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Capítulo 109 — Quando o Tempo se Rende
Tály irrompeu em direção a Joan como uma rajada de pura determinação, o punho direito erguido à frente como se pudesse romper a própria gravidade. Seus pés mal tocavam o chão — ou pareciam não precisar fazê-lo —, impulsionados por uma explosão mágica que fazia o ar vibrar em ondas.
Do interior da sala de preparação, Helick se levantou de súbito, os olhos arregalados.
— Esse nível de mana… — murmurou, quase sem ar — …é igual ao de quando Cassian enfrentou Sanur.
Todos ao redor permaneceram em silêncio. Aquela constatação era mais do que um elogio. Era um alerta. Era muito poder. Como isso afetaria Tály após aquele confronto?
De volta à arena, Joan cerrou os olhos. Sua respiração permaneceu estável, mas a postura já não era de contemplação: era de reação. O avanço de Tály exigia resposta. Uma resposta à altura.
Com um gesto calmo, quase cerimonial, ela repousou a ponta da espada no chão à sua frente, como se fincasse um marco no campo de batalha.
— Magia Temporal… — sua voz ecoou baixa, mas firme, como uma sentença.
O aço riscou o chão num leve tilintar quando ela o ergueu de novo, rápido demais para olhos despreparados. A lâmina cortou o ar em um movimento limpo, ascendente, antes de girar com precisão cirúrgica até repousar, invertida, na mão direita. E com a esquerda estendida à frente, Joan declarou:
— Campo Temporal.
Uma cúpula translúcida, quase invisível, se expandiu a partir de seus pés, engolindo toda a arena como uma bolha que distorcia o tempo.
Imediatamente, tudo desacelerou.
— SENHORAS E SENHORES!!! — Rugia Hermes empolgadíssimo. — O que é isso que estamos presenciando? Depois de eras, uma OverSkill sendo usada e Joan tendo que usar seus poderes temporais para lidar com a soldado lyberiana! Que espetáculo!!
A multidão parecia brasa viva nas arquibancadas do coliseu. Todos os olhos atentos para ver até onde Tály iria contra Joan.
No centro da arena a imagem era como uma tela viva de uma obra de arte.
As chamas que envolviam Tály pareceram congelar no ar, seus contornos dançando em espirais que oscilavam como pintura em óleo. O vento, antes um furacão ao seu redor, agora se movia como seda flutuante, revelando redemoinhos perfeitamente formados girando lentamente sobre sua pele. Fragmentos de pedra e terra que se desprendiam de seus passos suspensos pairavam no ar como se o tempo tivesse reduzido o ritmo apenas para admirá-los.
E no centro de tudo, a jovem guerreira avançava… milímetro por milímetro. Seu corpo tremia sob a tensão, músculos retesados num esforço descomunal para manter o impulso. Mas sob a influência do campo temporal, ela parecia quase estática — uma pintura viva de fúria e poder.
Joan deu um único passo dentro da distorção.
Seus olhos vendados se voltaram lentamente para o furacão elemental à sua frente.
— Você lutou bem, soldado. Alcançou um nível de poder que nem sequer está pronta para possuir. E fez tudo isso por sua família. Parabéns… mas isso termina aqui.
Ela se preparava para desferir o golpe final.
Ergueu sua espada, envolvida por uma aura intensa de mana. Aquela investida marcaria o fim da guerreira que ousou sonhar por sua família.
Porém, algo aconteceu.
A armadura prateada que cobria o corpo de Tály começou a brilhar, revelando inscrições rúnicas que se acendiam por todo o metal como brasas vivas.
— Espera… o que é aquilo? — Cassian se agarrou às grades que limitavam a sala de preparação, os olhos arregalados.
Rhyssara sorriu, satisfeita, enquanto Helick e Any prendiam a respiração.
— É a magia da armadura anã — concluiu a Imperatriz com um leve aceno de cabeça.
Todos então se lembraram do combate contra os Golens, guardiões da entrada da guilda Fornalha Proibida, nas Montanhas de Patrock. Aquela armadura era especial — absorvia ataques mágicos e os drenava, permitindo que Tály ignorasse até mesmo as chamas negras. Agora, ela absorvia o campo temporal da ex-Pilar.
Joan, já começando a entender o que se passava, se apressou:
— Magia Temporal. Corte de Quat…!
