Índice de Capítulo

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    A plateia vibrou quando um homem alto e robusto, vestindo uma armadura imponente, pisou na arena.

    — SENHORAS E SENHORES! AQUELE QUE OCUPA UM DOS MAIORES RANKINGS DA CIDADE DOS CORAJOSOS! AQUELE QUE PODE TRAZER A PRIMEIRA VITÓRIA DO IMPÉRIO CONTRA OS LYBERIANOS! COM VOCÊS, TREN… — Por um momento, Hermes engoliu as palavras.

    O locutor observou o homem carrancudo na arena e seu semblante congelou em uma mini caricatura de espanto.

    — ISAC?! — gritou Hermes, chocado, num salto.

    O homem de moicano, claramente não atendendo por Trenton, mas sim por Isac, respondeu:

    — Relaxa, ele tá vindo. — Disse, gesticulando com o polegar por cima do ombro.

    Do túnel que dava acesso à sala de preparação dos desafiados, quatro guardas ossuianos carregavam uma jaula envolta por quatro lanternas acesas. Dentro dela, havia um homem com vendas e amarras mágicas.

    Cassian franziu o cenho, tão confuso quanto Hermes.

    — Mas o quê…?

    O homem dentro da jaula tentava balbuciar algo inaudível — sua boca estava selada magicamente. Os olhos permaneciam fechados, como se estivessem selados também, mas sem selo aparente.

    Isac deu a ordem, e os soldados largaram a jaula no centro da arena.

    — Tá entregue. — Disse ele, com desdém, virando-se e saindo com os outros quatro.

    Um estalo ecoou assim que saíram, e a jaula se abriu. As lâmpadas se espatifaram no processo.

    — O que é isso? Algum tipo de besta selvagem em forma de homem? — resmungou Cassian em voz alta. — Não acredito… A maioria dos guerreiros de Ossuia parece um bando de bárbaros com um parafuso a menos.

    A plateia pareceu ter ouvido o comentário e respondeu com vaias.

    — Pega ele, Trenton! — gritou um.

    — É! Mostra o poder de Ossuia!

    Mas nada aconteceu. O homem permaneceu quieto, imóvel.

    Hermes levou as mãos à cabeça, como se não acreditasse no que via.

    Cassian olhava, cada vez mais confuso. O homem da jaula, agora aberta, vestia apenas uma camiseta larga e um short até os joelhos. Seu cabelo castanho mesclava fios brancos e desbotados. Claramente, já passava dos 40. Definitivamente, não parecia um guerreiro.

    — ACORDA, SEU VAGABUNDO! AS AMARRAS MÁGICAS E SELOS JÁ FORAM REMOVIDOS! NÃO TEM MAIS PORQUE FINGIR QUE TÁ IMOBILIZADO! — urrou Hermes, com raiva e vergonha alheia ao mesmo tempo.

    Foi então que todos ficaram de boca aberta quando o homem abriu um dos olhos.

    — Ãhn? Já chegamos? — falou Trenton, coçando a lateral da barba por fazer. — Que saco…

    Ele se levantou. Cassian pôde ver que quase todo seu corpo era coberto por linhas e formas geométricas incompletas.

    — Tatuagens? — perguntou ele, apontando.

    Trenton, de pé, assentiu com a cabeça.

    — Maneiro, né?

    Um brilho empolgado surgiu nos olhos de Cassian.

    — Nem me fala! Sempre quis fazer uma, mas meu pai me deserdaria se eu fizesse.

    Trenton sorriu com simpatia.

    — Fica tranquilo! Conheço um cara brabo que faz as melhores. E com tinta invisível! Só aparece quando você canaliza mana por cima.

    Os olhos de Cassian brilharam ainda mais.

    — Tá brincando!

    Uma tosse ecoou pelos megafones, interrompendo a conversa.

    — Senhores… — era Hermes. Seu nervosismo evidente, o olho esquerdo tremia. — Estão prontos?

    Cassian e Trenton trocaram olhares como se tivessem esquecido onde estavam.

    — Ei, você — chamou Trenton. — Por que me desafiou? Tu é forasteiro, né?

    — É, não sou de Ossuia. Mas não me diga que você é do tipo “ah, pela Mãe, como alguém teve a coragem de me desafiar?”.

    Trenton soltou uma risada sincera.

    — Tem uns assim mesmo, mas não é meu caso. Eu só acho um saco ter que lutar… Se eu quisesse mesmo lutar, já tinha ascendido faz tempo. Mas, sinceramente? Quanto mais você sobe, mais privilégio e tal, mas… menos vale o esforço — deu de ombros. — Eu queria era nascer em algum lugar mais tranquilo, tipo Lyberion… onde todo mundo pode ser um bando de vagabundo que finge que as outras raças nem existem…

    A plateia caiu na gargalhada e o aplaudiu.

    — É isso aí! Coloca esse lyberiano no lugar dele!!!

    Trenton pareceu perceber de onde seu oponente vinha.

    — Opa… foi mal. Não quis insultar.

    Cassian deu de ombros.

    E então, finalmente, o som do gongo reverberou pela arena, seguido da voz animada de Hermes:

    — Chega de conversa fiada e… LUTEM!

