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    O sol que se erguia no horizonte visível pela janela de Cassian anunciava a chegada de um novo dia. Seus raios quentes tocavam e aqueciam brevemente o peito nu do príncipe, que se encarava diante do enorme espelho do quarto.

    Ele levou as mãos à cabeça, esperando a dor rotineira dos últimos dias. Mas, para sua surpresa, havia descansado o suficiente para estar totalmente recuperado, e isso se refletia no semblante mais sereno do que da última vez que se vira refletido em algo.

    Isso era bom. O dia prometia ser difícil.

    Descer até as profundezas do Rio Vida mais uma vez e enfrentar um duelo mental contra uma Besta Mítica…

    Que loucura.

    Era exatamente o tipo de coisa que ele sonhava fazer e alcançar se, um dia, tivesse a tão sonhada emancipação da coroa.

    Sem perder mais tempo com pensamentos, se vestiu e foi em direção à porta do quarto, abrindo a maçaneta.

    Como sempre, era o último a se levantar naquela manhã.

    A maioria já se encontrava reunida na mesa do café, farta de misturas novas e pratos típicos ossuianos.

    Cassian desceu as escadas até a sala, seus olhos varrendo o cômodo em busca de Tály. Ele a viu sentada ao lado de Marco e Morgan; ela parecia conversar e rir com o soldado ossuiano, mas parou por um instante quando Cassian falou:

    — Bom dia. — disse, sentando-se ao lado de Helick, que estava ao lado de Redgar.

    Suzano ergueu uma taça em cumprimento, mas a voz que mais se destacou foi a de Morgan, com um tom deveras cínico:

    — Bom dia, caro príncipe. Espero que a noite tenha sido boa. — O sorriso provocativo de Morgan fez o olho esquerdo de Cassian tremer.

    Rhyssara, por outro lado, foi direta:

    — Comam à vontade, mas não exagerem. Terão um embate difícil em breve.

    Kadia assentiu, acrescentando:

    — Acho que seria interessante um aquecimento mental antes de desafiar o Kraken.

    Helick e Cassian responderam quase em uníssono:

    — Não!

    Suzano soltou uma risada rouca, mas logo assumiu um tom sério:

    — Vocês não tem nada com que se preocupar. Conseguiram tocar a Coroa de Edgar, que estava encrustada em suas mentes. Isso é um feito e tanto. Não acho que uma besta possa ser mais difícil do que isso.

    Rhyssara assentiu com as palavras dele e completou:

    — Ele está certo. Vocês conquistaram uma nova resistência, fortalecendo suas mentes. Invadi-las não será tão fácil quanto às de outros sem treinamento. Quem sabe o que a mente de vocês é capaz agora?

    Os olhos de Tály e Cassian se cruzaram sobre a mesa, mas a soldado desviou o olhar logo em seguida.

    — Isso é verdade — começou Helick. — De alguma forma, eu consigo ver as silhuetas das muralhas que defendem a mente de vocês… Se eu focar, quase sinto que posso tocá-las, mas não de forma física…

    — É, eu também… — Cassian falou por fim.

    Os ossuianos na mesa se entreolharam.

    — Eu disse que não era uma boa ideia ensinar esse tipo de coisa a eles — suspirou Morgan.

    — O que quer dizer com isso? — perguntou Tály.

    Mas foi Rhyssara quem respondeu, cruzando os dedos sobre a mesa:

    — Eles lutaram e desenvolveram uma força mental tão intensa que isso acabou se refletindo em suas manas. Em outras palavras… pode ser que tenham aprendido a estabelecer algum tipo de contato mental através da mana.

    — Mais uma arma para nossos amados príncipes visitantes. — Morgan falou em tom irônico. — Mas isso não é meio impossível?

    — Mas isso é impossível! — exclamou Helick, surpreso. — Quando despertamos nosso ARGUEM, a mana que cultivamos durante a vida reflete nossa personalidade, e os poderes se baseiam nisso para sempre. Não há como aprender algo novo assim!

    Suzano assentiu, apoiando a fala do príncipe:

    — E você está corretíssimo. Rhyssara fez esse teste mental para que apenas adquirissem resistência mágica contra ataques mentais. Mas, se você consegue ver algo que só existe em nossa mente, isso é um indicativo poderoso de que desenvolveram uma nova habilidade. O que é estranho.

