A tensão no ar era palpável. O campo de batalha improvisado diante do palácio real estava tomado por uma atmosfera de expectativa e desespero. Os nobres que haviam permanecido para lutar estavam em posição, armas empunhadas, prontos para enfrentar a ameaça que se apresentava na forma de Draxion e seu temível Wyvern. Aquiles, Rhyssara e os líderes das grandes famílias aguardavam o início do confronto, cada um com seus próprios ARGUEMs prontos para a batalha.

    Draxion, imponente e com um sorriso confiante no rosto, ergueu os braços como se estivesse orquestrando uma sinfonia de destruição. O Wyvern ao seu lado rugiu, o som reverberando pelos ouvidos dos presentes e fazendo o chão tremer.

    Rhyssara deu um passo à frente, sua presença dominante irradiando um poder que apenas ela poderia exercer. Com um movimento gracioso, o cetro em sua mão irradiou luz arcana e Rhyssara se concentrava reunindo poder.

    Mas os primeiros a atacar foram os nobres. Com um saque rápido de sua espada, de seu ARGUEM, Lorenzo avançou rapidamente em direção a Draxion, ciente que ele representava a maior ameaça ali. Madalena ficou na retaguarda, o colar no pescoço brilhando com poder e magia.

    — Magia de Bonificação. — Começou a lady Fitzroy, gesticulando com as mãos para frente, em direção ao marido — Velocidade Maior!

    Um brilho amarelado envolveu Lorenzo, e sua velocidade aumentou de forma impressionante. Em um instante, ele estava diante de Draxion, desferindo um golpe rápido e preciso em direção ao pescoço do dragnaro. No entanto, Draxion interceptou o ataque com uma mão, completamente nua, a lâmina de Lorenzo parada firmemente entre seus dedos.

    — Patético, — disse Draxion com desprezo, seus olhos cheios de desdém. — Apenas morra.

    Com uma velocidade sobre-humana, Draxion desferiu um poderoso soco na face de Lorenzo. O impacto foi brutal, o som ecoando pelo campo de batalha. No entanto, momentos antes dos punhos de Draxion atingirem o alvo, um grito de poder reverberou pelo local quando Madalena, acompanhada de mais integrantes da casa dos Fitzroy entoaram:

    — Magia de Bonificação! — Um coro ordenado pelas várias vozes — Escudo Maior!

    Uma aura protetora brilhou ao redor de Lorenzo, emanando do colar de Madalena e dos outros membros da casa Fitzroy, cada um com uma joia cintilante diferente que reverberava magia. O soco de Draxion, que teria sido devastador, foi grandemente mitigado, resultando apenas em um leve sangramento nasal para Lorenzo. O brilho do escudo mágico cintilou por um momento antes de desaparecer, absorvendo o impacto.

    Sem hesitar, Lorenzo contra-atacou com uma precisão ainda maior, sua espada brilhando com uma energia arcana. Os outros Fitzroys se juntaram ao ataque, suas vozes ressoando em uníssono:

    — Magia de Bonificação! Força Maior!

    Imediatamente, uma aura brilhante e vermelha envolveu Lorenzo, seus músculos se destacando enquanto a magia infundia seu corpo com força sobre-humana. O brilho vermelho intenso parecia pulsar ao ritmo de sua respiração, emanando um calor que fazia o ar ao redor vibrar. A energia mágica envolveu a lâmina de sua espada, amplificando sua letalidade com um brilho carmesim que quase cegava.

    Cada movimento de Lorenzo deixava um rastro de luz vermelha no ar, e quando ele atacava, a espada cortava o espaço com um som agudo, carregada com o poder acumulado da magia de bonificação. A aura vermelha não só aumentava sua força, mas também conferia uma presença intimidadora, como se o próprio ar ao redor dele tivesse se tornado mais pesado e opressor. Os olhos de Lorenzo brilharam com determinação, a energia mágica intensificando sua concentração e foco no combate.

    Draxion, ao ver o brilho vermelho e sentir o aumento de poder em Lorenzo, esboçou um sorriso desafiador.

    — Interessante. — Falou Draxion enquanto interceptava o ataque mais uma vez com as mãos, mas dessa vez seu semblante era diferente. — Desafio aceito, humano.

    — Lorenzo, agora! — Gritou Madalena.

    — MAGIA DE DRENAGEM! — esbravejou o lorde da família Fitzroy. — DIVISÃO DE MANA!

    A espada de Lorenzo brilhou intensamente, absorvendo a energia de Draxion. Um brilho verde-escuro envolveu a lâmina, irradiando uma luz sinistra enquanto a força vital e mágica de Draxion era drenada. Sentindo sua energia sendo sugada, Draxion tentou desferir um golpe devastador na direção de Lorenzo com sua mão livre.

    No entanto, Lorenzo, agora infundido com a energia drenada, moveu-se com agilidade sobrenatural, esquivando-se do ataque com facilidade. Seus músculos pareciam estufar sob suas vestes, como se tivessem sido instantaneamente fortalecidos. Veias pulsantes se tornaram visíveis, brilhando com um brilho esverdeado que se espalhava por todo o seu corpo, manifestando a absorção da energia de Draxion.