    Cassian sacou a espada com um movimento fluido, e bastou um pensamento silencioso para que as chamas a envolvessem, crepitando ao longo da lâmina. O calor pulsava, dançando no ar. O príncipe estreitou os olhos, analisando o ambiente com precisão militar: arquibancadas altas, cerca de quatro metros acima, afastadas o suficiente para não interferirem. As salas de preparação distantes garantiam que ele pudesse liberar sua mana sem receio de atingir espectadores.

    Trenton observou a espada flamejante e soltou um suspiro carregado de tédio.

    — Fogo, é? — comentou com amargura, o desânimo voltando a pesar em sua voz. — Que pena… Um duelo contra um Counter.

    Cassian arqueou uma sobrancelha.

    — Counter? A imperatriz mencionou algo sobre isso…

    Enquanto isso, na sala de preparação dos desafiantes, restavam apenas Rhyssara e Any, ambas diante do espelho mágico que refletia a arena.

    — Você conhece esse tal de Trenton? — Any perguntou, ainda sem desviar o olhar.

    — Conheço. — respondeu Rhyssara, cruzando os braços. — Ele será um ótimo desafio para Cassian.

    — Ele já percebeu que vai ser um duelo de Counter. Qual a habilidade dele?

    A imperatriz não respondeu imediatamente. Em vez disso, esboçou um leve sorriso.

    — Você vai ver.

    Lá fora, o céu escurecia cada vez mais, e a arena era banhada apenas pela tênue luz da lua que lutava para furar as nuvens. As sombras se alongavam, dançando em meio à penumbra.

    Cassian avançou.

    Rápido. Decidido. O príncipe optou pelo ataque frontal, sem hesitação. Trenton ainda não havia revelado nenhum ARGUEM ou ARGENTEC, e esperar poderia ser um erro.

    Com um giro firme dos quadris, Cassian desferiu um corte horizontal mirando o peito do oponente. As chamas da lâmina deixavam um rastro quente no ar, e a luz intensa gerava uma sombra ampla atrás de Trenton, projetada pelo clarão.

    O golpe estava prestes a atingir seu alvo quando Trenton ergueu os braços num gesto calmo, quase despreocupado, cruzando-os sobre o peito. As linhas tatuadas que cobriam sua pele brilharam como brasas despertas, e símbolos começaram a se formar — dois triângulos sobrepostos, circundados por um quadrado e, ao redor, um círculo.

    — Magia de Criação Sombria: Espinhos Sombrios — murmurou.

    Da sombra recém-criada atrás dele, dezenas de espinhos negros emergiram com violência, rompendo o chão como lanças vivas. Cassian recuou no último instante, seu golpe encontrando apenas a resistência sombria e cortante dos espinhos que zuniam à sua frente.

    Antes que pudesse reagir, Trenton mudou de postura.

    Girou o corpo com leveza, equilibrando-se na ponta do pé esquerdo enquanto o direito subia pela perna oposta, como se dançasse. Um novo símbolo mágico surgiu sob seus pés, agora com padrões elípticos e linhas pulsantes que vibravam como ondas em um lago.

    — Magia de Criação Sombria: Foice Espectral.

    Cassian sentiu um arrepio. Algo não estava certo. Seus olhos buscaram a origem da ameaça e a encontraram: na sombra projetada pela mão esticada de Trenton, uma arma começou a se formar — primeiro uma curva escura, depois o fio, e por fim a lâmina dupla da foice. Quando voltou a olhar para a mão do oponente, a arma já estava ali, real e mortal.

    Trenton impulsionou-se para o alto com um giro veloz. Seu corpo girava como um pião, a foice parecendo um aro cortante girando em alta velocidade, pronto para dilacerar tudo em seu caminho.

    Cassian saltou para frente, escapando por centímetros. O vento do corte passou rente à sua nuca, e ele sentiu o calor da própria chama ser sugado pela lâmina negra.

    Mas o ataque ainda não havia terminado.

    Assim que tocou o chão, Trenton desapareceu. Como se fosse tragado pela própria sombra que pisava.

    — Não… — murmurou Cassian, olhos arregalados. — Ele entrou… na própria sombra?

    Uma conclusão urgente se formou em sua mente. Se ele podia emergir de onde quisesse, então…

    Com um reflexo fulminante, Cassian girou sobre os calcanhares e ergueu sua espada em chamas atrás das costas.

    A foice de Trenton colidiu com a lâmina do príncipe em um golpe feroz vindo da sombra projetada pelos pés de Cassian.

    “Da minha sombra…”, ele pensou, ofegante. “Ele saiu da minha sombra!”

    Trenton sorriu, erguendo uma sobrancelha com divertimento.

    — Belos reflexos. Mas cuidado… Cada sombra que você cria com essas suas chamas… é mais uma porta de entrada pra mim.

    Cassian olhou ao redor. O impacto de sua espada contra o solo e o corpo de Trenton havia gerado múltiplas fontes de luz, e com elas, cinco novas sombras projetadas ao redor de seu corpo.

    — Espinhos Sombrios — ordenou Trenton, com um estalar de dedos.

    Das sombras recém-criadas, cinco ondas de espinhos surgiram simultaneamente, disparando como bestas famintas em direção ao príncipe.

    Cassian não teve tempo de pensar.

    — Merda! — foi tudo o que conseguiu gritar, preparando-se para o impacto inevitável.

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