    — De fato, muito estranho — reforçou Morgan. — Nunca existiu, na história, um humano capaz de aprender novas habilidades do nada.

    Marco deu uma pequena tosse.

    — Bom… eu consigo. E ninguém estranha. Por quê?

    — Seu caso é diferente — respondeu Kadia. — Sua mana se baseia em entender e reproduzir a mana ao seu redor. Essa é a sua essência. Mas a deles era para ser apenas um ARGUEM do tipo elemental. Isso definitivamente não é comum.

    — Na verdade… — Redgar falou pela primeira vez — isso só mostra que vocês ainda não entendem completamente como funciona a própria mana de vocês. Incrível… mesmo tendo evoluído tanto, parece que ainda não alcançaram todo o potencial que têm.

    Suzano chamou a atenção com uma palma firme.

    — Que seja. Vamos, por ora, focar no que realmente importa agora.

    Ele se levantou e começou a ajudar Kadia a retirar os pratos da mesa.

    — Agora vão até o rio e façam o que precisa ser feito.

    — Não vem com a gente? — perguntou Morgan.

    — Vou ajudar Kadia a limpar a cozinha. Depois, encontramos vocês lá.

    — Ajudar…? — Cassian mais uma vez deixou os pensamentos escaparem pela boca.

    Antes que ele falasse algo que ofendesse o SkyFall, Helick pegou o irmão pela orelha e o arrastou pela sala até a saída.

    Eles cruzaram os portões do casarão e começaram a descer a colina em direção ao Rio Vida.

    — Aiaiaiai, me solta, Helys! — resmungava Cassian. — Pra que isso?

    Helick só o soltou quando teve certeza de que estavam longe o suficiente para que os ouvidos de Suzano não os alcançassem.

    — Você precisa ter mais autocontrole, Cass! Já vimos que Suzano é bem pavio curto quando o assunto é a empregada da casa.

    — Empregada? — Cassian usou novamente o tom insinuante. — Que tipo de lorde ajuda sua “empregada” nos serviços domésticos, Helys?

    — É óbvio que ele tem algum tipo de envolvimento com ela. Mas isso não é da nossa conta.

    — Por falar nisso, percebi uma coisa — disse Cassian, enquanto desciam a colina, cujo solo árido do topo começava a dar lugar a um gramado verde e vivo. — O nível de mana da Kadia é compatível com a média da Muralha de Ferro, mas não chega nem à metade da metade do nível de Suzano…

    — Eu também percebi. Mas… no que isso interessa? — Helick seguiu andando, sem olhar para o irmão, focado à frente.

    — Bem… já pensou no porquê de ele não subir na hierarquia das muralhas? Talvez seja porque…

    — Bem observado, príncipe — interrompeu Rhyssara, já no encalço dos dois.

    Cassian deu um salto pro lado, assustado com a aparição súbita da imperatriz.

    — O… obrigado? — disse ele, sem saber como reagir.

    — Não falei com você — respondeu Rhyssara, ainda sem olhar para Cassian. Seus olhos azuis permaneceram fixos em Helick. — Foi bem observado perceber que Suzano não seria muito tolerante com os comentários do seu irmão.

    — Ele não pode ser tão esquentado assim… Mas me diz aí: eu tô perto? Ele se mantém na Muralha de Ferro porque sabe que Kadia não conseguiria acompanhá-lo?

    — Não posso dizer que sei — respondeu Rhyssara, com um tom firme — porque isso configuraria traição à própria moral e ética ossuiana. E, como imperatriz, eu teria que puni-lo de uma forma que trairia nossa amizade. Se esse tipo de suspeita fosse dita em voz alta, eu não poderia fazer vistas grossas… A Coroa, que carrega a vontade de Edgar, me renegaria.

    Havia um peso nas palavras dela, uma advertência sutil — mas clara — ao príncipe mais velho.

    — Simplificando pra você, Cass: cala a boca. — concluiu Helick, captando perfeitamente a gravidade da situação.

    O assunto foi encerrado com a chegada dos três soldados de Lyberion e de Morgan, que desciam a colina para acompanhá-los.

    Por fim, alcançaram as margens do Rio Vida.

    — Pronto? — perguntou Helick ao irmão.

    — Pronto.

    E, mais uma vez, eles mergulharam.

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