Índice de Capítulo

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    O vento gelado soprava com força, cortando a pele dos desafiantes que avançavam pela neve. Diante deles, um homem permanecia imóvel e sozinho.

    — Não importa quem ele é! Contra todos nós, ele não vai conseguir fazer nada! — Isaac gritou, mantendo o ritmo e a moral do grupo.

    O estranho à frente sacou uma garrafa do interior de seu sobretudo branco. O líquido amarelado em seu interior se agitava com o balançar. Ele retirou um palito do bolso e o mergulhou na garrafa; um instante depois, ela explodiu de dentro para fora com um estalo seco. Quando a fumaça dissipou, o líquido havia se solidificado.

    O homem sorriu.

    — Picolé de suco de laranja. Meu preferido. — Mordeu o gelo e se deliciou com o sabor, completamente alheio ao perigo.

    Os desafiantes se entreolharam, confusos, mas continuaram correndo.

    — O que esse cara tá fazendo?! — gritou um deles na linha de frente.

    O homem levantou a cabeça, finalmente os encarando.

    — Aí, pessoal. Sou Brouno. Um tal de Diógenes me desafiou pra ascender. — Ele deu uma mordida no picolé e apontou o palito como se fosse uma arma. — Só quero saber quem é o cara, dar um pé na bunda dele e ir embora. Poderiam me dizer quem é o sujeito?

    Helick corria junto ao fluxo dos demais, mas seus olhos não paravam um segundo. Moviam-se rápido, varrendo cada direção — frente, flancos, diagonais, até o céu.

    Cassian, correndo ao lado, percebeu o comportamento metódico do irmão.

    — O que está fazendo, Helys?

    Helick manteve o olhar atento enquanto respondia, curto e direto:

    — Pelo que posso estimar, somos cerca de cem desafiantes. Logo, cem oponentes a derrotar. São quatro arenas. Se a divisão for equilibrada, teremos cerca de vinte e cinco inimigos em cada uma.

    Cassian franziu o cenho.

    — Certo… faz sentido, mas e daí? No que isso muda?

    Helick inspirou fundo, o olhar percorrendo novamente a vastidão branca ao redor.

    — Essa arena de gelo é grande, talvez cinco quilômetros quadrados. O problema é que não há muitos lugares pra se esconder na neve. O que quero dizer é que—

    Ele não terminou. Um grito cortou o ar.

    — ATÉ PARECE QUE VAMOS DIZER QUEM É! VAMOS TODOS ASCENDER JUNTOS! SAI DA FRENTE SE NÃO QUISER MORRER!!!

    A voz ecoou entre as rajadas de vento. Brouno desviou o olhar para o homem que havia berrado. Seu rosto relaxou, e ele fechou o olho esquerdo, curvando o pescoço como um arqueiro prestes a soltar a corda.

    O palito em sua mão começou a congelar, criando uma camada cristalina reluzente. Com um simples peteleco, ele o lançou.

    O projétil cortou o ar, rápido, limpo, mortal. A pressão do disparo ergueu redemoinhos de neve, e o impacto rasgava armaduras e carne como se fossem papel, abrindo um rastro de destruição rumo ao alvo: um dos desafiantes que corria perto demais do grupo dos príncipes. Bastou um relance para Cassian perceber: o homem estava logo atrás de Tály.

    Cassian reagiu no instinto.

    Em um único movimento, sacou a espada e, com um estampido, a águia flamejante rompeu o ar. As chamas colidiram contra o palito congelado, explodindo em fagulhas e vapor. O projétil se desintegrou a poucos metros de Tály que, por um instante, sentiu o calor e o frio se chocarem no ar à sua frente.

    O pelotão ordenado parou de correr naquele momento, sentindo o baque do golpe de Brouno.

    — Hey, tá maluco?! — Cassian gritou para Brouno. — Vai acabar matando muita gente assim? Sem nem saber se esse cara aqui foi quem te desafiou?

    Brouno levou o dedo mindinho a orelha e a coçou sem muita preocupação.

    — Se não for, eu vou caçando até achar. — respondeu, seco. — Melhor arrumar espaço na pilha.

    Cassian bufou com a resposta direta e sem escrúpulos do homem.

    “Aposto que quando ele ver Rhyssara ele vai ficar pianinho no canto dele.” Cassian pensou consigo mesmo, mas quando seus olhos varreram seus arredores, a imperatriz havia desaparecido.

    — Espera aí! — Cassian falou num salto, seus olhos encontrando Morgan. — Cadê a imperatriz?

    Morgan deu de ombros.

    — Sei lá, deve ter ido na frente.

    — MAS COMO É QUE É?! — Cassian estava boquiaberto.

    — Ah, que foi? Não vai me dizer que tá com medinho. — Morgan provocou.

    — Medinho é o ca—

    — Calma, Cass. — Helick interrompeu, os olhos ainda varrendo o entorno. — Cala a boca e presta atenção.

    — Presta atenção em quê? Tály podia ter sido acertada! — Cassian explodiu. — E ele não fez nada!

