Índice de Capítulo

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    Os céus já estavam fechados no final da tarde e o som de trovões tomavam a arena enquanto a umidade parecia aumentar e a temperatura cair.

    O único som que disputava contra o grito da natureza era a voz de Hermes que bradava:

    — Senhoras e senhores! — sua voz ressoava com entusiasmo renovado, apesar das batalhas intensas já ocorridas. — Restam apenas duas lutas neste dia glorioso! Duas batalhas para encerrar as ascensões destes valentes guerreiros! E o próximo combate é… algo que nem mesmo eu esperava anunciar!

    Um burburinho se espalhou entre os espectadores. As lutas anteriores haviam sido brutais, memoráveis. E agora, restavam os nomes mais aguardados.

    — A próxima lutadora é a última representante de Lyberion ainda a subir à arena! Aquela que, com ousadia ou loucura, eu ainda não decidi qual dos dois, ousou clamar pelo mais poderoso guerreiro da Cidade dos Corajosos!

    Hermes fez uma pausa dramática. O nome que vinha a seguir era conhecido por poucos, mas temido por todos.

    — Será que ela está desdenhando do poder que reside em Ossuia? Ou será que tem um trunfo sombrio guardado?

    Alguns no público aplaudiram enquanto outros vaiavam. Hermes esticou os braços, e sua voz rugiu:

    — Any! De Lyberion! Enfrentará aquele que raramente pisa nas arenas, seja nesta cidade ou na de ferro… O homem que muitos consideram invencível e totalmente incabível que ainda resida na Cidade dos Corajosos!

    Um silêncio pesado caiu antes do nome ser anunciado, como se a própria atmosfera aguardasse o chamado.

    — Suzano SkyFall!

    Um trovão estalou ao fundo, como se o próprio clima respondesse à convocação. O céu começava a escurecer enquanto gotículas de água caiam do céu.

    O som da multidão foi abafado por paredes adornadas com tapeçarias de combate e brasões ossuianos, a imagem de um lobrasa era recorrente a cada cinco passos. Cassian subia os últimos degraus em direção à sala dos que haviam vencido suas lutas.

    A porta se abriu para revelar um ambiente amplo, com uma grande mesa ao centro repleta de pratos saborosos e bebidas borbulhantes.

    Helick foi o primeiro a se levantar ao vê-lo.

    — Você venceu. — disse com um sorriso. — Você conseguiu controlar sua mana de uma forma tão formidável! Nem parecia ser você.

    Cassian assentiu, os músculos ainda tensos da batalha.

    — Obrigado, eu acho. Trenton não facilitou. — respondeu, pegando uma jarra da mesa e se servindo se aproximando do grande sofá. — E agora é a vez dela. Tenho certeza que…

    Cassian deu uma pausa brusca em seus passos quando viu Tály repousando no sofá com a cabeça apoiada no colo de Morgan. Um rubor crescia por seu rosto e ele não sabia o porquê daquela raiva subir tão rápida a sua cabeça só por ver aquela cena.

    O ossuiano apenas o cumprimentou com a cabeça e voltou o rosto para a arena para ver a próxima luta que estava prestes a começar. No centro, duas silhuetas começavam a se formar.

    — Suzano… — murmurou Morgan, cruzando os braços. — O maldito quase nunca luta. Quando luta… ninguém volta inteiro.

    — Any não é exatamente alguém que perde pedaços, literalmente — completou Helick, com o cenho franzido.

    Do lado de fora, o céu escurecia com nuvens densas.

    O combate estava prestes a começar.

    Suzano estava totalmente visível. Era um homem já mais velho de cabelos brancos e barba igualmente envelhecida pelos anos. As rugas marcavam seu olhar profundo. Suas roupas não se pareciam com vestes próprias para combate. Ele usava uma roupa negra belíssima, dignas de estarem em bailes de gala no palácio de ouro em Lyberion. Eram conjuntos de peças que formavam um terno escuro  com camadas de blusas cinzas e brancas por baixo enquanto um relógio dourado de bolso pendiam na lateral da frente de sua veste. Um pano branco comprido descansava nas costas de seu pescoço e descia até a altura de sua cintura pelos dois lados simétricos de seu corpo forte.

    Any se pôs a frente de Suzano, seus olhos nem piscavam.

    — Então você é o mais alto patamar que a próxima cidade tem a oferecer? — falou Any, seus olhos percorrendo cada fibra do corpo do homem a sua frente.

    — É o que dizem, minha jovem. — Respondeu o homem, sua voz grave como um trovão. — Vejo algo em seus olhos negros como breu que não me agradam.

