Capítulos novos toda segunda, terça, quinta e sexta. Segunda e sexta às 20:00 e terça e quinta às 06:00!
Siga a novel nas redes sociais!
Insta:https://www.instagram.com/arguemoimperio?igsh=MWlhZGljcTFlM3pnNw==
TikTok:https://www.tiktok.com/@arguem.imperio?_t=ZM-8u4V3X0w6Jr&_r=1
Capítulo 110 — O Príncipe e o Bárbaro
A arena estava, enfim, vazia. Nenhuma alma restava em seu centro castigado pela batalha.
— SENHORAS E SENHORES! — bradou Hermes, sua voz carregada de empolgação. — QUE DIA INCRÍVEL! HOJE PRESENCIAMOS BATALHAS QUE ULTRAPASSAM TODAS AS EXPECTATIVAS PARA UMA PRIMEIRA ASCENSÃO!
O coliseu explodiu em aplausos, cada palma como um trovão de aprovação.
— Isso mostra que nossos esforços não têm sido em vão… — disse ele, agora com um tom mais grave, firme como o aço. — Seja quando for… quando aqueles malditos, ancorados nas profundezas do mar, decidirem nos atacar… estaremos prontos. Essa é, e sempre será, a vontade de Edgar!
Um novo coro de gritos e aplausos tomou os ares, tão intenso que abafou o retumbar distante dos trovões. As nuvens acima, densas e escuras, começavam a engolir o céu num manto de trevas.
Helick franziu a testa, intrigado com o discurso.
— Os ossuianos já sabem do navio dragnaro? — perguntou, surpreso.
Rhyssara assentiu com naturalidade.
— É claro que sim. Assim que nosso dispositivo de rastreio detectou a embarcação, a primeira coisa que fizemos foi alertar a população.
— Isso não foi meio… arriscado? — Helick insistiu. — Jogar uma informação dessa magnitude no meio do povo?
Agora foi Rhyssara quem arqueou a sobrancelha.
— E por que seria?
— Um inimigo vindo de fora do continente… outras raças tão próximas… — Helick hesitou. — Não gerou pânico?
Ela riu. Um riso genuíno, quase divertido.
— Mas é claro que não. Ossuianos crescem sabendo que, um dia, terão que defender este continente quando a muralha de Helisyx cair. Isso não é uma surpresa para eles. Quando anunciei a chegada do navio, colhemos apenas frutos positivos. Avanços tecnológicos que levariam décadas surgiram em semanas. Kroask é o melhor exemplo disso.
Ela fez uma pausa breve, observando a arena à distância.
— Todos entendem o peso que carrega um navio hostil tão próximo de nós. E por isso, se preparam. Mais do que nunca.
Helick cruzou os braços, pensativo.
— Então é isso que acontece quando se vive sempre preparado para o pior…
De volta à arena, a voz de Hermes ressoava mais uma vez, retomando o ritmo elétrico do espetáculo.
— ESTÃO PRONTOS PARA O PRÓXIMO COMBATE?! — bradou com fervor.
A arena inteira tremeu com a resposta do público.
Mas então, ele ergueu uma das mãos, pedindo silêncio.
— Antes de continuarmos… temos um pequeno problema. — Ele olhou para o solo abaixo, rachado, em crateras, irreconhecível. — Esta arena está um verdadeiro caos.
De seu sobretudo cinza, Hermes retirou um livro de mesma cor. A capa, opaca e sutilmente pulsante, parecia viva.
— Magia de Restauração Inanimada… Ressurreição!
No mesmo instante, uma luz acinzentada começou a brilhar sob os escombros. O chão destruído tremeluziu, e as crateras começaram a se fechar, as rachaduras a se fundir, como se o tempo fosse rebobinado. Pedra por pedra, a arena renascia diante de todos os olhos.
Como se nada tivesse acontecido. Como se o palco de desafios estivesse pronto para mais uma história.
— PARA O PRÓXIMO COMBATE, UM DESAFIANTE CUJO NOME MUITOS AQUI JÁ CONHECEM! — bradou Hermes com entusiasmo. — AQUELE QUE DERROTOU UM SOLDADO OSSUIANO PORTADOR DE UM ARGUEM… SEM TER UM ARGUEM! APENAS COM SUAS PRÓPRIAS HABILIDADES! AQUELE QUE, JUNTO DE SEU IRMÃO, ABATEU UM MALDITO WYVERN! COM VOCÊS… HELICK HAVILFORT! O PRÍNCIPE MAIS NOVO DE LYBERION!!!
