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Capítulo 150 — O Retorno de Kroask
A arena tremeu com os gritos do público.
O nome Kroask ecoava como um trovão em cada canto do Coliseu, vibrando nas pedras e nos peitos dos espectadores. O guerreiro caminhava com passos firmes, o exotraje reluzindo sob a luz das lâmpadas amareladas.
Não era a primeira vez que aquele nome incendiava a multidão. Os príncipes se lembraram bem da última semana: Kroask residia na Cidade dos Corajosos, até ser desafiado por Morgan Ironfist na Ascenção e, após uma disputa dura, rebaixado de volta à Muralha Externa.
— Eu me lembro dele… — Helick murmurou, atento. — Foi aquele que resistiu mais tempo contra você, não foi?
Morgan cruzou os braços, sem disfarçar um sorriso.
— Exato. Teimoso como só um Órfão poderia ser. E vejo que desde então não perdeu tempo.
O exotraje que Kroask trajava não era o mesmo de antes. Os ombros agora traziam placas adicionais reforçadas, e dutos luminosos percorriam o peitoral, pulsando com energia estável. Nas pernas, novas articulações de metal o faziam mover-se com mais fluidez, menos pesado que antes.
Cassian se inclinou à frente do assento, a empolgação brilhando em seus olhos.
— Então ele voltou… mais forte.
— Mais preparado. — corrigiu Rhyssara, sem desviar o olhar. — E, talvez, mais perigoso.
Hermes, tomado pela vibração da multidão, ergueu as mãos aos céus e anunciou com sua voz inconfundível:
— SENHORAS E SENHORES! ELE JÁ FOI UM CORAJOSO! ELE JÁ DUELÔU CONTRA O IRONFIST! E HOJE… VOLTA À ARENA PARA RECLAMAR SUA GLÓRIA!!!
Um rugido ensurdecedor respondeu quando Kroask ergueu o braço coberto de metal, abrindo a mão fechada como quem esmagava o ar. O gesto simples fez os canos do traje liberar vapor pressurizado, como o suspiro de um monstro mecânico.
Hermes ainda não havia deixado a voz repousar quando ergueu novamente o braço, inflamando a multidão.
— MAS UM COLOSSO NÃO BRILHA SOZINHO! — bradou, o eco reverberando pelas colunas do Coliseu. — PARA ENFRENTAR O GUERREIRO QUE ALMEJA RETORNAR SUA POSIÇÃO NO IMPÉRIO… UM NOME QUE PODE FAZER A MURALHA TREMER!
As portas opostas da arena se abriram com estrondo. O silêncio que se seguiu durou apenas um sopro. Logo em seguida o público explodiu em aplausos e urros.
Um homem avançava, firme, no auge dos trinta anos. Sua pele negra reluzia sob a luz amarelada, e um bigode curvo lhe dava um ar imponente. Em cada braço, braceletes dourados gravados com runas brilhavam em sincronia, respirando mana viva.
— ELE QUEBRARÁ A ARENA COMO UM TERREMOTO, SE PRECISO FOR! — Hermes rugiu. — SENHORAS E SENHORES… TITÃ, O GIGANTE!
O lutador ergueu lentamente um punho fechado, e as runas em seus braceletes arderam em chamas douradas. O chão pareceu estremecer levemente quando ele bateu o pé contra a terra, arrancando um rugido coletivo da plateia.
Morgan estreitou os olhos.
— Embora Titã não seja o melhor dos lutadores, seu ARGUEM é realmente perigoso.
Rhyssara acompanhou a entrada com um olhar calculista, como se avaliasse o combatente mais do que o comum. E ela estava certa em fazer isso. Com a ameaça a espreita, cada humano que podia erguer os punhos poderia se tornar um trunfo se bem lapidado.
Cassian, com o coração acelerado, mal conseguiu conter o sorriso.
— Kroask contra Titã… isso vai ser bem empolgante!
Helick se ajustou no assento enquanto assentia para o irmão.
— Que tipo de poderes Titã tem? — perguntou o príncipe mais novo.
— Em breve você verá. — Suzano respondeu.
— LUUUUUUUUTEEEM! — Hermes berrou enquanto as trombetas que anunciavam o início do combate tocavam.
O Coliseu inteiro reteve o fôlego quando Kroask e Titã avançaram um contra o outro. Não houve dança de espera, não houve provocação: apenas a colisão inevitável de dois gigantes.
O exotraje de Kroask chiava, liberando jatos de vapor pelas articulações conforme ele disparava em frente. Titã, por sua vez, rugiu, os braceletes dourados incandescentes pulsando com força, cada passo reverberando como trovões.
O encontro foi no centro da arena. Dois punhos cerrados, dois mundos em movimento. Dois guerreiros gritando com força e fúria em direção ao outro.
