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    Ao cruzarem o arco que marcava o limite da arena de neve, o grupo encontrou uma escadaria em espiral, grandiosa em todos os sentidos, que subia metros acima até a base da segunda arena daquela corrida de ascensão. A estrutura inteira parecia suspensa no vazio, sustentada por correntes colossais que se estendiam até as longínquas paredes de rocha da cratera gigantesca onde todas as arenas estavam erguidas.

    Conforme subiam, ecos de gritos, aplausos e assovios começaram a reverberar pelo ar quente que já subia da próxima arena. Bastou um olhar para os lados para perceberem: as arquibancadas, enormes e circulares, estavam lotadas. Milhares de espectadores vibravam, celebrando o primeiro desafio vencido pelos príncipes.

    Um som agudo de microfonia rasgou o ar, obrigando alguns a apertarem as orelhas.

    E então, em um palanque que flutuava misteriosamente no céu, surgiu a apresentadora Sue. O sorriso dela era tão largo que seus lábios quase encostaram no tapa-olho que ocultava seu olho esquerdo.

    — SENHORES ESPECTADORES! — ela anunciou, segurando firmemente um microfone com a mão direita metálica, a voz amplificada ecoando por toda a cratera. — Estão prontos para ouvir os nomes daqueles que já caíram nesta corrida PODEROSA e BRUTAL?!

    Todos na plateia explodiram em êxtase e, como se obedecessem a um único comando, suas vozes diminuíram de repente até virarem um conjunto de cochichos ansiosos.

    Sue ergueu o microfone, a postura mais solene, quase ritualística, e sua voz assumiu o tom de um cântico fúnebre:

    — Aqueles que sonharam, lutaram e falharam nesta corrida de ascensão rumo ao ápice do Império… — ela proclamou. — Sejam os que tentaram tomar o trono, sejam os que lutaram para defendê-lo… foram: Robter, Liana, Sthal, Dionísio…

    A lista seguiu, nome após nome, até que o quadragésimo sétimo ecoou pela cratera.

    Menos de dez eram desafiados. O resto, aspirantes que ousaram sonhar.

    Quando Sue terminou, a multidão voltou a se manifestar, não em gritos, mas em aplausos pesados, quase reverentes, honrando a queda e o sacrifício daqueles que tombaram pela glória. Era o espírito de Ossuia vibrando ali: subir… ou ser esmagado pela própria ambição.

    O silêncio retornou quando Sue retomou a fala. Seus cabelos loiros e volumosos tremulavam com o calor crescente que vinha da arena de fogo logo acima.

    — O número total de participantes, que começou em duzentos, agora caiu para cento e cinquenta e três. Boa sorte aos restantes. E para vocês, espectadores… aproveitem a subida para a segunda arquibancada!

    Marco passou a mão pelos cabelos loiros, franzindo a testa.

    — Ela quer que eles subam por conta própria? — perguntou a Morgan.

    O ossuianos só ergueu levemente o bigode, apertando a ponta com os dedos.

    — Não. Apenas observe as paredes.

    E então aconteceu.

    As arquibancadas colossais, até então imóveis nas bordas externas da cratera, começaram a estalar, como se a rocha estivesse sendo esculpida viva de dentro para fora. Uma grande roda rúnica, escondida sob camadas de poeira, acendeu com um brilho vibrante.

    Runas se iluminaram e engrenagens despertaram.

    O chão tremeu sob centenas de espectadores, que rapidamente se sentaram e se seguraram.

    Um pistão enorme, alimentado pela energia liberada da roda rúnica, empurrou um alçapão que fez com que rodas metálicas se soltassem, encaixando-se perfeitamente em trilhos antes invisíveis, ocultos abaixo de todos.

    Então, como um gigante despertando… as arquibancadas começaram a subir.

    Moviam-se em espiral, deslizando pelas paredes do abismo até atingirem seu novo nível: a altura perfeita para assistir às batalhas da arena em chamas.

    Os olhos de Helick brilharam, fascinado. Aquilo era tecnomagia em seu ápice, uma fusão de engenhosidade, tanto mágica quando tecnológica que apenas os ossuianos possuíam.

    E agora, após chegarem ao último degrau da escadaria, eles estavam prestes a ver o que esperava por eles na Arena Infernal.

    Ao cruzarem o arco de entrada, uma onda de calor os atingiu com força.

    O ar mudou. Denso, pesado, vibrando como se estivesse sendo aquecido por dentro.

    A Arena Infernal se revelava diante deles.

    Era como entrar em outro mundo.

    O chão, antes branco e gelado, dava lugar a placas irregulares de rocha vulcânica negra, cortadas por veios luminosos de magma que pulsavam sob a superfície como artérias vivas. Um brilho alaranjado banhava tudo, refletindo nas armaduras e criando sombras longas e tremeluzentes.

    O teto da cratera parecia distante, iluminado pelo resplendor de um vulcão colossal no centro da arena, uma montanha sinuosa, rugindo, cuspindo colunas de fumaça e fagulhas que se espalhavam como estrelas em combustão.

    O som era uma mistura de rugidos abafados das entranhas da terra, estouros de rochas quebrando, e do fluxo pesado de magma que corria em uma fina camada por baixo da terra.

    Helick respirou fundo e sentiu o calor arranhar a garganta.

    Marco ergueu o braço para proteger os olhos, impressionado com a dimensão daquele monstro de pedra ardente.

    — Esse lugar… — Redgar murmurou, a voz embargada. — Parece que estamos caminhando dentro de um coração prestes a explodir.

    Taly deslizou os dedos pela borda da armadura, sentindo a mana anã se adaptando e dissipando o calor, mas mesmo assim, um suor escorreu de sua testa.

    — É… viva. Essa arena não é só quente. Parece até que tá acordada.

    Marco, sempre analítico com relação a mana, observou os veios de magma sob os pés.

    — Esse calor… não é natural. Isso é mana. Muita mana. O vulcão está sendo alimentado por alguma coisa poderosa.

    Morgan deu um sorriso de canto ao acrescentar:

    — Ou alguém.

    Cassian apertou o cabo da espada e deu um passo adiante.

    — Seja quem for… estamos prestes a descobrir.

    — Parece que fomos os primeiros a chegar. — Helick comentou. —Depois da mascarada, é claro.

    — Verdade, ela não deve estar muito longe. — Tály assentiu.

    Morgan ergueu uma sobrancelha enquanto falava:

    — Tem certeza que vale a pena perseguir tanto assim essa mulher, príncipe Helick?

    Helick o encarou rapidamente.

    — Com toda certeza. Quero saber quem ela é de uma vez por todas!

    Uma explosão distante ecoou dentro do vulcão, lançando uma chuva de faíscas pelo céu da arena.

    O segundo desafio da corrida de ascensão havia começado.

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