Mas antes que conseguisse terminar o encantamento, a armadura de Tály começou a sugar a cúpula temporal como um vórtice faminto. A distorção de tempo foi devorada, e o fluxo da realidade se restabeleceu.
O tempo voltou ao normal.
Tály avançou num rompante, como um cometa moldado por fogo, terra e vento.
A arena estremeceu com a velocidade.
Joan, num reflexo desesperado, completou sua conjuração:
— CORTE DE QUATRO DIMENSÕES!
Dessa vez, sua voz não era serena como a de uma anciã instruindo uma criança. Era a voz de uma guerreira em campo, moldada pela urgência e pela sobrevivência.
Ela mal teve tempo de brandir a espada quando o punho de Tály — sobrecarregado de poder — colidiu com sua lâmina.
O impacto explodiu em um estrondo colossal.
Uma nuvem de poeira tomou conta da arena, ocultando tudo.
Na sala de preparação, os príncipes, Hermes e todo o público se levantaram, atentos. Ansiosos. Cada um esperando ver quem restaria de pé.
A poeira, enfim, começou a baixar.
No centro, revelava-se uma cratera em formato de vórtice, como se a própria realidade tivesse sido sugada para dentro daquele ponto de colisão. No fundo da cratera, Joan permanecia de pé, à frente de Tály. A jovem lutadora se encontrava ajoelhada às suas costas, os punhos apoiados no chão.
Fragmentos da armadura de Tály estavam espalhados ao redor — cortes precisos haviam despedaçado seu peitoral, revelando apenas o top preto que cobria seu torso. Mas nenhum corte havia tocado sua pele.
— Por quê? — sussurrou Tály, ofegante. — Por que você… fez isso?
Joan, com a voz rouca pelo esforço, respondeu:
— Ei, garota… um dia me chama pra nadar naquela piscina.
E então, seu corpo cedeu.
A poeira baixou por completo, revelando o ferimento em seu peito — uma queimadura em forma de vórtice.
A arena mergulhou num silêncio sepulcral.
Hermes, visivelmente abalado, anunciou:
— A vencedora… — Fez uma longa pausa, a tensão pairando no ar. — A vencedora é… TÁLY!
A explosão de aplausos que se seguiu não comoveu a jovem guerreira. Ela correu até o corpo caído de Joan, ajoelhando-se ao lado dela, segurando suas mãos com delicadeza.
— Por quê…? Por que você fez isso…? — repetiu Tály, incapaz de conter as lágrimas.
Joan balançou a cabeça de leve, como quem implora silêncio.
— Meu tempo já devia ter acabado nesta terra, minha jovem… — disse com um sorriso fraco. — Só estou abrindo espaço… pra que novas figuras cresçam.
Antes que a conversa pudesse continuar, uma nova presença se manifestou.
Rhyssara.
Cassian e Helick se sobressaltaram. Ela estivera com eles poucos segundos antes… e agora já estava ali, diante das lutadoras.
— Não se atreva a desistir da vida ainda — disse a Imperatriz, ajoelhando-se ao lado de Joan. — Você ainda terá a chance de se redimir em vida… pelo que foi obrigada a fazer, décadas atrás.
Com autoridade inquestionável, Rhyssara ordenou:
— Tragam o melhor curandeiro da Cidade dos Corajosos. E certifiquem-se de que esta mulher não morrerá.
Imediatamente, dois soldados entraram com um tipo especial de CSR — uma estrutura com rodas, motor, dois bancos na frente e uma grande maca atrás. Sem hesitar, colocaram Joan sobre ela e a conduziram na direção da Muralha Externa.
Tály observou em silêncio, murmurando:
— Joan…
Mas, subitamente, seus braços pareceram pesar toneladas.
— Mas o quê…? — murmurou ela, confusa.
Rhyssara virou-se, com o olhar atento.
— Seu ARGUEM… você ainda o sente?
Tály piscou, tentando compreender a pergunta. Mas, ao concentrar-se, percebeu o vazio.
— Que estranho… eu não… sinto nada.
— Vá até o portão. Reúna-se com os outros — ordenou Rhyssara, virando-se de volta à sala de preparação. — Depois… decidiremos o que fazer.
Tály assentiu com dificuldade e partiu, sentindo o peso do cansaço… e o peso maior ainda de algo que não podia explicar.
Suas manoplas — seu ARGUEM — não passavam agora de um amontoado de metal frio.
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