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    Com a abertura do portão espesso de ferro fundido, uma rajada de ar gélido varreu a entrada espalhando neve sobre o pé dos que aguardavam junto de ventos cortantes em todas as direções.

    Por um breve instante, os desafiantes ficaram imóveis diante da vastidão branca que se revelava, o início da corrida de ascensão.

    — Espera aí… — um homem de cerca de vinte e sete anos gritou, em um surto nervoso. — Quer dizer que não importa se eu desafiei o mais fraco da Muralha de Ferro… eu vou ter que lutar e sobreviver também contra o que os outros desafiaram?!

    Um murmúrio de pânico se espalhou. Olhares se cruzaram, e passos recuaram na neve.

    — Eu ouvi que a ThunderBlade foi desafiada… — disse uma participante, indignada.

    — O quê?! — outra respondeu, quase em desespero. — Quem foi o lunático?

    Enquanto o burburinho crescia, o grupo dos príncipes se entreolhou em silêncio.

    — Isso não é bom — murmurou Marco. — Se entrarem em pânico antes mesmo de começarmos, estamos perdidos.

    — Sim. — Rhyssara assentiu. — Geralmente os desafiados querem encerrar tudo rápido, só para voltar à Cidade de Ferro. Não perdem tempo procurando quem os chamou. Apenas eliminam o que veem pela frente.

    Redgar coçou a cabeça e olhou para a imperatriz:

    — Mas o que isso muda? Se o título de imperador é dado ao mais poderoso de Ossuia… só você já não seria o suficiente para nos levar até a Cidade de Ferro?

    Rhyssara lançou-lhe um olhar reprovador.

    Tály, percebendo o peso daquele olhar, interveio:

    — O ponto não é esse, Red. Lembra o que ela disse? A imperatriz quer causar um impacto. Mostrar o que significa ascender. Se ela simplesmente nos carregar, o efeito se perde.

    Cassian deu de ombros, num meio sorriso, ameaçando dar um passo para frente.

    — Se é pra complicar, então vamos complicar.

    — Não, esperem. — Rhyssara o interrompeu, firme. — Vocês não sobreviveriam se avançássemos sozinhos. Não sabemos quem pode surgir como desafio, e enquanto esse grupo não se alinhar como um único pelotão… não há como cumprir o que pretendo.

    — Então motive-os. — Helick cruzou os braços. — Dê a eles a segurança de estar ao lado da imperatriz.

    — Infelizmente, não é assim que funciona. — Morgan respondeu por ela. — A imperatriz é a mais poderosa entre todos aqui, e por lei, quando o imperador entra na arena, é proibido de ajudar qualquer um a avançar.

    Marco soltou um suspiro pesado.

    — Aí deu merda de vez.

    Antes que alguém respondesse, um estouro ensurdecedor ecoou pela arena. Um clarão cortou o ar, e uma voz grave se ergueu acima do caos:

    — SE ACALMEM! — gritou um homem de mão erguida. — Me chamo Isaac, me escutem!

    O silêncio se espalhou entre todos.

    Os ventos, antes ensurdecedores, pareciam se curvar à voz do homem que agora caminhava até o centro.

    Isaac tinha pele pálida como o ferro polido e cabelos escuros curtos. Um grimório de capa metálica flutuava diante de sua mão aberta, as páginas virando sozinhas, cintilando em tons azulados, como se respirassem junto a ele.

    — Escutem… — sua voz soou calma, mas firme, reverberando por toda a arena como um eco controlado. — Nenhum de vocês está aqui para sucumbirem a covardia. Acima de tudo ainda somos aqueles que os outros chamam de “corajosos”, não é?

    Os murmúrios cessaram. Todos pareciam sentir algo que não sabiam explicar. Uma leve pressão no ar, como se a presença de Isaac aquecesse o peito e estabilizasse o medo.

    — Não importa quem desafiou quem. — Ele ergueu o braço, e o grimório girou lentamente, exalando um vapor branco que se misturava à neblina. — Estamos todos presos no mesmo campo, diante dos mesmos deuses que assistem lá de cima, esperando ver quem cairá primeiro.

    A cada palavra, o som de seus passos ecoava pesado, compassado. O vento gélido parecia ceder espaço à sua voz.

    Alguns desafiantes que tremiam começaram a respirar mais fundo.

