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    O 13º mês daquele ano em Aurora voou, sem muitos rastros de Alexander e Diana. O casal parecia estar se escondendo das investidas do duque Marvin, na esperança de que ele os esquecesse.

    Em certo momento, ficou evidente que eles ainda estavam ajudando nas obras da ponte, que continuavam com outras estruturas além dos pilares principais (suportes secundários feitos com tubulões e o tabuleiro da ponte). No entanto, como Duque protetor e responsável por todo o litoral do império, Marvin simplesmente não tinha tempo para brincar de gato e rato, tentando capturar o “dragonoid fujão”.

    Animados, descontraídos e levemente mais bronzeados, como quem passou boas férias ao sol, no 1º dia do 14º mês, o casal foi finalmente avistado retornando à Cidade das Luzes.

    Para o azar deles, e particular desgosto de Alexander, o primeiro rosto que veio recebê-los logo cedo foi o do Duque Marvin. Ele claramente descobrira a data do aniversário de Ánara, mãe de Diana, e dormira na casa cedida à família deles, no Forte Vila do casal; tudo para emboscá-los assim que chegassem.

    Revirando os olhos para a expressão triunfante do homem, o dragonoid soltou Diana para que ela pudesse cumprimentar a mãe e sentou-se em um banco próximo, reconhecendo que fugir seria impossível. — O senhor ao menos trouxe um presente de verdade para a aniversariante? Ou vai tentar dizer que o presente de sua nora é um presente da família?

    Visivelmente pego de surpresa, o duque pareceu congelar, como se revistasse os próprios bolsos mentalmente, mas logo recuperou a postura ao lembrar de algo adequado entre as posses que carregava consigo. — Claro que sim! Como poderia vir sem um presente adequado?

    Ao ouvir aquilo, Alexander revirou os olhos mais uma vez e suspirou, cedendo de uma vez por todas. — Já que o senhor teve todo esse trabalho, é melhor dizer logo o que quer… Só não peça um absurdo.

    — Não se faça de bobo. Você sabe perfeitamente por que estou aqui — respondeu o duque com certa impaciência. — Quero pontes do tipo que você está construindo para interligar meu território, especialmente nas regiões separadas pelo rio.

    — E eu só queria viver minha vida em paz. Mas, como o senhor pode ver pela minha exasperação, nem sempre é possível ter o que se quer — rebateu o dragonoid, com desânimo. — O que o senhor está vendo é apenas a montagem de um projeto em preparação há mais de meio ano, e que ainda assim requer pelo menos 3 a 4 meses para ser concluído… É simplesmente impraticável replicar isso rapidamente no seu protetorado, mesmo que eu me dedicasse completamente; quanto mais quando não quero fazer isso, pois consumiria todo o meu tempo.

    — (…) Quantas você acha que é possível fazer por ano? — perguntou o duque Marvin.

    — Eu sei que parece pouco, e sei que o leito do rio não é tão profundo quanto o do mar, mas os materiais requerem cuidados durante sua fixação… Normalmente, uma; em um ano com condições favoráveis, duas — respondeu Alexander sem hesitar. — Os materiais envolvidos exigem uma série de preparos e tratamentos para se tornarem adequados. E isso sem o senhor ter ouvido ainda sobre o valor astronômico que gastei ao usar uma liga de ferro negro, ouro marinho, orichalco e diamante negro nas ferragens estruturais.

    — É realmente necessário usar tudo isso, ainda mais uma liga com metais tão nobres, para construir uma ponte? — indagou o duque, desconfiado.

    — A resposta direta é não. Mas como não sei a proporção adequada, eu tenho que superdimensionar as medidas para evitar o risco de tudo desabar sob o próprio peso ou com o tráfego de pessoas e carruagens — explicou o jovem com seriedade. Ele não era engenheiro civil nem especialista em materiais para saber calcular e testar as suas resistências, especialmente sem equipamentos adequados. — Conheço o método, um bom método. Porém a aplicação é deficitária, e não quero gastar meu tempo pesquisando isso; por isso acabo usando mais recursos do que o necessário.

    Ao compreender a lógica por trás daquela explicação, o duque franziu ainda mais a testa, reconhecendo que Alexander tinha um argumento sólido. Se a alternativa era manter estruturas inconsistentes, ponte por ponte, era mais sensato reformar e conservar as que já existiam.

