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Capítulo 46 — Decisão
Quando Redgar desapareceu entre as árvores, seus companheiros foram tomados por um silêncio inquieto, um peso que parecia se estender pelo ar da floresta. Cada um ali sentiu o impacto da decisão de Redgar de uma maneira diferente, refletindo o vínculo que, mesmo tênue, os conectava a ele. Helick e Cassian trocaram olhares em meio ao silêncio, tentando entender o que realmente havia acontecido e as implicações da escolha do soldado. Eles haviam treinado e convivido com Redgar nos tempos de formação no exército lyberiano. Apesar de a relação ter sido forjada pela disciplina e pela camaradagem de um rigoroso treinamento militar, não era algo que os fizesse agir como amigos, mas ainda assim, deixá-lo para trás os incomodava mais do que gostariam de admitir.
Naquele momento, o caminho até Ossuia parecia mais distante e a missão que tinham pela frente, mais desafiadora. Era simples o bastante: chegar até a cidade e garantir o sucesso de sua jornada. Mas, agora, havia uma questão que eles não estavam certos de como responder. Poderiam realmente apenas seguir adiante e deixar um companheiro para trás, mesmo com o objetivo claro que tinham?
Rhyssara, a Imperatriz, observava os príncipes em silêncio, com um semblante sereno e analítico, captando cada hesitação e gesto. Sabia que o momento exigia cautela e uma escolha cuidadosa, pois a decisão que tomariam seria uma medida da maturidade dos dois. Seus olhos brilhavam com uma sabedoria fria, mas carregavam também uma ponta de expectativa. Ela, então, se aproximou, quebrando o silêncio.
— Se ele escolher confrontar sozinho as sombras que o atormentam, essa é uma questão de honra — disse a governante, sua voz ecoando com calma, mas carregada de significado. — Mas lembrem-se, a honra também cabe àqueles que sabem distinguir entre um impulso e o dever. É uma linha tênue, uma que somente vocês poderão traçar.
Nastya manteve os olhos fixos na direção que Redgar tomara, com a expressão sombria e preocupada. Entre todos, talvez ela fosse a única que verdadeiramente compreendia o perigo à frente, conhecedora das armadilhas e desafios ocultos daquela floresta. Cada detalhe do lugar trazia à sua memória lembranças e advertências, a certeza de que Redgar poderia estar caminhando diretamente para a morte sem nem ao menos perceber.
— Se ele tiver sorte, a floresta o matará antes dele chegar às Sete Sombras. — Sussurrou Nastya para si.
— Sete Sombras? — perguntou Helick.
— Ele tomou a decisão dele — falou Any, seus cabelos negros caindo como uma cortina sobre os olhos igualmente escuros, ocultando o que realmente pensava. — Ele basicamente desertou. Abriu mão de sua missão para resolver seus assuntos pessoais. Temos que seguir com foco em nossa missão de sair desse lugar e chegar até Ossuia.
Tály e Marco absorveram as palavras da soldado e trocaram olhares de insatisfação. Ainda que uma resposta como essa fosse esperada vindo de Any, Marco não conseguiu se conter. Com uma expressão de indignação, vociferou:
— Você não pode estar falando sério!
Tály, percebendo a tensão, colocou a mão sobre o ombro do companheiro, como se quisesse acalmá-lo e fazê-lo entender o ponto de vista de Any, apesar de discordar.
— Essa decisão não é nossa para ser tomada — lembrou a soldado de pele morena e tranças negras, voltando o olhar para os príncipes e sugerindo que eles é que deviam guiar os passos do grupo.
Helick e Cassian, ainda tomados pelo dilema, permaneceram em silêncio por um instante, trocando olhares que refletiam a dificuldade da escolha que se apresentava diante deles. A testa de Cassian franzia enquanto refletia sobre a situação, sua expressão carregada de incertezas, até que ele, por fim, soltou um suspiro pesado.
— Redgar é um de nós, e deixá-lo para trás parece… errado. Mas, se formos atrás dele, isso não desviará nosso caminho até Ossuia? E se perdermos mais tempo…?
