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Capítulo 42 — Chamas e Gelo
Cassian, com sua impulsividade, não considerou uma estratégia nem por um momento. Seus instintos o dominaram enquanto ele corria em direção ao grupo de bandidos, brandindo sua espada com habilidade. Os treinamentos militares lhe haviam concedido maestria natural com a lâmina, e isso o permitiu trocar golpes rápidos e certeiros com os três inimigos que o cercavam.
Os oponentes não eram tão habilidosos quanto o príncipe, mas sua vantagem numérica o mantinha sob pressão. As lâminas cruzavam o ar em uma dança mortal, o aço ecoando a cada colisão. Cassian desviava e atacava com precisão, mas, no fundo ele sabia que algo estava errado. Ele se lembrava da chama que emergira contra o wyvern, mas agora… nada. A espada permanecia fria, sem o calor que ele esperava sentir novamente.
— Por que não sinto nada? — murmurou entre os golpes, sua mente lutando para entender o que faltava.
Do outro lado do campo de batalha, Helick mantinha a calma. Diferente de Cassian, ele jamais correria para o perigo sem pensar. Os bandidos o cercavam, mas Helick, lembrava-se de cada lição, de cada texto lido sobre ARGUEMs. Ele sabia que o poder que havia despertado dentro dele era novo, como um músculo que precisava ser exercitado.
Com concentração, ele se conectou com sua mana. Ele se viu naquele ambiente branco mais uma vez. A centelha azul agora não mais sozinha, mas sim dentro de si naquela vastidão do nada. Lentamente, Helick sentiu o gelo emergir dentro de si, crescendo conforme sua respiração se acalmava. Ao desferir um golpe, uma aura azulada brilhou ao redor da lâmina, e quando seus inimigos avançaram, o chão sob eles congelou abruptamente. Surpresos, os bandidos perderam o equilíbrio, caindo desajeitadamente no chão escorregadio.
Helick tentou manter a expressão neutra, mas seus olhos traíam uma sensação de dúvida. Embora tivesse conseguido conjurar o gelo, não era exatamente dessa forma que ele queria. Uma incógnita lhe preenchia, um desconforto sutil, enquanto ele tentava entender o que realmente havia acontecido.
Cassian, ainda trocando golpes furiosos, vendo seu irmão usar seus poderes com naturalidade, sentiu o momento de frustração crescer. Os bandidos o forçavam a recuar, até que, em um piscar de olhos, ele percebeu uma flecha vindo em sua direção, arremessada pelo arqueiro que até então estava ocioso do combate.
A flecha, envolta em um pequeno redemoinho de vento, rasgava o ar com tamanha velocidade e precisão que parecia desafiar as leis do atrito, movendo-se como se o próprio ar abrisse caminho para ela.
Marco, atento ao desenrolar da batalha, viu a flecha cortando o ar em direção a Cassian. O arqueiro tinha mirado com precisão letal, e o príncipe estava ocupado de mais, lutando com seus próprios pensamentos e os inimigos à sua frente, para reagir a tempo ao perigo iminente.
Em um movimento rápido e instintivo, Marco se lançou na trajetória da flecha. Sua espada brilhou por um instante, e com um giro preciso, ele interceptou o ataque. O impacto fez a flecha girar no ar antes de cair suavemente em sua mão. Ao segurar o projétil, Marco sentiu algo estranho — uma conexão com a magia envolvida na flecha. Ele observou o redemoinho de vento ao redor dela, e, quase que automaticamente, seu ARGUEM reagiu.
— Então é assim… — sussurrou, seus olhos se estreitando em compreensão.
A espada prateada brilhou, fluindo mana da lâmina até a mão que segurava a flecha. Marco mirou no arqueiro e arremessou a flecha de volta, replicando o mesmo redemoinho de vento que a envolvia antes. O projétil cortou o ar com a mesma precisão de quem o havia disparado, forçando o arqueiro a saltar do cavalo com um rolamento ágil para evitar ser atingido. O líder dos bandidos se agitou em surpresa evidente pelas habilidades do soldado.