    O mais frustrante era que a solução mais fácil para tudo aquilo seria uma colaboração entre as partes, mas um idiota imperial havia queimado qualquer ponte para quem desejasse isso por um bom tempo. E tentar forçar um acordo com a outra parte também não parecia uma boa ideia, por uma série de motivos bastante óbvios.

    — Tudo bem, então. Vamos fazer do seu jeito — suspirou o duque, finalmente. O período em que poderia forçar a outra parte já havia passado, e ele mesmo não estava construindo pontes na idade do dragonoid. — Vou lhe enviar a localização, e você me mandará o orçamento para a construção da primeira ponte.

    Com aquele assunto resolvido, o dia seguiu moderadamente normal, e o aniversário de Ánara transcorreu com a mesma tranquilidade que o da filha. Apareceram bem mais pessoas do que na festa intimista de Diana, mas o retorno de Alexander e a presença do Duque Marvin ajudaram a afastar qualquer oportunista que tentasse usar o evento para fazer networking.

    Assim como o 13º mês, o 14º também transcorreu com relativa calma e bem poucas atividades públicas de Alexander e Diana. O casal já não se escondia, mas dedicava-se principalmente a assuntos internos como atividades e estudos privados.

    Os grandes marcos daquele período foram poucos: o segundo em relevância foi o término do ano letivo, concedendo férias e liberdade aos alunos durante os 2 primeiros meses da primavera; já o evento principal foi o “desfile” que Alexander liderou ao lado de Bjorn e Dave, capitães da 6ª e 9ª divisão da sua facção.

    A cena causada pelo dragonoid dispensou longas explicações. Ele simplesmente entrou na mansão do lorde com seus capitães e saiu de lá com Terry, o seu principal administrador, amarrado e amordaçado, marchando em direção à casa do homem.

    Assim que as pessoas na cidade testemunharam aquilo, cochichos explodiram por toda ela, e mensagens ecoaram através da Guilda dos Aventureiros e outros meios por todo o Império. No entanto, ao chegar à residência do sujeito, Alexander só o depositou ainda amarrado no sofá e acalmou a família, que estava extremamente tensa, devido ao que normalmente acontecia quando ele capturava alguém daquela forma.

    — Por favor, acalmem-se. Não vim para fazer mal a ninguém, eu prometo — disse o dragonoid com serenidade a mulher de Terry. — Minha presença aqui se deve ao fato de eu ter ordenado que o idiota do seu marido tirasse o último mês do ano de folga desde o ano passado, lembrando-o diversas vezes desde então. E, no entanto, lá estava ele, trabalhando hoje.

    — Já que ele não sabe tirar folga, escolha o lugar para onde deseja ir com ele e sua filha, e minha ave os levará a qualquer canto do Império… Só preciso que me tragam ele de volta 1 semana antes do ano novo — acrescentou Alexander, depositando 2 bolsas de moedas na mesa. — A primeira é o pagamento deste mês, já que sou eu quem está concedendo a folga, não ele que está se ausentando; e a segunda é um bônus para a senhora e sua filha aproveitarem, pelos transtornos que posso ter causado ao ocupar tanto seu marido.

    Abismada, a mulher do administrador-chefe e vice-regente do território experimentou um turbilhão de emoções em pouquíssimo tempo. Num momento, tremia pelo pior; no seguinte, não apenas recebera o marido de volta como “cativo” para ser levado aonde quisesse, mas também recebera o pagamento por um mês de serviço não trabalhado, mais um bônus equivalente para que ela e a filha aproveitassem melhor as férias com ele.

    Sem pensar duas vezes, assim que se recuperou do susto, a mulher agradeceu a Alexander e prontamente escolheu a cidade anterior deles como destino. Ela nem sequer soltou o marido enquanto corria para preparar o que precisariam levar.

    Verdade seja dita, ela não concordava plenamente com os métodos do jovem chefe do seu marido, mas não podia discutir com os resultados; não quando estava tão feliz com as férias inesperadas que ganhara.

    A última coisa que o dragonoid viu daquele trio de marido, mulher e filha foi eles montando em Storm e disparando para o céu com Terry, que fora solto há pouco, com um olhar estranho dirigido à sua mulher e ao seu chefe. Ele, assim como o próprio Alexander, até desconfiava que só foi solto pela esposa antes de chegar ao destino para que pudesse se segurar, diminuindo o risco de cair.

