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Capítulo 22 — Rugido
O sol brilhava intensamente sobre Lyberion, lançando uma luz dourada que fazia o chão elevado cintilar enquanto flutuava acima do grande pátio do palácio. Uma quietude quase reverente tomou conta de todos os presentes, enquanto o chão flutuante, sustentando a elite de Lyberion, se movia suavemente até os portões. O círculo mágico no centro da plataforma brilhava com uma luz suave, delineando intricados padrões arcanos no mármore.
Acima de todos, imponente e sereno, estava o rei Aquiles, sua armadura prateada refletindo o brilho do sol, tornando-o uma figura quase divina. Sua capa vermelha esvoaçava com o vento, dando-lhe a aparência de um general pronto para liderar seu povo em um novo capítulo. Ao lado dele, a imperatriz Rhyssara BloodRose, de Ossuia, sentava-se com uma graça que escondia o poder por trás de seu título. Seu manto negro contrastava com os vivos tons do ambiente, e seus olhos azuis cintilavam como gelo à luz do dia.
O silêncio foi quebrado pelo som de trombetas, anunciando o início da cerimônia. O rei Aquiles levantou-se de seu trono flutuante, erguendo uma mão.
— Povo de Lyberion — sua voz ecoou sobre a multidão, carregada pelo vento. — Hoje, celebraremos o Despertar do príncipe herdeiro, meu filho mais velho, Cassian Havilfort. Um momento de renovação e promessa para nosso reino. Este é um dia em que o poder da linhagem real se revela plenamente, e o futuro de Lyberion se torna claro.
Cassian que estava sentado ao lado de Helick sentindo todos os olhos indo em direção a ele, mas ele não pensou muito nisso, sua mente estava focada em se concentrar para fazer sua centelha mágica emergir.
Mais acima, assim que o rei se recostou em seu assento, a imperatriz Rhyssara inclinou-se ligeiramente, sua voz apenas um sussurro, quase inaudível para qualquer um que não estivesse ao lado dela.
— Não acredito que você realmente vá seguir em frente com isso, mesmo após nossa conversa — murmurou Rhyssara, mantendo seu olhar fixo no público à frente. — Poderíamos estar utilizando esse tempo para examinar as joias e entender a ligação com os dragnaros ancorados no mar.
Aquiles manteve o olhar em direção à multidão, mas seu tom carregava uma nota de firmeza ao responder.
— Não se preocupe. Estou apenas terminando o que tive que começar para esclarecermos nossos assuntos. Após a cerimônia de hoje, Cassian estará oficialmente nos assuntos políticos do reino e quero que ele comece, de imediato, a entender que tipo de responsabilidades ele terá daqui em diante.
— Isso, se ele conseguir manifestar a centelha mágica — retrucou Rhyssara, com um leve tom de desafio.
Aquiles virou-se lentamente para encará-la, seus olhos fixos nos dela, refletindo o descontentamento com o comentário.
— Não me venha com essa cara. A partir do momento em que bati os olhos no garoto eu percebi que ele nunca treinou com o arcano. Ele é talentoso, posso ver, mas é a personificação da palavra desperdício — continuou a Imperatriz. — Por sorte, aposto que seu filho mais novo passou a noite tentando passar o mínimo de conhecimento a ele. Agora é esperar para que ao menos a centelha mágica ele seja capaz de fazer emergir.
— Ele conseguirá. Não subestime o sangue dos Havilfort. — Respondeu, sua voz carregada de convicção. — E após o Despertar, teremos todo o tempo para lidar com os dragnaros e qualquer outra ameaça.
— Você ainda não está levando a sério, não é? — Falou a mulher se recontando novamente em seu assento.
— No final de tudo, não passa de uma teoria sua, Rhyssara. E não tenho com o que me preocupar, a barreira de Helisyx nos protegerá como sempre fez a mais de mil anos.
Aquiles estendeu a mão para frente, e um círculo mágico começou a se formar em sua palma, irradiando uma luz esbranquiçada. Abaixo, entre os nobres, o ar começou a ondular e um portal se abriu, emanando a mesma luz e com marcas rúnicas semelhantes às que sustentavam o chão flutuante. De dentro do portal, surgiu Leonardrick, o mestre da Guilda Centelha Ardente.
