Índice de Capítulo

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    Hermes ergueu sua voz sobre o som da multidão.

    — E para a próxima batalha, temos um combatente inusitado! Um daqueles que passa mais tempo criando armas do que as empunhando! O ferreiro Hammer!

    Cassian e os demais assistiam com atenção o novo combate que se iniciava. Mas, enquanto os olhos de todos estavam na arena, Helick notou Rhyssara saindo discretamente pela porta lateral da sala de preparação.

    Ele hesitou por um instante antes de segui-la, mantendo-se à distância. Ela caminhava com passos decididos por um corredor central, aquele que levava para onde os derrotados eram levados de volta à cidade muralha.

    Foi nesse corredor que Helick avistou Thomas. O homem estava jogado contra a parede, desolado. Uma equipe de curandeiros cuidava de seu braço coberto por cortes profundos, deixados pelas facas afiadas de Marlin.

    Lágrimas escorriam de seus olhos fundos.

    — Até mesmo a imperatriz estava aqui para testemunhar meu fracasso… — sussurrou, amargo. — E eu achando que não podia piorar.

    Helick desviou o olhar e seguiu adiante, virando outra curva do corredor — e então parou.

    À sua frente, Rhyssara estava parada diante de Kroask.

    — Não — dizia o guerreiro, a voz pesada de cansaço, mas firme. — Já falei isso mais de um milhão de vezes.

    Os olhos azuis de Rhyssara eram como lâminas celestes, cravadas na alma dele.

    — Achei que, vindo de sua Imperatriz, ao menos fingiria considerar.

    — Eu já disse. Não vou me juntar ao Departamento de Pesquisa e Estratégia. Sou um guerreiro. Não um homem da ciência.

    — Você criou um traje que, com exceção dos moradores do Castelo Negro, destruiria qualquer portador de ARGUEM no Império. Isso não te faz apenas um homem da ciência, Kroask… te faz O Homem da Ciência.

    Ele não pareceu gostar da afirmação.

    — Isso não te torna menos guerreiro. O que peço é que se una ao DPE, para aprimorar seu exotraje. Pense… sua pesquisa nas mãos de Geotecna poderia nos dar uma chance real na guerra que se aproxima.

    — Vocês só querem roubar minha ideia. Transformá-la em arma para calar quem ousar contrariar seus ideais.

    Rhyssara permaneceu serena.

    — O que te faz pensar isso?

    — Você mandou matar todos os seguidores de Shawn RedPunch. Não importava onde estivessem.

    — Sim, eu fiz isso. E por isso o Conselho me odeia. Mas por que isso te incomoda tanto?

    Kroask desviou o olhar, com raiva contida.

    — Um dos seus carrascos foi Morgan. Eu vi ele arrancar um pai de família — um velho amigo nosso — de dentro de casa. Executou-o em plena avenida, para que todos vissem o que a nova Imperatriz fazia com quem se opusesse a ela.

    — Isso é apenas parte da verdade. Morgan foi um dos carrascos, sim. Mas o motivo das execuções não foi esse que você acredita. Foi porque—

    — Não me interessa. — Kroask a interrompeu. — Você não terá minha pesquisa. Com licença… preciso de um lugar para descansar antes de desafiar alguém na Cidade dos Corajosos.

    Apesar do rancor evidente, ele não se moveu até que Rhyssara fizesse um gesto discreto com a mão indicando que ele podia ir.

    Helick, que havia observado tudo da sombra do corredor, preparava-se para recuar quando sentiu seu corpo travar por completo.

    — Espere aí. — A voz de Rhyssara ecoou com a autoridade da Coroa de Edgar. — Ouviu tudo?

    Helick tentou responder, mas só a mandíbula obedeceu.

    — Sim…

    E então a magia da coroa se dissipou.

    — Uma das coisas que um monarca precisa aprender — disse Rhyssara, virando-se calmamente para ele — é transformar os desvios em atalhos.

    Helick franziu o cenho, tentando compreender.

    — Sair do Castelo Negro para alertar seu pai em Lyberion foi um contratempo imenso para meus projetos em Ossuia — explicou ela. — Mas transformei isso numa oportunidade. A chance de falar com aquele homem pessoalmente. A tecnologia que ele desenvolveu… supera tudo que temos em ARGENTEC.

    — ARGENTEC? — perguntou Helick, intrigado.

    — Armamentos Genéricos Tecnológicos — disse ela. — Não é comum na muralha externa, e pouco conhecido na Cidade dos Corajosos. Mas será uma presença constante na Cidade de Ferro. Cada órfão que pisa por lá é um gênio que criou seu próprio ARGENTEC. E, com a guerra vindo, você consegue imaginar a importância disso.

    Helick permaneceu em silêncio por um momento.

    — Combater magia com tecnologia é… ousado.

    Rhyssara sorriu de canto.

    — Não vamos combater magia com tecnologia. Vamos combater magia com magia e tecnologia. Aqueles desgraçados não fazem ideia do que os aguarda.

    Ela virou-se, começando a retornar pelo corredor.

    — Vamos. A luta de agora já deve estar chegando ao fim, pelos gritos da multidão.

    Rhyssara virou-se sem pressa, suas botas produzindo ecos secos ao tocarem o chão de pedra. Helick a acompanhou em silêncio, ainda absorvendo as informações.

    Ao se aproximarem da entrada da sala de preparação, os sons do público se tornaram mais intensos. Gritos de excitação, alguns vaiando, outros vibrando. A luta chegava ao fim.

    — Quem estava lutando mesmo? — perguntou Rhyssara, sem virar-se.

    — Um ferreiro se não me engano. — Helick respondeu, lembrando-se do anúncio de Hermes antes de sair.

    — E conseguiu? — ela indagou, com um leve interesse, como se ponderasse o valor da persistência.

    Ambos cruzaram a porta no exato momento em que Hermes erguia o braço do vencedor no centro da arena improvisada, a plateia rugindo ao redor.

    — E temos um novo desafiante aprovado para a Cidade dos Corajosos! — bradou Hermes. — Dêem as boas-vindas a Hammer, o Ferreiro!

    O homem ajoelhado na arena, sujo de sangue e suor, ergueu o punho com dificuldade, ofegante. Era mais velho que os outros combatentes, o rosto marcado pelos anos de esforço. O olhar, porém, estava em chamas.

    Cassian, Tály e os demais ainda estavam em volta da plataforma, aplaudindo discretamente — com exceção de Redgar, que permanecia quieto, braços cruzados e expressão indecifrável.

    — Isso foi mesmo inusitado! — Cassian parecia eufórico. — Ele desafiou um cara com ARGUEM de escudo que ficou brincando e limpando o chão com o velhote, mas quando ele abaixou a guarda por completo o ferreiro deu uma bela marretada nas bolas dele!

    Marco aplaudia junto do restante do grupo.

    — Isso foi um fenômeno absoluto. Anotemos aí, jamais menosprezar os inimigos em um batalha.

    — Ao menos que tenha uma boa proteção para o saco. — Respondeu Cassian rindo.

    Então a voz de Hermes voltou a tomar o coliseu.

    — E PARA O PROXIMO COMBATE! MAIS UM FORASTEIRO QUE QUER DESBRAVAR NOSSAS MURALHAS! REDGAR!

    Redgar se levantou calmamente, o anel em seu dedo emitindo um brilho azul claro.

    — Já era hora.

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