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Capítulo 80 — Drainsang e Aurevold
O silêncio no salão era absoluto, pesado como o aço das armas que agora se erguiam. Um círculo improvisado ao redor dos combatentes se formou de forma inconsciente pelos demais. Os olhos atentos dos anões de joelhos e dos companheiros de Cassian acompanhavam cada movimento, cada respiração dos guerreiros que se preparavam para um combate que poderia selar o destino de suas raças.
Cassian estava no centro do círculo de batalha, os músculos tensos, o olhar fixo em seu adversário. O entalhe de águia no punho de seu ARGUEM repousava firme em suas mãos. A lâmina serrilhada, pulsante com um brilho avermelhado, parecia reagir à determinação de seu portador, vibrando levemente enquanto ele assumia sua posição de combate. Sua postura era firme, os pés firmes e tensionados no chão, o corpo inclinado levemente à frente, pronto para avançar. Ele inspirou fundo, controlando a ansiedade. Havia muito em jogo, e falhar não era uma opção.
À sua frente, Sanur empunhava seus dois martelos rúnicos, os símbolos ancestrais brilhando como brasas vivas. O martelo prateado, irradiava uma aura fria e implacável, suas runas cintilando como estrelas em um céu tempestuoso. Já o martelo dourado, parecia carregar o peso da própria terra, emanando uma energia vibrante.
O líder anão mantinha uma postura sólida, com os pés enraizados no chão como se fossem parte da própria montanha. Cada fibra de seu corpo transparecia a confiança de quem já forjou e destruiu incontáveis adversários. Sua expressão era dura como o metal que manipulava, mas havia um brilho de respeito nos olhos dele ao encarar o jovem príncipe.
Os espectadores mal respiravam, sentindo a eletricidade no ar. O duelo não seria apenas um teste de força ou habilidade; era um choque de vontades, uma disputa entre diferentes formas de se pensar. Mas nessa disputa os argumentos não seriam através de palavras, mas sim da força.
Então, sem que ninguém desse o comando, o combate começou.
Cassian avançou.
O chão sob seus pés estremeceu quando ele disparou para frente, sua silhueta se desfazendo em borrões de calor enquanto a energia dentro de si fervilhava, impaciente para ser libertada. A cada passo, sentia sua mana rugir, como um incêndio voraz tentando consumir tudo ao redor. Era um desejo puro e incontrolável de queimar, de se expandir sem limites. No passado, ele teria hesitado, com medo que os próprios poderes ferissem seus aliados. Mas agora, a armadura que cobria seu corpo pulsava em sintonia com ele, disciplinando o fogo indomável, filtrando sua destruição e canalizando apenas o poder necessário.
Cassian visualizou a lâmina ardendo, concentrando sua vontade no fio serrilhado do ARGUEM. O metal, que já vibrava em antecipação, respondeu ao seu chamado. Como se atendesse ao desejo de seu portador, chamas brotaram ao longo da lâmina, dançando em tons de vermelho e laranja, ondulando como um animal selvagem domado pela mão de seu mestre. O calor era intenso, distorcendo o ar ao redor, mas Cassian o sentia como uma extensão de si mesmo.
Sanur permaneceu firme. Ele não recuou, não desviou o olhar. Seu corpo era uma muralha inabalável no centro do campo de batalha. A runas de seus martelos brilharam levemente, mas ele não fez menção de atacar. Apenas aguardava.
Cassian gritou e desferiu o primeiro golpe.
O estrondo do impacto ecoou pelo salão quando o martelo prateado de Sanur encontrou a lâmina flamejante de Cassian. Faíscas dançaram no ar como estrelas cadentes, mas algo estranho aconteceu: o fogo que envolvia a espada foi sugado pelas runas prateadas do martelo, desaparecendo como se nunca tivesse existido.
Cassian sentiu a resistência do golpe ceder mais rápido do que esperava, sua lâmina agora despida das chamas que a envolviam. Ele recuou um passo, os olhos estreitados, observando o brilho intenso que percorreu o martelo de Sanur, como se ele tivesse devorado sua magia.
— Impressionante — disse Sanur, girando o martelo em sua mão, sentindo a energia absorvida vibrar em seu punho. — Você realmente tem um poder descomunal dentro de si.
O anão ergueu o olhar, um meio sorriso de desprezo surgindo sob sua barba espessa.
— Mas duvido que conseguiria controla-lo sem a armadura que veste. Humanos são criaturas frágeis, sempre dependendo de algo ou alguém para alcançar aquilo que não podem conquistar por si mesmos.
Cassian manteve a postura firme, mas sua mandíbula se contraiu com as palavras. Sanur levantou o martelo prateado, permitindo que todos vissem as runas incandescentes que ainda brilhavam com os resquícios da magia absorvida.
— Este é Drainsang, o Ceifador de Mana. Ele devora o poder dos fracos e o transforma em algo útil.
Antes que Cassian pudesse responder, um novo brilho atraiu sua atenção. O martelo dourado na outra mão do anão começou a pulsar, irradiando uma energia vermelho-alaranjada idêntica às chamas que antes estavam na espada do príncipe. O calor que emanava era sufocante, e a simples visão do metal vibrando com aquele poder fazia Cassian entender o que viria a seguir.
Sanur girou os dois martelos, assumindo uma postura de ataque.
— E este… é Aurevold, o Forjador de Mundos.
Com um movimento brutal, o anão avançou; o martelo dourado de Sanur traçava um arco incandescente no ar antes de descer com precisão cirúrgica, canalizando toda a magia que havia sido roubada. Cassian recuou, usando cada gota de força e reflexo que possuía para escapar do golpe no último instante, seu coração batendo acelerado enquanto via sua espada ser privada das chamas que a envolviam.
Nesse instante, ele percebeu a maravilha de sua armadura encantada, que parecia desafiar a gravidade e liberar seus movimentos de qualquer peso – um feito impossível sem a poderosa magia anã que permeava o metal.
— Salvo mais uma vez pelo encantamento da armadura — zombou Sanur, a cabeça ainda baixa enquanto encarava o solo. Seu martelo dourado permanecia fincado no chão, e as chamas que o envolviam derretiam a rocha ao seu redor. — Essa luta só prova ainda mais o meu ponto.
Das trincas que se abriam no solo ao redor do martelo, uma energia pulsante começou a emanar. Lentamente, as fissuras se uniram e formaram um símbolo mágico resplandecente, revelando o poder oculto do metal.
— Conheça o poder de Aurevold, o Forjador de Mundos! — bradou Sanur, sua voz ecoando pelo salão. — Magia de Transmutação da Criação! Espíritos de Fogo!
Os anões, ainda presos pela magia da coroa de Rhyssara, estremeceram diante daquela conjuração. Aquilo era magia proibida.
Do chão, pequenos seres feitos de pura chama começaram a saltar, parecendo aves flamejantes. Em questão de segundos, essas chamas se reuniram, se fundindo em um ser humanoide de fogo, cuja presença iluminava a cena com um brilho ameaçador.
— Mate-o. — Ordenou Sanur, a voz carregada de uma autoridade implacável.
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