Helick arregalou os olhos, completamente pego de surpresa.
— O quê? Eles sabem disso tudo? — murmurou, espantado.
— É claro que sabem — respondeu Rhyssara, quase rindo da ingenuidade dele. — Você faz ideia do quão grandiosos foram esses dois feitos? Ainda mais sendo um príncipe de Lyberion… o maior rival de Ossuia no continente. Essas notícias não só se espalham — elas correm.
Cassian se aproximou com um sorriso contido e deu um leve tapinha no ombro do irmão.
— Boa sorte, Helys.
Helick respirou fundo e caminhou até a arena. Assim que seus pés tocaram o solo da batalha, uma onda de vaias e provocações tomou conta do coliseu.
— Olhem só aquelas vestes azuis com linhas douradas! — gritou alguém no meio da plateia.
— Tem certeza que não é uma princesa? — zombou outro, arrancando gargalhadas.
— Olha aquela bainha! Parece um enfeite de festival de colheita! — debochou mais um, referindo-se à bainha ornamentada que Leonardrick havia presenteado ao jovem príncipe.
“É… acho que não foram muito com a minha cara” — pensou Helick, tentando disfarçar a vergonha com um meio sorriso.
— E CONTRA ELE… UM DOS QUE JÁ SE PREPARAM PARA A ASCENSÃO À CIDADE DE FERRO! — continuou Hermes, com a voz carregada de tensão e espetáculo. — ISSO MESMO! O DESAFIANTE DE HELICK ESTÁ A UM PASSO DE SUBIR ALÉM DA CORAGEM… MAS UM PASSO EM FALSO PODE SIGNIFICAR SER REBAIXADO! E EU APOSTO QUE ELE NÃO ESTÁ GOSTANDO NEM UM POUCO DESSA INTERRUPÇÃO!
— CONHECIDO POR SUA BRUTALIDADE EM COMBATE E SEU PAVIO CURTO… BRANN!!!
As arquibancadas estremeceram com os gritos e assovios enquanto um homem de pele escura surgia na entrada da arena. Os passos pesados batiam como tambores de guerra sobre o chão. Brann tinha longas barbas bem definidas, o tronco nu coberto de cicatrizes e músculos endurecidos como pedra. Usava apenas uma armadura parcial da cintura para baixo e empunhava dois machados rúnicos que pulsavam em um leve brilho âmbar — um ARGUEM em forma bruta e ameaçadora.
Assim que avistou Helick no centro da arena, sua voz ecoou furiosa:
— Você?! O que te levou a me desafiar, seu bostinha mimado?!
Helick piscou, genuinamente confuso com a raiva do oponente.
— Está irritado… por quê? — perguntou, arqueando a sobrancelha. — Achei que todos na Cidade dos Corajosos soubessem que podem ser desafiados a qualquer momento.
A tentativa de lógica pareceu apenas acender mais ainda o pavio de Brann, que explodiu:
— TÁ INSINUANDO QUE EU SOU IDIOTA, É?! Tá me tirando pra palhaço, bebezinho?! EU IA ASCENDER HOJE PRA CIDADE DE FERRO! HOJE! Mas não… a prioridade desse império maldito é sempre mostrar que são fodões! Sempre têm que provar alguma coisa! QUE DROGA!
Helick suspirou discretamente. A empolgação pelo combate murchava conforme ouvia o desabafo irracional do homem. Ele respondeu, sem pressa:
— Se está tão certo de que merece a ascensão… então não precisa se estressar tanto. Me derrota rápido e volta pros seus planos. Para de reclamar por tão pouco.
A frase caiu como uma labareda em óleo.
— TU TÁ ME CHAMANDO DE IDIOTA, MOLEQUE?! — berrou Brann, olhos arregalados de fúria. — HERMES, TOCA LOGO ESSA PORRA DESSA TROMBETA QUE EU VOU ESFOLAR ESSA PRINCESINHA!
Helick, agora com a espada em mãos, fitou o oponente e balançou a cabeça.
— Realmente… só músculos. Um lunático completo — murmurou.
Hermes ergueu o braço, a multidão explodiu em expectativa.
— QUE SE INICIE A LUTA!!!
O som da trombeta rasgou o ar.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.