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    Na sala de preparação, onde os poucos lutadores restantes aguardavam sua vez de tentar ascender, Cassian mantinha os olhos grudados na arena, o punho cerrado e o maxilar tenso.

    — Droga! — resmungou, dando um passo à frente como se pudesse fazer algo. — Por que ela tinha que enfrentar logo alguém tão poderosa?!

    — Não se lamente por ela. — interrompeu Rhyssara com um tom calmo, mas firme. — Pelo pouco que vi, Tály é o tipo de pessoa que vive por desafios. Vamos ver como ela lida com Joan BlindBlade.

    Helick franziu o cenho ao ouvir o nome. Olhou para a imperatriz, pensativo.

    — BlindBlade… — murmurou. — Imperatriz, quando anunciaram Joan, percebi que muitos na plateia reagiram com euforia ao sobrenome BlindBlade. Parecia algo maior do que só respeito.

    Any, que havia permanecido em silêncio até então, ergueu os olhos e comentou:

    — Realmente… parece que, apesar de todo aquele discurso meritocrático os sobrenomes também têm um peso. Ela é de alguma família renomada?

    Rhyssara arqueou uma sobrancelha, como se aquela pergunta tivesse sido feita mais vezes do que gostaria.

    — Já disse antes, e repito: não existem nobres em Ossuia. — respondeu com ênfase. — Mas, sim, os sobrenomes têm um valor enorme em nosso império. A diferença é que aqui eles não são herdados… são conquistados. Cada um é atribuído com base no desempenho nas forças militares e concedido em língua antiga, de acordo com as habilidades de quem o recebe.

    Helick arregalou os olhos, curioso.

    — Língua antiga?

    — Sim. — Rhyssara assentiu. — Uma língua humana ancestral, de uma era remota de antes mesmo de sermos escravizados. Cada sobrenome carrega um significado. Um título. Uma história.

    — E o que significa “BlindBlade”? — perguntou ele, a voz baixa, quase reverente.

    — “Lâmina Cega”. — respondeu Rhyssara. — Um dos nomes mais importantes do império. E foi dado a ela, durante o reinado do antigo imperador por ela aplicar a lei cegamente com sua lâmina.

    Cassian estreitou os olhos, hesitando antes de falar. Mas o pensamento escapou mesmo assim:

    — Então… ela era alguém importante no regime antigo? Eu imaginei que você tivesse…

    Ele se interrompeu ao perceber que podia estar pisando em terreno delicado, mas Rhyssara não hesitou.

    — Que eu tivesse mandado matar cada maldito seguidor daquele monstro? Sim, mandei. Mas apenas os que sabiam de suas atrocidades e ficaram em silêncio. Joan era o Pilar da Justiça. Ela cumpria a lei, mesmo quando a lei era injusta. E, no final… — seu tom suavizou por um breve instante enquanto ela parecia encarar aquela faixa branca que cobriam os olhos cegos— …ela também foi uma vítima de Shawn RedPunch.

    Um silêncio pesado caiu sobre o grupo por alguns segundos. As palavras da imperatriz pendiam no ar como se ainda tivesse muito o que saber sobre o passado de Ossuia para entender como aquele reino realmente se portava.

    Mas antes que qualquer um pudesse dizer mais, uma súbita onda de mana explodiu na arena.

    Os olhos de todos se voltaram para a arena.

    A luta ainda não havia terminado.

    Tály permanecia de pé, mesmo com a visão turva e as pernas tremendo. Sua respiração estava ofegante, e seu corpo parecia à beira do colapso, mas ainda assim, uma aura de mana intensa irradiava ao seu redor. Era como se ela estivesse forçando seu limite — talvez até além dele.

    Joan deu um passo à frente, os cabelos brancos agitados pela pressão crescente da mana.

    — Eu evitei um golpe letal para que pudesse se render — disse com serenidade, a voz firme como pedra. — Mas, pelo que vejo, não irá fazê-lo… irá?

    Tály ergueu a cabeça devagar, o olhar determinado cravado na adversária. Sua voz saiu rouca, mas cheia de fervor:

    — Não mesmo… Eu tenho uma missão a cumprir.

