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Capítulo 138 — Minha Forma Mais Forte
O mundo mental se desdobrou mais uma vez diante dos príncipes.
O céu em brasas recebeu a águia flamejante de Cassian, que retornava ao domínio de sua mente com olhos dourados em fúria contida. No solo enregelado, as patas do lobo branco de olhos carmesim, Helick, cravaram-se entre as fendas de gelo e espinhos. Ele grunhia em direção à coroa que se erguia atrás do paredão de vinhas negras e rosas vermelhas.
A águia gritou. O lobo uivou. E juntos, em perfeita sincronia, avançaram mais uma vez.
Dessa vez, sabiam que era a última tentativa.
Se falhassem… não haveria volta. Seus corpos estavam fracos, a mente já esgarçada. O vínculo com o mundo real era tênue. Sentiam o gosto de sangue, o peso da exaustão, o vazio da respiração curta.
Era agora ou nunca.
Vinhas espinhosas e pétalas cortantes voltaram a se erguer contra eles, em fúria renovada. Mas enquanto o mundo mental se moldava aos perigos, algo novo pulsava dentro dos príncipes.
Eles estavam entendendo.
Aquelas formas, a águia e o lobo, eram projeções de suas essências, sim. Mas ainda estavam incompletas. A força não viria apenas do instinto. Era preciso domar aquilo que os tornava diferentes.
Cassian sentiu. O fogo de sua águia não era só destruição, era liberdade. Ele sempre quis voar, sempre odiou correntes. Mas agora entendia: para ser verdadeiramente livre, era preciso ter controle. Seu fogo interior era selvagem, indomável, e era exatamente por isso que precisava ser comandado. Domado. Canalizado.
Ele não podia mais deixar que sua mana o consumisse.
Precisava se tornar o Senhor do Fogo.
Helick também sentia.
Seu lobo era calmo, firme, mas havia algo retido. Uma fúria sob controle, fria, letal. Até agora ele havia evitado liberar o gelo absoluto que sabia existir em si. Por medo. Por cautela. Porque sabia que, uma vez liberto, seria difícil contê-lo.
Mas agora, o medo não podia mais pará-lo.
Ele teria que provocar o lobo até o limite da loucura.
Soltar a fera. E, mesmo assim, continuar no controle.
Só assim alcançariam a próxima forma.
A forma mais forte.
E então, as mudanças começaram.
As brasas da águia ganharam contornos dourados. As chamas que antes tremulavam ao acaso se ajustaram às batidas das asas, sincronizadas com o coração do príncipe.
A águia não era mais apenas fogo.
E o lobo… seus olhos se tornaram ainda mais vermelhos, como brasas soterradas sob a neve. A pelagem, antes branca, passou a brilhar com cristais de gelo como armadura. Seus passos deixavam marcas que congelavam o próprio espaço da mente, e o ar ao seu redor parecia tremer com sua presença.
Ele não era mais apenas o lobo. Era o Alfa da Tempestade.
Cassian e Helick, pela primeira vez, não estavam apenas lutando como os reis de suas próprias mentes.
Eles haviam se tornado os verdadeiros reis.
As vinhas congelaram apenas por estarem no caminho do lobo e se despedaçaram como vidro quando ele as atravessou com fúria rumo à coroa.
No céu, as pétalas de rosas vermelhas arderam em chamas só com o bater das asas da águia, agora mais afiada, focada, soberana.
A coroa estava ali. Próxima. Tangível.
Pela primeira vez, vencê-la parecia possível.
Só precisavam atravessar a última muralha.
O trono espinhoso de rosas que ainda se erguia à frente.
O lobo saltou.
A águia mergulhou.
Cassian sentia um controle sobre sua mana como jamais antes. Era como se pudesse comandar até a menor faísca.
Helick sabia, sem sombra de dúvida, que poderia cobrir o mundo com uma nevasca eterna e ainda assim conter seu avanço com um gesto.
E então, as formas animais começaram a mudar.
A águia flamejante deu lugar a uma figura humanoide de porte atlético, cabelos castanhos curtos e olhos em brasa. Em suas costas, asas de fogo vivas, domesticadas.
Nas mãos, uma espada de lâmina vermelha, fio serrilhado e empunhadura em forma de águia. Ele a brandiu contra a muralha, incendiando-a até que cada espinho se tornasse cinza.
O lobo branco transformou-se em um jovem de cabelos castanhos longos, envolto por um manto de frio.
