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Capítulo 17 — Controle
Algumas horas antes, nas muralhas de Lyberion, soldados e vigias corriam de um lado para o outro. Pessoas de toda parte do continente não paravam de chegar ao reino para testemunhar o despertar do príncipe herdeiro.
Guardas altamente treinados faziam revistas nas carruagens e nas pessoas que vinham a pé para o reino. Era um trabalho de extrema importância garantir que nenhuma ameaça entrasse pela porta da frente. Embora a responsabilidade fosse grande, o trabalho em si era tranquilo.
As revistas seguiam um padrão rigoroso. Carruagens eram inspecionadas meticulosamente, suas cargas verificadas e os passageiros questionados. Os pedestres eram obrigados a passar por várias camadas de segurança, onde cada bolsa e saco eram vasculhados, e cada documento era examinado com cuidado.
Quem comandava as muralhas naquela noite era a Mão do Rei, Agnus Havilfort. Suas costumeiras roupas luxuosas deram espaço para a armadura tradicional lyberiana, com algumas customizações de couro de búfalo-javali em suas dobras. Na cintura, um manto de couro estava amarrado e, nas costas, uma capa de pelagem animal pesada o aquecia.
— Aumentem a vigilância nas torres leste e oeste! — ordenou Agnus. — E alguém traga mais mantimentos para os vigias do turno da noite.
Enquanto isso, em uma das torres de observação, dois jovens soldados, Erik e Liana, discutiam sobre a cerimônia do despertar.
— Você acha que vai ser grandiosa como dizem? — perguntou Liana, ajeitando seu elmo.
— Sem dúvida — respondeu Erik, olhando para a multidão que se formava além das muralhas. — É o príncipe Cassian, afinal. Todo mundo quer ver como será o seu ARGUEM.
— E você acha que ele está pronto? — Liana questionou, com uma pitada de ceticismo na voz.
Erik deu de ombros.
— Não sei. Se ele for tão bom de política como é com as mulheres e festas, estaremos bem servidos. — Riu Erik.
De volta ao portão principal, uma figura encapuzada se aproximava da entrada, caminhando com um propósito. Os guardas a observaram com desconfiança enquanto ela se aproximava.
— Pare! — ordenou Agnus de cima.
A figura usava um manto vermelho cor de brasa, uma cor que lembrava Agnus da visita mais aguardada de Lyberion, e o motivo disso tudo.
O irmão de Aquiles desceu as escadarias da muralha às pressas para revistar o indivíduo pessoalmente.
— Identifique-se — ordenou a Mão do Rei.
A figura ergueu as mãos em um gesto de rendição, revelando um pergaminho antigo.
Agnus abriu o papel surrado e leu:
“Anuncio que a Grande Imperatriz de Ossuia, Rhyssara BloodRose, se aproxima. Recomendo que todos tomem cuidado com a língua e com os olhos. Não importa o local da presença da Lady BloodRose, ela exige ser tratada de forma apropriada à sua posição.”
Agnus riu quando terminou de ler a carta.
— Que audácia. Pois bem, mensageiro, não se preocupe com nada. Quem receberá a Imperatriz serei eu mesmo. Agnus Havilfort, a Mão do Rei de Lyberion.
Agnus Havilfort se posicionou diante do portão principal, sua figura imponente em armadura reluzente refletindo a luz das tochas. Ele deu um aceno rápido, e os guardas abriram os portões com um rangido pesado. Lá fora, uma procissão de soldados ossuianos apareceu, uniformes impecáveis em um mar de vermelho profundo, marchando em perfeita sincronia.
No centro da procissão, uma carruagem negra com detalhes em ouro se destacava. As rodas eram adornadas com pedras preciosas, cintilando sob a luz. Quatro cavalos negros como a noite, com crinas trançadas em fitas vermelhas, puxavam a carruagem com uma majestade impressionante.
Os soldados de Lyberion assistiram em silêncio reverente enquanto a carruagem avançava, abrindo-se suavemente para revelar Rhyssara BloodRose. Ela desceu com a graça de uma rainha. Em seus cabelos vermelhos como o sangue, fluindo como uma cascata sobre os ombros, descansava uma coroa fina de diamante negro com pedras preciosas. O vestido que usava era um esplendor de seda vermelha e negra, bordado com fios de ouro e adornado com rubis. Em sua mão direita, um cetro dourado com marcações rúnicas revelava mais um sinal de poder. Cada movimento seu parecia coreografado, irradiando uma aura de poder e autoridade inquestionáveis.
Ao pisar em solo lyberiano, Rhyssara levantou o olhar e seus olhos azuis profundos varreram o ambiente. Ela carregava uma presença que parecia fazer o ar ao seu redor vibrar. Os guardas de Lyberion não puderam evitar se endireitar um pouco mais, tomados pela imponência da imperatriz.
Agnus deu um passo à frente, inclinando-se levemente em um gesto de respeito.
— Imperatriz Rhyssara BloodRose, é uma honra recebê-la em Lyberion. — Sua voz era firme, mas carregava um tom de deferência.
Rhyssara observou Agnus por um momento antes de responder, sua voz suave, mas carregada de uma força incontestável.
— A honra é minha, Mão do Rei. Espero que Lyberion esteja pronta para o grande evento. — Seus olhos brilhavam com um misto de curiosidade e desafio.
Agnus sorriu, inclinando a cabeça em concordância.
— Estamos preparados, imperatriz. Tudo está em ordem para o despertar do príncipe Cassian.
Rhyssara deu um leve aceno, seus olhos ainda avaliando cada detalhe ao seu redor.