Enquanto isso, Tály estava em meio a seus próprios combates, derrubando bandidos com golpes ágeis e precisos. Seus movimentos eram uma dança mortal, e os oponentes caíam sem chance de reagir. Mas seus olhos, atentos ao campo de batalha, perceberam Cassian em apuros. Ele ainda estava lutando sem a chama de mana que ela sabia que residia dentro dele.
— Magia Marcial! Estilo Dançante, Estrela dos Ventos! — conjurou Tály, sua voz firme reverberando no campo de batalha.
Imediatamente, ela começou a se mover com uma fluidez que parecia uma dança, os pés se alternando em uma ginga constante. Seus movimentos eram graciosos e ao mesmo tempo imprevisíveis, como se o vento guiasse cada passo e cada golpe. Seus inimigos se viam confusos, incapazes de prever de onde viria o próximo ataque carregado de ventania violenta. Tály trocava os pés pelas mãos com destreza, girando o corpo em saltos e investidas que misturavam ataques e esquivas em perfeita harmonia. Cada golpe, quando atingia o alvo, fazia com que o oponente girasse envolto de ventos cortantes. Em poucos segundos, cinco bandidos foram derrubados, atingidos por golpes inesperados que vinham ora dos pés, ora das mãos.
Sem hesitar, ela se lançou em direção a Cassian, percebendo que ele estava prestes a ser cercado.
— Se não consegue se defender, é melhor se proteger na carruagem! — gritou ela, com uma dureza em sua voz que o príncipe raramente ouvia de outras pessoas a não ser dela.
Cassian, ofegante, estava prestes a responder, mas um movimento em sua visão periférica fez o tempo parecer desacelerar. Dois bandidos surgiram das laterais da soldado, deslizando como predadores silenciosos pelos pontos cegos de Tály, que, distraída ao baixar a guarda para falar, não percebeu o perigo iminente. Cassian sentiu o pânico apertar seu peito enquanto via as lâminas brilhando, já prestes a atingir sua companheira. Ele sabia que pela distância não conseguiria chegar a tempo para evitar o golpe dos inimigos. O desespero pulsava em seus sentidos, até que uma onda avassaladora de calor cresceu em seu peito, como uma última faísca de esperança queimando para impedir o inevitável.
A chama dentro dele, aquela que ele tanto procurava, finalmente se manifestou. Em paralelo com a visão que captava o mundo ao seu redor, Cassian também via uma sala branca, na qual ele se encontrava sozinho com uma chama, que crepitava intensamente, tentando se alastrar, mas sem combustível.
Cassian visualizou aquela cena enquanto uma voz sussurrava em sua cabeça: “Assim como uma chama precisa de combustível para existir, a magia precisa de propósito para que exista em você.”
Propósito. Qual era o propósito de Cassian? Pelo que ele lutava? O jovem ainda não conseguia ter a resposta para isso. Em toda a sua vida ele sempre quis fazer seu próprio destino e ser feliz com suas próprias escolhas, mas agora, com tanta coisa acontecendo e as responsabilidades que pendiam sobre seus ombros… Ele simplesmente não tinha uma resposta.
A sala branca sumia de sua visão — ou imaginação — e ele voltava a ver a cena de Tály indefesa, prestes a ser partida ao meio pelas lâminas dos bandidos que a atacavam.
O propósito de sua vida Cassian podia não saber, mas naquele momento, ele tinha certeza do que queria. Ele queria proteger Tály contra aqueles homens. Ele queria, do fundo de sua alma, que eles queimassem antes de se quer sonharem em encostar na soldado em sua frente.
Com o gatilho mental de sua vontade, Cassian ergueu a espada para o alto e gritou com tamanha determinação que chamas intensas surgiram diretamente sobre os dois homens que ameaçavam sua companheira, incinerando-os instantaneamente.
— Cassian… — murmurou Tály, surpresa, enquanto observava o poder do príncipe finalmente emergir.