Em sua mão, uma espada de fio azul e gelo pulsante cortou o ar em um arco diagonal, conjurando um iceberg colossal que devastou o restante do paredão.
A muralha caiu.
A coroa ficou exposta.
E por fim…
Eles a tocaram.
O toque foi leve.
Mas o que veio depois… não.
No instante em que as mãos de Helick e Cassian tocaram a Coroa, o mundo mental congelou, como se o tempo tivesse parado. O ar deixou de vibrar. O céu de fogo cessou. O frio do chão não doía mais.
A Coroa de Edgar, antes imponente, tremeu sob o contato dos príncipes.
Um som seco irrompeu, não um estouro, mas algo muito mais profundo.
Como o estalo de uma corrente arrebentando.
As vinhas se desfizeram em pó.
As pétalas murcharam no ar e desceram como chuva sem peso.
A muralha que os separava do controle sobre si mesmos caiu.
A coroa… rachou.
Pela primeira vez desde que adentraram aquele plano, o trono mental estava vazio.
E pela primeira vez, parecia certo ocupá-lo.
Sem se dizerem nada, os irmãos entenderam. O trono era deles.
As muralhas quebradas no chão voltaram a se erguer. A asa de fogo caída se reconstruiu e as correntes negras que também estavam no chão se cruzaram a sua frente a ajustando a sua frente e a muralha mental de Cassian estava imponente mais uma vez.
As garras gélidas que haviam se despedaçado como cacos de vidro no chão voltaram a se reunir e congelaram ainda mais forte. Nem o mais forte dos calores poderia a fazer derreter ou ceder agora. As presas do lobo voltaram a marcar a frente da defesa mental de Helick, agora mais feroz do que nunca.
Então os dois mundos se dividiram.
Cassian e Helick se olharam uma última vez antes dos céus flamejantes e o chão de selva e gelo se separarem, cada um voltando a sua própria mente sem a influência da Coroa.
No mundo real, uma onda mágica varreu a sala.
A aura de Helick e Cassian explodiu de forma simultânea. O chão tremeu sob os pés dos que estavam ali. As paredes de pedra rangiam. Quadros caíram. Copos estouraram.
Um vórtice de mana flamejante e gélida se formou ao redor de cada príncipe.
Tály foi jogada contra a parede, mas Morgan a segurou antes do choque.
Marco se protegeu com um escudo mágico por reflexo no último segundo.
Suzano instintivamente se pôs à frente de Kadia.
Rhyssara, porém, não se moveu. Os ventos fortes da explosão de mana dos príncipes era forte e chocalhava seu sobretudo com violência, mas a imperatriz não se moveu um centímetro para trás. Ela apenas observava. Um leve sorriso pendia nos lábios.
Os olhos dos príncipes se abriram ao mesmo tempo.
Cassian exalava fumaça pelas narinas.
Chamas sutis dançavam em sua pele como se fossem parte dele.
Seus olhos brilhavam em tom âmbar profundo, e sua aura já não era caótica, mas soberana e controlada.
Helick, ao lado, estava diferente.
Sua pele estava fria, mas seus olhos…
Vermelhos como sangue sobre neve.
A sala ficou em silêncio absoluto.
Eles estavam de pé, firmes. Respiravam com calma.
Nenhum sinal de dor. Nenhum traço de confusão.
Eles haviam voltado. Mas não como antes.
— Vocês conseguiram… — murmurou Kadia, os olhos arregalados. — Conseguiram vencer a coroa!
Marco e Redgar se entreolhavam como se afirmassem silenciosamente que a mana dos príncipes havia mudado.
Tály, se levantou dos braços de Morgan e correu até Cassian, o tocando no rosto.
— Você tá bem…? Você… você voltou?
Cassian a olhou e sorriu não com arrogância, mas com gratidão.
— Dessa vez… acho que sim.
Helick virou-se para Rhyssara.
O olhar dele já não era de desconfiança, nem de temor.
Era de entendimento.
— A coroa caiu. — disse ele.
Rhyssara assentiu.
— E dois novos reis se levantaram em seu lugar.
A águia e o lobo, agora com suas formas humanas e dominadas, haviam reivindicado o trono de suas próprias mentes.
E, com isso, eles sentiam que o Kraken não seria o menor dos problemas.
Esse vai ser o único capitulo da semana porque o autor aqui descobriu que vai ser pai pela segunda vez! Minha mente ta muito distraída com isso no momento, voltamos na próxima semana pontualmente!
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