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Capítulo 117 — Convite para Queimar
A explosão flamejante dos pés de Cassian ainda ondulava pelo chão da arena, deixando um rastro de brasas ardentes quando Trenton voltou a mergulhar nas sombras. O calor do fogo criava turbilhões de ar quente no ambiente, distorcendo a imagem do ossuiano por milésimos de segundo e foi o bastante para que Cassian movesse a espada à frente, preparado.
Mas Trenton surgiu de uma sombra lateral, seu corpo curvado para o impulso, foice em mãos, e olhos semicerrados com puro tédio. As linhas negras das tatuagens em seu braço esquerdo começaram a se alinhar em espiral até formarem um círculo mágico vibrante, etéreo e cheio de símbolos rotativos. Em um instante, a foice duplicou-se, e uma segunda arma se moldou em sua outra mão, feita inteiramente de sombra condensada.
Ele avançou.
Cassian girou sobre o calcanhar, desviando da primeira lâmina e bloqueando a segunda com um giro lateral da espada. O som metálico do impacto ecoou como um trovão abafado dentro da arena. Faíscas voaram com os impactos.
Trenton rodopiou como uma sombra líquida, lançando as duas foices em ataques cruzados. Cassian respondeu com labaredas que escorriam da lâmina como um rio em chamas, criando um círculo de calor ao seu redor. As armas de Trenton, feitas de pura escuridão, zumbiam ao contato com o ar aquecido, e a cada toque no fogo, soltavam estalos como se o próprio vazio estivesse sendo ferido.
— Que saco, você tá se defendendo bem demais. — disse Trenton recuando por um instante enquanto um pequeno sorriso parecia querer escapar de seus lábios.
As tatuagens em seu pescoço brilharam agora, formando dois novos círculos. Do chão, suas sombras se alongaram abruptamente e delas emergiram dois clones sombrios do ossuiano, cada um com uma foice curva nas mãos.
Cassian recuou um passo, mas ao invés de se defender, ergueu o braço livre.
— Vamos lá… Queimem comigo — sussurrou, convocando sua mana.
De seu braço, o fogo começou a se materializar e com um salto giratório angular que o pôs acima dos clones, ele disparou uma torrente de chamas que queimou por completo aquelas sombras que nem se quer tiveram tempo para atacar.
Cassian aterrissou e procurou o adversário com os olhos, mas Trenton já estava em cima dele novamente.
As tatuagens em suas costas queimaram a blusa larga, revelando um corpo coberto por marcas que se moviam vivas, pulsando conforme ele conjurava poder.
Seu ARGUEM em plena forma.
Linhas azul-escuras, verticais, brilharam com ferocidade, e quando os círculos mágicos se formaram, um tridente de sombras surgiu em suas mãos. Ele o lançou com brutalidade.
Cassian viu a arma vindo como um raio sombrio. Não havia tempo. Seus pés arderam em chamas novamente, e ele deslizou para o lado com um estouro de fogo que lançou brasas no ar como pétalas incandescentes.
O tridente cravou-se na parede da arena atrás dele, desaparecendo em sombra líquida.
— Oie — disse Trenton, surgindo ao seu lado. Um novo círculo mágico se formou em sua coxa esquerda, e uma rajada de espinhos saltou do chão, tentando empalar Cassian por baixo.
Cassian saltou alto, girando no ar. Sua espada flamejou em linha reta como um raio solar. E enquanto caía, projetou a chama da lâmina para sua mão livre e arremessou um punho de fogo, que colidiu com Trenton num estrondo.
Trenton se escondeu em sua sombra no último instante. O impacto fez o chão rachar, e poeira misturada com brasas se elevou, obscurecendo tudo por segundos.
Cassian caiu de pé, ofegante, suado, o peito subindo e descendo com esforço.
Trenton reapareceu a três metros dali, com os ombros baixos, também arfando levemente e sorrindo como se estivesse se divertindo.
— E não é que essa luta não está sendo um saco completo? — falou ele como se estivesse surpreso com a diversão que estava encontrando naquele combate.
As tatuagens no peito de Trenton começaram a formar lentamente três novos círculos mágicos, complexos e entrelaçados.
Cassian não respondeu, apenas firmou o punho na empunhadura da espada enquanto ouvia Trenton continuar:
— Cuidado, quanto mais você me empurra… mais sombras você cria.
E então, do chão ao redor de Cassian, surgiram mãos negras, que tentaram agarrar seus tornozelos.
Cassian viu tudo como se o tempo desacelerasse.
