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Capítulo 101 – Redgar vs Ghun
— CORAAAAAGEM!
A multidão rugia após a apresentação de Redgar. As pedras do Coliseu vibravam com o coro ensandecido. O céu nublado oferecia um raro vislumbre do frio que persistia no ar — um contraste sutil diante do calor das batalhas que marcaram o dia.
No centro da arena, Hermes erguia os braços com teatralidade. Sua voz ecoava com magia — ou melhor, com tecnologia vibrando no ar:
— E do outro… Aquele que dizem ser mestiço entre anão e humano, devido à sua genialidade, e com um leve traço sádico de um dragnaro! O Órfão Pistoleiro… GHUNNNNNNN!
As arquibancadas estremeceram quando ele surgiu.
Um homem de porte médio, pele escura marcada por cicatrizes metálicas, carregando duas pistolas pesadas presas a manoplas douradas. Fios de cobre serpenteavam por seus braços até a nuca, como raízes de um poder subterrâneo. As armas tilintavam com energia azul a cada passo firme.
Ghun ergueu uma das pistolas e disparou para o céu.
Uma rajada de faíscas explodiu no ar como fogos de artifício elétrico.
— Espero que seja rápido, mocinha — murmurou ele com um sorriso de canto para Redgar. — Odeio prolongar execuções.
Redgar nada disse.
Mas dentro de sua mente… o silêncio era impossível.
— MATE ELE! — A voz explodiu como um trovão, rasgando sua consciência com fúria bruta. Era Raivoso, cuspindo cada sílaba como lâminas incandescentes. — Arranque a carne dele! Quebre os ossos um por um! FAÇA ELE GRITAR!
— Ele tem brinquedos novos… eu quero eles também… agora… — veio um sussurro rastejante, arranhando os cantos da sanidade. Cobiça falava como quem acaricia ferro em brasa. — Pega pra gente, Redgar… mata ele… e pega pra mim…
— Vai doer… vai doer… vai doer… vai doer… — Tristana gemia num canto escuro. Sua voz era um lamento arrastado, um sopro úmido de medo moldado por memórias ruins. Como uma canção quebrada ecoando num quarto vazio.
— Que lindo… ele brilha… — disse Amor, rindo como uma criança perturbada. Havia doçura demais em sua voz — uma doçura podre, como flores nascendo sobre um túmulo. — Será que ele sangra bonito também?
— Ah, não… — bocejou Dormes, abafado e preguiçoso, como se falasse sob um cobertor encharcado. — Vamos só deitar… só por um minuto… deixa ele atirar e acabar logo com isso…
— Olha só a postura dele! A confiança… a esperança da certeza da vitória! Vamos esmagar isso! — Hope, distorcido, soava como um sádico disfarçado de anjo. — Vamos quebrar o que brilha nele!
— AHHHH! ISSO VAI SER TÃO DIVERTIDO! — Feliz gargalhou. Sua risada era uma dança insana, girando como um pião rachado no meio de um vendaval. — Olha o sangue! Olha o sangue! Vamos pintar o chão com ele!
As vozes colidiam, sobrepunham-se, tornavam-se insuportáveis. Um turbilhão de ecos, cada um querendo tomar o controle. Sete entidades dentro de uma mente ferida, todos gritando ao mesmo tempo — todos querendo guiar a mana de Redgar.
— Chega. — Redgar sussurrou. Não para os outros. Para si mesmo.
Deu mais um passo à frente.
Seus olhos fixaram-se nas armas de Ghun.
O soldado de Lyberion respirou fundo.
Ainda usava a mesma armadura que ganhara de Jeffzzos nas Montanhas de Patrock. A magia dela — fria, racional — escorria pela espinha e alcançava a mente, comprimindo as emoções, selando algumas, despertando outras. Redgar contava com ela para não perder o controle.
Então, por um instante, o mundo dentro dele…
As vozes…
As sombras…
Se calaram.
Mas não desapareceram.
Esperavam.
O som da trombeta que ecoou logo em seguida anunciou o começo do duelo.
Ghun ergueu as armas.
Um feixe de luz azul serpenteou por sua lateral antes que o disparo zunisse em direção a Redgar.
O disparo de Ghun cortou o ar com um chiado estridente.
Redgar se inclinou para o lado. O projétil passou rente ao ombro, arrancando um pedaço de sua ombreira.
Outro disparo. Mais um. Três seguidos.
Todos vinham com precisão cirúrgica.
Ghun avançava enquanto disparava, as pistolas soltando luz azul e fumaça negra. Cada bala que tocava o chão abria uma cratera, como se pequenas explosões fossem concentradas em cada impacto. Era claro: essas armas não foram feitas para combates longos, mas para acabar com tudo em um único disparo.
Redgar se moveu por entre os tiros como um vulto desgovernado. Não com técnica…, mas com instinto.
“Escolha, Redgar…” sussurrou a mana da armadura, dentro de sua mente. “Qual emoção guiará seu primeiro passo?”
