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Capítulo 166 — Antes do Ferro
O sol nascia no horizonte e, neste dia tão aguardado por tantas pessoas que poderia ter suas vidas mudadas tanto para bem quanto para mal, vencia as nuvens cinzas que privavam o solo da Cidade dos Corajosos do calor.
A luz entrou no quarto de Helick pela janela entreaberta, formando um faixo de luz em sua cama vazia.
Ele já havia se levantado e estava ajustando pequenos detalhes em seu conjunto azul que havia recebido de Leonardrick. Após alinhar a gola e as mangas longas que iam até o pão, ele prendeu a fivela que segurava seu ARGUEM, sua espada com dois lobos gêmeos e lâmina azulada, na cintura.
O jovem príncipe tinha suas preocupações com Nastya, a jovem jardineira que havia ganho seu coração a muito tempo, e ele pensava no que poderia ter acontecido com ela já que Any estava temporariamente desaparecida. Rhyssara havia entrado em contato com suas conexões que conseguem transmitir informações de uma muralha a outra e ninguém tinha pistas e ou vislumbre de onde se encontravam Any ou Nastya. Até mesmo Phill estava desaparecido.
Mas Helick sabia que seu foco tinha de ser chegar a Cidade Central, dentro da última muralha de Ossuia, onde finalmente chegaria onde sua visão nos jardins de Lyberion haviam indicado.
Rhyssara havia alertado que a oponente que ele havia desafiado, a tal Celina era uma das mais poderosas da Cidade de Ferro e símbolo da força de um verdadeiro ARGENTEC.
O jovem lembrava das palavras da Imperatriz.
“Em relação a níveis de poder, vocês já tem nível para pisarem na Cidade Central, mas não sabem como usa-lo em seu potencial máximo.”
As palavras da Imperatriz ecoavam em sua mente. Helick fechou os olhos por um instante, respirando fundo. Custe o que custar, ele enfrentaria Celina, abriria caminho até a Cidade Central e voltaria para garantir a segurança de Nastya, Any e Phill.
Mas se o Traficante de Verdades tivesse sequer tocado um fio de cabelo dela…
Um arrepio percorreu-lhe a espinha, fazendo a mana em seu corpo vibrar com um frio cortante.
Não era mais hora de pensar.
O sol já se erguia com o passar das horas, chamando-o para fora.
Helick segurou a maçaneta de ferro arredondada, girou-a lentamente e deixou o quarto para trás.
No quarto ao lado, o sol também atravessava as janelas, e a luz incidiu direto sobre os olhos ainda fechados de Cassian. Ele resmungou, rolando para o outro lado, mas uma batida firme na porta o fez abrir um olho.
— Vem comer logo, Cass. Saímos em uma hora. — a voz de Helick soou antes que os passos se afastassem pelo corredor.
Cassian soltou um suspiro. Havia ficado acordado até tarde, tentando compreender o poder mental que ele e o irmão pareciam ter despertado após o treinamento contra o Kraken. Desmaiara de cansaço, com a espada ainda repousando sobre o colo.
Ele pensou em testar se conseguiria alcançar a mente de alguém distante, talvez alguns cômodos adiante, onde ficavam três camas… para quatro pessoas.
Cassian estreitou os olhos.
Morgan certamente não passaria todos aqueles dias dormindo no chão. E se ele tentasse se deitar com alguém em específico…
De repente, o lençol que Cassian segurava com força começou a exalar um leve cheiro de fumaça.
— …Merda. — murmurou, soltando o tecido.
Levantou-se, espreguiçando-se nu, como de costume, detestava dormir vestido, mesmo no frio. Vestiu o conjunto vermelho que, assim como o de Helick, havia recebido de Leonardrick, ajustou o cinto e prendeu a bainha à cintura. Por fim, observou sua espada: a lâmina serrilhada avermelhada, o punho dourado em forma de cabeça de águia, e as asas abertas que pareciam ansiar pelo combate.
— Vamos lá. — disse, saindo do quarto.
O corredor o levou até o salão onde o café era servido. A mesa redonda estava repleta de pratos típicos ossuianos, sucos e refrigerantes, mas duas cadeiras permaneciam vazias: Tály e Morgan ainda não haviam descido.
— Bom dia, príncipe Cassian. — cumprimentou Kadia, servindo pães de trigo com queijo derretido.
— Bom dia. — ele respondeu, sentando-se.
Rhyssara estava do outro lado da mesa, com uma xícara de chá em uma mão e uma carta aberta na outra. O selo de cera bege, bordado a ouro, denunciava sua origem: Lyberion.
Helick, que se servia de um prato de massa esticada em linhas suculentas com carne e molho vermelho saboroso, ergueu o olhar.
— Notícias de casa?
— Sim. — respondeu Rhyssara, sem desviar os olhos do papel. — Parece que os engomadinhos do seu reino não abrem mão da burocracia nem em tempos de guerra. Uma carruagem transportando criminosos ao Deserto dos Condenados passará por nosso território, evitando a costa. E, claro, exigem um relatório sobre o estado dos “jovens príncipes”.
Cassian deu uma risada curta.
— Imagina se a gente responde dizendo que a Imperatriz nos fez desafiar os mais poderosos guerreiros de uma cidade onde o ego é maior que a torre mais alta do Palácio de Ouro.
Helick também riu, balançando a cabeça.
— Gostaria de saber como andam as coisas por lá…
Antes que Rhyssara respondesse, passos soaram na escada. Morgan e Tály desceram lado a lado, ele, com a blusa vermelha entreaberta e calças de bolsos largos; ela, vestida com sua armadura prateada reluzente.
O olhar de soslaio de Cassian para eles foi o suficiente para Morgan abrir um sorriso satisfeito.
— Seria melhor se perguntarem o que os aguarda daqui a algumas horas. — disse Morgan, sentando-se ao lado de Suzano.
— Verdade. — comentou o velho anfitrião. — As arenas da Cidade de Ferro costumam ser mais cruéis do que todas as outras, até mesmo que as da Muralha Central.
Rhyssara pousou a xícara, levantando-se com elegância.
— Então se alimentem bem. Saímos em vinte minutos. — Ela deu um meio sorriso. — Vou escrever ao rei de Lyberion que seus filhos terão sorte se voltarem inteiros.

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