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    Nos dias que se seguiram, Lyberion passou por um período de intensa reorganização. Os estragos causados pelo ataque dos wyverns eram visíveis em toda parte, e as cicatrizes da batalha estavam frescas não apenas nas ruas, mas nos corações do povo.

    As defesas da cidade foram reforçadas, com soldados sendo destacados para vigiar cada canto das muralhas e torres de vigia. Patrulhas foram estabelecidas ao longo da costa e as forças ossuianas, sob o comando de Rhyssara, coordenaram-se com as tropas de Lyberion para garantir que não houvesse mais surpresas.

    Dentro da cidade, o povo se unia para reconstruir. Os mercados voltaram e os curandeiros, tanto de Lyberion quanto de Ossuia, cuidaram dos feridos com dedicação incansável. Havia uma sensação de renovação no ar, uma determinação crescente para se preparar para o que viesse a seguir.

    No entanto, apesar da aparência de normalidade que lentamente retornava, Helick carregava consigo o peso do que havia visto. A visão continuava a assombrá-lo, a urgência de sua mensagem cada vez mais forte em sua mente. Ele sabia que o tempo estava se esgotando e que precisava compartilhar suas descobertas com o pai e a imperatriz.

    Finalmente, quando as defesas estavam estabilizadas e o plano de vigilância constante em toda a costa foi estabelecido, Aquiles ordenou que Helick se juntasse a ele e a Rhyssara em uma audiência privada.

    A sala de reuniões, decorada com tapeçarias representando antigas vitórias e glórias do passado, estava imersa em um silêncio profundo quando não só Helick, mas sim os dois príncipes adentraram. Cassian por muitos dias tentou saber o que tanto afligia seu irmão, mas Helick não falava. A reunião havia sido planejada apenas para Helick e os soberanos, mas Cassian, surpreendentemente, fez questão de acompanhar o irmão.

    Aquiles estava sentado à cabeceira da mesa, com uma expressão séria. Rhyssara, ao seu lado, mantinha o semblante igualmente grave. Helick e Cassian tomaram seus lugares à frente deles, o jovem príncipe respirando fundo, preparado para finalmente revelar o que tanto o perturbava.

    — Pai, Imperatriz Rhyssara — começou Helick, sua voz carregando o peso do que estava prestes a revelar. — Antes da cerimônia de despertar, alguns dias depois do ataque à fonte, fui à biblioteca para tentar descobrir algo sobre o ataque e quem poderia estar por trás disso.

    Rhyssara manteve o olhar fixo em Helick, sua postura inabalável. Embora ela soubesse que o ataque poderia ser interpretado como uma ação sua, a imperatriz já havia esclarecido essa questão com o rei.

    — Quando saí, fui atacado por uma mulher mascarada — continuou Helick. — A máscara tinha a face de um lobrasa, e ela tentou tomar minha adaga com a jóia.

    Aquiles franziu a testa, surpreso, e lançou um olhar rápido para Rhyssara.

    — Lobrasa? — indagou Rhyssara, igualmente surpresa. Ela sabia que as suspeitas naturalmente recairiam sobre ela, já que o lobrasa remetia a uma antiga família nobre que havia se mudado para Ossuia durante a separação dos filhos de Helisyx. — Entendo que possam pensar que foi um ato meu. Mas saibam, não existem nobres em Ossuia. Ninguém lá se apega a sobrenomes. Poder e influência são conquistados, não herdados.

    Cassian, que até então estava em silêncio, interveio:

    — Ela também me atacou, pouco antes. Tentou tomar minha adaga da mesma forma.

    Aquiles se levantou abruptamente, a indignação clara em sua voz.

    — Como isso é possível? — vociferou ele. — E os guardas que deveriam estar protegendo vocês?

    — Isso não vem ao caso agora, pai — interrompeu Helick, tentando manter a calma.

    — Uma mulher estranha ataca vocês, e acham que não deveriam me informar? Sam sabia disso? — Aquiles estava furioso, a preocupação mesclando-se com a raiva.