O anel negro em seu dedo brilhou em vermelho escarlate.
RAIVA.
A armadura se apertou em seu corpo. A gema do anel pulsava em um vermelho ardente, como um coração em fúria.
Seus olhos brilharam. Seus músculos enrijeceram.
Redgar rugiu.
Avançou como um animal.
— AGORA VAI DOER! — Raivoso gritou de dentro dele.
Com um salto, Redgar caiu com os dois punhos no chão. A pedra da arena trincou com o impacto, rachaduras em forma de teia se abrindo na direção de Ghun que rolou para o lado, atirando no processo.
Um dos tiros atingiu Redgar no flanco — uma explosão de sangue jorrou.
Mas Redgar sorriu. Ele estava imparável.
A gema do anel brilhou em amarelo brilhante.
FELICIDADE.
— UHUULLLLL! — vibrou uma voz dentro de si que falava pela sua boca. — ISSO FOI INCRÍVEL!
Redgar saltou, girando no ar, e caiu de pé como um equilibrista bêbado.
Ele gargalhava. Um som rouco, instável.
Seus movimentos não seguiam lógica — eram imprevisíveis, cômicos, aterrorizantes.
— O que… você é? — Ghun murmurou, ajustando suas pistolas. Seu semblante endurecido agora demonstrava algo próximo de dúvida.
Redgar cambaleou… e então voltou a avançar na direção de Ghun. O pistoleiro recuava andando para trás enquanto disparava mais vezes.
Redgar desviou de um tiro dando uma estrelinha no chão. O segundo ele desviou saltando em um pé só, mas foi atingido na testa pelo terceiro.
— SENHORAS E SENHORES, PARECE QUE ACABOU! — Gritava Hermes eufórico. — GHUN VENCE MAIS UM DESAFIO COM UMA EXECUÇÃO LIMPA!
Ghun parou e riu.
— Há! E eu por um momento pensei que poderia ser um desafio, mas era só um louco que teve a sorte de ser escolhido pela mana. Mas não sei se chamaria esse transtorno psicológico de sorte.
O anel no corpo caído de Redgar brilhou em ciano.
PREGUIÇA.
Uma aura da mesma cor que brilhava no anel em seu dedo se formou ao redor dele. Então ele se levantou como se fizesse o maior dos esforços possíveis, sua cabeça que havia sido atingida não possuía sequer uma cicatriz.
— ESPEREM… ELE AINDA ESTÁ DE PÉ? — falou Hermes, sua voz falhando por um instante.
Ghun disparou imediatamente na direção de Redgar, mas as balas ricochetearam em uma espécie de escudo protetor ciano.
— Hey… calminha aí… vamos dar uma pausa…— murmurou Redgar, se pondo de pé.
Ghun não parecia afim de conversa e voltou a disparar seus feixes de energia na direção de Redgar.
Mas então, a gema cintilou branco puro.
ESPERANÇA.
Redgar se moveu com leveza, os olhos claros como céu antes da tempestade.
O escudo sumiu, e seu corpo inteiro pareceu harmonizar.
Ele caminhou. Não correu.
Uma bala veio… e ele simplesmente se moveu levemente para o lado, sem olhar.
Ghun rangeu os dentes. Apertou os gatilhos.
— Fica parado, desgraçado!
Redgar então correu novamente, dessa vez um brilho sedento e cheio de maldade no olhar. Ele desviava de cada disparo sem sequer olhar para eles, seus olhos se mantinham fixos nos de Ghun, como se ele quisesse saborear a confusão e a incerteza que tomavam conta do semblante do pistoleiro.
Redgar se aproximou até que podia tocar a arma na mão de Ghun e estendeu a mão. A gema brilhou em verde intenso.
COBIÇA.
Ele agarrou o cano da arma, acariciando como se fosse um brinquedo. Uma vibração percorreu o metal.
Ghun gritou — a pistola tilintou, perdendo carga, como se fosse drenada.
— Me dá isso aqui… — murmurou Redgar. — Eu quero também.
Ghun se desvencilhou tentado um disparo a queima roupa contra Redgar, mas sua arma não respondeu.
Redgar riu e falou:
— Que foi? — Ele apontou seu dedo indicador para Ghun com o polegar para cima, imitando a arma que o ossuianos possuía. — Queria fazer isso?
Então um feixe de energia saltou do dedo de Redgar e explodiu a cabeça de Ghun que caiu sem vida no chão.
A plateia se calou. Aquela fora a primeira luta que havia terminado em morte no dia. Eles esperavam que o fim seria em morte, mas não que o morto fosse Ghun.
— Ora, mas já morreu? — Falou Redgar, seu semblante tomado por uma tristeza profunda enquanto seu anel brilhou azul. — Nem pude usar todos os meus poderes…
—INACEDITÁVEL! — Bradou Hermes. — O PISTOLEIRO QUE JÁ EXECUTOU VÁRIOS DESAFIANTES NA ARENA FOI EXECUTADO! O VENCEDOR É REDGAR!
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