Helick, visivelmente hesitante, procurou nos olhos de Rhyssara algum tipo de orientação, um conselho que pudesse oferecer a clareza que precisavam. A Imperatriz, no entanto, apenas os observava com aquele olhar sereno e penetrante, como se buscasse que a decisão viesse unicamente deles.
— Vocês são os líderes desta comitiva. Cabe a vocês decidir — disse Rhyssara, sua voz suave, mas carregada de uma firmeza que não deixava espaço para dúvidas. — No entanto, lembrem-se: há uma ameaça que ultrapassa nossas fronteiras, algo além do Mar de Monstros, algo que pode destruir muito mais do que uma vida. Se optarem por seguir Redgar, eu os acompanharei. Mas não percam de vista o que está em jogo. A vida de um soldado é valiosa, sim, mas há milhares de vidas no continente que esperam por sua proteção.
As palavras de Rhyssara traziam uma profundidade que Helick e Cassian brevemente não consideraram. Ambos refletiram sobre a responsabilidade que recaía sobre eles, o peso de sua missão e a seriedade das vidas que dependiam de suas escolhas. Marco e Tály os observavam com expectativa, seus olhares ansiosos pela decisão, enquanto Nastya se mantinha em silêncio, contendo-se de falar, mas com o semblante visivelmente aflito, especialmente pelo conhecimento que tinha dos perigos da floresta.
Foi então que o cocheiro, um homem simples de feições humildes e expressão sincera, pigarreou, atraindo a atenção de todos. Ele fez uma leve reverência, seu olhar demonstrando respeito e, ao mesmo tempo, uma coragem inesperada ao se dirigir diretamente aos príncipes.
— Com a permissão de Vossas Altezas, gostaria de dizer algo, se me permitirem.
Helick e Cassian assentiram, surpresos e, talvez, ansiosos para ouvir uma perspectiva diferente em meio àquele dilema. O cocheiro, com a voz firme, mas humilde, continuou:
— Sei que sou apenas o cocheiro, e que não entendo das grandes responsabilidades que carregam. Mas — ele fez uma pausa, como se refletisse sobre suas palavras — se vocês têm em mente salvar milhares de vidas… como pretendem fazer isso se não conseguem salvar uma única agora?
A simplicidade do argumento do cocheiro ressoou profundamente, como uma brisa que dissipava a névoa de dúvida. Os príncipes se viraram para ele, impressionados com a clareza de suas palavras. Cassian mordeu o lábio, enquanto Helick parecia ponderar seriamente a questão. Ambos, quase ao mesmo tempo, sentiram uma espécie de alívio em meio ao conflito interno, como se tivessem recebido a confirmação de um sentimento que já conheciam, mas que precisavam ouvir de alguém.
— Ele está certo — murmurou Helick, olhando para Cassian. — Já estamos fora do caminho, perdidos de qualquer forma. E se queremos ser dignos de qualquer poder que tenhamos, precisamos aprender a usá-lo aqui, agora, e sem hesitar.
Cassian, com um novo brilho de determinação no olhar, acenou positivamente, sentindo uma renovada confiança.
— Sim. Enfrentaremos o que vier, treinando com cada desafio que surgir. Redgar precisa de nós agora, e não hesitaremos mais.
Rhyssara observou os príncipes com um leve sorriso de aprovação, embora seu olhar mantivesse uma certa distância, como se já previsse o próximo desafio. Nastya assentiu em silêncio, preparada para o que fosse necessário, enquanto os outros soldados firmaram suas armas com determinação renovada. Os olhares de todos, quase ao mesmo tempo, recaíram sobre Any, a soldado que sempre priorizava a missão acima de tudo. Eles estavam prontos para ouvir suas objeções, mas ela não protestou. Pelo contrário, sua face parecia aliviada com a decisão dos príncipes.
— Isso será só mais um contratempo. Mas eu me certificarei de que iremos passar por cima de qualquer obstáculo e chegaremos a Ossuia — declarou Any, com firmeza.
Juntos, o grupo seguiu adiante, agora com uma nova missão que, embora paralela à principal, simbolizava algo essencial para eles. A jornada a Ossuia continuaria, mas, primeiro, Redgar seria resgatado, e os príncipes aprenderiam a domar seus ARGUEMs.
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