    Draxion, ao sentir sua força sendo sugada, esboçou uma expressão de surpresa, mas logo se transformou em um sorriso maníaco. Seus olhos se estreitaram, avaliando a nova situação com interesse.

    — Hum? Absorção de força física? — murmurou Draxion, surpreso, mas não impressionado. Seu sorriso tornou-se mais ameaçador enquanto ele observava Lorenzo com um olhar predatório. — Então eu acho que você não vai mais precisar deles.

    Com um movimento rápido e mortal, Draxion avançou em direção aos Fitzroys restantes. Seus movimentos eram uma mistura de graça e brutalidade, e ele cortava através dos nobres como se fossem feitos de papel. Em um instante, suas garras afiadas dilaceraram vários deles, deixando corpos e sangue espalhados pelo chão.

    — NÃO! — gritou Madalena, horrorizada ao ver seus aliados caírem.

    Lorenzo, vendo o massacre, ficou furioso. Sentindo o aumento de poder graças à absorção da força de Draxion, ele se lançou com uma velocidade surpreendente, superando até mesmo os efeitos da magia de bonificação de Madalena. Com um grito de fúria, Lorenzo desferiu um golpe com toda sua força em direção à cabeça de Draxion.

    Para sua surpresa, Draxion bloqueou o ataque com um movimento mínimo, posicionando seus chifres curtos na trajetória da lâmina de Lorenzo. O impacto ecoou, mas não causou dano algum ao dragnaro.

    Draxion olhou para Lorenzo, seu sorriso frio e cruel ainda presente.

    — Posso sentir, sua força está acima de qualquer magia que eles possam conjurar, não passam de lixos completamente descartáveis agora, não acha? — disse ele, sua voz gélida e desdenhosa.

    Medicci e Maia Silva que ali também estavam se intrometeram na luta. O lorde Medicci puxou de sua cintura um chicote que em sua ponta pendia uma lâmina negra. Maia por outro lado, ostentou longas unhas negras que se projetaram de seus dedos.

    Os Silva, aproveitando a distração momentânea de Draxion com os Fitzroy, coordenaram seus ataques com precisão. Maia, com suas unhas de diamante negro, avançou sorrateiramente pelas sombras, mirando um golpe furtivo em Draxion. Ao mesmo tempo, Medicci preparou seu chicote com ponta de lâmina, a arma estendendo-se como uma serpente silenciosa em direção ao dragnaro.

    Enquanto Maia se aproximava por trás, suas garras cintilavam com um brilho mortal. Ela sabia que, com um golpe certeiro, poderia perfurar até mesmo a pele mais dura. Quando estava prestes a atacar, Draxion, demonstrando seus instintos afiados, virou-se subitamente. Maia, não se deixando intimidar, lançou-se com rapidez, suas unhas encontrando o ombro de Draxion. Um som metálico reverberou, mas a pele de Draxion resistiu ao ataque. O dragnaro virou-se para Maia com um sorriso frio.

    Nesse instante, Medicci aproveitou a abertura. Com um movimento rápido e preciso, ele lançou seu chicote. A ponta da lâmina se enrolou ao redor do braço de Draxion, tentando imobilizá-lo.

    — Pegue-o, Maia! — Gritou Medicci, usando toda sua força para segurar Draxion.

    Maia, aproveitando a oportunidade, tentou fincar suas unhas mais uma vez, mas Draxion, com um puxão violento, quebrou a tensão do chicote e empurrou Maia para longe. A força do impacto a jogou no chão, mas ela rapidamente se levantou, determinada a não desistir.

    Draxion olhou para Medicci e Maia com um olhar de desprezo, claramente subestimando seus esforços. Mas os Silva não recuariam. Eles sabiam que precisavam segurar Draxion o máximo possível, para dar tempo aos Fitzroy e aos outros nobres de se reagruparem.

    Os cachorro-tigre, criaturas de grande porte e aparência feroz, avançaram rapidamente para o campo de batalha ao comando dos Silva. Com suas pelagens rajadas de branco e preto e olhos brilhantes, eles eram mais do que apenas animais; eram bestas mágicas com habilidades impressionantes. Os dois, um macho chamado Fang e uma fêmea chamada Claw, rosnaram com uma intensidade que reverberou pelo campo de batalha.

    Enquanto Medicci e Maia se preparavam para outro ataque, os cachorro-tigre se posicionaram estrategicamente. Fang abriu a boca, e um brilho azul emanou de suas presas. Ele possuía a habilidade de criar uma onda de choque sônica que desorientava os inimigos. Com um rugido, Fang lançou essa onda na direção de Draxion. A onda de choque não era forte o suficiente para derrubá-lo, mas causou uma vibração que o fez cambalear, mesmo que por um instante.

