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    Assim que o garoto caiu, Alexander o pegou com facilidade e o entregou a Diana, cuja aura era possivelmente a mais tranquila e reconfortante de toda a festa.

    — Decidido. Gosto disso… — sorriu o dragonoid para o Duque Marvin. — Mas já que resolveu fazer isso aqui, vamos ser rápidos para não estragar a festa. Tudo o que o senhor precisa fazer, por agora, é estimular o brasão da sua família dentro dele.

    — Na barriga, talvez? — ponderou ele, sugerindo ao Duque, já se preparando ao notar que Diana havia lançado um feitiço de |Redução de Dor| em Steve. — Onde o senhor achar que ficará melhor protegido.

    Com todos os preparativos concluídos (o Duque Marvin ativando a magia do brasão familiar na região entre os ombros e a nuca do neto, e Diana canalizando sua energia e mana para o garoto), uma nova massa de poder, outra [Essência Evolutiva], surgiu na mão de Alexander, e ele a empurrou diretamente no peito do jovem.

    A reação imediata foi o corpo de Steve se debater violentamente, como um motor pegando no tranco. Logo, porém, o vasto poder de Diana começou a alimentar o processo, estabilizando e relaxando o corpo do garoto, harmonizando na medida do possível a colossal inundação de energias. O procedimento, diga-se de passagem, parecia agora ressoar com a mana do ambiente, absorvendo-a para se sustentar.

    Surpreso ao ver o brasão de sua família surgir e tomar forma exatamente onde ele o estimulava com sua magia, o Duque ficou ainda mais atônito ao sentir estruturas mágicas se formando dentro do neto.

    Aquilo era absurdo e deveria ser impossível, especialmente para humanos. Porém, a lembrança de uma característica élfica em específico veio à sua mente: (Veias Mágicas).

    Sorrindo como um pequeno diabrete caótico ao notar o olhar daquele avô, Alexander afastou a mão e comentou: — Assim já deve estar bom… Não se compara à Solas, devido ao tônico que o Duque Robert deu anteriormente ao filho, mas com toda a certeza é ainda mais pulsante e singular em termos puramente mágicos.

    — Como? — indagou Marvin, perplexo ao ver um resultado tão diferente do anterior.

    — O “como” é realmente tão importante quanto os meus resultados? — retrucou o dragonoid com um sorriso misterioso. — Porque eu acho que não, rsrsrs…

    Sem palavras, o Duque sentiu todos os processos se acomodarem no corpo do neto, internalizando tudo o que ele havia captado; ou pensado ter captado.

    Não havia como provar ou comprovar mais nada do que acontecera sob a influência daquela massa misteriosa, sem forçar e correr o risco não só de destroçar todos os ganhos que Steve obtivera, como também de feri-lo ou aleijá-lo. Tais itens tornavam-se componentes muito pessoais e atuavam em um nível profundamente íntimo quando não estavam sendo usadas ou estimuladas em seu portador.

    Assim que o processo acabou, Diana entregou o garoto para Alexander segurar e aplicou em Steve os mesmos feitiços que havia usado em Solas, porém com uma potência ainda maior, na tentativa de compensar a diferença causada pelo tônico. Afinal, o reforço não era apenas bem-vindo, como também perfeitamente possível, uma vez que Steve tinha cerca de 12 anos, enquanto Solas completava apenas 6 naquele mesmo dia.

    Com o fim do espetáculo, e parecendo lembrar que o casal não era uma das atrações, a multidão de convidados logo explodiu em sussurros e olhares significativos. O que haviam testemunhado não era algo simples o bastante para ser ignorado, nem pequeno o suficiente para ser contido dentro daquela celebração.

    — Sou grato pelos presentes ao nosso filho, mas isso provavelmente vai se tornar outra dor de cabeça sem fim — suspirou Robert, aproximando-se com sua segunda esposa, Brie. — Com algo tão desejável assim, sempre haverá quem queira ter ao menos um pouco disso para si.

    — Sei que dizer “não tenho mais” é tão difícil de crer quanto eu afirmar que tenho infinitas — respondeu Alexander com uma serenidade peculiar, como se não apenas compreendesse esse fato, mas o aceitasse por completo. — Mas, independentemente do que pensem, a verdade é que isso é meu… E as minhas coisas não são fáceis de obter, pegar ou tomar… muito menos de graça.

