Índice de Capítulo

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    Os passos do pelotão martelavam o solo incandescente em uma corrida caótica, misturados a gritos de esforço e respirações rasgadas. Cada passada parecia arrancar suas estaminas e a mana de Isaac repunha logo em seguida.

    Faltavam apenas alguns quilômetros até a próxima arena, mas ninguém ousava diminuir o ritmo.

    O vulcão em erupção espalhava lava a seu redor e cuspia destroços rochosos incandescentes no céu que caíam como estrelas cadentes.

    De tempos em tempos, alguns olhares se erguiam instintivamente para o céu, ao som de estrondos que rasgavam o ar como trovões. Mas não havia nuvens de chuva ali e o som era diferente do da montanha desperta. Aqueles rugidos não vinham da natureza… eram o eco brutal dos choques de mana entre Morgan e Celsio, travando uma batalha tão violenta que fazia o próprio céu estremecer.

    Morgan avançou com violência e força para cima de Celsio, mas o homem se quer havia mudado de expressão.

    O ARGUEM de Morgan irradiou mana azulada quando o soldado ossuiano preparou seu primeiro golpe.

    Fahrenheit nem piscou. Com um balançar de sua espada embainhada ele interceptou o ataque.

     A energia gerada pelo impacto foi tão brutal que um relâmpago nasceu do choque entre os dois ARGUEMs, rasgando o céu antes de despencar contra a terra rachando ainda mais o solo que já estava frágil pelas atividades vulcânicas ao redor e lava começou a emergir do solo.

    — CORRRRRRAAAAM!!! — Isaac urrou a plenos pulmões. — NÃO SE DISTRAIAM SE NÃO QUISEREM MORRER!

    Cassian avançava junto com o restante do grupo, mas algo parecia errado.

    Eles estavam seguindo para a próxima arena e o arco de passagem começava a ficar visível por de trás de toda fumaça e ondulações de calor.

    Mas, simplesmente correr em frente e deixar com que Morgan lutasse sozinho contra um oponente, que só pela presença de mana, já era sabido que poderia ridicularizar o ossuiano quando bem entendesse não parecia certo.

    De repente, Cassian reduziu o passo… e então parou por completo.

    Helick que seguia com todos percebeu. Em meio aos estrondos no céu e na terra ele gritou:

    — O que está fazendo Cass?!

    — Segue em frente Helys. Vou ajudar Morgan a enfrentar Celsio. — Sua fala obstinada refletia a determinação em seus olhos.

    — Do que você está falando? Eu sei o que isso parece… Parece que estamos fugindo e sei como é frustrante, mas é ilógico tentarmos fazer algo aqui. O nível desse Fahrenheit é completamente diferente, arrisco dizer que está no nível de nosso pai e da Imperatriz BloodRose. Me dói ter que admitir, mas não podemos fazer nada!

    — Eu cansei de fugir! — Cassian respondeu, com a voz carregada de raiva. — Passei a vida inteira escapando da realidade que me cercava… e só agora entendo o quanto isso custou a outras pessoas.

    Ele cerrou os punhos.

    — Desde que começamos a nos esbarrar com inimigos tão poderosos, algo não sai da minha cabeça. E se eu tivesse sido focado desde o começo? E se tivesse assumido minhas responsabilidades quando era a hora, em vez de me esconder para não acelerar meu destino político?

    Seus olhos ardiam.

    — Ver níveis de poder como esse… saber que até monstros como Fahrenheit não seriam nada diante de um exército de dragnaros ou elfos… tudo o que eu sinto é frustração. E nojo de mim mesmo.

    Sem perceber lágrimas escorrerem pela sua face que possuía um semblante enraivecido consigo mesmo.

    Helick respirava com dificuldade, não apenas pelo esforço da corrida, mas pelo peso do que ouvia. O estrondo no céu fez o chão vibrar novamente, e ele apertou os dentes antes de responder.

    — Fico… feliz que finalmente pense assim, Cass. — Sua voz saiu firme, mas carregada de tensão. — De verdade. Mas pensa comigo por um segundo.

    Ele deu um passo à frente, encarando o irmão apesar do caos ao redor.

    — Não é fuga. É sobrevivência. Nós não faríamos nada ali além de morrer… ou pior, atrapalhar Morgan. E por mais que doa admitir, ele ainda está muitos níveis acima de nós.

    Helick engoliu em seco.

    — Precisamos chegar à Cidade Central. Entrar no Castelo Negro. Entender o que minhas visões estão tentando nos mostrar. Decifrar as pistas do Kraken, o significado das joias, o caminho que elas apontam. — Seus olhos tremularam por um instante. — Se morrermos aqui, tudo isso acaba. E todo esse arrependimento que você sente… não vai ter servido para nada.