    — Se a ThunderBlade está aqui, que venha. Se o próprio aço das muralhas tomar forma e descer pra lutar, que venha também. — Um leve sorriso cruzou seus lábios. — Porque não é o nome do inimigo que define a vitória… é a derrota dele!

    O grimório abriu-se por completo, e linhas brilhantes correram pelo chão gelado, formando runas que bruxuleavam sob os pés dos desafiantes. Ninguém questionou. Ninguém se moveu. Mas a sensação era clara: o ar tornara-se mais leve, a respiração mais fácil, o medo… mais distante.

    — Somos a fagulha que ascende do ferro. — Ele fechou o punho, e as runas brilharam uma última vez antes de desaparecer. — Que o frio nos prove, que o aço dos ARGENTEC fira nossos inimigos, e que a mana dos ARGUEM os destruam.

    Um coro de vozes respondeu sem que ninguém desse o comando.

    Gritos de motivação, lâminas erguidas, passos firmes.

    O caos se dissipou, substituído por uma energia coletiva, como se a arena de ferro pulsasse junto a eles.

    Rhyssara observava em silêncio, o olhar atento.

    Morgan murmurou baixinho, quase para si:

    — Era isso que faltava.

    Isaac respirou fundo e, sem olhar para trás, anunciou:

    — Que a corrida comece.

    Por um instante, ninguém se moveu. O eco das últimas palavras de Isaac ainda flutuava no ar como um feitiço invisível.

    Então, o som de um único passo quebrou o silêncio, o som do próprio Isaac avançando.

    Em seguida, um segundo passo, depois outro, e outro.

    O chão metálico em meio a neve da arena retumbou como um tambor de guerra.

    Em poucos segundos, a hesitação desapareceu.

    Os desafiantes começaram a correr.

    Primeiro em pequenos grupos, depois em fileiras improvisadas, e por fim, como um único exército, unificado pelo mesmo instinto.

    O vento congelante rasgava os rostos, mas a sensação de frio parecia ter desaparecido.

    As runas que antes brilhavam sob os pés de todos tinham sumido, mas o eco do mana de Isaac ainda vibrava na pele, como se o próprio ar tivesse sido moldado para empurrá-los para frente.

    As botas esmagavam a neve endurecida, e o som metálico das armas e armaduras ecoava como um coro ritmado, quase hipnótico.

    O ar vibrava de determinação.

    Rhyssara observava tudo com um sorriso satisfeito, seus olhos azuis refletindo a multidão em movimento.

    — Ele os transformou em uma única lâmina. — Murmurou, a voz carregada de aprovação e orgulho contido.

    Era isso que ela queria que Ossuia representasse.

    O grupo dos príncipes avançava junto, mantendo-se coeso como uma unidade treinada.

    Ao cruzarem o arco que delimitava a primeira arena, o primeiro choque veio: um frio cortante que parecia atravessar as armaduras e cravar-se nos ossos.

    A neve se espalhava por todo o solo, e no alto, um céu artificial rugia com nuvens espessas, cuspindo flocos incessantes que cintilavam sob a luz azulada dos cristais suspensos nas bordas da arena.

    — Vamos avançar! — gritou um dos desafiantes à frente, a voz firme cortando o vento. — A passagem para a próxima arena fica depois da montanha, bem no centro!

    Os desafiantes corriam como um verdadeiro pelotão, o chão tremendo sob a marcha sincronizada.

    Mas a harmonia se quebrou quando uma figura solitária surgiu no horizonte branco, parada, imóvel, como uma estátua no meio da tempestade.

    Um homem negro, careca, de barba espessa, trajando um sobretudo branco e luvas azuis, observava-os em silêncio.

    Sua presença, serena e firme, era tão fria quanto o vento que soprava dali.

    — Quem é aquele cara? — perguntou um dos desafiantes, sem reduzir o passo.

    — Seja quem for, já estava aqui dentro — respondeu outro, desembainhando a lâmina. — É um dos cidadãos da Cidade de Ferro. Um dos desafiados. Vamos acabar com ele!

    O vento soprou mais forte, levantando redemoinhos de neve ao redor do homem solitário. Ele ergueu lentamente o olhar, e o brilho gélido que emanou de seus olhos fez o ar congelar ao redor. Nenhuma palavra foi dita, mas todos entenderam. A corrida pela sobrevivência havia começado, e o inferno branco acabara de despertar.

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