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Capítulo 31 — Sacrifício Escarlate
No céu, o Wyvern, cego e enfurecido, pairava como um presságio de destruição iminente. Sua aura vermelha irradiava poder, transformando o céu em um crepúsculo apocalíptico. As escamas da fera se arrepiaram, brilhando com uma intensidade mágica, enquanto o monstro canalizava sua fúria em um único ataque devastador.
Any, mesmo exausta e com a dor latejando em seus músculos recém restaurados, percebeu a ameaça iminente. O tempo parecia desacelerar quando ela viu o brilho vermelho se intensificar, o prenúncio de um golpe que poderia aniquilar todos que ainda resistiam. Sem hesitar, ela correu pelo campo de batalha, seu corpo movendo-se com uma urgência desesperada.
Ela agarrou cada criança, cada adolescente indefeso que não tinha como se proteger, carregando-os com uma força que desafiava sua exaustão. Seus movimentos eram rápidos e precisos, mas cada segundo parecia uma eternidade enquanto o Wyvern reunia mais poder no céu acima.
Quando todos estavam seguros, Any os reuniu ao redor da antiga estátua de Leonzir, a que abria a passagem secreta para um esconderijo, agora selado por dentro. A estátua de pedra parecia uma sentinela silenciosa em meio ao caos, e Any sabia que era a última esperança para proteger aqueles que ela havia resgatado.
Os príncipes e os companheiros de batalha de Any estavam por perto, tentando se preparar para o ataque inevitável, mas sabiam que suas chances eram mínimas. Então, com um último ato de bravura, Any estendeu os braços, criando uma barreira de sangue ao redor de todos. A barreira pulsava com uma energia vibrante, uma defesa desesperada contra a força cataclísmica que estava prestes a descer sobre eles.
O Wyvern, cego pela fúria, ergueu-se mais uma vez nos céus, suas asas batendo com um poder que fez o próprio ar vibrar. Desta vez, seu ataque seria diferente, mais devastador do que qualquer rajada de fogo anterior. Com um rugido que parecia rasgar o próprio tecido da realidade, a fera abriu a boca, e um símbolo mágico vermelho começou a se formar no ar à sua frente, pulsando com uma energia malévola e antiga.
A tensão no campo de batalha era palpável, cada sobrevivente sentindo o peso esmagador do que estava prestes a acontecer. O símbolo cresceu, uma complexa teia de runas e formas geométricas girando e se entrelaçando até formar um emblema de pura destruição. E então, como se o próprio céu desabasse, um cometa de fogo foi lançado da boca do Wyvern, rasgando o ar com uma velocidade e poder que desafiavam a compreensão.
A rajada flamejante, muito mais do que uma simples explosão de fogo, era um cataclismo encarnado, uma força que transformava o ambiente em cinzas ao menor toque. O solo abaixo da trajetória do ataque derretia, as árvores que enfeitavam aquela parte do reino viravam carvão instantaneamente, e o ar ao redor se distorcia com o calor imenso. Tudo ao redor começou a se desintegrar, como se o próprio mundo estivesse sendo consumido pelo inferno.
Any, sentindo o terror esmagador do poder que se aproximava, canalizou cada grama de força que lhe restava para a barreira de sangue. Ela podia sentir a magnitude do ataque antes mesmo de ele chegar, uma onda de calor e poder que ameaçava engolir tudo e todos. Com um grito de pura determinação, ela elevou a barreira, infundindo-a com tudo o que tinha.
O cometa colidiu com a barreira em um choque ensurdecedor, o impacto reverberando como um trovão. A força do ataque era tão imensa que a barreira de sangue tremia, ondulava, mas não se rompia. Any sentia a pressão como se estivesse tentando segurar o próprio céu em suas mãos, o calor penetrando sua pele, queimando sua carne, mas ela não cedia. Ela não podia ceder.
Any se lembrou, vagamente, de sua infância. De tudo que sofreu na pobreza extrema, como os adultos a viam e cobiçavam por sua beleza mesmo sendo uma criança. E como seus pais a vendiam sem pensar duas vezes para terem o que comer.
Ela se lembrou quando ela foi vendida por um saco de ouro que deixou seus pais ricos para o Bar de Ciscer. Ela se lembrou de quando entrou as escondidas no escritório do gerente do local e tomou o líquido negro de uma garrafa de vidro com uma caveira desenhada em sua face e escrito “Veneno Negro”.
Ela se lembrou de como sua vida não tinha propósito algum além de servir como fonte de dinheiro para os adultos. E Any também se lembrou de como desejou o abraço da morte para que tudo aquilo acabasse, ela tinha fé que talvez na morte ela achasse um propósito ou motivo para sua existência.
Mas nem isso a garota pôde ter. Quando tomou o líquido ela sentiu como se todo seu sangue fervesse dentro de suas veias. Ela sentia seus órgãos sendo evaporados por dentro e como a dor a fazia chorar lágrimas de sangue.
E quando tudo passou não foi a morte que ela conseguiu. Mas sim a habilidade de regeneração que beirava a imortalidade e o controle perfeito de seu sangue. Seu próprio corpo e sangue haviam se tornado seu ARGUEM. O dono do Bar de Ciscer se enfureceu, e por ser um nobre ordenou a execução da garota por ter roubado o que parecia ser uma pesquisa do homem.
Tentaram matar a jovem de todas as formas possíveis, mas ela sempre se regenerava, mesmo contra sua vontade. Ela se viu obrigada a viver uma vida sem propósito, até que o recém nomeado capitão da guarda real, Sam Haras, a deu a ideia de se tornar uma soldado do reino, para que ela pudesse descobrir seu próprio propósito enquanto fazia a diferença para que nenhuma outra criança ou adolescente passasse pelo que ela passou.
Dentro da barreira, o mundo era um turbilhão de calor, luz e destruição, mas aqueles que estavam sob a proteção de Any permaneciam seguros, mesmo quando o cenário ao redor era aniquilado. A resistência dela, já além dos limites humanos, era um ato de pura vontade, não por si mesma, mas pelas crianças e pessoas inocentes que ela defendia, por seus companheiros, uma luta desesperada contra uma força imparável.
Finalmente, o poder do ataque começou a diminuir, o cometa se desvanecendo enquanto consumia o restante da energia que Any havia dedicado à barreira. Quando a última faísca do ataque desapareceu, o silêncio que seguiu foi profundo, quase opressivo. O campo de batalha ao redor estava destruído, um deserto fumegante de cinzas e pedras derretidas, mas dentro da barreira, todos ainda respiravam.
Any, agora apenas uma sombra de si mesma, sentiu suas forças a abandonarem. Seu corpo, exausto e queimado de dentro para fora, não podia mais suportar o peso do que acabara de realizar. Com um último olhar para as crianças e companheiros que havia protegido, ela desabou no chão, desmaiando no instante em que a barreira começou a enfraquecer.
A jovem se lembrou quando decidiu que cada ordem que recebesse de seu capitão seria seu propósito de existência. E ela havia protegido os príncipes. Quando desmaiou, um leve sorriso curvou seus lábios.
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