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    O elevador descia por uma tubulação de material transparente como vidro, porém resistente como aço. Os príncipes enchiam os olhos com o espetáculo que se desenrolava ao redor. As colossais arenas interligadas cresciam à medida que se aproximavam, como titãs adormecidos sob o solo.

    O farfalhar das folhas na arena flutuante mais alta soava como o sussurro de passos pesados e relinchares distantes, criaturas ocultas nas sombras da mata.

    Logo abaixo, o calor aumentava até o ar parecer arder; o suor escorria pelas têmporas dos lyberianos enquanto o magma jorrava das fendas da arena de fogo.

    — Que calor… — murmurou Tály, ofegante.

    Sua armadura reagiu de repente, emitindo um breve lampejo azul. Runas se acenderam sob o metal, neutralizando o calor em seu corpo.

    Ela ergueu uma sobrancelha.

    — A armadura… reagiu sozinha.

    Helick puxou alguns centímetros de sua lâmina, e uma brisa gélida varreu o elevador, congelando o ar ao redor. O alívio foi imediato.

    — Obrigado, príncipe Helick — disse Marco, respirando fundo. — Nem quero saber como conseguem manter um vulcão ativo aqui.

    — É melhor não saber mesmo — Morgan riu. — Mas vai descobrir logo.

    Aos poucos, o calor extremo cedeu ao frio cortante. O ar branco e seco começou a morder suas peles, e o vapor escapava das bocas.

    — Ei, Helys! — Cassian protestou, os dentes batendo. — Quer congelar a gente, é isso?

    — Ah, foi mal — Helick respondeu, recuando a lâmina. — Nem havia percebido.

    Mas o frio não cessou e logo perceberam o motivo: a arena seguinte surgia diante deles, um império de gelo e montanhas congeladas sob uma nevasca constante.

    Cassian suspirou, pondo a mão esquerda no cabo da espada em sua cintura e produzindo uma chama na palma da outra mão.

    — Já sei onde isso vai dar…

    Minutos depois, o elevador parou diante de um corredor iluminado por letreiros de néon e painéis vibrantes. Nas paredes, incontáveis quadros se alinhavam cada um com inscrições e assinaturas antigas.

    “Vivi mado cervisso oje!” — Estava escrito em um quadro com a caligrafia particularmente difícil de se compreender pela falta de traços retos e alguns erros de ortografia. No final um número aparecia e do lado dele um nome: 118, Jhym.

    “Jhin, aquele pirralho fofoqueiro, perdeu tempo de novo dando esses quadros eternos para todo mundo espalhar fofoca!” — Este estava com tudo escrito certo, porém a letra era um garrancho definitivo. E mais uma vez um número e um nome marcava o final: 120, Viviane.

    “Nossas anotações viverão para sempre com essa fusão de Cristais Negros e a magia de Jhin!” — Agora a letra era bonita e de fácil entendimento. No final estava escrito: 347, Ana.

    “O maluco não sabe escrever nem o próprio nome direito, mas é capaz de fazer uma magia tão absurda dessas. Claro que quem ler isso no futuro vai achar que é só um quadro bobo, mas…” — O autor parecia não ter terminado a frase porque o espaço no quadro havia acabado, mas ele não deixou de assinar. 390, Walvir.

    Incontáveis quadros se erguiam pelas paredes do corredor e foi aí que eles perceberam que eles iam desde aquele corredor até a superfície lá em cima, no nível da rua da Cidade dos Corajosos.

    — O que são esses quadros? — Redgar perguntou.

    — A, isso? São algumas das anotações das pessoas que passaram dois séculos para concluir a arena a quase oitocentos anos atrás.

    — A conclusão da construção da arena foi no segundo século pós escravidão da nossa raça? Como isso pode ter durado tanto tempo? — Tály se viu perguntando.

    Helick e Cassian sentiam uma pequena essência mágica vinda de cada quadro, cada um deles com a mesma assinatura de mana característica, mas com suas essências diferentes. Era como se a mana segurasse a essência de várias pessoas.

    — Foquem no que está na nossa frente agora. — Rhyssara disse parando de andar.

    O grupo que olhava para os lados lendo os vários quadros focou o olhar para frente.

    Várias pessoas estavam aguardando na frente de um enorme portão de ferro fundido que isolava eles do frio gélido da primeira construção monumental de gelo que ficava do outro lado.

    Redgar observou que após aquele portão, nas laterais em espirais ao redor das arenas flutuantes, arquibancadas se erguiam com uma multidão fervorosa e ansiosa.

    No centro, uma mulher se destacava em um palanque flutuante: pele branca, cabelos loiros volumosos, um sorriso selvagem e um tapa-olho sobre o olho esquerdo. Seu braço direito era metade carne, metade máquina.

    — BOM DIA, FÃS DA ARENA DE FERRO!!! — Sua voz rugiu pelos amplificadores, ecoando por toda a cratera. — Estão prontos para mais um dia de lutas, suor, sangue e glória?!

    A multidão respondeu em uníssono, vibrando como um trovão.

