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Capítulo 171 — Poder de Fogo
A voz do príncipe herdeiro rasgou o ar gelado até alcançar os ouvidos de Iskander.
Escondido atrás de uma duna de neve e gelo, ele lançou um olhar rápido para o objeto em seu pulso com ponteiros prateados que faziam um som bem baixo de engrenagens trabalhando.
“Faltam quarenta minutos para anunciarem quem venceu e poderá voltar à Cidade de Ferro”, pensou. “Com o ataque massivo de agora, devo ter eliminado uns trinta por cento dos desafiantes… sem contar os que aquele tal de Brouno já aniquilou.”
Iskander desviou o olhar para o lança-mísseis ao seu lado. A arma possuía uma carcaça grande, do tamanho de um CSR, mas bastaram alguns giros na válvula e o soltar de parafusos para que ele destacasse a parte de disparo. Agora, reduzida ao essencial, era leve o bastante para empunhar com as duas mãos — uma peça portátil de destruição.
“As chances de meu desafiante já estar entre os mortos são de uns quarenta por cento. Mas esse cara que gritou…” Ele franziu o cenho. “Será que é ele? Pelo que me lembro, o nome na notificação era feminino. Cassina, eu acho.”
— EU JURO PELOS DEUSES QUE VOCÊ VAI CAIR HOJE, OU MEU NOME NÃO É CASSIAN!
A voz ecoou outra vez, forte, vibrando no gelo e nas dunas.
“Cassian?! Espera… então entendi errado quando o soldado me entregou a notificação?”
Iskander coçou a cabeça, suspirando. “Tanto faz. É só eliminar esse daí também.”
Da visão de Helick, que se esforçava para reconhecer onde estava após as explosões, ele só conseguia ouvir a voz do irmão gritando alguma coisa ao longe.
“O que ele tá fazendo agora?”, pensou, intrigado . “Bem, pelo menos está vivo. Tenho que encontrar o restante do grupo e sair logo dessa arena. A qualquer momento mais desafiados podem aparecer, e num campo aberto como esse seremos alvos fáceis.”
O príncipe mais jovem começou a caminhar pelo campo devastado, os olhos vasculhando entre corpos mutilados e destroços fumegantes. Foi então que uma presença familiar o fez parar. Uma mana conhecida.
Ele se virou na direção para onde seus sentidos o guiavam e viu.
Um homem com duas manoplas serrilhadas, que se estendiam até os antebraços, avançava sobre uma figura.
Não um rosto conhecido. Uma máscara conhecida.
Ananda.
A assassina desviava dos ataques com precisão sobre-humana, mas, estranhamente, não conjurava magia mesmo contra um inimigo que claramente empunhava um ARGENTEC.
— Vem aqui, bonequinha — a voz esganiçada do homem arranhou os ouvidos de Helick —, deixa eu ver essa carinha por baixo da máscara! Mas já aviso: se eu gostar, vou querer ver mais.
O homem investiu outra vez, as serras rugindo e cuspindo fumaça.
Ananda recuou um passo, fingiu um movimento à esquerda e, no instante em que o adversário desequilibrou o corpo naquela direção, ela girou o punho e o atingiu pelo outro lado.
A cimitarra abriu o abdômen dele num corte limpo. O grito rasgou o ar gelado.
Com a lâmina ensanguentada, ela riu satisfeita por trás da máscara.
— Acabou, seu verme.
Helick observava, atento, tentando entender o funcionamento do poder dela. Mas, antes que concluísse o pensamento, o homem ferido começou a gritar.
— AAAAAAAARGH! PARE! PARE!!! — Ele se contorcia, golpeando o ar, como se estivesse sendo atacado por algo invisível.
Ananda não se movia. Apenas o fitava.
— Sofra bastante antes de morrer. — A voz era fria, vazia.
Antes que ela pudesse dar o golpe final, Helick avançou.
A lâmina dele riscou o ar e encontrou a dela num choque de luz e aço. O impacto fez a neve se erguer.
— O que você está fazendo? — Ananda perguntou, segurando a espada dele com firmeza. — Eu estou do lado dos ascendentes agora, por hora não somos inimigos, sai fora!
Helick sustentou o olhar, o semblante duro, e respondeu em tom baixo, mas carregado de raiva:
— O que você fez com Any, Phill e Nastya?
De outro ponto da zona de combate, estrelas subiram em rastros de fumaça rumo ao céu e despencaram sobre Cassian.
— Então aí está você… — murmurou o príncipe, os olhos indo além dos mísseis, até o ponto de disparo.
Os projéteis assoviavam cortando o ar, mas Cassian não recuou. Não, muito pelo contrário, ele avançou.
O aço foi sacado, e a águia flamejante ergueu suas asas pelo fio de sua lâmina. Ele se moveu em zigue-zague, desviando dos mísseis que explodiam após errado o alvo, até alcançar a duna de onde partiam.
Lá, um dos projéteis jazia na neve, uma espécie de visor piscando uma contagem regressiva em vermelho.
— Mas o quê…? — Cassian franziu o cenho.
A explosão veio antes que ele pudesse reagir.
Do outro lado da duna, Iskander surgiu entre a fumaça, satisfeito.
— Agora sim. Só esperar o anúncio em trinta minutos e voltar pra casa. Meu ARGENTEC se provou superior a um ARGUEM. De novo. — Sorriu, vendo as chamas ao longe.
— Tem certeza disso? — rugiu uma voz.
Cassian afastou as chamas com um movimento do braço, a barreira de fogo reluzindo ao redor dele — ileso.
— Quem diria… — disse com um meio sorriso. — O treinamento da Imperatriz deu frutos bem antes do esperado.
Iskander recarregou o lança-mísseis portátil, recuando enquanto tentava mirar em Cassian — mas o príncipe não lhe deu tempo.
Com um avanço súbito, ele rompeu a distância entre eles, o olhar firme, o fogo dançando no fio de sua espada.
— Vou te mostrar o que é um verdadeiro poder de fogo.
O golpe veio em diagonal, um arco incandescente que rasgou carne e aço. O estampido das chamas engoliu o grito de Iskander, e o corpo do homem foi consumido pelo calor em meio à neve que derretia ao redor.
Cassian observou o corpo crepitando em meio às chamas.
— Não sei o nome daquela bela moça… Mas saiba que foi vingada. — murmurou, antes de erguer o olhar. — Agora tenho que encontrar o restante do pessoal. Será que Tály está bem?
Um arrepio percorreu sua espinha. Uma mana conhecida se aproximava e rápido.
Cassian saltou para trás no instante em que um corpo despencou do alto e se chocou com violência contra o solo.
— Aaiaiaiai… — gemeu Morgan, levantando-se enquanto coçava a cabeça. — Enfrentar cinco portadores de armamentos tecnológicos e mágicos ao mesmo tempo talvez tenha sido um pouquinho ganancioso da minha parte.
Cassian desviou o olhar para a direção de onde Morgan viera. Três homens e duas mulheres avançavam sobre a neve, armas em punho e olhos famintos.
— Vamos pegá-lo! Quem derrubar o IronFist vai ter moral do caralho na Cidade de Ferro! — um deles berrou.
Morgan abriu um sorriso preguiçoso e lançou um olhar de soslaio a Cassian.
— E aí, alteza… quer assistir a um show?

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