individual de seu sucessor. Era uma escolha mordaz, cujas consequências, independente de sua decisão, poderiam assombrá-lo por anos, ou mesmo décadas a fio.
Em qualquer outro lugar, Marvin poderia ter ponderado, reconsiderado ou mesmo recusado a proposta de imediato. Mas ali, sob o peso de tantos olhares, recuar de uma negociação que ele mesmo havia iniciado não era uma opção sábia… Fazer isso o faria parecer mesquinho, ou como se sua família fosse muito arrogante para se associar a quem considerasse indigno.
No momento exato em que Alexander formalizou a proposta em termos concretos e aceitáveis, o recuo deixou de ser uma jogada estratégica para o patriarca; ainda que no íntimo ele o amaldiçoasse com ferocidade.
— Só isso? Essa sempre foi a nossa premissa para ele desde o início — respondeu o duque por entre os dentes, parecendo forçar-se a dizer aquilo, porém com imensa graça social. — Pode fazer, então. Eu prometo que ele é livre para escolher com quem quer viver e, se desejar, com quem quer casar.
Assentindo com satisfação, o dragonoid olhou para Steve e declarou: — Então nós temos um acordo. No entanto, não posso realizar o processo aqui e agora, pois o desenvolvimento dele será bem diferente; e digo isso no sentido doloroso da palavra… O ideal é fazê-lo enquanto ele está confortavelmente desmaiado, para que não sinta nada.
Antes que Steve pudesse sequer compreender a profundidade da conversa entre eles, o avô tocou-lhe a cabeça, e ele desmaiou sem esboçar qualquer dor, como se sua mente tivesse simplesmente desligado. O Duque Marvin, assim como o Duque Robert, não havia chegado onde estava por ser indeciso.
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Ps: Para finalizar, volto a reiterar que as publicações seguirão normais e recorrentes no ritmo mencionado mesmo que, porventura, haja a publicação de capítulos adicionais.

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