Os soldados lyberianos em volta não sabiam se admiravam a imponência ou a beleza da mulher. Sua pele clara parecia refletir a luz prateada do luar, e seus olhos azuis como o céu no dia mais lindo do verão atiçavam a cobiça dos homens.
— Cassian, não é? — falou Rhyssara, interessada. — Esse é o nome da próxima pedra em meus sapatos nas próximas décadas?
Agnus apenas respondeu com um aceno e um sorriso discreto, mas por dentro cada nervo seu borbulhava com a arrogância da mulher.
— Bem, minha escolta ficará do lado de fora das muralhas, e apenas alguns dos meus capitães seguirão comigo para dentro do reino. Espero que o rei tenha separado um bom quarto para mim e meus servos no famoso palácio de ouro.
Agnus subiu em um dos cavalos que estavam a postos junto a um grupo de soldados lyberianos.
— Me siga, por gentileza, Vossa Majestade Imperial.
Rhyssara subiu de volta à sua carruagem com a graça e dignidade de uma verdadeira imperatriz, acompanhada de quatro de seus soldados ossuianos. Agnus, montado em um dos cavalos lyberianos, guiou o grupo em direção ao palácio.
A carruagem se movia suavemente, as rodas oleadas quase não faziam barulho sobre as pedras do caminho. Os soldados ossuianos cavalgavam ao lado, vigilantes e atentos a qualquer sinal de perigo. A noite estava calma, e a lua cheia iluminava o caminho com um brilho prateado.
Após algum tempo de cavalgada, Rhyssara notou que estavam se afastando da rota direta ao palácio. A estrada começou a se desviar para um caminho mais a oeste, que definitivamente não levaria a soberana ao seu destino esperado.
Rhyssara bateu levemente no teto da carruagem, sinalizando ao cocheiro para parar. Ela saiu com um movimento fluido, seus olhos azuis fixos em Agnus.
— Mão do Rei, posso perguntar para onde estamos indo? — A voz dela era calma, mas carregada de uma nota de advertência.
Agnus parou o cavalo e se virou para encará-la, seu rosto impassível.
— Imperatriz, peço desculpas pelo desvio, mas o rei pediu que a levássemos primeiro ao salão de recepção privado. Ele deseja ter uma audiência com você antes da cerimônia no palácio — explicou Agnus, mantendo a compostura.
Os olhos de Rhyssara estreitaram-se ligeiramente, avaliando a situação. Ela desceu os dois pequenos degraus do veículo em que estava e caminhou majestosamente em direção a Mão do Rei, seus saltos fazendo um som agudo enquanto tocavam o solo de pedra branca. Os soldados lyberianos observavam a cena com crescente tensão, endireitando-se ainda mais ao sentir a pressão da presença da imperatriz.
— Entendo, Agnus. — Ela respondeu, sua voz ainda calma, mas com uma firmeza inabalável. — No entanto, devo deixar claro que é uma afronta não me receber diretamente no palácio de Lyberion.
Ela fez uma pausa, seus olhos fixos em Agnus, seu olhar carregado de autoridade.
— Se o rei Aquiles tem algo que deseja discutir comigo, ele pode muito bem fazê-lo no palácio, onde é apropriado para uma soberana como eu. Exijo que me leve ao palácio imediatamente. — A voz de Rhyssara tinha agora um tom de comando inquestionável, deixando claro que não toleraria mais desvios ou desculpas.
Agnus manteve a compostura, mas sua expressão endureceu.
— Imperatriz, peço desculpas, mas essas são ordens diretas do rei. Aquiles insiste que a senhora vá ao salão de recepção privado primeiro — disse ele, com uma nota de firmeza na voz.
Rhyssara ergueu uma sobrancelha, um sorriso frio curvando seus lábios.
— Entendo. Aquiles não é tolo. Ele sabe muito bem que eu jamais ficaria em qualquer outro lugar que não fosse o palácio de ouro. Então, por que ele daria uma ordem direta como essa? — falou, levando os dedos da mão direita ao queixo. Ela parecia se divertir com a situação. — Será que Aquiles quer testar se eu trouxe o tesouro do império comigo e se o seu homem mais poderoso seria capaz de resistir a ele?
Uma expressão confusa tomou conta do semblante de Agnus.
Rhyssara ergueu a cabeça com orgulho, e um brilho dourado e negro começou a irradiar da coroa que descansava sobre seus cabelos vermelhos: um ARGUEM.
— Provarei o que a realeza de Lyberion deseja saber — disse ela, sua voz suave, mas carregada de poder. — Ajoelhe-se, Agnus.
Apesar de sua vontade, Agnus sentiu seus joelhos cederem, obrigando-o a se ajoelhar diante dela. Seu rosto se contorceu de confusão e frustração.
— O que… o que está acontecendo? — ele começou a dizer, mas as palavras foram interrompidas quando Rhyssara levantou a mão.
— Cale a boca — ordenou ela.
Os lábios de Agnus se fecharam, e ele não conseguiu mais movê-los. Seus olhos se arregalaram, incapazes de compreender o que estava acontecendo. A aura de poder de Rhyssara era inegável, e até os soldados ossuianos ao seu redor sentiam a intensidade de sua presença.
— Agora, levem-me ao palácio — ordenou Rhyssara com uma calma glacial, seus olhos azuis brilhando em um misto de diversão e autoridade.
Os soldados lyberianos, que acompanhavam o grupo e testemunharam a submissão de sua Mão do Rei, não ousaram questionar e começaram a guiar a carruagem de volta ao caminho correto em direção ao palácio.
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