Fechou os olhos por um instante e sentiu o medo. Sentiu a tensão. E, acima de tudo, sentiu as chamas fervilhando dentro de si.
Seu corpo inteiro explodiu em fogo.
Um turbilhão flamejante o envolveu, consumindo as mãos sombrias que tentavam agarrá-lo e empurrando até mesmo a presença de Trenton para longe. Do centro da labareda, Cassian surgiu, uma asa flamejante crepitava incessantemente em sua costa esquerda e então ele avançou.
Trenton sorriu, mais largo do que nunca.
Os dois colidiram no centro da arena. Chama e sombra se chocaram com força devastadora, golpes cortavam o ar como trovões, enquanto círculos mágicos se formavam em cascata ao longo dos braços de Trenton, invocando novas armas e clones sombrios. Cassian respondia com ondas vivas de calor, incendiando cada ataque, girando com chamas nos punhos, saltando com fogo nos calcanhares, chutando como se cada movimento fosse uma dança abrasadora.
Era um balé mortal entre luz e trevas.
O público assistia em completo silêncio, boquiaberto diante do espetáculo. As únicas vozes que ecoavam na arena eram os gritos de esforço dos combatentes que eram brados secos, carregados de energia.
Os golpes trocados em velocidade absurda criavam faíscas no impacto. Chamas e sombras se cruzavam no ar como pinceladas vivas, cortando o espaço com lâminas incandescentes e escuras. Cada passo de Cassian deixava marcas ardentes no chão; cada invocação de Trenton rasgava o ar com estalos mágicos.
O suor que escorreria da testa dos dois evaporava no mesmo instante em que surgia, consumido pelo calor infernal da arena.
As sombras mal conseguiam manter sua forma, constantemente moldadas, dissipadas e recriadas por Trenton. Já as chamas de Cassian se expandiam com voracidade, desafiando qualquer tentativa de apagá-las.
A luta frenética se arrastava por todos os cantos, e a destruição deixada era visível. Crateras no solo e pedras derretidas enfeitavam o combate. O piso da arena tornara-se um campo irregular, rasgado e queimado.
E foi esse terreno instável que decidiu o rumo do combate.
Em um momento de mínima distração, Cassian pisou em falso em uma fenda que se abrira no chão. Cambaleou.
Trenton viu a brecha como um predador. Em um movimento fluido, conjurou foices gêmeas das sombras e avançou com toda a força, pronto para o golpe final.
Mas antes que as lâminas o alcançassem, a asa flamejante de Cassian se abriu com violência. Ele bateu as asas uma única vez, suficiente para se impulsionar e erguer o corpo no ar, evitando o ataque.
Trenton passou direto e Cassian girou no ar.
Com um movimento preciso, sua lâmina percorreu o arco perfeito e atingiu o torso do oponente.
O som do golpe cortou o silêncio.
Trenton recuou com o impacto, sangue jorrando do ferimento enquanto sua expressão se contorcia entre dor e surpresa.
— Não me diga que fingiu ter tropeçado? — perguntou Trenton enquanto apertava com força o local onde havia sido cortado.
— Aprendi essa com meu irmão. É frustrante, não é? Lutar contra quem usa a cabeça além das ações físicas sempre pode trazer uma surpresa. Eu odiava quando ele fazia isso nos nossos treinos matinais. — Respondeu Cassian arfando com um meio sorriso.
Trenton gargalhou por um momento antes de cair de costas no chão.
— De fato. Lutar é um saco.
Embora sangue escorresse da lateral de seu corpo um sorriso tomou o rosto de Trenton.
— Você fala que lutar é um saco, mas estava com um sorriso divertido no rosto durante quase todo o combate. Qual é a sua?
Trenton olhou para ele com os olhos semicerrados de dor.
— Realmente essa luta não foi um saco completo. Você me venceu. Ficar na Muralha Externa que vai ser um verdadeiro saco. Isso se esse corte não me matar.
Cassian se aproximou de Trenton e irradiou chamas em sua lâmina.
— Afasta a mão daí.
Trenton assim fez e Cassian cauterizou a ferida.
— Isso deve ser o suficiente para que você não vá dessa pra melhor. Vá procurar um curandeiro depois disso.
Do alto da arena Hermes gritava com entusiasmo assim como a arquibancada que havia presenciado o combate.
— QUE LUUUUUTAAAAA!!! O príncipe herdeiro de Lyberion realmente prova que as histórias a seu respeito são verdadeiras!!! Ele vence Trenton e avança para a Cidade dos Corajosos!!!
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