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Capítulo 149 — Expectativa para o Combate
O som da arena era inconfundível.
Os anúncios do apresentador de blusa rasgada mostrando seu peitoral marcado ecoavam pelas caixas de som espalhadas por todo coliseu. Hermes estava animado como sempre quando anunciava que mais um dia de combates em busca de glória e ascensão estava prestes a começar.
O grupo se movimentou por corredores repletos de bandeiras ossuianos espalhadas ostentando o símbolo do lobrasa, um feroz lobo em chamas.
Enquanto caminhavam as pessoas faziam referência e olhavam assustados e admirados para Rhyssara e Suzano. Até que um soldado interceptou o grupo.
— Posso ajudar? — Suzano falou com a voz ríspida, autoritária.
O soldado de armadura vermelha típica de Ossuia fez uma referência a imperatriz.
— Não quero atrapalhar minha imperatriz. Apenas trago uma mensagem do Ancião Riot.
Rhyssara ergueu uma sobrancelha.
Cassian e Helick se entreolharam. Pelo que sabiam sobre o esquema político de Ossuia, um Ancião era alguém do pequeno conselho que reside no Castelo Negro. E pelo que haviam entendido, eram também aqueles que tentavam jogar o povo contra a imperatriz, pelo fato dela ter traído o antigo imperador para obter a Coroa de Edgar.
— O que aquele velho de boca suja mandou que me dissesse? — Rhyssara falou com seus olhos azuis celestes penetrando os castanhos do soldado.
— Ele apenas pediu em uma carta enviada por um águiowl, gentilmente que… — o soldado pareceu dar uma engasgada antes de continuar — que você pudesse me acompanhar até uma sala que fará jus a seu posto de imperatriz.
Um brilho vermelho cobriu o espaço entre o soldado e a imperatriz. E a Coroa de Edgar invadiu por completo a mente do soldado.
Rhyssara viu a carta que havia chegado a poucas horas antes para o soldado.
“Informe aquela vaca ruiva que o maravilhoso plano dela de mover nossas tropas para Lyberion para ajudar aqueles mimadinhos a se defender deixou nosso império com metade de nossas forças intermediárias e por conta disso o povo da Cidade de Ferro e da Cidade Central estão começando a se agitar com receio de que os malditos Dragnaros possam invadir nossa costa ao invés das deles. E que enquanto ela brinca de guia turística com príncipes estrangeiros, sua popularidade cai cada vez mais com os poderosos das duas cidades mais importantes de Ossuia, e sem Morgan aqui para intimida-los a controlar suas línguas, burburinhos de conspiração estão sendo levantados mais do que nunca. Diga a ela que veja as lutas na minha área particular, para que ela tenha um mínimo de conforto antes de ter que enfrentar uma guerra civil quando chegar aqui.”
— Gentilmente, não é? — Rhyssara falou com ironia para o soldado. — Mas não irei recusar, me leve a área privada de Riot da arena, quem sabe assim eu manere nos cascudos quando eu encontra-lo de novo.
O soldado pareceu despertar de um breve transe após ter sua mente invadida e piscou algumas vezes antes de se recompor.
— Para já, minha imperatriz.
É assim eles seguiram-no. Passaram por escadarias que levavam até o meio exato da arena, o melhor local possível para assistir as batalhas. Os espectadores da arena abriam espaço conforme a imperatriz passava entre eles, sempre fazendo uma reverência quando a viam. Em meio aos assentos de pedra uma cabine de vidro escurecido ao seu redor se mostrava com imponência. O soldado inseriu na porta uma chave dourada e um clique soou em meio ao gritos e sons do ambiente.
A porta se abriu e o soldado se retirou, dando passagem aos “convidados” do ancião.
No interior, o contraste era imediato. Assentos largos, revestidos de couro escuro, acolhiam como tronos. À frente, uma mesa farta de frutas e bebidas cintilava sob a luz mágica. Do outro lado do vidro, a visão da arena se abria em toda sua grandiosidade: o piso impecável como se fosse novo, proveniente do poder mágico de Hermes, a poeira suspensa no ar, Hermes na tribuna, inflamado, pronto para anunciar os combates.
— SENHORAS E SENHORES! — A voz de Hermes explodiu pelos alto-falantes, carregada de energia, e o rugido da multidão respondeu como uma onda. Ele gesticulava com intensidade, o peitoral desnudo reluzindo sob a luz mágica, como se fosse o próprio combustível da arena. — Mais um dia de glória, suor e sangue está prestes a começar!
Dentro da cabine, os príncipes se acomodaram ansiosos nos primeiros assentos, os olhos fixos na arena.
— Espero que a Any lute logo… — Cassian falou com um meio sorriso, mas a voz carregava a saudade. — Tô até com vontade de ouvir ela pirando com a gente de novo.
Helick assentiu, pensativo.
— Pelo menos vai se animar quando vir o quanto crescemos desde a última vez.
A arena explodiu em aplausos quando o primeiro combate teve início.
Órfãos da Muralha Externa, muitos sem mais do que trapos reforçados, enfrentavam sem medo guerreiros da Cidade dos Corajosos, portadores de ARGUEM que faiscavam com poder. Quase todos caíam — esmagados pela diferença brutal — mas alguns, engenhosos, arrancavam vitórias improváveis.
Um deles, um rapaz franzino, usava um bracelete rudimentar que emitia choques intermitentes. Cada descarga fazia os músculos do oponente tremerem, interrompendo sua precisão. Contra todas as expectativas, o órfão venceu, arrancando urros da plateia.
— Impressionante… — Marco comentou, inclinado para a frente. — É incrível como esses… ARGENTEC conseguem rivalizar com os ARGUEM, mesmo sendo tão simples.
Morgan arqueou uma sobrancelha e soltou um riso breve.
— ARGENTEC? Aquilo? Não, garoto. Aquilo é só um punhado de fios mal conectados, cuspindo eletricidade.
Helick se virou para ele, curioso.
— Mas não é exatamente isso que define um ARGENTEC?
— Entendo a dúvida. — Rhyssara interveio, a voz calma mas firme. — Mas não. Só chamamos de ARGENTEC quando a tecnologia atinge um nível de aprimoramento que a torne realmente destrutiva, comparável a um ARGUEM. O que esse órfão usou foi engenhoso, sim… mas nada além de um truque para ganhar tempo.
Os príncipes trocaram olhares, refletindo em silêncio, enquanto mais um embate era anunciado.
— Bem, esse assunto surgiu em boa hora… — Morgan falou, voltando-se para a arena com um brilho nos olhos. — Querem ver um ARGENTEC em ação? Então abram bem os olhos.
Hermes ergueu a voz, e o timbre do arauto parecia tremer no ar, carregado de intensidade:
— SENHORAS E SENHORES! PREPAREM-SE PARA RECEBER… AQUELE QUE UM DIA CAMINHOU PELA CIDADE DOS CORAJOSOS! AQUELE QUE ENFRENTOU O PRÓPRIO IRONFIST NUM CONFRONTO INESQUECÍVEL!
O público prendeu a respiração. Silêncio. Então, o som metálico de passos pesados ecoou pelo chão da arena. Um homem surgiu, com um exotraje blindado ao corpo, as engrenagens chiando como se fossem prolongamentos vivos de suas articulações.
— KROOOOOAAAASK!!!
O rugido do arauto foi acompanhado por uma onda de gritos da multidão, que explodiu em frenesi.
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