Capítulo 34 — Silêncio após a tempestade
O campo de batalha ao redor deles, ainda marcado pela destruição, agora repousava em um silêncio pesado, quase surreal. As chamas haviam se extinguido, e as sombras dos escombros criavam um cenário desolado. Os únicos sobreviventes eram as crianças e adolescentes que não podiam lutar, e poucos dos que tiveram coragem para fazê-lo. A chefe dos curandeiros Karine, o capitão e seus discípulos, os príncipes e Nastya, estavam reunidos em um círculo frágil de sobrevivência.
Ao longe, o eco de um rugido se dissipava, sufocado por uma onda de gelo. Agnus, implacável, provavelmente havia derrotado o outro wyvern sozinho. O silêncio após a tormenta trazia um certo alívio, mas também uma sensação amarga de perda iminente. As baixas nos portões da cidade deviam ser muito maiores do que na área onde os príncipes se encontravam.
Sam, ainda ofegante após a batalha, olhou ao redor, seu olhar finalmente pousando sobre os príncipes, agora em pé ao lado de suas recém-formadas espadas. Ele avançou alguns passos, seu semblante sombrio, mas com uma mistura de alívio e preocupação.
— Por que vocês não entraram no abrigo? — Sam perguntou, sua voz rouca de cansaço, mas carregada de autoridade. Ele se deteve diante dos príncipes, esperando uma resposta, enquanto a tensão no ar começava a se dissipar.
Antes que os príncipes pudessem responder, Marco deu um passo à frente, um olhar de frustração estampado em seu rosto.
— Não conseguimos, capitão — ele começou, sua voz contendo uma mistura de raiva e desespero. — A nobre Cecília Havilfort, em um ato de desespero e pânico, fechou a passagem secreta por dentro. Ela se salvou junto com o restante dos nobres que conseguiram entrar… e trancou os príncipes e o resto de nós do lado de fora.
Sam estreitou os olhos, sua expressão endurecendo ao ouvir as palavras de Marco. Ele balançou a cabeça lentamente, absorvendo a gravidade da situação.
— Como ela pôde?! — Rosnou Sam, enfurecido, mas se conteve e olhou novamente para os príncipes e as espadas recém despertas.
Cassian e Helick trocaram olhares tensos, ainda processando o ocorrido. Cassian deu um passo à frente, segurando a espada com firmeza, mas sem entender completamente como havia conseguido conjurá-la.
— Nós… — Cassian começou, a voz hesitante, mas percebendo que todos queriam saber o que havia acontecido. — Estávamos tentando proteger as poucas pessoas que ainda estavam vivas, e então, de alguma forma… isso aconteceu.
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Helick assentiu, as lembranças ainda turvas em sua mente.
— Foi como se algo… nos guiasse, Sam. Como se a própria mana nos mostrasse o que fazer. Não sabemos como, mas de repente, sentimos a centelha, e as adagas… elas simplesmente se transformaram.
Sam franziu a testa, tentando entender as palavras dos príncipes.
— A mana os guiou? — Ele repetiu, pensativo. — E as adagas… Elas se transformaram em espadas sem o auxílio de um anão? Isso é algo que eu nunca ouvi falar.
O silêncio voltou a cair sobre o grupo, enquanto todos processavam o que havia acontecido. Sam olhou para os príncipes, percebendo a seriedade do que eles haviam acabado de vivenciar. As pessoas ao redor ainda estavam perplexas com o que presenciaram, trocando olhares desconfiados e sussurros apreensivos.
Nastya, que sempre fora tímida, inesperadamente franziu ligeiramente o cenho antes de perguntar:
— Onde foram parar as gemas das adagas?
— Elas se fundiram com as lâminas, desapareceram na transformação — respondeu Helick, ainda perplexo.
Por um breve momento, o semblante de Nastya endureceu, mostrando um descontentamento quase imperceptível. No entanto, ela rapidamente disfarçou, voltando a assumir uma expressão neutra, sem levantar mais questionamento.
Sam se virou em direção à estátua do Leonzir, a escultura havia sobrevivido à batalha. Com um olhar determinado, Sam se aproximou da estátua e, sem hesitar, apertou os dentes da criatura em uma sequência complexa. Um som mecânico ecoou pelo ambiente, e a passagem secreta, que havia sido fechada por dentro, começou a se abrir lentamente.
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— Existe um código que força a abertura, mesmo quando trancada pelo lado de dentro — explicou Sam, sem tirar os olhos da passagem que agora revelava um caminho seguro.