    — Pai, por favor, deixe-me terminar — insistiu Helick, a tensão na sala aumentando.

    Aquiles se recostou na cadeira, ainda irritado, mas indicando que Helick podia continuar. O jovem príncipe respirou fundo, reunindo coragem para descrever o que havia experimentado.

    — Depois desses ataques — começou Helick, sua voz mais calma, mas ainda carregada de tensão —, comecei a ter uma sensação estranha. Conversando com a bibliotecária ela me disse que as paredes do palácio contavam histórias mais antigas que as registradas nos livros e quando comecei a analisa-las percebi que algo me atraía para as pinturas nas paredes do palácio. Era como se… como se algo nelas estivesse tentando se comunicar comigo.

    Rhyssara inclinou-se levemente, interessada.

    — O que viu, Helick? — perguntou ela, a voz baixa, mas firme.

    — Fui até o hall de entrada, onde as paredes contam a história de Helisyx — explicou Helick, suas palavras fluindo lentamente enquanto ele relembrava os detalhes. — Já vi aquelas pinturas inúmeras vezes, mas dessa vez, algo estava diferente. Conforme eu as observava, era como se uma voz interior me guiasse, revelando significados ocultos nas imagens.

    Aquiles e Rhyssara trocaram um olhar breve, mas não o interromperam. Helick prosseguiu.

    — A história nas paredes mostra Helisyx descobrindo a primeira mina de Diamante Negro, a mesma que desencadeou tudo que conhecemos hoje. — Ele fez uma pausa, tentando ordenar os pensamentos. — Mas então, fui levado para fora, até os jardins. As paredes estavam cobertas de trepadeiras, mas, no chão, sob a terra e as raízes, havia mais. Uma imagem, quase invisível, mas que eu consegui distinguir quando subi até o andar mais alto do palácio.

    Rhyssara arqueou uma sobrancelha.

    — E o que era essa imagem?

    Helick engoliu em seco, seus olhos fixos nos de Rhyssara antes de olhar para seu pai.

    — Era Terramara, a Mãe Terra, recebendo uma maldição de Dungrim, o Deus Anão da Criação Celestial. — Ele hesitou por um momento. — Eu não sei como, mas eu sabia exatamente o que estava vendo. Ela estava sorrindo enquanto a maldição era lançada, e das mãos dela e de Terrano, que estava ajoelhado atrás dela, surgiram duas sementes de mana. Uma azul, que quase beirava o branco, e a outra alaranjada, como fogo.

    Aquiles franziu a testa, absorvendo as palavras do filho.

    — Isso tudo que você viu faz parte dos contos antigos, Helick. — O rei tentou entender o que aquilo poderia significar. — Por que isso é importante agora?

    — Porque eu tive uma visão, pai. — Helick sentiu a urgência crescer dentro de si. — Depois de ver a pintura no jardim, meus olhos queimaram, e tudo ficou branco. Eu fui levado a um lugar estranho, vazio, exceto por uma aura azul quase branca. Ela sussurrou para mim, uma voz feminina, dizendo que o restante do que eu precisava saber não estava aqui. Ela me mandou para Ossuia.

    Um semblante surpreso tomou Cassian ao ouvir o que o irmão havia dito, isso explicava a estranheza dele no dia que Leonardrick havia chegado ao palácio.

    Rhyssara estreitou os olhos, claramente intrigada.

    — Ossuia? — repetiu a imperatriz, a palavra carregando um peso especial em sua voz. — E essa aura… você a reconheceu?

    — Não exatamente — admitiu Helick, tentando dar sentido à experiência. — Mas a voz era estranhamente familiar, como se eu já a tivesse ouvido antes. Ela me disse para ir para Ossuia e ver o que mais precisava ser descoberto.

    Aquiles se inclinou para frente, sua expressão agora mais preocupada do que irada.

    — E você acredita que deve seguir essa visão?

    Helick assentiu com firmeza.