    O chão voltou a tremer, mais forte.

    — Se existe um momento para parar de fugir, ele vai chegar. Mas hoje… hoje nosso dever não é lutar. É viver. Ficar mais fortes. Voltar prontos para não precisar mais virar as costas para ninguém.

    Cassian encarou o irmão por apenas um instante antes de retomar a corrida junto aos demais, forçando o corpo a seguir em frente.

    Acima deles, o céu estava negro de fumaça, cinzas e fuligem. Relâmpagos riscavam o firmamento em sucessões violentas, seguidos por trovões que faziam o chão estremecer. Quem ousava olhar para cima percebia rápido: aqueles clarões não eram naturais, mas o reflexo direto do choque entre os golpes de Morgan e Celsio.

    Incapaz de voar, Morgan era lançado de volta ao solo a cada investida. Aterrissava, afundava os pés no terreno instável e saltava novamente, como uma besta se recusando a cair. Era uma estratégia suicida. O chão cedia sob impactos repetidos, rachaduras se abriam, e a lava transbordava do vulcão no centro da arena.

    Celsio, em contraste, permanecia imóvel.

    — É sério isso, Morgan? — Sua voz ecoou, carregada de desdém contido. — Com a sua fama, acreditei por um momento que ao menos me faria recuar um passo.

    Ele inclinou levemente a cabeça, os olhos avaliando o campo destruído.

    — Não me surpreende que a imperatriz esteja tão desesperada para me trazer de volta à linha de frente. Se você é o parâmetro de força dessa geração… — um breve silêncio pesado — …então Ossuia realmente não tem chance contra uma invasão.

    Morgan caiu mais uma vez, os joelhos afundando no solo trincado. A lava começou a se acumular ao seu redor, borbulhando em pequenas poças incandescentes. Ainda assim, ele não recuou, não desviou o olhar.

    Seu rosto era pura concentração.

    O ARGUEM do IronFist brilhou com intensidade crescente, e a mana comprimida ao seu redor fez a lava começar a se afastar, empurrada pela pressão esmagadora que emanava de seu corpo.

    Celsio estreitou os olhos. Pela primeira vez, a ironia se dissipou.

    — Então… vai ficar sério de uma vez? — disse, agora com a voz grave e atenta. — Venha. Mostre-me o que o futuro de Ossuia é capaz de fazer.

    Um leve sorriso surgiu em seus lábios.

    — Quero ver se, afinal, eu te treinei bem.

    Morgan saltou.

    O chão sob seus pés explodiu com a força das pernas do IronFist, sendo engolido de imediato pela lava que escorria do vulcão. A aceleração foi tão brutal que, em menos de um segundo, ele já estava diante do antigo mestre.

    Os olhos de Celsio, porém, o acompanharam sem esforço algum. O homem não recuou um milímetro.

    — Magia do Punho de Ferro… — Morgan conjurou, com fervor e determinação absoluta.

    Seu ARGUEM brilhou de forma incandescente. Dois minúsculos sóis azuis pareciam se formar em seus punhos, pulsando à beira da explosão. A luz azul tomou o lugar do vermelho da arena, e aqueles que ainda corriam pelo solo, já próximos do arco que levava às escadarias da próxima arena, ergueram os rostos instintivamente.

    O ar tremeu. Os ouvidos vibraram.

    — SINGULARIDADE DA ANÃ AZUL!

    Um clarão tomou o céu subterrâneo, como se o próprio sol tivesse sido aceso acima deles.

    Quando o golpe foi desferido, a explosão varreu tudo ao redor. O impacto foi tão absoluto que nem mesmo o vulcão no centro da arena resistiu. Suas paredes se desfizeram, e a lava foi arrancada do solo como se tivesse sido apagada à força.

    — SE PROTEJAM! — Isaac gritou, atirando-se ao chão enquanto abraçava o livro mágico contra o peito e protegia a cabeça.

    Quando o brilho finalmente começou a se dissipar, o silêncio caiu por um breve e estranho instante.

    Do alto, um pequeno ponto luminoso pôde ser visto caindo lentamente, riscando o céu escurecido pela fumaça. O ponto desceu até desaparecer entre as cinzas que ainda flutuavam no ar.

    Aos poucos, a poeira e o calor se afastaram.

    Os olhares, quase em uníssono, voltaram-se para aquele ponto alto da arena… para o local exato onde os dois haviam se chocado.

    E lá estavam.

    Celsio Fahrenheit havia sacado sua espada.

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