    Instigados por tais palavras, os convidados lançaram olhares cada vez mais dúbios ao jovem dragonoid, que não fez a menor questão de baixar a voz ou medir suas palavras. Porém, enquanto todos se perguntavam como proceder, uma rajada de aura, ou melhor, um choque violento entre presenças, veio de longe, alarmando a todos e tudo em seu caminho.

    Reconhecendo a fonte, ou ao menos uma parte dela (a de Drayygon), um grupo seleto de convidados fixou a visão em Alexander. Este, por sua vez, ergueu as mãos em sinal de inocência… Ele não havia feito nada.

    — Obrigado pelo convite. A festa promete ser incrível, mas, como viram, acabamos de receber o nosso sinal para ir — declarou o jovem, sem qualquer tentativa de explicar o que possivelmente estava acontecendo. — Em situações como esta, a floresta pode entrar em compulsão, e estamos nos locomovendo por vias terrestres, montados em nossos familiares canídeos.

    Obviamente cientes de que ele estava tentando fugir pela tangente sem contar nada, a mana de ambos os Duques desceu sobre ele como um manto pesado. Um pedido silencioso, porém inegável, para que ficasse.

    — Soltem-me… Isto é um abuso de poder e autoridade — disse Alexander, em clara performance. — Querem mesmo discutir isso aqui e arriscar o escândalo que vou revelar?… Além do mais, é quase óbvio o que está acontecendo.

    Ao trocarem olhares constrangidos e significativos, os Duques assentiram um para o outro e, surpreendentemente, o soltaram.

    O que realmente estava acontecendo não podia ser mais óbvio; era apenas algo tão incomensurável, que jamais ocorrera em sua geração para que pudessem tê-lo levado em consideração.

    Se algo como Drayygon, um ||Rei Dragão||, entrou em um choque tão intenso de auras e em uma disputa de presenças que ambas ainda reverberaram até ali, ele só podia estar frente a frente com algo de seu próprio nível. E, uma vez que o continente não estava afundando nem o mundo estava acabando, tratava-se de um conhecido relativamente amigável; algo equivalente a um sparring entre ambas as partes.

    Os demais não faziam ideia do que estava acontecendo, e o medo que sentiam era puro instinto. Alexander e Diana, no entanto, mesmo sem saber ao certo, tinham uma noção bastante aproximada da verdade: ||O Vermelho|| finalmente havia se chocado com ||A Dourada||.

    Para causar tamanha comoção mesmo estando a uma distância tão grande, a razão provavelmente só podia ser: ou ambos os dragões estavam num confronto para a mãe de Anna ver e avaliar até que nível Drayygon havia evoluído após o seu último avanço, ou estavam tentando procriar novamente… Quem sabe se não era parte das “preliminares”, e ambas as coisas ao mesmo tempo?

    — Vocês já vão embora, madrinha?… — indagou Solas, ao notar o cerne da questão que os adultos discutiam. — Mas vocês acabaram de chegar.

    — Eu sei que faz pouco tempo — respondeu Diana, alisando a sua roupa antes de abaixar-se à altura dele. — Mas as coisas acabaram de se tornar… imprevisíveis, querido. Pelo sim pelo não, acho que vamos ter que voltar mais cedo.

    — Talvez isso seja apenas uma oportunidade — comentou Alexander, sorrindo. Ele não apenas estendeu a mão para ajudar a noiva a levantar, como usou o braço livre para erguer o garoto. — Venha conosco ver o Mar Imperial… A cidade de vocês é, com toda certeza, linda. Mas a imensidão deste mundo nos revela beleza até nas menores coisas, se apenas pararmos para olhar.

    Iluminando-se de empolgação com o convite do padrinho, Solas virou-se rapidamente para os pais, fitando-os com olhos suplicantes. O olhar implorante do garoto os fez remexerem-se desconfortáveis.

    Uma viagem daquelas, ainda mais sem a proteção e supervisão de Robert, não era nada convencional para um dos principais herdeiros de uma família ducal.

    Ao acalentar-se, ainda que suspirando, ante tal olhar do filho, Brie apertou a mão do marido e assentiu. — Não se preocupe tanto… Além de uma viagem assim lhe fazer bem, eu mesma irei para garantir que não estraguem nosso filho mimando-o.

    Instintivamente franzindo a testa, foi a vez de Alexander remexer-se desconfortável. Ele simplesmente não tinha estrutura, nem espaço, para hospedar a esposa de um duque em seu forte-vila.