Leonardrick estava impressionante. Ao contrário de seu jeito desleixado como na noite anterior, ele estava devidamente apresentável. O anão vestia seu marcante avental de forja, feito de couro resistente, adornado com símbolos arcanos que brilhavam com um leve brilho vermelho, indicando seu domínio sobre a arte da forja mágica. Ele segurava com firmeza seu precioso martelo de forja, uma ferramenta que era tanto um símbolo de seu ofício quanto uma poderosa arma. O martelo tinha uma cabeça de metal negro, ornada com runas antigas que contavam histórias de poder e criação, e um cabo de madeira escura, reforçado com anéis de ferro.
Sua barba trançada caía até o peito, espessa e bem cuidada, e seus longos cabelos, presos em um curto rabo de cavalo, revelavam um rosto marcado pela experiência e determinação. Seus olhos brilhavam com um ardor inabalável, refletindo a chama eterna que ardia em seu coração pela arte da forja.
Na ponta do solo flutuante, em um local onde todos podiam ver, uma bigorna mágica surgiu, envolta em uma aura de energia arcana. A bigorna era grande e robusta, esculpida em uma pedra negra que parecia absorver a luz ao seu redor. Runas gravadas em sua superfície brilhavam intensamente, mostrando que ela era mais do que uma simples ferramenta de forja; era um artefato de poder, capaz de canalizar e moldar energias místicas.
Por cima da bigorna, um minério negro repousava. O tão cobiçado Diamante Negro.
Com uma presença imponente, Leonardrick avançou, saudando os presentes com um aceno de cabeça. Ele se posicionou ao lado da bigorna, aguardando o próximo movimento do rei.
Helick virou-se para o irmão, Cassian, e com um sorriso encorajador, sussurrou:
— Agora é a sua vez. — A confiança na voz genuína.
Cassian se levantou, sentindo o peso das expectativas sobre ele. Enquanto caminhava até a frente da bigorna, sua mente repassava cada detalhe das instruções que Sam lhe dera sobre a cerimônia. Primeiro, ele sabia que deveria se dirigir ao Diamante Negro, o minério que absorveria sua mana. Essa seria a primeira etapa crucial.
Ele respirou fundo, tentando acalmar seu coração acelerado. Cassian sabia que o segundo passo seria ainda mais desafiador: fazer sua centelha mágica emergir. Essa na realidade era para ser o passo mais simples, já que todo humano pode estudar e praticar de forma independente a emersão da centelha. Mas Cassian sempre fugiu desses assuntos, achando que, de alguma forma, isso o afastaria da coroa. E por fim, ele estava errado. Agora ele precisava estabilizar sua centelha, com apenas uma noite de aula teórica, e então inseri-la no Diamante Negro.
Após isso, Leonardrick daria início ao processo de fabricação do ARGUEM. O anão era líder da Guilda especialista em ARGUEMs das Montanhas de Patrock, e ele alcançou tal posto quando dominou a técnica secreta da Centelha Ardente, o Toque de Dungrim. Essa habilidade, dominada só pelos mais habilidosos mestres da forja ao longo de séculos, era capaz de revelar a forma do ARGUEM no estante que a primeira martelada fosse dada.
E por fim viria um grande banquete para os nobres celebrarem e jurarem sua lealdade ao futuro rei.
Cada passo da cerimônia estava sendo repetido na mente de Cassian como um mantra, enquanto ele avançava, determinado a demonstrar seu valor e cumprir as expectativas que todos tinham sobre ele.
Cassian ficou de frente para a bigorna, sentindo o peso do momento. O Diamante Negro, com sua superfície escura e polida, refletia um brilho misterioso sob a luz. As runas esculpidas ao longo das laterais da bigorna brilhavam suavemente, cada uma delas parecendo pulsar com uma energia ancestral. Ao lado da bigorna, Leonardrick, o mestre anão da Guilda Centelha Ardente, mantinha uma postura imponente. Seus olhos eram como chamas vivas, cheios de uma determinação quase feroz. Ele segurava seu martelo de forja com firmeza, o cabo de madeira desgastado pelo uso, mas ainda sólido. Cassian sentia o peso do olhar de Leonardrick sobre ele, como se o anão estivesse avaliando cada um de seus movimentos, pronto para julgar sua capacidade. Essa pressão aumentava a ansiedade que já corria pelo corpo de Cassian, misturando-se com a expectativa do momento.