    — Sim, pai. Não sei explicar, mas algo dentro de mim diz que é essencial. Se existe uma verdade oculta, ela está em Ossuia. Eu preciso ir para lá.

    Rhyssara, mantendo o olhar firme sobre o príncipe, ponderou por alguns momentos antes de falar.

    — Helick, se o que você diz for verdade, há algo muito mais profundo em jogo aqui. Ossuia é um lugar… diferente. Mas se você sente que esse é o seu caminho, então não deve ignorá-lo.

    Aquiles observou a imperatriz, medindo as palavras dela antes de voltar-se para o filho.

    — Então, você irá para Ossuia — declarou Aquiles, sua voz carregada com a firmeza que apenas um rei pode demonstrar. — Mas não irá sozinho. Eu mesmo liderarei essa jornada.

    Rhyssara ergueu uma mão, interrompendo-o com um gesto decidido.

    — Você não pode, Aquiles. — A imperatriz falou com uma calma resoluta. — Lyberion é um reino costeiro, e se as outras raças atacarem, começarão por aqui. Precisamos que você esteja preparado para defendê-lo quando isso acontecer.

    Aquiles franziu o cenho, a indignação transparecendo em sua expressão.

    — E você espera que eu deixe meu filho partir sozinho, sabendo que há alguém atrás dele? — rugiu o rei, sua voz ecoando pela sala.

    Rhyssara manteve a serenidade, seus olhos fixos nos de Aquiles.

    — Ele não estará sozinho — respondeu ela com firmeza. — Eles estarão indo para minha casa, então eu os acompanharei. Confie em mim, Aquiles, eu cuidarei de Helick e Cassian. — Ela fez uma breve pausa, sua voz se suavizando. — Partiremos ao amanhecer.

    — “E Cassian”? — indagaram Aquiles e Cassian quase ao mesmo tempo, confusos.

    — As gemas mencionadas nas pinturas, as joias-mapa que as outras raças procuram… — Rhyssara começou a explicar. — As joias de Lyberion e Ossuia, tudo isso parece estar interligado. Como Cassian também possui uma dessas gemas, ele deve ir conosco.

    Aquiles hesitou, claramente dividido entre o dever de proteger seu reino e o desejo de proteger seu filho. Mas ele sabia que Rhyssara estava certa. Finalmente, ele assentiu com relutância.

    — Que assim seja — disse ele, a voz ainda tingida de preocupação. — Mas ordenarei ao capitão da guarda real para escalar soldados para fazerem sua escolta por segurança.

    — Se isso vai te tranquilizar, tudo bem — finalizou Rhyssara. — Vão e se preparem para a viagem.

    Os irmãos se entre olharam e com um gesto de respeito com a cabeça se despediram dos soberanos.

    Aquiles suspira, observando a porta pela qual seus filhos acabaram de sair.

    Aquiles observava a porta pela qual seus filhos haviam saído, o peso da decisão ainda claro em sua expressão.

    — Espero que esta jornada não se revele mais perigosa do que já aparenta ser — murmurou ele, com uma preocupação evidente em sua voz.

    Rhyssara, sempre prática e direta, inclinou-se levemente à frente, chamando a atenção do rei.

    — Aquiles, precisamos considerar todos os riscos, especialmente a rota que tomarei com seus filhos — disse a imperatriz, a calma fria de sempre permeando suas palavras.

    — O caminho para Ossuia leva dias, mas não há muitos perigos ao longo da rota, além de alguns saqueadores que nunca seriam capazes de sequer tocar nos meus filhos se usarem um décimo do que aprenderam com o exército de Lyberion.

    Rhyssara o fitou em silêncio, seus olhos azuis como o gelo do mar transmitindo a mensagem clara de que não planejava seguir pelas rotas convencionais.

    Aquiles estreitou os olhos, percebendo o que ela estava sugerindo.

    — Por que está me olhando assim? Não me diga que pretende… — começou ele, a descrença se mesclando à preocupação.

