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Capítulo 156 — A Voz por Trás da Máscara
Os gritos da arena ainda reverberavam como trovões quando Helick e Cassian permaneceram em silêncio, imóveis em seus assentos. A multidão oscilava entre vaias e aplausos, mas nada disso importava tanto quanto a certeza que agora queimava no peito dos dois. Helick foi o primeiro a falar, a voz baixa e carregada:
— Não há mais dúvida… é ela.
Cassian não tirava os olhos da figura mascarada que desaparecia pelo portão dos corredores.
Um arrepio incômodo percorreu-lhe a espinha.
— A mesma mana… as mesmas ilusões. A assassina que nos atacou em Lyberion… e que também nos ajudou nas Montanhas de Patrock.
Helick ergueu-se de súbito, a cadeira arrastando-se para trás com um rangido seco.
— Precisamos interrogá-la! — a urgência inflou sua voz. — Temos que descobrir se ela fez algo com Any, Nastya ou Phill!
Rhyssara apenas assentiu, firme, e lançou um olhar rápido para Suzano. O guerreiro entendeu sem necessidade de palavras e partiu junto dela pelos corredores, na direção por onde a mascarada certamente passaria.
Os corredores da Arena dos Corajosos estavam clareados por arandelas com lâmpadas amareladas que se estendiam por toda a parede. O eco dos passos apressados de Rhyssara, Cassian, Helick, Suzano, Morgan e dos soldados se misturava aos gritos ainda retumbantes da multidão nas arquibancadas.
De repente, Suzano ergueu a mão, pedindo silêncio. Um vulto atravessava o fim do túnel que levava as ruas da Cidade dos Corajosos. Lá estava ela: a assassina mascarada.
— Espere aí! — Helick gritou.
A mulher olhou de soslaio para trás, sua expressão oculta pela máscara de lobrasa.
— Quem é você? O que fez com Any? — Redgar falou, o anel em seu dedo médio pulsando e brilhando em vermelho vivo, como a raiva que ele lutava para manter dentro de si.
Rhyssara deu um passo à frente. Depois outro. E mais outro. Sua coroa brilhava em vermelho intenso, como se estivesse viva. Aos poucos, o mundo ao redor começou a se desfazer, como fumaça ao vento, e ela mergulhou naquele reino mental onde a Coroa de Edgar comandava tudo.
A sua frente, onde a mente da assassina estava a seu alcance, uma Muralha Mental se ergueu em resposta.
Era como vinhas e caules espinhosos que brotavam do chão negro do mundo mental e cercavam o corpo e mente de Ananda, impedindo Rhyssara de ver o que estava por debaixo daquela máscara.
A imperatriz reconheceu que aquela defesa era de alguém que já havia praticado e evoluído muito para alcançar tamanha blindagem mental, tanto que a coroa demorou um segundo a mais do que ela esperava para ceifar cada vinha e cada espinho que protegiam a mente de Ananda, ou qualquer que fosse seu nome, isso não importava. Logo Rhyssara saberia tudo o que quisesse.
Mas quando Rhyssara finalmente destruiu aquela muralha e teve acesso a mente da mascarada uma risada ecoou entre a mente das duas.
“Hm-hm-hm.” A risada era contida, mas soava quase como um triunfo. “Olá Imperatriz BloodRose.”
Aquela voz não era da assassina, muito menos de uma mulher, mas sim de um homem. E Rhyssara sabia muito bem de quem tinha aquela voz.
“Olá, Blando.”
Os príncipes e os soldados apenas viam a cena das duas se encarando sem dizer uma palavra, pelo menos não no mundo físico.
— O que elas estão fazendo? — Helick perguntou a Suzano. — Porque Rhyssara simplesmente não destrói as defesas mentais dela e…
— Se acalme. — Suzano falou paciente. — Você está afobado de mais para seus padrões príncipe Helick. Observe, só que mais atentamente. Provavelmente você e seu irmão poderão ver algo que nós não podemos.
— Como assim? — Cassian parecia estar confuso, mas tinha uma vaga noção do que Suzano queria dizer.
— Vocês despertaram poderes mentais nos últimos dias, — Morgan falou — se se concentrarem poderão participar da conversa que elas estão tendo, isto se minha imperatriz permitir.
Os irmãos se entreolharam por um momento e assentiram um para o outro.
Então, os príncipes viram e ouviram a conversa que se desenrolava na mente da imperatriz.
“Agora entendi…” — a voz de Rhyssara soou firme, ainda que carregada de desdém. — “Ela não passa de uma espiã a seu serviço, não é mesmo, Traficante de Verdades?”
“Incumbida de uma missão que servirá a toda a raça humana, como todas as que eu ordeno.” A voz de Blando ecoava calma, quase arrogante.
“A custa de vidas, como sempre?” Rhyssara apertou os punhos.
“Apenas o mínimo necessário… para que a maioria sobreviva.”
Os olhos da imperatriz semicerraram. “Se sua mana está aqui, então seu corpo não deve estar distante…”
“Estou apreciando a Cidade dos Corajosos. Dizem que é a melhor de Ossuia para se viver… exceto, claro, a Cidade Central.”
“Impossível estar dentro da segunda muralha sem atravessar a arena.”
“Me parece bastante possível, na realidade.” A voz soava quase divertida.
O rubor da coroa em sua cabeça intensificou-se. “Corte essa conversa fiada. O que quer em Ossuia? E por que mandou essa mulher atacar os príncipes em Lyberion?”
“Não se faça de desentendida.” Houve uma breve pausa, como se ele estivesse saboreando o silêncio. “Já deve saber sobre o mapa.”
Rhyssara não respondeu. O silêncio dela foi confirmação suficiente.
“Pois bem. Eu queria as joias nas adagas deles. Assim, estariam livres do que está por vir, e eu encontraria o que o mapa indica sem a interferência da coroa lyberiana… ou da ossuiana. Mas aqui estamos. Sam realmente treinou aqueles garotos ao ponto de sobreviverem a possuidores de ARGUEM. Incrível, não acha?”
Os olhos de Cassian e Helick se arregalaram ao ouvirem o nome do capitão.
“Você sabe para onde esse mapa leva?”
“Não tenho certezas… apenas palpites. Mas, se eu estiver certo, o que ele revela mudará o rumo da guerra que se aproxima.”
“Então nos deixe seguir. Por que continuar atravessando nosso caminho?”
“Relaxe, Imperatriz. Por enquanto, deixarei que me conduzam até o mapa completo. E quando a hora chegar… decidirei se esses príncipes são dignos do fardo que a própria mãe deles lhes destinou.”
Rhyssara sentiu o coração acelerar. “Helena? O que você sabe sobre o papel dela em meio a isso tudo?”
A risada abafada de Blando ecoou novamente. “Sou um Traficante de Verdades, Imperatriz. E já lhe dei mais do que o bastante de graça. Quem sabe, no futuro, não me faça uma oferta justa para que eu conte o resto?”
E então… silêncio. A presença dele desapareceu.
A visão de Rhyssara voltou lentamente ao mundo físico, como se fumaça densa se desfizesse diante de seus olhos. A mascarada, imóvel até então, virou-se e caminhou rumo às ruas da segunda muralha.
— Ei, espere aí! — Marco deu um passo à frente, a mão já na arma.
Mas a mão de Rhyssara pousou firme em seu ombro, detendo-o.
— Deixe que vá. — Sua voz saiu fria, quase cortante. — Ela não será problema. Por enquanto.

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