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    Sob aquelas águas verdes e azul-marinho, Helick e Cassian se entreolharam e, com um leve aceno, emergiram para tomar fôlego.

    Quando Helick pôs a cabeça para fora d’água, viu Rhyssara agachada na beira do rio, observando-os de perto.

    — E aí, como foi lá embaixo? — perguntou a imperatriz. — Viram algo relevante?

    Helick desviou o olhar rapidamente ao perceber que ela estava próxima demais… e com roupas de menos.

    — Na… nada ainda. Fizemos apenas um reconhecimento breve de como é lá embaixo.

    A resposta de Helick foi suficiente para Rhyssara, mas não para Morgan, que interveio:

    — Pois então continuem. A próxima prova de ascensão começa em alguns dias. Temos que dar nossos nomes até lá se quisermos seguir para a Cidade de Ferro.

    — Não precisa apressá-los. — Comentou Marco com um sorriso confiante. — Eles eram os melhores mergulhadores do nosso pelotão de treinamento. Se tem algo que precisam achar, eles vão achar.

    — Agora que já vimos como é por baixo da superfície do rio, seremos mais eficientes na busca. — Completou Helick.

    Cassian assentiu, e os dois mergulharam novamente.

    Eles passaram horas subindo e descendo, mapeando o fundo do rio com olhos atentos, mas não encontraram nada que pudesse ser a peça do mapa que a visão mencionava.

    O sol começava a se pôr, e nem mesmo a magia de Kadia conseguia manter a temperatura agradável. Cassian e Helick já batiam os dentes de frio sempre que emergiam.

    — Ei, Cass… lembra do que eu fiz no deserto com minha magia de gelo, quando saímos das Montanhas de Patrock? — perguntou Helick, recuperando o fôlego.

    — Claro. Estávamos morrendo de calor, e você resfriou o ar pra gente.

    — Então… — Helick fez um sinal discreto com os olhos, esperando que o irmão entendesse as entrelinhas.

    — Ah, sim, claro. — O príncipe herdeiro virou a cabeça na direção de Rhyssara e dos outros, que agora descansavam à beira do rio, entregues a uma soneca da tarde. — Só me deixa ir pegar minha espada no CSR. Quer que eu traga a sua também?

    — Não acho que seja necessário… mas já que vai, traga ela também.

    Cassian saiu da água em direção ao veículo, o vento frio soprando incômodo, o que o fez apressar o passo.

    Helick decidiu mergulhar mais uma vez sozinho.

    Sob a água, a temperatura era mais homogênea e, sem o vento gelado soprando, parecia até mais agradável.

    Com batidas firmes dos pés e movimentos ágeis das mãos, ele alcançou novamente o leito do rio e recomeçou a busca por algo que nem sabia o que era. O sol se pondo no horizonte tornava a tarefa ainda mais difícil, mesmo com as águas sendo quase cristalinas.

    Entre corais e cardumes, sua visão vasculhava tudo com atenção e foco.

    Nada. Não havia nada além de areia e pedras.

    O fôlego de Helick já estava pela metade quando ele olhou para cima e enxergou a silhueta de seu irmão na beira do rio, com as espadas nas mãos.

    Era hora de subir. Ele precisava sair dali e se aquecer um pouco. Mal sentia os dedos, enrugados e pálidos pela longa exposição à água.

    Mas, na metade do caminho de volta, Helick parou. Algo dentro dele insistia. Uma intuição estranha dizia que aquela era a área certa. Que não deveriam desistir ainda. Mesmo depois de horas procurando sem sucesso, alguma coisa ainda o fazia olhar para baixo, desconfiado.

    Mesmo assim, subiu.

    Quando emergiu, a primeira coisa que viu foi Cassian empunhando a espada, enquanto ela irradiava uma chama quente e acolhedora. O calor suavizou o ar frio ao redor.

    — Ideia genial, Helys. Eu estava precisando mesmo me aquecer.

    Helick saiu da água, pegou sua espada e deixou ao seu lado e se juntou ao irmão à beira do rio, ambos aquecendo as mãos próximas ao fogo que agora espantava a friagem da pele.