    — Porque eu faria? — Morgan deu de ombros mais uma vez. — Ela com certeza lidaria com aquilo com as próprias mãos.

    A soldado assentiu.

    — Eu estava atenta, conseguiria ricochetear o ataque com minha técnica de fogo. Mas agradeço de toda forma, príncipe Cassian. — Junto da gratidão, vinha a frieza na voz de Tály.

    Mas Cassian não teve tempo para se apegar a isso.

    — PESSOAL! — Helick gritou chamando a atenção de todos. — DE BAIXO!! SALTEM!

    Assim que ele terminou de falar um tremor tomou conta do solo sobre eles. O chão começou a trincar e a rachar.

    Um pilar de terra com vinhas pontiagudas irrompeu do solo com a grossura de um tronco de árvore milenar e empalou alguns que não saíram a tempo com o aviso de Helick.

    — O que foi isso? — Marco perguntou, do lado de Helick e Redgar.

    — Como eu pensei… Não enfrentaremos um por um. Quem tiver querendo acabar logo com isso vai ter vindo até aqui, na primeira arena. — Helick concluiu. — E para serem tão arrogantes assim, só pode ser porque acreditam ser monstros entre nós.

    Do topo do pilar um homem de cabelos vermelhos e roupas de couro douradas se erguia por detrás na névoa de gelo que levantara com o ataque.

    — QUEM DOS MALDITOS SE CHAMA MATTEW??? EU VIM TE BUSCAR DESGRAÇADO!!! — Ele urrou batendo seus braceletes rúnicos que estavam fixos em seus pulsos.

    Cassian que estava do outro lado do pilar , mesmo que relutante, perguntou a Morgan que estava do seu lado:

    — Mesmo que eles saiam matando todo mundo, como que eles saberão que derrotaram o alvo certo?

    — Bem, pelo que me lembro da última vez que ascendi, eles anunciam uma vez a cada hora.

    — Sério? Então querendo ou não, temos ou que derrotar eles ou aguentar uma hora, não é?

    — Exatamente. Mas esses dois aí não são lá grande coisa. — Morgan comentou.

    — Como pode dizer isso? — Tály falou tirando neve dos cabelos. — Olha o dano que causaram com só um golpe de cada.

    — Relaxa, não se preocupe ainda. — Morgan sorriu. — Tem mais chegando.

    — DE CIMA! — Alguém berrou.

    Do céu, uma chuva de estrelas em chamas desabou, deixando rastros de fumaça enquanto caía sobre todo o pelotão.

    Eles se espalharam e quando as estrelas tocaram o chão explosões surgiram.

    BOOOM! BOOOM!! BOOOM!!!

    As pessoas que não foram explodidas instantaneamente foram arremessadas de um lado para o outro.

    — Mas que merda… — Cassian falou se erguendo em meio a fumaça preta que se erguia. Ele estava separado de todos que conhecia, estava apenas do lado de alguns desafiantes desconhecidos.

    — Estes são os temidos mísseis de Iskander… — falou uma mulher de rosto bonito, porém ensanguentado, seus cabelos negros caindo sobre os olhos se grudando no sangue. — Ele desenvolveu a tecnologia de mísseis balísticos de curta distância, sua invenção chegou a nível de ARGENTEC em apenas dois meses depois de sua criação devido ao alto poder destrutivo. Merda… — A mulher xingou cuspindo sangue.

    Cassian correu até ela e apoiou a cabeça da mulher em seu colo, num gesto instintivo de compaixão e humanidade.

    — Calma aí, você vai sair dessa, uma moça bonita como você não vai morrer num lugar como esse. — Ele falou com um sorriso nervoso.

    Mas com um olhar mais atento, ele percebeu algo que embrulhou seu estômago: as pernas da mulher estavam jogadas a dois metros de distância, totalmente esmagadas.

    A mulher parecia não ser mais capaz de ouvir o que Cassian dizia. Com um olhar rápido ele viu que sangue escorria de seus ouvidos. Seus tímpanos haviam sido estraçalhados pelo som do impacto.

    — Eu o desafiei porque achei que seria fácil detecta-lo e neutraliza-lo depois que sua munição acabasse, mas não esperava ser atingida logo no seu primeiro ataque. Que azar… — Os olhos dela começaram a se fechar lentamente, perdendo o brilho.

    Cassian ficou em choque por um momento, mas seu semblante ficou duro. Foi a primeira vez que ele viu uma vida se esvair diante dele de forma tão brutal. Ele não a conhecia e nem sabia quem ela era. Quem ela fora. Mas ele sentiu uma raiva incontida emergir de seu peito ao sentir o pulso inerte da bela mulher que morrera sem poder sequer se defender.

    — ISKANDER!!! — Ele gritou.

    O homem que estava escondido atrás de uma duna de gelo ao lado de seu lança mísseis metálico quadrado olhou diretamente para Cassian sem ser detectado.

    — EU QUE TE DESAFIEI SEU MERDA! VEM ME PEGAR!

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