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    Em um campo de grama rasa sobre terra fofa à beira do Rio Vida, passos corriam velozes.

    Tilintares de lâminas ecoavam entre grunhidos de esforço. A cada golpe das espadas gêmeas — tão semelhantes, mas tão diferentes — o ar parecia mudar de temperatura.

    Quando a lâmina azulada rompia o espaço entre seu mestre e o oponente, uma geada cortante fazia os ossos tremerem, uivando como um lobo sob a lua cheia.

    Quando a lâmina serrilhada, avermelhada, interceptava o golpe e contra-atacava, um assovio quente chamuscava o gramado, incendiando o chão sob os pés dos irmãos.

    Mais atrás, sentado num banco de madeira com almofadas confortáveis, um homem idoso saboreava calmamente seu chá ao lado de uma exuberante imperatriz de longos cabelos ruivos e olhar azul penetrante.

    — Mais rápido, Helick! — exigiu Rhyssara, o tom cortante como aço. — Um lobo precisa ser veloz em seus botes se quiser abater a presa de forma limpa.

    — Está mais agitada do que o normal hoje, minha imperatriz — comentou Suzano, erguendo a xícara num gesto contido.

    Rhyssara ajeitou a postura, pegou sua própria xícara e respondeu, fria:

    — Com o nível atual deles, duvido que sejam capazes de derrotar os adversários que escolhi. Quero que destruam suas seguranças, suas certezas. Que voltem a desejar evoluir, que se entreguem à arte da guerra ossuiana novamente. Isso será essencial quando a guerra começar.

    Suzano arqueou as sobrancelhas.

    — Sim, mas… se é esse o objetivo, por que pediu que usassem mana apenas quando as lâminas se chocassem? — perguntou com genuína curiosidade. — Se a intenção é aprimorar os reflexos e treinar o impacto, poderiam usar magia desde o início.

    Rhyssara pousou a xícara, fitando o campo com um sorriso breve, mas nervoso.

    — Eles irão enfrentar ARGENTECs e ARGUEMs que, em questão de poder bruto, não me preocupam, mas a forma como lutam, sim, pode ser um empecilho.

    Ela inclinou levemente o queixo, observando o brilho alternado das lâminas.

    — Helick é focado, concentrado… mas peca na iniciativa. Sempre reage antes de atacar. Quero mudar isso.

    Uma breve pausa, e o olhar dela se voltou para o outro irmão.

    — Já Cassian é o oposto: se apressa em incendiar tudo ao redor, mas não entende o que é uma defesa sólida.

    A imperatriz apoiou os dedos no braço da cadeira.

    — Com esse treino, quero que Helick aprenda o momento exato de liberar sua magia, o instante em que atacar é inevitável. E quero que Cassian aprenda a conter o fogo, a defendê-lo, a transformá-lo em escudo.

    Enquanto falava, Helick fintou fingindo atacar pela direita, mas cortou pela esquerda num giro gélido.

    Cassian cedeu um passo, mas inverteu as mãos na empunhadura e bloqueou o golpe com a lâmina em chamas.

    — Nunca cansa desses truques, hein? — provocou Cassian.

    — Que culpa tenho eu se você sempre cai? — retrucou Helick com um sorriso confiante.

    Do solo, vinhas de gelo rasgaram a terra e se enrolaram nas pernas de Cassian.

    Surpreso, ele vacilou e Helick avançou com outro golpe certeiro no tronco do irmão.

    As chamas de Cassian explodiram, derretendo o gelo. Num movimento perfeito de esgrima, ele girou a espada, desarmando o irmão e o empurrando com uma ombrada firme.

    Helick caiu na grama com um baque seco.

    — Droga… achei que tinha te pegado dessa vez.

    — Mais uma vitória pro irmão mais bonito. — Cassian sorriu, oferecendo-lhe a mão.

    Rhyssara observava de longe, satisfeita com o progresso.

    — Podem ir meditar e reforçar suas defesas mentais. — disse, erguendo-se com a elegância de sempre. — Vou ver como os outros estão.

    Com o chá terminado, partiu em silêncio pelos caminhos tranquilos da propriedade de Suzano.

