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Capítulo 77 — O Continente do Sul
— Quebrar a barreira do Continente do Sul? — Helick franziu o cenho, intrigado. — Mas por quê? Pelo que li, ele é inacessível por causa de uma barreira similar à que cerca este continente.
Sanur se recostou na cadeira, cruzando os braços e soltando um suspiro, como se fosse desenterrar um segredo a muito esquecido.
— Os quatro grandes continentes do mundo são: o Continente do Oeste, onde estamos agora, lar dos humanos e dos anões; o Continente do Leste, onde vivem os dragnaros; o Continente do Norte, terra dos elfos; e, por fim, o Continente do Sul, selado por Helisyx no final da guerra.
Cassian inclinou-se para frente, apoiando os cotovelos na mesa. Seus olhos brilharam com curiosidade.
— Selado? Mas por quê?
Rhyssara, que até então apenas observava, passou os dedos pelo próprio queixo, pensativa, antes de responder:
— Porque ele é feito basicamente de Diamante Negro. Todo o continente é magia pura. Helisyx o selou porque os elfos e os dragnaros estavam próximos de descobrir como usá-lo, assim como nós, humanos, despertamos nossos ARGUEM.
Os quatro soldados e Visna, que permaneciam em silêncio, trocaram olhares surpresos. Era raro vê-los reagirem tão abertamente, mas a revelação era grande demais para disfarçarem a surpresa.
Cassian apertou os punhos sobre a mesa, tentando juntar as peças do quebra-cabeça.
— Então por que eles investem tanto esforço para nos caçar e invadir nosso continente, se o que realmente querem está no Sul? — Ele respirou fundo, seus olhos se estreitando. — E se é isso que querem, por que, pelos Quatro Deuses, estão nos atacando? Se a barreira deste continente enfraqueceu depois de mil anos, a do Sul também deve estar na mesma situação.
Sanur balançou a cabeça lentamente, um leve sorriso de ironia surgindo em seus lábios.
— Ao contrário da nossa barreira, que se mantém apenas com o poder que Helisyx usou há mais de um milênio, a do Sul é alimentada constantemente pela alta densidade de mana do local. — Sanur fez um gesto circular com a mão, como se traçasse um fluxo invisível no ar. — Com todo aquele Diamante Negro espalhado pelo continente, a barreira se regenera sem precisar de interferência externa. É praticamente perpétua.
Helick cruzou os braços, a testa franzida em ceticismo.
— Isso ainda não explica por que eles nos atacam. Qual a relação entre invadir este continente e o desejo de alcançar o Sul? — Sua voz carregava impaciência. — Além disso, se o Sul está tão bem protegido, por que vocês querem quebrar a barreira? E como fariam isso?
Sanur e Rhyssara trocaram um olhar tenso. Por um instante, o silêncio pairou, carregado de tensão.
— Existe uma forma — começou Rhyssara, inclinando-se ligeiramente para frente. Seus olhos azuis, frios e determinados, capturaram os de Helick. — Helisyx sempre quis que seu povo permanecesse unido. Mas antes de sua morte, ele percebeu que seus filhos acabariam se separando por seus ideais divergentes. Então, para que se caso a humanidade quisesse ter acesso aquele tamanho poder, encantou o próprio ARGUEM e os de seus filhos para que servissem como uma chave capaz de romper a barreira somente quando todos os ideias humanos se alinhassem.
Helick piscou, absorvendo a informação. Seu olhar se fixou em Rhyssara, e ele lentamente começou a encaixar as peças.
— Então… o ARGUEM de Helisyx também é um ARGUEM herdado? — murmurou. — Onde ele está agora?
Rhyssara reclinou-se na cadeira, cruzando as pernas com uma expressão indecifrável.
— Isso não sabemos.
Helick respirou fundo e apertou os punhos. Sua mente trabalhava rápido, mas algo ainda o incomodava.
— E suponho que os anões, com sua obsessão por Diamantes Negros, queiram o Continente do Sul como seu lar — concluiu.
Sanur sorriu, satisfeito com a percepção do príncipe.
— Exatamente. — Ele se inclinou para a frente, apoiando os antebraços sobre a mesa. — Foi isso que Helisyx nos prometeu. Mas ele e Patrock decidiram que toda aquela mana poderia corromper até o mais nobre dos seres. Uma tolice. Em vez de recebermos algo por termos vencido a guerra, fomos forçados a dividir nossas terras com vocês, humanos. Perdemos mais do que ganhamos.