O impacto soou como um canhão disparando, ecoando pelas muralhas do Coliseu. O chão se partiu sob seus pés, poeira e lascas de pedra voaram como estilhaços, e parte da plateia recuou instintivamente, protegendo os olhos.
Então, diante de todos, as runas de Titã brilharam com uma intensidade quase solar. Seu corpo se expandiu em um rugido primal, músculos se multiplicando, ossos se alongando, até que sua forma triplicou de tamanho. Ele se erguia agora como uma muralha viva sobre Kroask, sombras colossais de mais de seis metros de altura projetadas contra as arquibancadas.
Mas Kroask não cedeu. Os reforços do exotraje tilintaram, os pistões vibraram em harmonia, e mesmo contra um corpo três vezes maior, seu braço metálico permaneceu firme, segurando o peso e a fúria do Gigante.
O público explodiu em gritos, metade em êxtase, metade em descrença.
Do camarote, Cassian levantou-se, ofegante.
— Isso… isso é insano! — Tály falou também se levantando e vendo a colisão de forças.
Rhyssara, porém, manteve o olhar fixo, como se calculasse cada detalhe da cena.
Morgan cerrava o punho, quase acompanhando o embate como se fosse dele também.
No centro da arena, nenhum deles cedia. Dois colossos medindo forças, cada segundo prometendo que o próximo golpe poderia estremecer não só o Coliseu… mas a própria muralha.
Titã abriu um sorriso largo, mostrando os dentes brancos sob o bigode curvo, enquanto forçava contra o braço de Kroask.
— E não é que um reles Órfão conseguiu segurar um golpe direto com o peso da minha transformação? — zombou, a voz amplificada pela própria aura mágica que fazia o chão vibrar. — Só tente não quebrar muito fácil. A Imperatriz está observando… quero que ela veja o tamanho do meu poder e—
— Chega de conversa fiada. — Kroask interrompeu, o olhar duro por trás do visor reluzente. — Se quer provar alguma coisa, é só ascender entre as muralhas. Se ainda não fez isso… é porque sabe da própria incompetência.
Os olhos de Titã se arregalaram, e em seguida estreitaram em fúria.
— Mas que audácia! — rugiu, cuspindo saliva. — Vou te esmagar, seu órfãozinho de merda!
As runas nos braceletes queimaram como fogo vivo, e sua voz ecoou pela arena como a sentença de um deus.
— MAGIA COLOSSAL: TREMOR TECTÔNICO!!!
O chão inteiro tremeu como se a própria fundação do Coliseu fosse se despedaçar. Gritos surgiram das arquibancadas enquanto rachaduras se espalhavam em todas as direções, abrindo fendas no solo. Blocos inteiros de pedra se erguiam e depois caíam de volta como ondas sísmicas, tornando a arena um campo instável e caótico.
O público, dividido entre êxtase e medo, urrava com cada estalo das rochas.
Cassian agarrou o parapeito do camarote, com os olhos arregalados.
— Ele vai destruir a arena inteira!
Mas lá no centro, em meio ao caos e ao tremor, Kroask permanecia firme. Seu exotraje chiava com a pressão, amortecendo o impacto das ondas que tentavam lançá-lo ao ar. Ele não parecia sequer cogitar recuar.
Do camarote, Rhyssara observava em silêncio, o semblante fechado.
Morgan, por sua vez, murmurou quase para si mesmo:
— Vamos ver como você lida com isso, Kroask.
No centro da arena, Kroask mantinha-se firme, o corpo tenso como aço, mas o chão sob seus pés rangia e se partia, forçando-o a recuar com urgência e destreza.
— Vou fazer com que pague por suas palavras! — Titã rugiu, a voz reverberando como trovão. Seu punho, colossal e carregado de energia pelos braceletes, ergueu-se diante de Kroask, formando vórtices de vento que giravam como furacões prestes a devorar tudo em seu caminho. Cada movimento dele fazia o próprio ar rachar.
— Hora de testar essa belezinha. — Kroask respondeu com frieza.
Durante seu salto, ele puxou dois pinos presos às pernas de seu exotraje.
Num estalo metálico que ressoou pela arena, dois canhões de propulsão se ativaram. Chamas e energia azulada cortaram o ar enquanto Kroask se lançava aos céus, rasgando o horizonte com velocidade impressionante.
— Ele está…? — Redgar murmurou, a voz carregada de incredulidade, sem conseguir desviar os olhos do espetáculo.
— VOANDO!!! — Hermes explodiu em um grito eufórico, quase perdido na magnitude do momento. — KROASK ESTÁ VOANDO!!!
No instante em que Kroask cortava os ventos, o sol refletia em seu exotraje, transformando cada centímetro em uma aura sublime de poder. A arena inteira parecia prender a respiração, testemunhando o nascimento de um desafio que ultrapassava qualquer limite que um Órfão jamais conseguiu na história.
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