    Com o administrador-chefe de folga, o dragonoid teve que reassumir a cadeira de regente que vinha evitando, mas a dinâmica pouco mudou. Sua função resumia-se a ler e assinar os documentos mais importantes, enquanto o imediato de Terry cuidava da maioria das questões operacionais e burocráticas do dia a dia.

    Uma vez que o conjunto de pontes interligando o arquipélago ao território continental estava quase pronto (incluindo o revestimento de granito da base, restando apenas testes e ajustes finais), e frente à monotonia dos dias que se passavam, Alexander convocou Stefan para uma conversa.

    — As suas ordens, meu lorde — apresentou-se o homem ao atender o chamado.

    — Você sabe que não precisa ser tão formal… Mas espero que esteja gostando de sua função como encarregado da economia e finanças dos territórios — colocou calmamente o jovem dragonoid. — No entanto, eu trouxe-o aqui por outro motivo: prepare-se, pois você é o próximo. Hoje, finalmente concederei a oportunidade que lhe prometi quando nos conhecemos… Espero que esteja à altura.

    — A partir de hoje, concedo a você a rota comercial com Bariel para administrar; ou à companhia comercial da sua família, se assim preferir — anunciou Alexander, sem hesitar. — No entanto, como já combinamos, você também precisará assessorar a companhia da minha família, que ficará responsável pelo Reino Vulcânico… Aceita esta oportunidade e responsabilidade?

    Olhando-o nos olhos com uma miríade de pensamentos e sentimentos, os joelhos de Stefan dobraram-se; não em submissão, mas em respeito e gratidão ao superior que manteve sua palavra sem hesitação. — Conforme a sua vontade, meu lorde.

    — Bom — assentiu o dragonoid, como se não estivesse surpreso. — Então vá e faça os preparativos. Após o início do próximo ano e o cumprimento de suas obrigações, a partir do dia 10 do 1º mês, você terá 20 dias de folga para cuidar disso, e mais 20 a serem definidos posteriormente, quando o tempo permitir, pela ajuda prestada à companhia mista da minha família.

    Após assentir e levantar-se, Stefan saiu da sala exultante. Ele aparentava cerca de 35 anos, mas já havia vivido experiências suficientes para nunca esperar que uma oportunidade daquelas caísse em seu colo, especialmente vindo de uma casa tão distante da fronteira.

    A nação mágica de Bariel era muito mais do que ele poderia almejar; era a fonte mais rica a que poderia ter acesso, considerando que o Reino Ultramarino e o Império não se davam bem institucionalmente, embora seus povos mantivessem relações relativamente pacíficas.

    Quanto ao reino vulcânico, a dinâmica era simples, embora não necessariamente fácil: eles possuíam recursos e especialidades locais, especialmente as vulcânicas, e necessitavam de alimentos para a população em geral; apesar de produzirem boas iguarias. Como dito, não era exatamente fácil, mas era simples entender a lógica de compra e venda com aquele reino.

    Alheio às considerações do homem e livre de mais 2 rotas comerciais, Alexander recostou-se em sua cadeira sem sequer se dar ao trabalho de pensar na rota com o reino ultramarino naquele momento. Havia uma carta trunfo a caminho de suas mãos, e ele ainda precisava refletir sobre como lidar com a formatura dos primeiros alunos a concluírem o ensino em seu centro educacional.

    Obs 1: Contribuição arrecadada para lançamento de capítulo extra: (00,00 R$ / 20,00 R$).

    Obs 2: Chave PIX para quem quiser, e puder, apoiar a novel: 0353fd55-f0ac-45b5-a366-040ecefa7f7b. Caso não consiga copiar a chave pix, é só clicar nela que vai ser gerada uma aba/guia que tem como URL/Link a própria chave pix com algumas barras nas pontas: https://0353fd55-f0ac-45b5-a366-040ecefa7f7b/, e é só retirar a parte excedente.

    Ps: Para finalizar, volto a reiterar que as publicações seguirão normais e recorrentes no ritmo mencionado mesmo que, porventura, haja a publicação de capítulos adicionais.

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