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Capítulo 60 — As Montanhas de Patrock
A brisa cortava seus rostos como lâminas de gelo. No alto, acima da imensidão verde da Floresta das Árvores Andantes, a plataforma de gelo deslizou suavemente pelo céu, sustentada pela vontade de Helick. O frio era intenso, um reflexo direto da mana que pulsava através da lâmina fincada no gelo. O príncipe permanecia de pé, as mãos firmes sobre o cabo da espada, como um capitão guiando um navio entre as nuvens. Seu olhar estava fixo adiante, onde o horizonte se estendia em uma vastidão dourada e azul.
Cassian apertou o manto contra o corpo e olhou para baixo, observando as sombras alongadas das árvores movendo-se sob eles. Nastya mantinha os olhos atentos na paisagem à frente, fascinada pela forma como o mundo parecia pequeno dali de cima. Marco e Redgar permaneciam em silêncio, ambos mantendo os corpos levemente abaixados, protegendo Tály que continuava deitada, mas agora consciente.
Foi quando as montanhas que cortavam o continente surgiram no horizonte, suas formas imponentes erguendo-se como muralhas naturais. Picos brancos reluziam sob o sol nascente, e as estruturas das montanhas uma colada a outra davam a impressão que haviam se formado todas juntas.
— Helick — chamou Rhyssara, sua voz firme sobre o rugir dos ventos.
O jovem príncipe não desviou o olhar imediatamente, mas sua postura se enrijeceu. Seu foco estava inteiro na plataforma, garantindo que se mantivesse estável. Apenas quando sentiu que tinha controle absoluto, voltou-se para a imperatriz.
— Sim?
— Você tem controle total sobre a plataforma?
— Sim — respondeu sem hesitar. — Posso levá-la para onde for preciso.
Rhyssara assentiu levemente, então voltou o olhar para as montanhas que se erguiam abaixo deles.
— Desça até as montanhas.
Any franziu o cenho, imediatamente se virando para a imperatriz com um olhar duro.
— O quê? — Sua voz carregava frustração. — Já tivemos desvios demais! Não há motivos para atrasarmos ainda mais a missão. Devemos ir direto para Ossuia!
Rhyssara manteve-se impassível diante do protesto.
— Tenho assuntos importantes para tratar no reino dos anões.
— Assuntos? — Any cruzou os braços, não escondendo a insatisfação. — Planejamos essa jornada para três dias, e ainda estamos no início do segundo! Se já ganhamos tempo, devíamos aproveitá-lo para chegar o mais rápido possível ao destino!
Rhyssara sorriu, mas o gesto não trazia consolo.
— Isso não seria possível de qualquer forma.
Any abriu a boca para retrucar, mas foi interrompida antes de conseguir formular as palavras.
— Desde que saímos de Lyberion, enfrentamos bandidos, as plantas mortais da Floresta das Árvores Andantes e as Sete Sombras. Tudo isso sem descanso, sem sono — continuou Rhyssara, seu tom controlado, mas com uma gravidade inegável. — Helick, por mais que não diga, deve estar exausto.
Todos os olhares se voltaram para o príncipe, que manteve o silêncio por um instante. A verdade estava lá: ele sentia o peso da exaustão em seus ossos, mas sua determinação ainda o mantinha firme. Mesmo assim, não negou.
— Ainda consigo continuar — afirmou, mantendo a mão firme sobre a espada
Rhyssara o observou por um momento antes de soltar um suspiro leve, quase paciente.
— Você não entende o quão longe Ossuia está. Mesmo que seguíssemos sem descanso, meu império está a oitocentos quilômetros das montanhas.
O silêncio caiu entre o grupo. Se continuassem naquela velocidade, ainda levariam ao menos seis horas para chegar. O peso dessa informação se assentou sobre eles.
— Se está tão longe, jamais conseguiríamos chegar até lá em três dias, isso daria no mínimo cinco dias só das montanhas até Ossuia. — Reclamou Any.
— Quando cruzássemos as montanhas teríamos outro meio de transporte e conseguiríamos chegar em até oito horas — rebateu Rhyssara, a calma fria na voz. — Mas já chega disso.