    — Aquela ali é o Hermes daqui? — Cassian perguntou erguendo uma sobrancelha, seu olhar analítico medindo cada curva e silhueta.

    Seu pensamento foi rápido e instintivo — “Seios fartos, belo quadril e algumas marcas de expressões revelam ser mais madura. Deveras interessante.”

    Helick por sua vez analisava seus arredores. As presenças ali, as manas eram grandes e poderosas, sem dúvidas a elite da Cidade dos Corajosos. E os que não possuíam mana portavam maquinários e equipamentos que não deixavam dúvidas de serem ARGENTECs. O príncipe mais novo sentiu uma mana familiar entre a multidão, mas assim que tentou encontrar a pessoa de mana conhecida a apresentadora voltou a falar chamando sua atenção.

    — Eu me chamo Sue, e serei a locutora desta Corrida de Ascensão à Cidade de Ferro! — anunciou, com um brilho enlouquecido no olho violeta. — Agora, para os novatos e estrangeiros, explicarei como tudo funciona.

    Diferente da Arena dos Corajosos, onde ocorrem combates de um contra um, aqui, na Arena de Ferro, é uma batalha total — todos contra todos — com um único objetivo: chegar ao topo vivo e atravessar o portão que leva à Cidade de Ferro.

    Ela ergueu o braço mecânico e sorriu, debochada.

    — Simples, não é?

    A plateia rugiu em risadas e aplausos, como se tivesse ouvido uma piada deliciosa.

    — Mas é claro que não seria tão fácil assim. — Sue prosseguiu, a voz ecoando pelos amplificadores. — Além de sobreviver às três arenas flutuantes e às criaturas selvagens que habitam nelas, vocês também terão de lidar com os desafiados, aqueles que vocês mesmos convocaram e que estarão escondidos, esperando o momento perfeito para o bote.

    Ela inclinou a cabeça, um sorriso torto dançando em seus lábios.

    — É claro que, se quiserem, eles também podem caçar outros competidores… só por diversão.

    A multidão explodiu em êxtase.

    — Então, espero que tenham escolhido com sabedoria quem convidaram para esta arena. Boa sorte… vocês vão precisar!

    Marco engoliu em seco.

    — Isso é sério…? É praticamente uma guerra sem regras! E você nos fez desafiar uns caras bem fortes!

    Rhyssara respondeu, sua voz calma e cortante:

    — É exatamente isso. Quando alguém desafia outro nesta arena, deve levar em conta o impacto que esse embate teria em um cenário real de guerra. Cada arena foi construída para aprimorar o instinto de sobrevivência e a mente estratégica do povo. Para ascender… — ela ergueu o olhar para a muralha colossal — …é preciso saber raciocinar e reagir em meio ao caos.

    Ela então estendeu a mão, e um murmúrio antigo escapou de seus lábios:

    — Ue ocovnoc o etneserp euq em iof odad.

    As palavras em língua anã ecoaram como metal riscando pedra. Num instante, o ar ao redor dela brilhou, as roupas simples se dissolveram em luz ofuscante — Cassian lutou para manter os olhos abertos, mas falhou miseravelmente.

    No lugar da blusa e calça de couro, uma armadura carmesim se formou, o metal pulsando com calor e poder. O colar de rubi em seu pescoço brilhou intensamente, refletindo nas ombreiras douradas e nas manoplas que se materializavam em suas mãos. Uma capa vermelha desceu por suas costas, tremulando com a corrente de mana que envolvia seu corpo.

    Por fim, um gesto e seu cajado surgiu, o rubi flutuando entre o arco dourado na ponta, iluminando tudo ao redor com uma luz rubra e reverente.

    Então ela também possuía uma armadura anã, não era de se espantar. O que era de se espantar de fato, era o fato dela julgar necessário se equipar.

    Até Rhyssara, a Imperatriz de Ossuia, não ousaria entrar naquela arena levianamente.

    — Isso vai ser um ótimo teste. — Morgan disse, ajustando os Demolidores nos punhos; o som metálico do encaixe ecoou como um prenúncio. — Ue ocovnoc o etneserp que em iof odad.

    Um brilho vermelho envolveu Morgan e suas roupas tradicionais foram substituídas pela clássica armadura vermelha ossuiana, com a diferença nas duas ombreiras lupinas de olhos dourados que adoravam seus ombros. Uma elegante capa vermelha também caiu em suas costas.

     — Vamos ver como se sairiam se dragnaros e elfos nos atacassem hoje, e a guerra começasse de verdade.

    Antes que alguém respondesse, o rugido dos portões interrompeu o grupo.

    O vento gélido da primeira arena invadiu o corredor, cortando como lâminas finas e levantando a poeira congelada do chão.

    Sue levantou o microfone, o sorriso se transformando em um grito quase divino:

    — AVANCEM!

    A voz dela se multiplicou por toda a cratera.

    — Apenas aqueles que desejam superar seus próprios limites! Aqueles que se recusam a ser apenas carne passageira neste mundo! AQUELES QUE QUEREM SER IMORTAIS COMO O FERRO!

    A multidão respondeu em êxtase, e a Arena de Ferro tremeu.

    O desafio havia começado.

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