Todos começaram a descer, com exceção de Sam.
— Vou averiguar como está o reino e volto quando confirmar que já é seguro sair. — Falou Sam com o semblante duro e chamando Karine. — Há um estoque de alimentos de emergência neste abrigo. Aproveite para usar sua magia e curar os feridos.
A mulher assentiu e desceu com o restante das pessoas.
O majestoso jardim de Lyberion, outrora um símbolo de paz e beleza, agora era um campo de destroços e cinzas, o que restou após a feroz batalha entre os soberanos e o Dragnaro Draxion, acompanhado de seu temível Wyvern. O silêncio que se seguiu à derrota do inimigo foi quebrado pelo som de um chicote cortando o ar e estalando contra o chão.
Medicci Silva, o nobre que lutara na linha de frente contra Draxion e sobrevivera graças à intervenção do rei de Lyberion, se aproximava do grupo. Seu chicote, com punho enfeitado em verde e amarelo opaco, vibrava poderosamente em suas mãos.
Ele parou à frente de Aquiles, ajoelhando-se com reverência.
— Meu rei — começou Medicci, sua voz respeitosa, mas carregada com o peso da batalha —, vejo que a fera ainda respira.
Rhyssara, seus olhos azuis como o céu de verão, cravaram-se em Aquiles com uma desaprovação silenciosa, mas eloquente. O rei, sentindo o olhar da imperatriz, respondeu ao nobre sem hesitar:
— Sim — confirmou Aquiles, sua voz firme e resoluta. — Dome a criatura. Certifique-se de que ela jamais fugirá ao nosso controle.
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Medicci se levantou e começou a caminhar em direção ao corpo desacordado do Wyvern. A tensão firme no ar, cada passo ecoando a autoridade e o perigo que ele estava prestes a confrontar. Com um movimento fluido, ele balançou o chicote, fazendo-o estalar no ar enquanto se preparava para subjugar a besta.
Aquiles então se voltou para Rhyssara, ciente de sua desaprovação.
— Não há razão para o seu descontentamento — ele disse, a voz calma, mas firme. — Você sabe que Lyberion não deseja guerra contra seu povo ou qualquer outra raça.
Rhyssara, sempre fria e calculista, manteve o olhar fixo no rei.
— E mesmo assim — replicou ela, a voz tão cortante quanto o vento mais frio —, adiciona uma fera capaz de destruir um exército inteiro sozinha às suas fileiras.
Aquiles manteve a calma, mas a intensidade em seus olhos revelava sua determinação.
— Não quero guerra. Mas se ela bater à minha porta, responderei à altura — disse ele, sua voz carregada com a gravidade de um soberano preparado para qualquer eventualidade.
Enquanto os dois trocavam olhares, Leonardrick, o anão que lutara ao lado deles, aproximou-se. Seu martelo, ainda brilhando com a energia da batalha, estava em suas mãos, mas ele mantinha um olhar pensativo, observando o Wyvern.
— Isso não é só sobre o controle da fera — disse Leonardrick, quebrando o silêncio com uma voz rouca, mas carregada de experiência. — É sobre enviar uma mensagem.
Rhyssara desviou o olhar de Aquiles por um momento, encarando Leonardrick. Ela sabia que as palavras do anão eram verdadeiras, mas isso não diminuía seu desconforto.
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Aquiles assentiu em reconhecimento ao anão, entendendo que a decisão que tomara tinha implicações muito além daquele campo de batalha.
— Parece que os rugidos que assombravam os céus de Lyberion finalmente cessaram. — Comentou Leonardrick, limpando o suor da testa com as costas da mão. — Sam e Agnus devem ter lidado com as outras duas feras.
— Espero que tenham dado o golpe final. — Rhyssara respondeu, com um tom de impaciência afiada.
Aquiles ergueu a mão, silenciando qualquer debate adicional.
— Já chega de especulações. Temos que nos focar no que vem a seguir. — Ele disse, sua voz firme ecoando no ar pesado da batalha.
Com um leve impulso, seus pés deixaram o chão, sua postura erguendo-se com a dignidade de um rei que não permitia vacilos.
— Vou me encontrar com o povo e declarar nossa vitória. — Ele anunciou, seus olhos brilhando com a determinação inabalável.
Rhyssara caminhou para perto de Aquiles e o abraçou repentinamente.
— Vou com você. — Falou a imperatriz enquanto forçava o corpo contra Aquiles. — Tenho que falar com minha frota que ficou nos portões.
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