Índice de Capítulo

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    — Helys! — gritou Cassian, chamando pelo irmão que acabava de sair de um transe.

    Helick piscou algumas vezes, recobrando a consciência. Levou as mãos à cabeça e sentiu a testa encharcada de suor.

    — Eu tô bem — murmurou.

    A imperatriz, sentada no banco da frente, virou-se imediatamente para trás. Ao ver seu estado, sua expressão mudou.

    — Teve outra visão? — perguntou com uma urgência rara, destoando de sua habitual serenidade contida. — O que viu desta vez?

    Helick começou a contar sobre a centelha que falava com ele e sobre a sala branca. À medida que narrava, novos detalhes iam surgindo em sua mente.

    — Vi um rio que brilhava entre o verde e o azul. As águas oscilavam entre as duas cores enquanto corriam em direção ao mar.

    Os soldados trocaram olhares confusos.

    — É o Rio Vida — disse Suzano, com a voz grave. — A principal fonte de água do Império. Ele corta nosso território bem no centro. Se vocês vieram direto para a Muralha dos Corajosos, devem não ter passado por ele.

    Morgan assentiu, confirmando que fora exatamente esse o trajeto.

    — Viu mais alguma coisa? O que tem no Rio Vida? — Rhyssara insistiu, visivelmente inquieta.

    — A voz disse…

    Helick então repetiu as palavras daquela presença estranhamente familiar:

    “Mergulhe até achar mais uma das peças do mapa. Vá rápido, o tempo é curto.”

    — Peças de mapa? — Cassian franziu a testa. — Que mapa?

    Helick deu de ombros.

    — Não faço ideia. Mas havia urgência naquela voz. Ela percorreu meu corpo inteiro. Senti que era… importante.

    — Bem… — disse Suzano, ligando o CSR, que rugiu ao ganhar vida. — Sorte que minha casa fica bem na beira do Rio Vida.

    Rhyssara voltou o olhar para a frente. Sua presença imponente e segura havia retornado por completo.

    — Vamos descansar hoje. Amanhã cedo, investigaremos isso.

    — Imperatriz… — chamou Morgan. — Não deveríamos registrar nossos nomes para a próxima fase da ascensão, rumo à Cidade de Ferro?

    Rhyssara balançou a cabeça, os longos cabelos vermelhos ondulando ao gesto. Ela continuava olhando à frente.

    — Investigar essas visões é nossa prioridade máxima.

    — Se é prioridade, podemos ir agora mesmo! — apressou-se Helick.

    — Não. — cortou Rhyssara, com firmeza. — Não sabemos o que essas visões significam nem o que pode acontecer ao encontrar o que ela está pedindo. Vamos descansar. Precisamos estar prontos para qualquer coisa.

    E assim seguiram rumo à casa de Suzano.

    A carruagem CSR rugia suavemente enquanto avançava pelas ruas largas da Cidade dos Corajosos. Diferente da Muralha Externa, onde tendas de lona disputavam espaço entre moradias mais improvisadas, ali tudo parecia mais sólido, permanente e, de certo modo, orgulhoso. As construções eram feitas de pedra cinzenta e polida, esculpidas com precisão e adornadas com detalhes talhados à mão. Lojas se alinhavam pelas calçadas, com vitrines protegidas por vidros mágicos que exibiam espadas, armaduras, poções e artefatos que brilhavam com a cintilância da mana embutida.

    — Isso aqui parece até outro reino… — murmurou Cassian, encostando-se à janela do veículo encantado.

    Mesmo passando rapidamente, os príncipes conseguiam sentir os fluxos de energia sutil dançando sobre os objetos à mostra. Cada arma vibrava com pequenas ondas de mana, como se fosse viva. Algumas armaduras pareciam se moldar aos manequins de pedra, e uma ou outra poção, em frascos de vidro trincado com fios de ouro, lançava pequenas faíscas coloridas no ar.

    Helick se inclinou para frente, curioso, seus olhos atentos acompanhando uma loja onde um homem, claramente sem ARGUEM, martelava algo sobre uma bigorna envolta em runas.

    — Eles estão usando… Diamante Negro — comentou em voz baixa. — E estão conseguindo moldá-lo.

    — Isso é coisa de anão… — completou Cassian, quase em reverência. — Mas…

    — Só lembra — corrigiu Helick, com um leve pesar na voz.

    De fato, embora fosse impressionante ver humanos trabalhando materiais tão difíceis, suas criações careciam da perfeição intuitiva dos anões. Mesmo os equipamentos mais encantados dali não se comparavam ao menor escudo que haviam visto nas Montanhas de Patrock. Faltava algo: a alma que os anões imprimiam nas peças.

    O CSR subiu uma ladeira sinuosa, com a estrada se estreitando entre pedras antigas cobertas por musgo. A cidade ficou para trás aos poucos, substituída pelo som de pássaros e do vento cruzando as copas de árvores altas. E então, no topo da colina, viram.

    A casa de Suzano.

    Não era um palácio, tampouco uma mansão nobre nos moldes de Lyberion. Era algo diferente, quase intocado pelo tempo. Feita de pedra azulada, como a que se vê no leito profundo das montanhas, a estrutura erguia-se com firmeza e elegância. As paredes tinham musgo apenas onde era bonito tê-lo. Janelas altas com molduras de madeira escura se abriam para o horizonte, com cortinas grossas de linho cinzento balançando suavemente. Pilares talhados com símbolos antigos sustentavam um terraço amplo, onde flores de cinco cores diferentes nasciam sem vasos, brotando direto da pedra.

    O telhado era recoberto com escamas metálicas, talvez bronze encantado, que brilhavam discretamente sob a luz da tarde. Um aroma de madeira velha e lavanda preenchia o ar, vindo de algum ponto que os olhos não alcançavam.

    Mas era o que vinha depois da casa que os deixou em silêncio.

    Logo atrás do casarão, uma ravina abria-se como uma ferida imensa na terra. E dela… o Rio Vida.

    Correndo com uma beleza quase onírica, as águas brilhavam num fluxo constante que oscilava entre o verde esmeralda e o azul profundo. A cada curva do leito, as cores se misturavam como se dançassem. Ele cortava o rochedo em ziguezague, e havia algo nele. Um som, um cheiro, uma vibração que fazia a pele arrepiar.

    — A água carrega mana… — disse Helick, mais para si mesmo.

    O grupo desceu. O céu começava a se tingir em tons dourados, e o casarão às costas, com o Rio Vida logo à frente, parecia estar entre dois mundos: o da civilização, e o do que não pode ser domado.

    — Bem-vindos à minha casa — disse Suzano com um sorriso, enquanto os portões de madeira talhada se abriam sozinhos.

    Helick deu um passo à frente, ainda observando o rio, e sua mão tocou o pingente em seu peito.

    A voz ainda ecoava em sua mente.

    “Mergulhe até achar mais uma das peças do mapa…”

    Amanhã, pensou. Amanhã, tudo pode mudar.

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