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Capítulo 148 — De volta a Arena
Any não piscou. As luminárias que quebravam a escuridão das ruas desertas refletiam sob o capuz de Blando, revelando uma face rígida, o olhar concentrado e, ainda assim, sereno.
Era um homem maduro, de cabelos brancos que caíam em mechas sobre o pescoço. Parecia ter uns quarenta anos, mas Any sabia que já passava dos cinquenta. O tempo de serviço como Capitão da Guarda Real de Lyberion não deixava dúvidas. Os olhos, de um cinza gélido, traziam escondidos por trás da calma um misto de cansaço e convicção inabalável.
— Por quê? Qual o significado disso tudo? — a voz de Any cortou o ar, carregada de raiva contida. — Primeiro, ataca os príncipes… depois nos ajuda nas Montanhas de Patrock contra o plano de Jeffzzos, praticamente salvando nossas vidas. — Seus olhos se voltaram para Nastya. — O que você quer no fim das contas?
A assassina permaneceu em silêncio. Quem respondeu foi Blando:
— É mais complexo do que eu poderia explicar a alguém que está prestes a sair de cena. Mas saiba de uma coisa: é pelo bem de toda a humanidade.
— O que quer dizer com isso? Me matar? — Any riu, um som curto, sem humor.
Com um gesto firme, ela retirou as camadas de roupa que a protegiam do frio, ficando apenas com a jaqueta preta sobre a blusa.
— Tem certeza de que sabe quem eu sou, traficante de verdades?
O ar ao redor vibrou. Um calor invisível emanava do corpo dela. A mana se agitava, fluindo pelas veias; o sangue pulsava, pronto para romper ossos e carne em direção ao inimigo.
Blando ergueu o queixo, e um sorriso quase imperceptível tocou seus lábios.
— Matar? Não, não. Te matar daria muito trabalho… e chamaria atenção demais. Mas… quer ouvir uma verdade de graça? — ele retirou lentamente uma adaga da cintura.
O punho era entalhado com a figura de um leão dourado, e o fio cintilava sob a luz do luar, prateado e letal.
— Ninguém escapa da morte. Nem mesmo você.
A atmosfera se rompeu. Uma pressão mágica avassaladora tomou as ruas geladas de Ossuia. O ar ficou pesado, denso, como se o próprio mundo esperasse o choque. Os dois se encararam, predadores prestes a despedaçar o silêncio da madrugada.
Mas antes que qualquer passo fosse dado, Nastya avançou entre eles.
— Não acho que seja prudente um combate aqui, senhor. — A voz soou firme, mas baixa, como quem busca conter um abismo.
Blando não recuou. Apenas desviou os olhos para ela.
— De fato, não é. Por isso disse que ela não encontrará o fim hoje. Apenas deixará o palco… até cumprirmos o que precisa ser feito. — Sua voz baixou, densa e carregada de certeza. — E, quando a hora chegar, será um reforço valioso contra os verdadeiros inimigos.
Any não compreendia o que aquelas palavras significavam, mas não tinha tempo para enigmas. Não ficaria parada à espera do golpe dos traidores.
Preparou-se para avançar, músculos tensos, mas em questão de segundos o mundo diante de seus olhos se dissolveu.
A rua sumiu. As casas se apagaram como se nunca tivessem existido. Os inimigos evaporaram no ar.
Um ataque mental.
“Não se preocupe.” A voz de Blando ecoou dentro de sua mente, reverberando em seus pensamentos como se fosse dela. “Você verá seus príncipes novamente… mas não antes de nós.”
Uma fisgada perfurou a pele do pescoço. O choque a trouxe de volta por um instante: Nastya estava atrás dela, segurando uma seringa cuja agulha injetava algo em suas veias.
A visão de Any se embaralhou, a força fugindo de seus membros. O escuro a envolveu enquanto a consciência se esvaía.
O CSR estava pronto.
Os príncipes e os demais saíram da casa de Suzano, enfrentando o vento cortante e frio das manhãs.
Os herdeiros de Lyberion usavam seus conjuntos de roupas que havia sido ganhados de presente nas Montanhas de Patrock, que agora estavam renovados, lavados e passados por Kadia.
Os irmãos exalavam seu ar nobre com as vestes gêmeas, separadas apenas pelas cores. A de Helick era azul com linhas de ouro e a de Cassian era vermelha também com linhas de ouro. No peito esquerdo um brasão de uma cota de malha — o símbolo da Guilda da Forja Ancestral.
Helick desapertou a fivela do cinto de sua bainha azul e branca na qual guardava sua espada, seu ARGUEM, na cintura e a pós no colo assim que entrou no veículo.
Cassian repetiu o gesto e ou outros entraram logo em seguida.
— Estou ansioso para ver Any de novo. — Falou Marco empolgado, já dentro do CSR em meio ao grupo. — Ela vai ficar processa quando descobrir que não fomos diretos para a Muralha de Ferro e que vamos perder mais uma semana.
Redgar sorriu com a lembrança da companheira.
— Fiquem tranquilos. — Falou Suzano com um meio sorriso, ligando o CSR e preparando-se para partir. — Pelo que vi, ela não terá dificuldades contra nenhum morador da Cidade dos Corajosos.
E eis que voltaram ao Coliseu, erguido na fronteira entre a Muralha Externa e a dos Corajosos.
O rugido da multidão ecoava como um trovão constante, vibrando pelas pedras, pelos portões, pelo ar frio da madrugada. Tambores rufavam, cornetas soavam, e cada grito parecia capaz de fazer o chão tremer.
Suzano estacionou o CSR ao lado de outros veículos menores. Para os príncipes, ainda era surreal ver aquela tecnologia comum em Ossuia, mas que em Lyberion seria tratada como uma maravilha lendária.
Assim que desceram, Rhyssara tomou a frente:
— Vamos para o setor leste. Lembrem-se: metade do Coliseu fica na Muralha Externa e a outra metade na dos Corajosos. Não ultrapassem o limite… ou terão que fazer a Ascensão outra vez.
Cassian soltou um resmungo, esticando os braços:
— Ah, mas isso já tá ficando chato. Eles não podem simplesmente anotar quem pertence a cada lado da muralha?
Suzano lançou-lhe um olhar firme.
— Eles anotam. Os livros mágicos que registram os desafiantes são atualizados sozinhos a cada combate ou quando um estrangeiro chega. Seu nome já aparece lá sem você precisar mexer um dedo.
Cassian franziu o cenho, teimoso:
— Então por que proibir de atravessar de um lado para o outro?
Morgan riu e deu um tapa forte em suas costas, quase fazendo o príncipe perder o equilíbrio.
— Para obrigar você a se provar de tempos em tempos. Simples assim. — E estendeu a mão para Tály, ajudando-a a descer do CSR.
Rhyssara ergueu o queixo, encerrando o assunto:
— Chega de perguntas. Vamos.
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