    — Com mil perdões, minha senhora, mas realmente deseja ir? — sondou o dragonoid, demonstrando suas limitações. — Não é que eu não queira recebê-la, no entanto, a minha morada é muito humilde para seu padrão, e não há aposentos adequados para acolhê-la de imediato…

    — Talvez, se a senhora estivesse disposta a aguardar alguns dias, ou mesmo confiar a guarda do seu filho a nós, pudéssemos contornar todo esse problema logístico de forma mais prática — adicionou, como uma sugestão bem enfática.

    — Não se preocupe muito com seu suposto padrão. Estou confiante de que consigo remanejar amenidades suficientes com minhas empregadas para tornar qualquer casa uma morada digna — garantiu Brie, fazendo o casal de jovens se entreolhar de forma um tanto estranha. — Quanto ao número de aposentos, tenho fé na sua capacidade de resolver isso antes de chegarmos lá…

    Sem muita escolha, e sem querer fazer uma desfeita para a mãe de seu afilhado, Diana segurou o noivo e deu um passo à frente em um gesto cortês. — Se a senhora pensa tão bem assim de nossas capacidades, só podemos aceitá-la e fazer o nosso melhor. Porém, vou ter que insistir que a senhora leve no máximo 4 empregadas, pois nossas casas simplesmente não têm mais de 4 quartos.

    Ponderando que os termos eram minimamente críveis e aceitáveis, Brie assentiu, aceitando as condições e devolvendo o gesto cortês da Demi-canídea. Alexander, no entanto, que não era de levar as coisas tão na esportiva, achou que aquele era o momento perfeito para devolver o tapa de luva branca que haviam recebido.

    O dragonoid assentiu para o grupo antes de pedir licença e deslizar entre as pessoas; um sorriso aberto marcava seu rosto, mas o mesmo era torcido em seu coração. Ele, então, semi-ajoelhou-se para ficar abaixo da altura da mulher à sua frente, chamando a atenção de todos sem sequer abaixar a cabeça.

    — Peço desculpas pelo atraso em conhecê-la pessoalmente, minha senhora. Trouxe comigo um pequeno presente; por favor, aceite — anunciou Alexander, retirando um embrulho e uma grande caixa do item de armazenamento em sua cintura. — Sei que é modesto, mas não podia deixar de reconhecer e homenagear o encontro com a primeira esposa do Diretor. Logo, preparei estes poucos itens para prestigiá-la.

    Como uma espécie de “aluno honorário” de Robert, era quase um dever social do dragonoid reconhecer e prestar respeito ao conhecer suas esposas; só não precisava reconhecer a primeira esposa no aniversário do filho da segunda para lembrar a todos com quem ele se casou primeiro. Ainda mais quando o presente que preparara superava muitos dotes de pequenos nobres e cavaleiros.

    Obviamente, os presentes para a primeira esposa não se equiparavam aos que Solas recebera, e as esposas do Duque mantinham uma relação amistosa, longe de qualquer rivalidade declarada. No entanto, uma inversão de prestígio como aquela ainda deixava um gosto amargo na boca de qualquer mulher de forte orgulho.

    O embrulho continha um deslumbrante vestido, confeccionado em fios-tesouro de seda em tons de azul, imbuídos com o poder da água e do gelo, e meticulosamente bordado com fios tesouro-de-seda dourados e fios de ouro.

    Já a caixa guardava um estoque medicinal pessoal: pílulas, tônicos, jades de energia, essências de mana e até várias das cobiçadas [Gemas de Sangue Cristalizado].

    Obs 1: Contribuição arrecadada para lançamento de capítulo extra: (00,00 R$ / 20,00 R$).

    Obs 2: Chave PIX para quem quiser, e puder, apoiar a novel: 0353fd55-f0ac-45b5-a366-040ecefa7f7b. Caso não consiga copiar a chave pix, é só clicar nela que vai ser gerada uma aba/guia que tem como URL/Link a própria chave pix com algumas barras nas pontas: https://0353fd55-f0ac-45b5-a366-040ecefa7f7b/, e é só retirar a parte excedente.

    Ps: Para finalizar, volto a reiterar que as publicações seguirão normais e recorrentes no ritmo mencionado mesmo que, porventura, haja a publicação de capítulos adicionais.

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