Rhyssara descruzou as pernas e apoiou os cotovelos na mesa, sua expressão tornando-se afiada.
— Então eis minha proposta. — Sua voz era firme, sem espaço para contestação. — Vamos encontrar o ARGUEM de Helisyx, onde quer que ele esteja. Depois que derrotarmos as outras raças, entregaremos os três ARGUEMs ao seu povo como recompensa por nos ajudarem na guerra.
Helick se sobressaltou na cadeira, virando-se para encará-la, a incredulidade estampada em seu rosto.
— Você não pode fazer isso! — protestou. — Não pode negociar o ARGUEM de Lyberion sem a autorização do meu pai!
Rhyssara ergueu uma sobrancelha, impassível.
— E por que eu precisaria de Aquiles? — rebateu, inclinando a cabeça de lado. — Com todo o respeito, seu pai já está velho. Mesmo com aquele rostinho de quarenta ele já tem noventa. O ARGUEM de Lyberion, ao contrário do de Ossuia, só congela a idade aparente, não de seu corpo por dentro. Aquiles não durará mais que dez anos, e quando a Mãe o chamar para o descanso na terra, Cassian será rei.
O silêncio caiu sobre a sala. Todos os olhares se voltaram para Cassian.
O príncipe, até então apenas observando, se encolheu levemente sob a pressão repentina. Sentia o peso de cada olhar sobre ele como uma lâmina afiada.
— E aposto que, depois de ouvir tudo isso, ele já sabe qual é a decisão certa a tomar quando a hora chegar — completou Sanur, sua voz carregada de insinuação. — Não é mesmo?
Cassian evitou os olhos dos outros por um instante, a mente girando.
Helick, ao seu lado, cerrou os dentes.
— Não se pode prometer algo assim! — insistiu. — Cassian será rei, e quando ele for rei, ele decidirá. Mas o rei atual…
Sanur bufou, impaciente.
— Sinceramente, garoto. Quem é o herdeiro? Você ou ele?
O silêncio de Helick foi resposta suficiente.
Os olhares se voltaram novamente para Cassian, que sentiu o estômago afundar.
Sanur estreitou os olhos, a voz carregada de provocação.
— E eu te faço a mesma pergunta, príncipe mudo. Se você é o herdeiro, por que seu irmão é quem fala e age como um? Assuma a maldita responsabilidade e diga alguma coisa.
Cassian sentiu as palavras atingirem fundo, mas não como um insulto. Era a verdade nua e crua que ele evitara por toda a sua vida.
Respirou fundo e ajeitou-se na cadeira. Seu olhar encontrou o de Sanur, e quando falou, sua voz carregava uma firmeza que antes não possuía.
— Meu irmão está certo, Sanur. Não posso negociar algo que nem a mim ainda foi dado.
Rhyssara estreitou os olhos.
— Pense bem antes de falar, Cassian — advertiu. — Nossa raça está em jogo.
Cassian inclinou-se para frente, sua expressão endurecendo. Até parecia ser outra pessoa quando falou:
— Pense você antes de abrir sua boca para negociar os bens do meu reino. — Sua voz soou forte, imbuída da autoridade de um verdadeiro monarca. — Posso ser jovem e ainda príncipe, mas esta é minha decisão.
Sanur bateu o punho sobre a mesa, sua frustração evidente. Mas, em seguida, respirou fundo, contendo-se.
— Entendo. — Seu tom era controlado, mas frio. — Sinto que você não tem total controle sobre seu próprio plano, Imperatriz. Se é assim, não acho que possamos chegar a um acordo.
No mesmo instante, ele ergueu o martelo prateado e bateu-o contra o chão.
Correntes de metal surgiram dos assentos, enlaçando-se firmemente ao redor dos visitantes, prendendo-os às cadeiras.
— O que é isso, Sanur?! — Rhyssara bradou, lutando contra as correntes que apertavam seus braços e torso.
Foi então que passos ecoaram pelo salão.
Um homem baixo, trajando roupas finas e elegantes, avançou com calma até parar ao lado de Sanur.
Rhyssara arregalou os olhos, o choque evidente em sua expressão.
— Jeffzzos?!
O alquimista anão a encarou de volta, mas seu olhar era gélido.
— Cansei de esperar que cumprisse sua promessa, Rhyssara.
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