    Joan arqueou levemente a sobrancelha, como se tivesse ouvido isso muitas vezes antes.

    — Ah… uma soldado até o fim. Que honroso. E, ao mesmo tempo… que desperdício.

    — Quem disse que minha missão é com Lyberion? — retrucou Tály, firme. — Ou com o rei, os príncipes, ou qualquer outro?

    Joan pareceu se surpreender, recuando um pouco diante da intensidade súbita na voz da jovem.

    — Minha missão é pela minha família! Pelos meus pais! — gritou Tály, e seus punhos se cerraram com força. — Só eu vi o quanto eles se sacrificaram por mim… Nunca me abandonaram! Meu pai perdeu a sensibilidade dos dedos minerando, dia após dia, entregando riquezas em troca de quase nada! Eu só vesti essa armadura porque é o único jeito de sustentar eles e dar paz depois de tudo!

    A sala de preparação ficou em silêncio absoluto. Até Helick engoliu em seco ao ouvir aquilo. Cassian desviou o olhar, desconcertado.

    Tály deu um passo à frente, o corpo trêmulo, mas movido por uma força que parecia vir da alma.

    — E eu vou vencer com o próximo golpe. Não pela coroa. Nem por dever de soldado. Eu vou vencer porque… — ela arfou, uma lágrima escorrendo pela bochecha suja de poeira — …isso com certeza vai aumentar meu salário. E eu vou fazer uma porra de uma piscina foda no quintal da casa que comprei pra eles!

    Mana explodiu como uma onda furiosa. Correntes de vento, terra e fogo giravam ao redor de Tály, criando um turbilhão de energia prestes a romper. Suas manoplas brilharam intensamente, cada uma pulsando com uma mistura de tons amarelos, verdes e marrons. Era como se a natureza inteira respondesse à sua fúria e devoção.

    Joan, instintivamente, recuou mais dois passos. Seu corpo reagia antes mesmo de sua mente compreender o que se formava à frente.

    — Você vai usar uma… OverSkill? — indagou, surpresa. Havia um misto de admiração e cautela na sua expressão.

    Do lado de fora da arena, mesmo com o estrondo mágico, Helick conseguiu ouvir aquelas palavras.

    — OverSkill? — repetiu, confuso, virando-se para Rhyssara. — O que é isso?

    A imperatriz observava a cena com os olhos semicerrados. Sua postura, por um instante, perdeu a compostura habitual.

    — Uma OverSkill… — começou, como se ponderasse se devia mesmo explicar — …é quando alguém canaliza mais poder do que seu ARGUEM é capaz de suportar. O usuário ultrapassa seus próprios limites e se torna mais forte do que jamais seria… mas o preço…

    — Que preço? — perguntou Cassian, o tom ansioso, preocupado ao ver Tály tomada por energia.

    — Os efeitos podem ser catastróficos — respondeu Rhyssara com seriedade. — Ela pode perder a habilidade de usar magia… por dias… meses… ou até para sempre.

    Any arregalou os olhos.

    — O quê? Eu nunca ouvi falar disso!

    Rhyssara fez um leve gesto com a cabeça, como se isso fosse esperado.

    — É normal. A OverSkill foi abandonada há séculos pelos humanos, justamente por causa de seus efeitos colaterais devastadores. Com o tempo… caiu no esquecimento. — Ela fez uma breve pausa e murmurou, como se falasse mais para si mesma: — É provável que Tály esteja usando uma… sem sequer perceber o que está fazendo.

    O chão da arena tremeu.

    A energia reunida nas manoplas de Tály alcançou seu ápice, fazendo o ar ao redor vibrar como se o próprio mundo prendesse a respiração. Joan manteve os olhos fixos na jovem diante de si, agora não mais como uma adversária… mas como uma força da natureza prestes a desabar.

    — Que ironia… — sussurrou Joan, com um leve sorriso, quase maternal. — Uma técnica extinta… usada a eras atrás por disputas territoriais inúteis que causaram morte, dor e sofrimento… Renascendo nas mãos de uma filha que quer dar o melhor para os pais.

    Tály gritou.

    Não de dor.

    Mas de libertação.

    E então ela avançou.

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