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    Rhyssara ergueu a mão e empurrou a porta com firmeza. O ranger da maçaneta foi abruptamente engolido pelo vazio. No instante seguinte, um vórtice estrelado os tragou.

    O chão desapareceu sob seus pés. O ar se torceu ao redor deles, arrastando-os para um abismo de estrelas azuladas e lilases, que giravam em espirais infinitas. O espaço pulsava em um silêncio absoluto, como se o próprio som tivesse sido devorado pela vastidão.

    Cassian tentou alcançar Helick, mas seus dedos encontraram apenas o brilho fugidio das estrelas. Nastya se encolheu, os olhos arregalados refletindo as luzes ao redor. O peso de seus corpos oscilava entre a leveza do vazio e a vertigem de algo os puxando para baixo.

    O cocheiro estava com as mãos tampando os olhos e tentava gritar algo como um “EU ME DEMITO, EU ME DEMITO!”

    Os soldados tentavam se ajustar a abrupta mudança da realidade, mas não obtiveram sucesso.

    E então, eles viram.

    No centro daquele cosmos distorcido, um gigantesco círculo negro devorava as estrelas próximas. Seu contorno se dilatava como um feixe alaranjado ameaçador, aspirando luz e existência. O grupo foi puxado para sua órbita, e uma pressão esmagadora tomou seus corpos. O mundo esticou, seus membros alongaram-se como fios de seda sendo desfiados pelo vácuo.

    A dor foi breve, mas real.

    E então, tudo parou.

    De súbito, estavam em pé, dentro de uma grande sala, mas abafada. O ar denso era carregado pelo cheiro inebriante de incensos e velas queimando em suportes de ferro retorcido. Frascos de vidro forravam as prateleiras de madeira escura, cada um contendo pedaços de animais, plantas e coisas irreconhecíveis, imersas em líquidos esverdeados ou âmbar. Pequenas etiquetas, escritas em uma caligrafia precisa, nomeavam os conteúdos em um idioma estranho.

    A única fonte de luz vinha das velas espalhadas pelo recinto, projetando sombras dançantes nas paredes.

    — O que… foi isso? — Cassian arfou, tentando se equilibrar.

    Antes que qualquer um pudesse reagir, uma voz anasalada soou do fundo da sala, vinda de junto de uma porta que, ao contrário da anterior, parecia perfeitamente comum.

    — Bem-vindos.

    A voz pertencia a um anão de pele morena e cabelos bem aparados. Seu corte era diferente dos outros anões que haviam encontrado: mais baixo e meticulosamente definido. A barba seguia o mesmo padrão, contornando suas bochechas arredondadas com precisão calculada.

    No entanto, eram suas vestes que mais o distinguiam. Em vez dos aventais de couro e das luvas de forja características dos anões, ele usava uma camisa de seda fina com gola fechada por pequenos botões dourados. Suas calças negras, feitas do mesmo tecido requintado, combinavam com sapatos de bico reluzentes. Ele parecia menos um ferreiro barrigudo e mais um aristocrata ou estudioso refinado com abdômen bem definido.

    Os olhos do anão brilharam ao reconhecer a figura à frente do grupo.

    — Ah, Imperatriz. É a primeira vez que me honra com uma visita pessoal. Que privilégio.

    Rhyssara avançou com passos seguros.

    — Jeffzzos. A honra é minha por finalmente conhecer seu laboratório particular.

    Cassian, que havia se recomposto do turbilhão de eventos recentes, observou a cena e franziu o cenho. Inclinou-se para cochichar com o irmão:

    — Ela já nos tratou com tanta cortesia alguma vez?

    Helick, sem desviar os olhos da interação, respondeu em um murmúrio disfarçado:

    — Ela nunca nos faltou com respeito. Mas… talvez nunca nos tenha tratado como iguais. O que claramente não parece ser o caso aqui.

    Jeffzzos arqueou uma sobrancelha, esboçando um sorriso ligeiro.

    — Seus companheiros — comentou, esticando o pescoço para observá-los melhor. — Todas essas pessoas são portadoras de ARGUEM pelo que observo… com exceção de uma.

    Rhyssara franziu as sobrancelhas ao ouvir isso, mas não interrompeu o fluxo da conversa.

    — Estamos cansados da viagem. Você teria um lugar para que eles descansem enquanto conversamos?

    Jeffzzos inclinou a cabeça em assentimento.

    — Mas é claro. Por favor, me acompanhem.

    Sem pressa, ele se virou e abriu a porta ao seu lado, seguindo adiante com a segurança de quem conhecia cada detalhe do ambiente. Rhyssara foi logo atrás, e o grupo, ainda intrigado, a acompanhou.

    — Espero que a decoração dos quartos seja diferente… — murmurou Cassian ao atravessar a porta.

    Seu comentário foi interrompido pela visão da nova sala em que entraram: uma câmara espaçosa e circular, iluminada por candelabros que espalhavam uma luz amarelada e acolhedora.

    — Cala a boca, Cass. — Helick cortou rapidamente. — Não se esqueça do que a Imperatriz disse. Não diga nada que possa desrespeitar os anões.

    Cassian resmungou, mas seguiu caminhando. Mais à frente, um balcão se erguia, reforçando uma tendência que já haviam notado na arquitetura anã.

    — Não entendo esse suspense todo… — insistiu ele em voz baixa. — Ela parece não temer nada nem ninguém.

    Por trás do balcão, prateleiras envernizadas ostentavam dezenas de garrafas de vidro, repletas de líquidos das mais variadas cores, algumas cintilantes, outras opacas como piche.

    — Justamente por isso. — Helick replicou. — Se até ela toma esse cuidado, é porque há um motivo sério.

    Jeffzzos parou diante do balcão e olhou para o grupo com expectativa.

    — Antes de se recolherem, posso oferecer uma bebida?

    A pergunta pairou no ar por um instante, até que, para surpresa de todos, o cocheiro — sempre reservado e discreto — foi o primeiro a se manifestar:

    — Ah, eu aceito. Com certeza aceito.

    Os outros trocaram olhares, mas, um a um, foram se aproximando dos banquinhos diante do balcão.

    Jeffzzos subiu em um pequeno apoio e deslizou os dedos por uma fileira de garrafas até alcançar uma em particular. Era uma garrafa de vidro grosso, contendo um líquido verde brilhante, semelhante à gosma que escorrera pelo rosto de Barbálquim. No entanto, ao contrário daquela substância repulsiva, essa possuía um aspecto convidativo e reluzente.

    Com movimentos rápidos e precisos, o anão retirou uma fileira de taças debaixo do balcão e as alinhou diante deles. Em um gesto ensaiado, puxou a rolha da garrafa, girou-a elegantemente e preencheu as taças com a precisão de um artista.

    Um aroma doce e fresco se espalhou pelo ar, carregando um toque cítrico.

    — Sirvam-se à vontade. — Jeffzzos anunciou com um sorriso satisfeito. — E, príncipe Cassian, não se preocupe. A decoração atenderá às suas expectativas.

    Cassian corou ligeiramente e, sem jeito, murmurou um agradecimento.

    Rhyssara pegou sua taça e seguiu em direção a uma passagem à esquerda, acompanhada por Jeffzzos.

    — Descansem. Nos vemos amanhã.

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