Índice de Capítulo

    Capítulos novos toda segunda, quarta e sexta. Segunda e sexta às 20:00 e quarta às 06:00!

    Siga nosso Discord para ver as artes oficiais dos personagens e o mapa do continente!

    Cassian ainda secava o rosto quando olhou para os demais com uma expressão entre incredulidade e raiva.

    — Vocês tão falando sério? — a voz saiu grave, firme. — Vocês tão mesmo cogitando enfrentar um Kraken? A porra de uma Besta Mítica que, segundo os próprios livros da Biblioteca de Lyberion, brutalizava dragnaros aquáticos como se fossem peixes?!

    Tály cruzou os braços, erguendo uma sobrancelha.

    — “Livros?” Achei que você não gostasse de ler, detestava na realidade. Cheguei até a ter dúvidas se você era letrado.

    Cassian sentiu a alfinetada e respondeu rapidamente:

    — Não é como se eu fosse um analfabeto. Meu pai sabia que eu não tinha paciência nem vontade de aprender com os mesmos livros de ARGUEM que Helick amava passar horas lendo. Comigo, ele percebeu que eu tinha uma leve inclinação por bestas míticas… aí usou isso pra me ensinar.

    Ele suspirou, ainda irritado.

    — Mas enfim, vocês não estão falando sério, né? Não estão pensando em enfrentar aquilo.

    Suzano respondeu com calma:

    — Ninguém gostaria de enfrentar uma Besta Mítica, ainda mais uma aquática, no território dela.

    — Então por que todo mundo tá com essa cara de “é, vamos lá”? — Cassian rebateu. — Aquilo não é um monstro. É um aviso vivo. Ele tava lá embaixo esperando a gente.

    Helick se levantou lentamente, os joelhos ainda instáveis, mas os olhos firmes.

    — Não é uma escolha, Cass. É uma peça desse mistério todo.

    Ele respirou fundo.

    — É o único caminho possível para continuarmos seguindo as visões. Se desistirmos agora, tudo o que passamos até aqui… poderia ser em vão.

    Kadia, pensativa, olhava fixamente para a superfície calma do rio.

    — E se não for só uma joia? — murmurou. — E se for… uma chave? Uma prisão? Uma armadilha?

    Redgar, até então calado, soltou:

    — Ou uma herança.

    O silêncio caiu de novo, mais pesado desta vez.

    Rhyssara passou os olhos pelo grupo. Seu tom era mais frio, mas havia algo de pesar por trás.

    — Se aquele monstro guarda a joia… então ele sabe coisas que nós não sabemos. E se ele pode se comunicar, como vocês disseram… não temos o luxo de ignorar isso.

    Morgan resmungou:

    — Então está decidido.

    Cassian balançou a cabeça, frustrado, e chutou uma pedra na margem, que ricocheteou duas vezes antes de afundar.

    — Então que fique claro: vocês querem descer ali de novo. Vocês querem provocar um Kraken que dormiu por séculos? Então vão vocês! — Ele deu as costas e começou a caminhar em direção ao casarão.

    — Cass! — Helick avançou e segurou o braço do irmão, firme. — Você sabe muito bem que isso é algo que só nós dois podemos fazer. Você sentiu lá embaixo… aquela coisa tem alguma conexão com a gente. Tem que ser nós dois.

    — Nem que o Deus Primordial retornasse em pessoa! — bufou Cassian, puxando o braço de volta.

    Morgan, que observava de longe com um sorriso enviesado, se aproximou casualmente de Tály e, com a língua mais afiada do que o necessário, disparou:

    — Pelo visto vocês já se conhecem bem… ele sempre foi tão covarde assim?

    Tály o encarou. A expressão fechada foi a única resposta. Parecia que ela não havia gostado do tom ácido e mal intencionado daquela pergunta.

    Mas Cassian ouviu.

    — Covarde?! — Ele virou-se de uma vez, os olhos faiscando. — Você me chamou de covarde?

    — E o que mais seria abandonar o grupo e fugir com o rabo entre as pernas diante de um desafio? — rebateu Morgan, sem sequer alterar o tom.

    — Não é covardia. É ter bom senso! Enfrentar um Kraken debaixo d’água? Nem Helisyx sairia ileso disso. Até ele teve dificuldade há séculos!

    — Mas ele venceu — retrucou Morgan, com um meio sorriso provocativo.

    Cassian abriu a boca para responder… mas parou.

    Por um instante, o calor da raiva deu lugar a algo diferente. O olhar dele ficou distante, pensativo. Como se uma lembrança esquecida tivesse acabado de emergir.

    — Mas ele conseguiu porque… — murmurou, como se falasse com ele mesmo.

    — Conseguiu porque o quê? — Morgan franziu o cenho, confuso com a pausa.

    — Era isso… então era isso… — Cassian falou baixo, como quem montava um quebra-cabeça mentalmente.

    Helick se aproximou, atento.

    — Cass? Você lembrou de algo?

    Cassian levantou o olhar, agora mais firme.

    — Talvez. Talvez eu tenha um plano.

    Cassian puxou Helick pelo braço com força, arrastando-o de volta em direção à beira do Rio Vida. Seus passos eram decididos, os olhos fixos na superfície calma da água como se já enxergasse algo além.

    — Se der certo… isso vai ser incrível — murmurou, quase sem conter um sorriso.

    Helick franziu o cenho, ainda tentando acompanhar.

    — Espera… do que você tá falando?

    Cassian se inclinou e sussurrou algo rápido no ouvido do irmão. Palavras abafadas pelo barulho do vento, mas que fizeram os olhos de Helick se arregalarem na mesma hora.

    — CARACA, CASS! — exclamou, empolgado. — Como eu não pensei nisso antes?! Incrível como você chegou nessa conclusão!

    Mas então ele hesitou por um segundo.

    — Mas… se a sua ideia estiver equivocada…

    — A gente provavelmente morre. — respondeu Cassian, dando de ombros, sem perder a firmeza no olhar.

    Rhyssara os observava em silêncio. Um leve arquejo cruzou seus lábios. Mais uma vez naquela viagem, ela os viu com olhos diferentes como se presenciasse o amadurecimento de duas frutas ainda verdes, planejando cair de sua árvore.

    — Cuidado, vocês dois. — disse ela com um tom que misturava autoridade e respeito. — Não quero os filhos de Aquiles morrendo em terras ossuianas… ainda mais sob a minha responsabilidade.

    Tály, que se aproximava em passos hesitantes, parecia inquieta com a ousadia repentina dos irmãos.

    — Vocês têm certeza de que é seguro deixar eles voltarem pra lá? — sussurrou ela para ninguém específico, quase como um desabafo. — Se algo der errado…

    Redgar, que a observava de perto, respondeu com a voz grave, mas curiosamente tranquila:

    — Não sei por quê… mas acho que sei o que o Cassian pensou. E talvez… talvez dê certo.

    Tály mordeu o lábio inferior, desconfortável.

    — Red… — ela murmurou. — Espero que não estejamos cometendo um erro.

    E, sem esperar mais, os irmãos príncipes se entreolharam por um instante. Nenhuma palavra foi dita. Apenas o reconhecimento silencioso de quem divide o mesmo sangue e o mesmo destino.

    Então, juntos, eles mergulharam de novo.

    A superfície se rompeu com um som abafado, e a água os engoliu. O rio fechou-se sobre eles como um véu vivo e o mundo voltou a sussurrar nas águas.

    Apoie-me

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (2 votos)

    Nota