Foi então que Rhyssara falou novamente para Helick. Sua voz polida e calma, mas com um tom tão inegociável que causava mais temor do que conforto.
— Desça a plataforma, Helick.
O príncipe engoliu em seco e, sem mais questionamentos, ajustou a empunhadura da espada. Com um leve movimento, a plataforma começou sua descida, deslizando pelo ar como uma embarcação cortando ondas invisíveis.
À medida que desciam a velocidade aumentava consideravelmente.
— Helys, você sabe pousar essa coisa? — perguntou Cassian enquanto se agarrava as laterais da plataforma.
— Não! — respondeu Helick enquanto segurava firme a espada, as montanhas se tornando cada vez maiores conforme eles se aproximavam.
— O quê?! — Gritou Cassian. — Acho que não ouvi direito… você disse não?!
Helick não respondeu, seu foco estava absoluto na plataforma.
O vento zunia ao redor deles, e a massa de gelo oscilava levemente conforme o príncipe tentava estabilizá-la. A cada ajuste na lâmina, a plataforma respondia de maneira instável, ora inclinando-se para a frente, ora para os lados.
— Príncipe Helick! — Nastya segurou-se no braço de Any. — Precisamos diminuir a velocidade!
— Eu sei! — O suor escorria pela têmpora do príncipe, apesar do frio intenso.
Ele concentrou sua mana na lâmina, forçando a plataforma a criar pequenas asas de gelo nas laterais, como lemes improvisados. A resistência do ar ajudou a desacelerá-los, mas não o suficiente.
— Vamos bater! — Marco arregalou os olhos ao ver a parede rochosa se aproximando rapidamente.
Num impulso final, Helick cravou ainda mais a lâmina no gelo, liberando um pulso de mana. A plataforma girou no ar, inclinando-se de modo que sua base tocasse primeiro o solo pedregoso da entrada das montanhas. O impacto foi brusco, e uma nuvem de neve e gelo se ergueu ao redor do grupo enquanto a estrutura deslizava pela encosta, perdendo velocidade aos poucos.
Por fim, a plataforma parou. O silêncio dominou o ambiente por um instante, antes que Cassian soltasse um riso nervoso.
— Eu nunca mais subo em uma dessas de novo…
Helick expirou profundamente, sentindo os músculos dos braços tremerem. Ele soltou a espada, deixando-a cair sobre o chão pedregoso com um baque seco, e se jogou sentado, permitindo-se um momento para recuperar o fôlego. O ar rarefeito das montanhas enchia seus pulmões em goles curtos, enquanto a brisa fria roçava sua pele, trazendo consigo o cheiro de minério e pedra antiga.
Seu olhar vagou ao redor, seguindo as sombras projetadas pelo sol. Foi então que percebeu uma imponente estrutura à sua frente—um portão de ferro fundido negro e maciço. Sua superfície opaca absorvia a luz fraca, como se devorasse qualquer brilho que se aproximasse.
No centro, um imponente emblema dividido em quatro partes adornava o metal frio. No quadrante superior esquerdo, um martelo robusto, cujos contornos pareciam gastos pelo uso incansável. No superior direito, um frasco de poção reluzente, seu interior sugerindo a presença de um líquido cristalizado, petrificado pelo tempo. No inferior esquerdo, um peitoral de armadura reforçada, repleto de sulcos que denunciavam batalhas travadas. Por fim, no inferior direito, um capuz negro metálico, seu formato detalhado de maneira tão precisa que parecia pronto para ocultar um rosto invisível.
Quando desviaram o olhar do emblema, perceberam que logo atrás dele, esculpido na própria estrutura do portão, estava um anão de olhos sem pupilas, envolto em uma armadura cintilante que lembrava as estrelas. Mesmo imóvel, sua presença emanava algo antigo e indomável. Era uma representação de Dungrin, o Deus Anão da Forja Celestial. Os olhos vazios da estátua pareciam observá-los, avaliando-os sem um único movimento.
Diante deles estava a entrada para o reino dos anões.
E assim damos início a mais um arco de ARGUEM – O Império! Espero que gostem!
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