    — Como vamos achar uma coisa que nem sabemos o que é? — resmungou Helick, coçando a nuca, frustrado. — O pior é que sinto que estamos tão perto…

    — Relaxa. Temos tempo ainda. Mas quero resolver isso logo pra sobrar um pouco de tarde pra aproveitar com o pessoal — respondeu Cassian, soprando nas mãos para ajudar a secar.

    Helick lançou um olhar breve para o irmão e suspirou.

    — Ah, e Cass… sobre mais cedo… sobre a Tály… Foi mal se peguei pesado com você.

    Cassian hesitou, mas deu um meio sorriso.

    — Não esquenta. Você estava certo. O importante é que ela recuperou os poderes e… — Ele claramente queria mudar de assunto.

    Helick percebeu e decidiu ajudar.

    — Bem… não deixaram quase nada de comida pra gente. Tô com vontade de comer peixe. — Ele sorriu, tentando mudar o clima. — Que tal um último mergulho hoje, pra pegar algum grande e matar a fome?

    Cassian respirou fundo e, por fim, concordou:

    — Seria ótimo. Depois a gente se aquece ao redor de uma fogueira enquanto o peixe assa.

    — Pois bem. — Helick estalou os ombros. — Vamos descer com as espadas dessa vez. Não quero demorar muito. A força e a agilidade que a mana nos dá com os ARGUEM vai ser bem-vinda.

    Cassian assentiu sem hesitar e, em um movimento fluido, mergulhou ao lado do irmão mais uma vez.

    Debaixo daquelas águas frias e cristalinas, algo mudou no instante em que as lâminas tocaram a correnteza.

    A espada de Cassian brilhou com um vermelho vívido, uma chama viva e furiosa que, mesmo submersa, queimava como se desafiasse as leis do mundo. Uma labareda no fundo do rio.

    Já a lâmina de Helick reluzia um azul pálido e gélido. Pequenas faíscas congeladas dançavam ao redor da lâmina, e era como se o próprio Rio Vida lutasse para não se transformar em um bloco sólido de gelo diante dela.

    Foi então que o rio inteiro pareceu reagir.

    Um tremor.

    Não um tremor pequeno. Mas uma pulsação profunda, uma vibração que fez a areia e as pequenas pedras no fundo se deslocarem, formando redemoinhos violentos que arrastavam tudo para o centro.

    Do meio desse turbilhão, uma luz emergiu. Verde. Intensa. Um brilho esmeralda hipnotizante, e logo abaixo dele… dois olhos. Dois olhos negros e abissais, imensos, cravados num rosto disforme e monstruoso. Um polvo colossal, de proporções antinaturais.

    A garganta de Cassian quase soltou o ar preso pelo choque. Só a visão daquilo já bastava para desfazer qualquer muralha mental que tivesse construído. Em instantes sua mente foi consumida pela influência do Rio Vida.

    Mas não Helick.

    Por instinto, o príncipe levantou a espada, preparando-se para atacar se fosse preciso. Eles precisavam subir. Precisavam respirar. Precisavam sair dali.

    Foi quando os tentáculos surgiram.

    Ágeis e traiçoeiros, vieram de todos os lados como serpentes famintas. Frios. Fortes. Se enrolaram pelas pernas dos dois, puxando-os violentamente para baixo.

    Cassian não parecia reagir, estava tomado pelos jogos mentais do Rio Vida.

    Helick tentou nadar, chutou, mas era como estar preso em cordas feitas de pedra. Com os dentes cerrados, desceu a lâmina envolta em gelo contra o tentáculo que o prendia. O contato da espada fez pequenas bolhas congelarem no instante seguinte. O monstro estremeceu, mas não soltou.

    O vórtice continuava a se formar, mais intenso, arrastando-os para as profundezas desconhecidas.

    Os olhos de Helick pareciam não querer acreditar no que estava vendo. Um Kraken, uma Besta Mítica que só deveria existir fora da barreira de Helisyx, nos arredores da Ilha Mítica, estava ali. E em sua testa uma jóia estava cravada, o brilho esmeralda tentador e ameaçador.

    De alguma forma Helick sabia.

    Era aquilo que estavam procurando.

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