    Any não ligou para o comentário, ela sequer piscou. Ela tinha uma missão. Levar os príncipes até o Castelo Negro para que Helick visse o que tivesse que ver e leva-lo de volta para Lyberion em segurança. Esse era seu objetivo. E nada mudaria o fato que ela cumpriria sua razão para viver naquele momento: cumprir a missão dada a ela. A não ser, é claro, se ela finalmente conseguisse…

    O congo reverberou pela arena seguido do grito de Hermes:

    — LUUUUUTEEEEM!!!

    As veias sob a pele pálida de Any pulsaram em vermelho vivo. Um jato de sangue explodiu de seu braço direito, e com um golpe diagonal, ela arremessou uma torrente carmesim no ar. No trajeto, o sangue moldou-se em lâminas afiadas que zuniram na direção de Suzano como projéteis mortais.

    O lenço branco em seus ombros se agitou como se ganhasse vida. Ventos surgiram ao redor do homem, formando uma barreira invisível que desviou as lâminas de sangue com facilidade.

    — Magia de vento? — Any murmurou, olhos estreitos. — Lamento, mas passei anos ao lado do mestre absoluto nesse domínio.

    Sem perder tempo, ela disparou pela arena. Seus pés mal tocavam o chão, e cada passada deixava rastros de sangue fresco no piso recém-restaurado por Hermes. Em um piscar de olhos, ela surgiu diante de Suzano, lançando um soco direto ao rosto dele.

    Mais uma vez, o vento soprou ao redor do homem, desviando o golpe e lançando-a alguns metros para trás. Mas Any não cedeu. Ela girou no ar com elegância brutal e, com um comando de mana carregado de fúria, gritou:

    — Magia de Hemomancia: Dardos de Sangue!

    O sangue espalhado por sua corrida anterior vibrou no solo, depois se ergueu. Dele nasceram centenas de dardos afiados, que assobiaram como abelhas famintas em direção a Suzano. Mas o lenço em seus ombros ondulou novamente, gerando outra onda de vento que dispersou os ataques.

    Dessa vez, no entanto, os dardos não se desfizeram. Começaram a girar ao redor dele, seguindo o mesmo sentido dos ventos. Adaptando-se, sincronizando… esperando.

    — Interessante… — murmurou Suzano, reconhecendo o perigo.

    Os dardos mergulharam em suas defesas, rasgando o vento com precisão crescente. Suzano recuou num salto grácil, mas os projéteis o seguiram em pleno ar.

    Então ele saltou novamente, só que mais alto, indo em direção às nuvens carregadas que encobriam o céu.

    Any estreitou os olhos.

    — Está voando?

    Ela ergueu uma das mãos, chamando de volta os dardos. Eles se dissolveram em pleno voo, tornando-se um vórtice de sangue que envolveu sua cintura. Num impulso feroz, foi lançada aos céus.

    Enquanto subia, a chuva começou a cair, respingos frios batendo em seu rosto. O cheiro metálico do próprio sangue misturava-se ao aroma úmido do céu.

    Lá no alto, Suzano olhou para baixo, surpreso com a perseguição.

    — Me seguiu até aqui? — perguntou, genuinamente intrigado. — Por quê? Não seria mais sensato manter distância até entender meus poderes?

    Any não respondeu. Seus olhos seguiam fixos, obstinados. Não havia espaço para palavras. Só para a vitória.

    Ela avançou pelos céus, cortando o vento com ferocidade. Suzano desviava com elegância, mas a cada manobra, Any criava plataformas flutuantes de sangue sob os pés, redirecionando seu trajeto com precisão quase sobrenatural.

    — Se você é mesmo o topo dessa cidade, com certeza esconde algum truque destrutivo. Então, vou te derrubar antes que tenha chance de usar seja lá o que for.

    Ela pairou por um breve instante, cruzando os braços diante do peito. O sangue ao seu redor começou a girar furiosamente, tomando forma até se transformar em dois chicotes escarlates, vibrantes, com pontas cobertas por espinhos afiados. Any os agarrou e os lançou na direção de Suzano com brutalidade.

    Mas desta vez, o ossuiano não tentou esquivar.

    — Você parece ser alguém interessante, garota… — sua voz era calma, mas havia um peso fatigado nela. — Mas vamos acabar logo com isso. Quero voltar para casa.

    No instante em que os chicotes estavam prestes a alcançá-lo, um clarão rasgou os céus. O lenço branco que pendia por seu pescoço brilhou intensamente, revelando runas incandescentes em suas pontas. Então, um raio despencou das nuvens, atingindo Suzano em cheio — mas não o feriu. Pelo contrário, o poder o envolveu.

    Os chicotes de sangue foram pulverizados no ar, desintegrados pelo impacto elétrico.

    — Acabou, Any de Lyberion — declarou Suzano, erguendo a mão em sua direção.

    Dela, um relâmpago veloz disparou como uma lança de luz.

    Any mal teve tempo de reagir. O raio a atingiu em cheio.

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