    Simultaneamente, Claw usou suas habilidades de manipulação de ilusões para criar uma duplicata ilusória de Maia. Essa ilusão se moveu de forma sincronizada com a verdadeira Maia, fazendo com que Draxion tivesse dificuldade em discernir qual das duas era real. As ilusões de Claw não apenas confundiam os sentidos visuais, mas também criavam uma presença palpável que enganava até os sentidos mais aguçados.

    Aproveitando a distração causada pelos cachorro-tigre, Maia avançou novamente. Desta vez, sua abordagem foi mais calculada. Com um salto ágil, ela se lançou em direção ao ombro de Draxion, onde havia atingido antes. Seus olhos brilhavam com determinação e um toque de satisfação. As unhas de diamante negro dela brilhavam intensamente, prontas para atacar.

    Draxion, ainda se recuperando do golpe sônico de Fang e confuso pelas ilusões de Claw, tentou reagir, mas estava desorientado. Ele lançou um golpe na ilusão de Maia, dissipando-a em uma nuvem de névoa. A verdadeira Maia, aproveitando o momento, cravou suas unhas no mesmo ponto em seu ombro que havia atacado anteriormente. Para a surpresa de todos, incluindo o próprio Draxion, as garras perfuraram a pele resistente do dragnaro. Sangue laranja e quente como lava começou a escorrer da ferida, uma visão que poucos haviam testemunhado.

    Draxion olhou para o ombro ferido com descrença. A pressão do golpe de Maia não deveria ter sido suficiente para feri-lo, especialmente através de sua pele dracônica. Ele sentiu uma dor real, algo que não experimentava há muito tempo. Maia recuou, mantendo a guarda alta, e então revelou a verdadeira natureza de seu ARGUEM.

    — Não importa o quão forte seja meu oponente — disse ela, com um sorriso vitorioso —, se eu acertar o mesmo ponto duas vezes seguidas, eu o perfuro. Este é o poder do meu ARGUEM.

    Draxion estreitou os olhos, a frustração visível em seu rosto.

    A combinação dos poderes dos Silva e seus cachorro-tigre havia finalmente causado um ferimento na grande ameaça.

    Draxion, ao sentir o calor de seu próprio sangue escorrendo do ombro, foi tomado por uma fúria avassaladora. Seus olhos ardiam com uma luz intensa, refletindo o fogo interior que ameaçava explodir. A revelação de Maia sobre o poder de seu ARGUEM apenas alimentou sua ira. A ideia de que esses “vermes”, como ele os via, pudessem lhe causar algum dano era insuportável.

    Com um rugido que parecia abalar a terra, Draxion decidiu acabar com essa brincadeira. Ele reuniu uma imensa quantidade de energia, e o ar ao seu redor começou a ondular com o calor emanado de seu corpo. Em uma explosão de movimento, ele lançou uma investida flamejante, uma aura de fogo irradiando de sua figura enquanto avançava como um meteoro em direção a Maia. O chão queimava sob seus pés, deixando um rastro de brasas e cinzas. As chamas dançavam em torno de Draxion, uma tempestade de fogo que consumia tudo em seu caminho.

    Maia, apesar de sua determinação, sabia que enfrentava algo além de suas forças. Ela tentou se preparar, suas unhas de diamante negro brilhando, prontas para defender-se. Mas o calor abrasador de Draxion era avassalador, e o poder que ele agora exibia era esmagador. O ar ao redor deles parecia vibrar com a intensidade do ataque iminente, e por um momento, parecia que Maia seria consumida pelas chamas.

    No entanto, antes que o ataque de Draxion pudesse atingi-la, uma luz brilhante envolveu Maia. Em uníssono, os Fitzroy restantes, incluindo Madalena e Lorenzo, elevaram suas vozes em uma conjuração desesperada:

    — Magia de Bonificação: Proteção Maior!

    Uma barreira translúcida e cintilante se formou em torno de Maia, seu brilho azulado contrastando com as chamas laranja de Draxion. O escudo mágico era a manifestação máxima do poder de Madalena, amplificado pela força coletiva dos Fitzroy. A barreira tremeu sob o impacto da investida de Draxion, suas chamas lambendo ferozmente contra a proteção mágica, tentando penetrá-la. O calor era intenso, o ar ao redor vibrava e ondulava com o choque de energias opostas.

    Por um momento que pareceu uma eternidade, tudo estava em suspense. Os gritos de batalha, o rugido das chamas e a tensão palpável de cada combatente se misturaram em um crescendo. Então, com um último impulso, o ataque de Draxion foi finalmente repelido, as chamas se dissipando ao encontrar a resistência da barreira.

    Maia, ofegante e suada, estava segura, pelo menos por enquanto. O chão ao seu redor estava queimado e rachado, mas ela permanecia intocada. Draxion recuou, seus olhos brilhando com uma mistura de surpresa e raiva. Ele não esperava tal resistência. O campo de batalha estava um caos, mas por um breve momento, a união dos Fitzroy havia conseguido conter a ira de Draxion, salvando Maia de uma morte certa.

    Nota