Índice de Capítulo

    Dois a três capítulos novos toda semana!

    Siga nosso Discord para ver as artes oficiais dos personagens e o mapa do continente!

    O gelo soprava ventos gelados na pele, mas Helick não vacilou. Com o joelho cravado no peito da mascarada, ele a mantinha presa como se fosse impossível escapar. A ponta de seus dedos subia pela lateral da máscara, um toque a mais e o rosto dela seria revelado.

    Sob ele, Ananda, ou melhor, Nastya, sentiu o pânico subir pela garganta.

    “Isso não pode acontecer. Não agora. Não assim.”

    Se Helick a reconhecesse, todo o plano de Blando, que envolvia a jardineira como um trunfo, ruiria… e talvez ela junto.

    A pressão da mão dele aumentou. A máscara rangeu.

    Mais um segundo.

    Foi quando o chão virou um rugido.

    Um tremor profundo rasgou a arena congelada, como se algo monstruoso tivesse batido na própria espinha do mundo. O impacto lançou Helick de lado, quebrando o instante fatal e arrancando a chance de revelação das mãos dele.

    Nastya rolou para longe, o coração em disparada.

    O solo não parou de tremer e rachar por um tempo, era como se a terra sobre seus pés fosse se desmanchar por uma pressão de mana comprimida e brutal.

    Nastya aproveitou a deixa para se safar e tentar distrair o príncipe que também fora pego de surpreso.

    Os deuses, ou talvez só o caos, ainda estavam do lado dela e de Blando.

    Nastya correu pela arena, a cimitarra de punho verde-esmeralda firme na mão, movendo-se entre montes e fendas abertas pelo tremor. Seu único objetivo era alcançar a passagem para a próxima arena.

    “Ainda tenho que enfrentar quem desafiei nessa corrida de ascensão… Não posso perder tempo com Helys.”

    Ao atravessar a arena, ela viu o que procurava:

    Um arco imenso na extremidade do campo, sustentado por correntes grossas como torres, subindo em direção ao céu vermelho esfumaçado, a próxima arena.

    Mas seu foco foi interrompido no mesmo instante quando uma coluna de gelo seco explodiu do chão à frente da passagem, erguendo-se como um pilar de inverno absoluto e bloqueando sua rota.

    Nastya virou-se de imediato.

    Helick corria na direção dela, a espada apontada para frente, uma luz azulada pulsando pela lâmina como um coração congelado.

    — Chega de pegar leve. — Ele rosnou enquanto avançava. — Vou descobrir quem você é agora… nem que seja a última coisa que eu faça!

    Nastya lançou um olhar rápido para a passagem sólida, congelada, impenetrável. Enquanto Helick sustentasse aquela mana, nada ali iria ceder.

    Ela praguejou por trás da máscara.

    Não havia mais fuga.

    Agora ela teria que encará-lo de frente.

    Helick não diminuiu o passo. Na verdade, acelerou.

    O gelo estalava sob suas botas quando um símbolo rúnico azul-cintilante se acendeu e expandiu sob ele, deslizando como um reflexo vivo enquanto o príncipe avançava. As runas giraram, se expandindo, e então um uivo gélido rasgou o ar, tão agudo que fez o coração de Nastya vacilar por um instante.

    Entre os sons gélidos a voz do príncipe rasgou o ar:

    — Magia de Gelo: Correntes do Lobo Branco!

    Do círculo, correntes de gelo irromperam para fora, cada ponta moldada na forma de uma cabeça de lobo. As presas eram lâminas cristalinas; os olhos, duas frestas azul brilhantes que queimavam em fúria.

    As correntes de mana avançaram num estalo seco, deixando rastros congelados no chão e no ar conforme voavam em direção à mascarada.

    Nastya precisava cortá-lo. Apenas um corte, um arranhão, e as ilusões tomariam vida.

    Mas Helick sabia disso tão bem quanto ela.

    Qualquer aproximação direta seria fatal.

    — Dane-se! — Ela xingou para si mesma enquanto começava a correr na direção de Helick.

    Helick se surpreendeu quando viu a mascarada correndo com tudo na direção do ataque.

    O primeiro lobo branco saltou com um estalo congelado. Nastya mergulhou por baixo dele, a neve fria raspando seu ombro. O segundo veio pela esquerda, rosnando em vapor gelado; o terceiro fechava pela direita.

    Com um chute para frente no próprio impulso, ela forçou o corpo em um giro completo no ar, um 360° apertado, escapando por um fio das presas cristalinas.

    Nastya continuou se movendo na direção de Helick que também não estava parado, em questão de poucos passos eles se encontraram, as lâminas se chocaram com força.

    Helick pressionou imediatamente, descarregando força bruta na guarda dela. Nastya foi arremessada para trás, deslizando pelo gelo.

    E logo atrás dela… os lobos vinham novamente, abrindo rastros congelados pelo chão como riscos brilhantes.

    Ela não podia parar.

    Nastya saltou para o lado, quase sem equilíbrio, e golpeou o ar à frente acertando em cheio o lobo-corrente que vinha a sua direção.