Os ecos da batalha se espalhavam pelo campo. Cassian e Helick haviam despertado.
Cassian ainda sentia o calor da chama que irradiara de sua espada, seu peito arfando com a adrenalina do momento. Tály, por sua vez, permanecia quieta, os olhos fixos nos bandidos incinerados, ainda processando a surpresa do que acabara de acontecer. O poder do príncipe finalmente havia se manifestado, mas não havia tempo para palavras de elogio ou para refletir sobre a situação.
Do outro lado do campo de batalha, Any continuava sua caçada. Seus movimentos eram rápidos e precisos, quase inumanos, enquanto derrubava o que restava dos bandidos um por um. Sangue salpicava sua armadura, cobrindo sua pele, mas não era o dela. Ela não parecia se importar com a visão macabra ao seu redor, focada apenas em eliminar a ameaça.
O líder dos bandidos, o arqueiro, observava de uma distância segura, sem qualquer sinal de abalo. Seus olhos acompanhavam os corpos caindo, mas não havia tristeza, arrependimento ou fúria. Ele parecia… satisfeito?
Com um gesto ágil e preciso, o arqueiro puxou uma flecha flamejante de sua aljava, subindo mais uma vez em seu cavalo antes de erguê-la em direção ao céu. Um sorriso discreto curvou seus lábios enquanto ele murmurava com frieza:
— Magia Elemental, Estilo Fogo: Chuva de Flechas Flamejantes.
Um círculo mágico brilhou à frente do arco, vibrando com energia incandescente. Ele soltou a corda e a flecha, envolta em chamas, cortou o ar com um silvo. No instante em que a primeira flecha cruzou o círculo, dezenas de outras surgiram, disparadas em um arco perfeito, como se o céu estivesse sendo engolido por uma tempestade de fogo.
Any, com seus reflexos aguçados, tentou erguer uma barreira de sangue, suas mãos se movendo com urgência para conjurar a defesa. Porém, as flechas eram rápidas demais. Não houve tempo. Uma delas passou rente ao seu rosto, o calor escaldante deixando uma marca invisível em sua pele que se regenerou no mesmo instante.
— Recuem! — gritou Marco, já se movendo em direção às árvores, seus olhos fixos na muralha de chamas que consumia o campo rapidamente.
— NÃO!! — gritou Redgar, ainda atordoado. — NÃO PODEMOS ENTRAR LÁ!
— Vamos morrer se não o fizermos! — rebateu o cocheiro, forçando a carruagem elegante onde Rhyssara e Nastya estavam a adentrar na Floresta das Árvores Andantes.
Sem escolha, os soldados montaram em seus cavalos e seguiram em retirada. O cavalo de Redgar, percebendo o perigo, recuou por instinto, mesmo com o guerreiro tentando contê-lo. As chamas ganhavam terreno, obrigando o grupo a se mover mais rápido. Cassian e Helick se penduraram nas laterais da carruagem em fuga, enquanto Tály, Marco e Any mantinham a formação, recuando como uma unidade treinada, mas o fogo avançava vorazmente atrás deles, forçando-os a adentrar cada vez mais profundamente nas sombras da floresta.
Do alto de seu cavalo, o arqueiro observava impassível, agora cercado pela muralha de fogo que ele próprio conjurara. Seus olhos seguiam a comitiva em fuga, mas sua expressão permanecia serena, quase satisfeita, como se apenas assistisse ao desenrolar de uma peça cuidadosamente roteirizada. Não havia luto por seus companheiros caídos, nem frustração por não ter eliminado os príncipes. Pelo contrário, parecia que tudo estava conforme o planejado.
Com um gesto lento e controlado, ele puxou as rédeas de seu cavalo, os olhos brilhando à luz das chamas ao seu redor.
— Peões perfeitos… — murmurou, satisfeito, antes de cavalgar para longe, deixando as chamas iluminarem seu caminho como o final de um ato orquestrado.
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