    Em outro ponto da propriedade, ainda próximo ao casarão, um grito de fúria descontrolada ecoava como uma fera acorrentada.

    — Se controla, Red! — Marco gritou, recuando enquanto o companheiro de farda investia contra ele e Tály com força brutal.

    O anel em seu dedo ardia em um vermelho pulsante, como um coração prestes a explodir.

    Dentro de sua mente, um coro de gritos e risadas distorcidas o dilacerava.

    “MATE ELES! MATE ELES! ELES MERECEM! DEIXARAM NOSSA COMPANHEIRA PARA TRÁS! COMO OUSAM?! MATE ELES!!!”

    A voz de Raivoso dominava seus pensamentos. Redgar avançava em frenesi, distribuindo socos, saltos e chutes que rasgavam o campo, espalhando poeira e grama pelo ar.

    Marco se defendia como podia, a lâmina em mãos cortando o ar, mas mesmo quando atingia o corpo do amigo, o aço mal o arranhava.

    Tály tentava conter o avanço com golpes imbuídos de vento e fogo, mas cada impacto só parecia atiçar ainda mais a ira que consumia Redgar.

    À distância, Morgan IronFist observava, atento aos padrões erráticos do guerreiro tomado pela loucura. Os olhos dele seguiam cada movimento como quem estuda uma fera rara.

    Passos se aproximaram por trás, e uma voz firme quebrou o som da batalha.

    — Como vai aqui? — perguntou Rhyssara, aproximando-se com a serenidade de quem já esperava o pior.

    — Ele ainda não dominou a ira?

    Morgan negou com um leve movimento de cabeça.

    — Das sete, ele só controlou duas. Eu queria acrescentar pelo menos mais uma antes dos confrontos daqui a dois dias… mas essa é complicada. O trauma que ele sofreu ainda bebê o prende até hoje. — Deu uma risada breve, quase pesarosa. — Quase sinto pena.

    Rhyssara arqueou uma sobrancelha.

    — Quase? Então não sente?

    — Claro que não. — Morgan cruzou os braços, os olhos ainda fixos na destruição diante deles. — Se ele dominar essas sete facetas da própria mana, se tornará imparável.

    Um leve sorriso surgiu nos lábios da imperatriz.

    — Você parece empolgado demais para alguém comentando sobre o avanço de um guerreiro de Lyberion.

    Morgan retribuiu com um olhar curioso.

    — Fazer o quê? — respondeu Morgan, com um meio sorriso. — Essa é a magia mais peculiar que já vi. Seria um desperdício não querer ver até onde ele pode chegar.

    — E os outros? — perguntou Rhyssara, cruzando os braços.

    — Em teoria, Marco já está pronto para avançar sem grandes problemas. Na verdade, acredito que ele já tenha nível para lutar na Muralha Central. — Morgan ergueu um dedo, ponderando. — Mas isso só vale se o oponente for um usuário de magia. Como você pediu que ele enfrente um Órfão, vai ter que se virar apenas com as magias que já copiou.

    — A fama da versatilidade dele em replicar as magias dos inimigos já deve ter se espalhado. — Rhyssara suspirou, fitando o campo. — Se eu o colocasse contra um usuário de ARGUEM, aqueles parasitas de ferro diriam que ele só vence copiando, e que nunca teria chance contra um ARGENTEC. Não. Quero destruir o ego dos cidadãos de ferro.

    — Concordo — assentiu Morgan, divertido. — Um choque de realidade sempre é educativo.

    — E Tály? — a imperatriz perguntou, estreitando os olhos. — Espero que não esteja pegando leve.

    Morgan soltou uma risada curta.

    — Muito pelo contrário. Tenho sido bem… duro com ela. Mas a garota se adapta rápido. Ensinei alguns movimentos novos, e acredito que até o dia dos combates ela já estará no nível da Cidade de Ferro.

    Rhyssara arqueou uma sobrancelha, a voz carregando um toque de ironia.

    — Espero que esteja falando apenas da arte marcial.

    Morgan sorriu de canto, aquele tipo de sorriso que se faz antes de provocar.

    — E… em que mais eu falaria?

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