    A criatura se despedaçou em estilhaços de gelo… mas outras duas já avançavam.

    E Helick veio junto.

    Ele não dava espaço.

    Ataques diretos, rápidos, precisos. Ele a pressionava para que ela não tivesse o mínimo de brecha possível.

    Nastya sentiu algo tomar seu peito.

    Sem as ilusões ela não o venceria.

    Sem as ilusões ela não duraria.

    Sem as ilusões ela era só… ela.

    Foi então que ela tomou a decisão.

    No instante em que Helick avançou para um corte lateral, expondo um flanco, ela não recuou.

    Ela avançou.

    A lâmina dele cravou no abdômen dela, não em pontos vitais, mas o suficiente para que seu corpo gritasse de dor enquanto sangue molhava sua pele.

    — O quê—?! — Helick engasgou, surpreso.

    Nastya travou o braço dele com o próprio, segurando-o como se estivesse prendendo uma besta selvagem.

    Ela ergueu sua cimitarra para o golpe decisivo.

    Só faltavam milímetros para tocar a pele dele, milímetros para ativar sua magia, mas as correntes-lobo não perdiam nenhum segundo.

    Uma explodiu contra sua perna direita.

    Outra agarrou seu calcanhar.

    Duas mordiam o braço que segurava a lâmina.

    O gelo rastejou pelo corpo dela como uma infecção branca, cristalizando pele, músculos e movimento.

    Em segundos, Nastya estava quase totalmente imobilizada, respirando com dificuldade enquanto o gelo subia pelo seu peito.

    Helick recuou meio passo, a expressão dura, mas o coração acelerado.

    “Essa foi por pouco…” Um frio percorreu sua espinha, e não era da arena.

    “Se ela tivesse me tocado agora… nesse campo aberto… eu não teria a menor ideia de como lidar com as ilusões dela.”

    E ali estava ela, imobilizada sobre a magia de gelo do príncipe, a assassina mascarada, Ananda, ou seja, lá qual fosse seu nome de verdade. Isso não importava, ele descobriria agora.

    Helick caminhou até ela com passos firmes, o som da neve rangendo sob suas botas.

    Seus olhos fixos na máscara de lobrasa, fria e inexpressiva.

    — Todo esse mistério acaba aqui. — Murmurou.

    Sem hesitar desta vez, ele agarrou a borda da máscara e a arrancou.

    O mundo de Helick parou.

    Debaixo da máscara… o rosto de uma mulher de cabelos brancos longos e lisos, pele pálida como a neve.

    Exatamente a mesma aparência que ele lembrava ter visto a mascarada usar em Lyberion. A mesma que ela havia retirado de suas lembranças mais profundas e distantes para confundi-lo.

    Por um instante, ele piscou, confuso.

    E então percebeu.

    Uma gota quente escorreu por sua bochecha.

    Sangue.

    — Espera… ela me acertou? — Helick sussurrou, mais perplexo do que alarmado.

    Esse foi o erro.

    Uma dor súbita explodiu na nuca.

    Um golpe preciso, forte e silencioso.

    A visão dele estremeceu.

    A arena girou.

    E na neve, ele tombou.

    Antes que a escuridão o engolisse, ele viu… ela.

    De pé, do outro lado, livre de qualquer cristalização.

    A verdadeira mascarada.

    O rosto branco que ele vira?

    Uma ilusão presa no molde do gelo.

    Ela inclinou a cabeça.

    — Quem sabe na próxima, príncipe Helick. — disse enquanto se afastava, passos pesados enquanto segurava o abdômen com força para reduzir o sangramento.

    A coluna de gelo que bloqueava a passagem se dissolveu agora que sua mana não a sustentava mais.

    A mascarada cruzou o arco da próxima arena sem olhar para trás.

    Quando Helick abriu os olhos, a primeira coisa que sentiu foram leves tapinhas em seu rosto. Cassian estava ajoelhado ao seu lado, preocupado. Enquanto o foco voltava, ele viu Morgan de braços cruzados, Tály inclinada avaliando seu estado, Marco atento às correntes de gelo ainda derretendo e Redgar olhando ao redor, inquieto.

    — Finalmente acordou — Cassian murmurou, aliviado. — Você desmaiou bonito, Helys.

    Helick levou a mão à nuca dolorida e mordeu a própria frustração ao lembrar do golpe. — A mascarada… ela escapou. — Morgan assentiu, sério. — Fugiu para a próxima arena.

    Com ajuda do irmão, Helick se levantou, respirou fundo e firmou o olhar.

    — Não vou deixá-la me enganar uma segunda vez.

    — Na próxima você não estará sozinho. — Cassian olhou firme para o irmão. — A partir de agora vamos andar sempre juntos, evitando nos separar. Não sabemos se ela pode tentar algo.

    Morgan deu o primeiro passo na direção do arco que levava a próxima arena.

    O brilho avermelhado que vinha de cima reluziu na armadura anã rubi.

    — Então? — ele lançou um olhar por cima do ombro. — Planejam ficar parados aí… ou vamos seguir em frente?

    Apoie-me

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (2 votos)

    Nota