O rei Aquiles, falou de cima, com uma voz firme que ecoou por todo o local:
— Que o Despertar se inicie.
Um silêncio respeitoso tomou conta do salão. Cassian fechou os olhos, tentando se concentrar. Ele assumiu a mesma postura que seu irmão, Helick, havia demonstrado na presença de Rhyssara, e se esforçou para alcançar o estado de tranquilidade que Helick havia descrito. Helick mencionara sentir uma brisa fria e calma durante a prática, uma sensação de paz que indicava a conexão com a mana. No entanto, quanto mais Cassian se concentrava, mais calor ele sentia. Ele não sabia se era o nervosismo ou algo relacionado à mana, mas o calor era desconcertante.
Um minuto arrastado se passou. Cassian abriu uma pequena fresta de seus olhos, vendo todos ainda focados, aguardando ansiosamente. Rhyssara, observando de cima ao lado do rei, colocou a mão no rosto, como se antecipasse a vergonha que Cassian sentiria se falhasse. O rei, por outro lado, mantinha-se impassível, seus olhos fixos no filho, sem a menor sombra de dúvida.
Cassian começou a ouvir murmúrios vindos dos nobres. Cecília, sentada em um assento privilegiado, deixou escapar um pequeno riso. O pânico começou a crescer dentro dele. Ele não sentia nada do que Helick havia descrito: nenhuma brisa gelada, nenhuma sensação de tranquilidade, apenas uma crescente sensação de agitação e calor. Suas mãos suavam e, quando ele pensou em desistir, uma voz feminina ecoou em sua mente.
” Me escute. Venha até mim.”
De repente, Cassian se viu em uma sala branca e vazia, com uma pequena faísca de fogo alaranjado à sua frente. Ele sentiu um alívio momentâneo, acreditando que havia finalmente conseguido. Ele deu um passo em direção à faísca, mas um arrepio repentino percorreu seu corpo. A voz feminina voltou, agora com uma urgência nítida.
” FUJA. FUJA DAQUI AGORA.”
Num instante, Cassian estava de volta à cerimônia. Ele abriu os olhos e viu que não havia nada em suas mãos, nenhuma centelha, nenhuma mana. Mas o arrepio persistia. As pessoas no salão começaram a cochichar, incrédulas de que o príncipe havia falhado em algo que deveria ser tão simples.
Os murmúrios cresceram e Cassian olhou para Helick, que estava em pé, os olhos arregalados. Helick também parecia ter sentido o arrepio.
De repente, um rugido irrompeu dos céus, profundo e poderoso, reverberando em todos os ossos dos presentes. Os nobres na plataforma flutuante se sobressaltaram, alguns se levantando de seus assentos com expressões de choque e medo. As mãos foram instintivamente para os corações ou bocas, como se tentassem abafar gritos de surpresa. Cecília, sempre controlada, perdeu momentaneamente a compostura, seus olhos arregalados de pavor. Os cachorros-tigre dos Silva rosnavam e rugiam. Os Fitzroy pareciam discutir o que poderia ser a fonte do som.
O mestre da Guilda Centelha Ardente, Leonardrick, cerrou os olhos, tentando discernir a origem do som, enquanto instintivamente segurava seu martelo com mais força.
— Esse som… — murmurou Leonardrick, franzindo a testa. Sua expressão endureceu, uma mistura de incredulidade e alarme cruzando seu rosto.
Lá embaixo, no solo, a multidão de cidadãos de Lyberion olhou para o céu, em busca da fonte do rugido. As conversas sussurradas se transformaram em um murmúrio de preocupação crescente, e muitas pessoas começaram a se mover inquietas, buscando conforto umas nas outras. Mães abraçavam seus filhos, enquanto os guardas do palácio imediatamente se preparavam, mãos indo para as espadas ou lanças.
O rei Aquiles, ainda sentado em seu trono flutuante, se levantou, sua expressão permanecendo firme e inabalável, mas seus olhos demonstravam uma atenção afiada. Rhyssara, ao seu lado, levantou-se também, seus olhos fixos no céu, transparecendo uma mistura de determinação e preocupação.
— Eu avisei, Aquiles. — Sua voz era grave e controlada, mas havia uma urgência nela que não podia ser ignorada. Ela tensionou os braços, seus olhos azuis buscando alguma confirmação no horizonte, enquanto uma sombra de inquietação passava por seu rosto. — Eles chegaram.
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