    — Não temos dias, Aquiles. As patrulhas na costa do continente indicam que a muralha parece intacta e não há sinais de invasores além daquele navio além do mar de monstros. Mas não sabemos quando eles podem atacar novamente. Nem se têm a capacidade de derrubar a barreira quando bem entenderem. Não podemos nos dar ao luxo de perder tempo. Precisaremos pegar o caminho mais curto, passando pelas margens da Floresta das Árvores Andantes.

    Aquiles inclinou-se para frente, o rosto contorcido em uma mistura de incredulidade e indignação.

    — Você sabe o que aquele lugar é?! É um labirinto natural que destrói qualquer um que se atreva a atravessar aquelas terras sem o devido cuidado.

    Rhyssara manteve a postura firme, a frieza de suas palavras cortando como gelo.

    — As pessoas morrem lá por falta de conhecimento, não por algum mal inerente. A região pode ser traiçoeira, mas é pacífica. Muitos sucumbem por consumir frutos tóxicos ou por se perderem nos labirintos criados pelas raízes e pelo solo instável.

    Aquiles não parecia convencido.

    — Pacífica? E as lendas sobre as Sete Sombras? A vegetação hostil? Até criaturas que podem ser inocentes à primeira vista e mortais se não se precaver?

    Rhyssara balançou a cabeça levemente, sua voz firme e controlada.

    — Pretendo apenas contornar as margens da floresta. Não sou tola a ponto de nos adentrar em seu coração, embora isso encurtasse ainda mais nossa jornada. Seria imprudente demais.

    — Quantos dias seriam encurtados com essa rota? — perguntou Aquiles, com um olhar sério.

    — Normalmente, a jornada levaria sete dias a cavalo, considerando as paradas necessárias — explicou Rhyssara, detalhando o plano como se revisasse cada passo em sua mente. — Iríamos para o sul, atravessando o Pequeno Reino Independente do Sul para evitar a floresta, depois subiríamos pelo Reino Independente do Norte. De lá, passaríamos pelas Montanhas de Patrock e seguiríamos direto até Ossuia. Tudo isso em sete dias.

    Ela fez uma pausa antes de continuar avaliando a alternativa.

    — Se reduzirmos as paradas e seguirmos pelas margens da floresta, chegaríamos às montanhas em dois dias, e em mais dois estaríamos em Ossuia. Isso nos economizaria três dias.

    — De fato, é uma diferença significativa — ponderou Aquiles, avaliando as opções.

    Rhyssara assentiu, decidida.

    — Deixarei a maioria das tropas que trouxe comigo aqui, em Lyberion. Vou instruí-los para que sigam suas ordens como se fossem minhas — disse, levantando-se da cadeira. Antes de sair, olhou mais uma vez para o rei e acrescentou: — Por curiosidade, você tem algum botânico ou alquimista que possa ajudar a identificar frutos tóxicos e mágicos nas margens da floresta? Alguns desses frutos são raros e têm propriedades mágicas úteis. Seria uma boa oportunidade de aproveitá-los.

    Aquiles colocou a mão no queixo, refletindo.

    — Alguns nomes vêm à mente, mas as pessoas de Lyberion raramente saem das muralhas — ele respondeu, ainda pensativo. Após um momento, olhou para Rhyssara com uma expressão contrariada. — Tem uma pessoa. Ela não é nativa de Lyberion; veio com a mãe há muitos anos dos Reinos Independentes, embora eu não me lembre de qual. Já ouvi dizer que ela costuma sair para estudar plantas fora das muralhas. Apesar de ser jovem, dizem que seu conhecimento alquímico é impressionante.

    Rhyssara arqueou uma sobrancelha, notando o desconforto do rei.

    — Ótimo, mas por que essa cara? — indagou, curiosa.

    Aquiles suspirou, contrariado.

    — Você vai descobrir — disse ele. — Mandarei convocá-la para estar de prontidão ao amanhecer.

    Com isso, a reunião dos soberanos chegou ao fim.

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